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O Céu e o Inferno » Primeira Parte - Doutrina » Capítulo I - O futuro e o nada » O futuro e o nada Le Ciel et l'Enfer » Première Partie - Doctrine » Chapitre I - l'avenir et le neant » L'avenir et le neant

1. Nós vivemos, pensamos, agimos, o que é positivo; morremos, não é menos certo. Mas ao deixar a terra, para onde vamos? O que nos tornamos? Ficaremos melhor ou pior? Seremos nós ou não seremos nós? Ser ou não ser, tal é a alternativa; é para sempre ou nunca; é tudo ou nada: ou viveremos eternamente, ou tudo estará acabado sem retorno. Vale a pena pensar nisso.

Todo homem sente a necessidade de viver, gozar, amar, ser feliz. Dizei àquele que sabe que vai morrer que viverá ainda, que sua hora foi adiada; dizei-lhe acima de tudo que será mais feliz do que foi, e seu coração vai palpitar de alegria. Mas de que serviriam estas aspirações de felicidade se um sopro pode fazê-las desvanecer?

Haverá alguma coisa mais desesperadora do que este pensamento da destruição absoluta? Afeições santas, inteligência, progresso, saber laboriosamente adquirido, tudo seria interrompido, tudo seria perdido! Qual a necessidade de se esforçar para se tornar melhor, de se dominar para reprimir as paixões, de se cansar para ocupar o espírito, se não se deve daí colher nenhum fruto, acima de tudo com o pensamento de que amanhã talvez isso já não nos sirva de nada? Se fosse assim, o destino do homem seria cem vezes pior do que o da besta, pois a besta vive inteiramente no presente, na satisfação de seus apetites materiais, sem aspiração quanto ao futuro. Uma intuição secreta diz que isso não é possível.

2. Pela crença no nada, o homem concentra forçosamente todos os seus pensamentos na vida presente; não se poderia, com efeito, logicamente se preocupar com um futuro que não se aguarda. Esta preocupação exclusiva com o presente conduz naturalmente a pensar em si antes de tudo; é portanto o mais poderoso estimulante do egoísmo, e o incrédulo é consequente consigo mesmo quando chega a esta conclusão: Gozemos enquanto aqui estamos, gozemos o máximo possível visto que depois de nós está tudo acabado; gozemos depressa, porque não sabemos quanto isso durará; e a esta outra, muito mais grave para a sociedade: Gozemos à custa de qualquer um; cada um por si; a felicidade, aqui embaixo, é do mais hábil.

Se o respeito humano retém alguns, que freio podem ter aqueles que nada temem? Dizem a si mesmos que a lei humana não atinge senão os inábeis; é por isso que aplicam seu gênio aos meios de se esquivar dela. Se há uma doutrina nociva e antissocial, é seguramente a do niilismo [néantisme], porque ela rompe os verdadeiros laços da solidariedade e da fraternidade, fundamentos das relações sociais.

3. Suponhamos que, por uma circunstância qualquer, um povo inteiro adquire a certeza de que dentro de oito dias, dentro de um mês, dentro de um ano, será aniquilado, que nenhum indivíduo sobreviverá, que não restará mais nenhum traço dele depois da morte; o que ele fará durante esse tempo? Trabalhará para seu aperfeiçoamento, sua instrução? Fará esforço para viver? Respeitará os direitos, os bens, a vida de seu semelhante? Submeter-se-á às leis, a uma autoridade, seja ela qual for, mesmo a mais legítima: a autoridade paterna? Haverá para ele um dever qualquer? Seguramente não. Pois bem! O que não ocorre em massa, a doutrina do vazio realiza todo dia de forma isolada. Se as consequências não são tão desastrosas quanto poderiam, é porque primeiramente na maioria dos incrédulos há mais bravata do que verdadeira incredulidade, mais dúvida que convicção, e eles têm mais medo do nada do que querem demonstrar; o título de espírito independente lisonjeia-lhes o amor-próprio; em segundo lugar, os incrédulos absolutos são ínfima minoria; sofrem a contragosto o ascendente da opinião contrária e são mantidos por uma força material; mas se a incredulidade absoluta chegar um dia ao estado de maioria, a sociedade estará em dissolução. É ao que tende a propagação da doutrina do niilismo[1].

