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Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas » Capítulo VIII – Das relações com os Espíritos » Médiuns remunerados

Ainda não conhecemos médiuns escreventes dando consultas a tanto por sessão. Talvez isto aconteça e, por isso, algumas palavras nos parecem úteis. Para começar di­remos que nada se prestaria mais à charlatanice e às peloticas do que semelhante oficio. Se vimos os falsos sonâmbulos, veremos em maior número os falsos médiuns. Só isto basta como motivo para desconfiança. O desinteresse, ao contrário, é a resposta mais categórica que se possa opor aos que nos fatos apenas vêem uma manobra hábil. Não há charlatanismo desinteressado. Qual seria o objetivo das pessoas que usassem a intru­jice sem proveito? com mais forte razão quando a sua reconhecida honorabilidade as co­loca acima da suspeição. Se o ganho que um médium consegue de sua faculdade pode ser um motivo de suspeição, não seria prova de que a suspeita tivesse fundamento. Po­deria, pois, ter uma aptidão real e agir de muito boa fé, posto que se fazendo pagar. Ve­jamos se, neste caso, é possível esperar razoavelmente um resultado satisfatório. 

Se foi bem compreendido o que dissemos das condições necessárias para servir de intérprete aos bons Espíritos, das numerosas causas que os podem afastar, das circuns­tâncias independentes de sua vontade que, por vezes constituem um obstáculo à sua vinda; enfim de todas as condições morais que podem exercer influência sobre a nature­za das comunicações, como poderíamos supor que um Espírito, por menos elevado que fosse, estivesse continuamente às ordens de um vendedor de consultas e submetido às suas exigências para satisfazer a curiosidade do primeiro que chegasse? Sabemos da aversão dos Espíritos por tudo quanto cheira a cupidez e a egoísmo, o pouco caso que ligam às coisas materiais e queríamos que eles ajudassem a traficar com a sua presen­ça?! Isto repugna pensar e seria preciso conhecer muito pouco a natureza do mundo es­pírita para pensar que assim pudesse ser. Como, porém, os Espíritos levianos são menos escrupulosos e apenas procuram ocasião para divertir-se à nossa custa, o resultado é que se pão formos mistificados por um falso médium, teremos toda chance de o ser por alguns entre os médiuns. Só estas reflexões nos dão a medida do grau de confiança que deveríamos depositar em comunicações desse gênero. Aliás, para que serviriam hoje os médiuns remunerados, se, em falta de nossa própria faculdade, poderemos descobri-Ia na família ou entre os amigos e conhecidos? 

O inconveniente que acabamos de assinalar não é o mesmo quando se trata de mani­festações puramente físicas. A natureza dos Espíritos que se comunicam nessas circuns­tâncias o toma facilmente compreensível. Contudo, como a faculdade dos médiuns de influência física nem sempre está à sua disposição, por vezes poderia faltar àquele que a deveria exibir em hora certa, para satisfazer ao público. A faculdade mediúnica, mesmo nesse limite, não nos foi dada para exibição e quem quer que pretenda ter os Espíritos às suas ordens, ainda que os das mais baixas camadas, para os obrigar a agir a todo instan­te, pode razoavelmente ser suspeito de charlatanismo e de prestidigitação mais ou menos hábil. Tomemos como tal sempre que virmos anúncios de pretensas sessões de espiritis­mo ou espiritualismo a tanto a cadeira. 


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