Sejam quais forem as consequências, se ela fosse verdadeira, seria preciso aceitá-la, e não seriam sistemas contrários, nem o pensamento do mal que daí resultaria, que poderiam fazer que ela não fosse. Ora, não se deve dissimular que o ceticismo, a dúvida, a indiferença, ganham terreno a cada dia, apesar dos esforços da religião; isto é positivo. Se a religião é impotente contra a incredulidade, é porque lhe falta alguma coisa para combatê-la, de tal modo que se ela permanecesse na imobilidade, em um tempo dado estaria irremediavelmente ultrapassada. O que lhe falta neste século de positivismo, em que se quer compreender antes de crer, é a sanção de suas doutrinas por fatos positivos; é também a concordância de certas doutrinas com os dados positivos da ciência. Se ela diz branco e os fatos dizem preto, é preciso optar entre a evidência e a fé cega.

4. É neste estado de coisas que o Espiritismo vem opor um dique à invasão da incredulidade, não só pelo raciocínio, não só pela perspectiva dos perigos que ela acarreta, mas pelos fatos materiais, fazendo tocar com o dedo e com o olho a alma e a vida futura.

Cada qual é livre sem dúvida em sua crença, de crer em alguma coisa ou de não crer em nada; mas aqueles que procuram fazer prevalecer no espírito das massas, sobretudo da juventude, a negação do futuro, apoiando-se na autoridade de seu saber e no ascendente de sua posição, semeiam na sociedade germes de distúrbio e de dissolução, e incorrem numa grande responsabilidade.

5. Há outra doutrina que se defende de ser materialista porque admite a existência de um princípio inteligente fora da matéria, é a da absorção no Todo Universal. Segundo esta doutrina, cada indivíduo assimila no nascimento uma parcela desse princípio que constitui sua alma e lhe dá a vida, a inteligência e o sentimento. Na morte, essa alma retorna à origem comum e perde-se no infinito como uma gota d’água no Oceano.

Esta doutrina está sem dúvida um passo adiante do materialismo puro, visto que admite alguma coisa, ao passo que a outra não admite nada, mas as consequências são exatamente as mesmas. Quer o homem esteja mergulhado no nada ou no reservatório comum, é o mesmo para ele; se, no primeiro caso, ele é aniquilado, no segundo perde a individualidade; portanto, é como se não existisse; as relações sociais são rompidas para sempre. O essencial para ele é a conservação de seu eu; sem isso, que lhe importa ser ou não ser! O futuro para ele é sempre nulo, e a vida presente a única coisa que lhe interessa e o preocupa. Do ponto de vista de suas consequências morais, esta doutrina é tão nociva, tão desesperadora, tão excitante do egoísmo quanto o materialismo propriamente dito.

6. Pode-se, além disso, fazer-lhe a seguinte objeção: todas as gotas d’água tiradas do oceano se parecem e têm propriedades idênticas, como as partes de um mesmo todo; por que as almas, sendo tiradas do grande oceano da inteligência universal, se parecem tão pouco? Por que o gênio ao lado da estupidez? As mais sublimes virtudes ao lado dos vícios mais ignóbeis? A bondade, a doçura, a mansidão, ao lado da maldade, da crueldade, da barbárie? Como as partes de um todo homogêneo podem ser tão diferentes umas das outras? Dir-se-á que é a educação que as modifica? Mas então de onde vêm as qualidades nativas, as inteligências precoces, os instintos bons e maus, independentes de toda educação, e com frequência tão pouco em harmonia com os meios onde se desenvolvem?

A educação, sem dúvida nenhuma, modifica as qualidades intelectuais e morais da alma; mas aqui se apresenta outra dificuldade. Quem dá à alma a educação para fazê-la progredir? Outras almas que, por sua origem comum, não devem estar mais avançadas. E depois, aliás, de que serve este aperfeiçoamento, de que servem tantos esforços para adquirir talentos e virtudes, de que serve trabalhar para o progresso da humanidade, se tudo isso deve ir se precipitar e se perder no oceano do infinito, sem proveito para o futuro de cada um? Mais valeria permanecer o que se é, selvagem ou não, beber, comer, dormir tranquilamente sem se torturar o espírito. Por outro lado, a alma, voltando ao Todo Universal de onde saíra, depois de ter progredido durante a vida, traz um elemento mais perfeito; de onde decorre que esse todo deve, com o tempo, ficar profundamente modificado e aperfeiçoado. Como explicar que saiam daí incessantemente almas ignorantes e perversas?

7. Nesta doutrina, a fonte universal de inteligência que fornece as almas humanas é independente da divindade, ser superior e distinto que anima tudo por sua vontade; não é precisamente o panteísmo. O panteísmo propriamente dito difere dela, segundo ele, em que o princípio universal de vida e de inteligência é o próprio Deus. Deus é ao mesmo tempo espírito e matéria; todos os seres, todos os corpos da natureza compõem a divindade da qual são as moléculas e os elementos constitutivos; numa palavra, Deus está em tudo e tudo é Deus; Deus é o conjunto de todas as inteligências reunidas; cada indivíduo, sendo uma parte do todo, é ele mesmo Deus; nenhum ser superior e independente comanda o conjunto; o universo é uma imensa república sem chefe, ou melhor, onde cada um é chefe com poder absoluto.

8. A esse sistema podem-se opor inúmeras objeções, das quais as principais são estas. Não podendo a divindade ser concebida sem o infinito das perfeições, pergunta-se como um todo perfeito pode ser formado de partes tão imperfeitas e necessitando progredir. Estando cada parte submetida à lei do progresso, daí resulta que o próprio Deus deve progredir; se ele progride sem cessar, deve ter sido, na origem dos tempos, muito imperfeito. Como um ser imperfeito, formado de vontades e de ideias tão divergentes, pôde conceber as leis tão harmoniosas, de tão admirável unidade, sabedoria e previdência que regem o universo? Se todas as almas são porções da divindade, todas concorreram para as leis da natureza; como explicar que murmurem sem cessar contra essas leis que são sua obra? Uma teoria não pode ser aceita como verdadeira a não ser com a condição de satisfazer a razão e de dar conta de todos os fatos que ela abarca; se um único fato a desmentir, é que ela não está com a verdade absoluta.

9. - Do ponto de vista moral, as consequências são igualmente ilógicas. É primeiro para as almas, como no sistema precedente, a absorção num todo e a perda da individualidade. Se se admitir, segundo a opinião de alguns panteístas, que elas conservam sua individualidade, Deus não tem mais vontade única; é um composto de miríades de vontades divergentes. Depois, sendo cada alma parte integrante da divindade, nenhuma é dominada por um poder superior; ela não incorre, por conseguinte, em nenhuma responsabilidade por seus atos bons ou maus; ela não tem nenhum interesse em fazer o bem e pode fazer o mal impunemente visto que é senhora soberana.

10. - Além do fato de que esses sistemas não satisfazem nem a razão, nem as aspirações do homem, esbarra-se aí, como se vê, em dificuldades intransponíveis, porque eles são incapazes de resolver todas as questões que levantam. O homem tem então três alternativas: o nada, a absorção, ou a individualidade da alma antes e depois da morte. É a esta última crença que a lógica nos leva invencivelmente; é também ela que constituiu o fundo de todas as religiões desde que o mundo existe.

Se a lógica nos conduz à individualidade da alma, ela nos leva também a esta outra consequência, que o destino de cada alma deve depender de suas qualidades pessoais, pois seria irracional admitir que a alma atrasada do selvagem e a do homem perverso estejam no mesmo nível que a do erudito e do homem de bem. Segundo a justiça, cada uma deve ter a responsabilidade de seus atos; mas para que sejam responsáveis, é preciso que sejam livres para escolher entre o bem e o mal; sem livre-arbítrio, há fatalidade, e com fatalidade, não poderia haver responsabilidade.

11. - Todas as religiões admitiram igualmente o princípio do destino feliz ou infeliz das almas após a morte, dito de outro modo, das penas e dos gozos futuros que se resumem na doutrina do céu e do inferno que se encontra em toda a parte. Mas no que elas diferem essencialmente, é sobre a natureza dessas penas e desses gozos, e sobretudo sobre as condições que podem merecer umas e outros. Donde pontos de fé contraditórios que deram origem aos diferentes cultos, e os deveres particulares impostos por cada um deles para venerar Deus, e por esse meio ganhar o céu e evitar o inferno.

12. - Todas as religiões precisaram, na sua origem, estar em relação com o grau de avanço moral e intelectual dos homens; estes, ainda demasiado materiais para compreender o mérito das coisas puramente espirituais, fizeram consistir a maioria dos deveres religiosos no cumprimento de fórmulas exteriores. Durante um tempo, essas formas bastaram à sua razão; mais tarde, fazendo-se a luz em seu espírito, eles sentem o vazio que as formas deixam atrás delas, e se a religião não o preenche, eles abandonam a religião e tornam-se filósofos.

13. - Se a religião, apropriada no princípio aos conhecimentos limitados dos homens, tivesse sempre seguido o movimento progressivo do espírito humano, não haveria incrédulos, porque é da natureza do homem ter necessidade de crer, e ele acreditará se lhe derem um alimento espiritual em harmonia com suas necessidades intelectuais. Ele quer saber de onde vem e para onde vai; se lhe mostram um objetivo que não responde nem a suas aspirações nem à ideia que ele faz de Deus, nem aos dados positivos que a ciência lhe fornece; se, ademais, lhe impõem para alcançá-lo condições cuja utilidade sua razão não lhe demonstra, ele repele o todo; o materialismo e o panteísmo parecem-lhe ainda mais racionais, porque aí se discute e se raciocina; raciocina-se errado, é verdade, mas ele prefere raciocinar errado a não raciocinar de modo algum.

Mas apresentem-lhe um futuro em condições lógicas, digno em todos os pontos da grandeza, da justiça e da infinita bondade de Deus, e ele abandonará o materialismo e o panteísmo cujo vazio sente em seu foro íntimo, e os quais só aceitara na falta de melhor. O espiritismo dá melhor, eis porque é acolhido com ardor por todos aqueles que a incerteza lancinante da dúvida atormenta e que não encontram nem nas crenças, nem nas filosofias vulgares aquilo que buscam; ele tem a seu favor a lógica do raciocínio e a sanção dos fatos, é por isso que o combateram inutilmente.

14. - O homem tem instintivamente a crença no futuro; mas não tendo até hoje nenhuma base segura para defini-lo, sua imaginação criou os sistemas que trouxeram a diversidade nas crenças. Não sendo a doutrina espírita sobre o futuro uma obra de imaginação mais ou menos engenhosamente concebida, e sim o resultado da observação dos fatos materiais que ocorrem hoje sob nossos olhos, ela reunirá, como já faz agora, as opiniões divergentes ou flutuantes, e levará pouco a pouco, e pela força das coisas, à unidade na crença sobre esse ponto, crença que não será mais baseada numa hipótese, mas numa certeza. A unificação, feita no que concerne ao destino futuro das almas, será o primeiro ponto de aproximação entre os diferentes cultos, um passo imenso rumo à tolerância religiosa primeiramente, e mais tarde rumo à fusão.



 [1] Um jovem de dezoito anos sofria de uma doença cardíaca declarada incurável. A ciência dissera: Ele pode morrer dentro de oito dias, como dentro de dois anos, mas daí não passará. O jovem sabia disso; imediatamente abandonou todo estudo, e entregou-se a todo tipo de excessos. Quando lhe mostravam quão perigosa era uma vida desregrada no seu estado, ele respondia: Que me importa, já que só tenho dois anos de vida? De que me serviria cansar o espírito a aprender? Aproveito o melhor possível os últimos momentos e quero divertir-me até o fim. Eis a consequência lógica do niilismo.

Se esse jovem fosse espírita, teria dito para si mesmo: A morte destruirá apenas meu corpo, que deixarei como uma roupa desgastada, mas meu Espírito viverá sempre. Eu serei, em minha vida futura, o que tiver feito de mim mesmo nesta vida; nada do que eu adquiri aqui de qualidades morais e intelectuais se perderá, pois serão ganhos para meu adiantamento; toda imperfeição da qual eu me despojar é um passo a mais na direção da felicidade; minha felicidade ou infelicidade no porvir dependem da utilidade ou inutilidade de minha existência presente. É, portanto, do meu interesse aproveitar o pouco de tempo que me resta, e evitar tudo o que poderia diminuir minhas forças. Qual dessas duas doutrinas é preferível?


1. - Nous vivons, nous pensons, nous agissons, voilà qui est positif ; nous mourrons, ce n'est pas moins certain. Mais en quittant la terre, où allons-nous ? que devenons-nous ? Serons-nous mieux ou plus mal ? Serons-nous ou ne serons-nous pas ? Etre ou ne pas être, telle est l'alternative ; c'est pour toujours ou pour jamais ; c'est tout ou rien : ou nous vivrons éternellement, ou tout sera fini sans retour. Cela vaut bien la peine d'y penser.

Tout homme éprouve le besoin de vivre, de jouir, d'aimer, d'être heureux. Dites à celui qui sait qu'il va mourir qu'il vivra encore, que son heure est retardée ; dites-lui surtout qu'il sera plus heureux qu'il n'a été, et son coeur va palpiter de joie. Mais à quoi serviraient ces aspirations de bonheur si un souffle peut les faire évanouir ?

Est-il quelque chose de plus désespérant que cette pensée de la destruction absolue ? Affections saintes, intelligence, progrès, savoir laborieusement acquis, tout serait brisé, tout serait perdu ! Quelle nécessité de s'efforcer de devenir meilleur, de se contraindre pour réprimer ses passions, de se fatiguer pour meubler son esprit, si l'on n'en doit recueillir aucun fruit, avec cette pensée surtout que demain peut-être cela ne nous servira plus à rien ? S'il en était ainsi, le sort de l'homme serait cent fois pire que celui de la brute, car la brute vit tout entière dans le présent, dans la satisfaction de ses appétits matériels, sans aspiration vers l'avenir. Une secrète intuition dit que cela n'est pas possible.

2. - Par la croyance au néant, l'homme concentre forcément toutes ses pensées sur la vie présente ; on ne saurait, en effet, logiquement se préoccuper d'un avenir que l'on n'attend pas. Cette préoccupation exclusive du présent conduit naturellement à songer à soi avant tout ; c'est donc le plus puissant stimulant de l'égoïsme, et l'incrédule est conséquent avec lui-même quand il arrive à cette conclusion : Jouissons pendant que nous y sommes, jouissons le plus possible puisque après nous tout est fini ; jouissons vite, parce que nous ne savons combien cela durera ; et à cette autre, bien autrement grave pour la société : Jouissons aux dépens de n'importe qui ; chacun pour soi ; le bonheur, ici-bas, est au plus adroit.

Si le respect humain en retient quelques-uns, quel frein peuvent avoir ceux qui ne craignent rien ? Ils se disent que la loi humaine n'atteint que les maladroits ; c'est pourquoi ils appliquent leur génie aux moyens de l'esquiver. S'il est une doctrine malsaine et antisociale, c'est assurément celle du néantisme, parce qu'elle rompt les véritables liens de la solidarité et de la fraternité, fondements des rapports sociaux.

3. - Supposons que, par une circonstance quelconque, tout un peuple acquière la certitude que dans huit jours, dans un mois, dans un an si l'on veut, il sera anéanti, que pas un individu ne survivra, qu'il ne restera plus trace de lui-même après la mort ; que fera-t-il pendant ce temps ? Travaillera-t-il à son amélioration, à son instruction ? Se donnera-t-il de la peine pour vivre ? Respectera-t-il les droits, les biens, la vie de son semblable ? Se soumettra-t-il aux lois, à une autorité, quelle qu'elle soit, même la plus légitime : l'autorité paternelle ? Y aura-t-il pour lui un devoir quelconque ? Assurément non. Eh bien ! ce qui n'arrive pas en masse, la doctrine du néantisme le réalise chaque jour isolément. Si les conséquences n'en sont pas aussi désastreuses qu'elles pourraient l'être, c'est d'abord parce que chez la plupart des incrédules, il y a plus de forfanterie que de véritable incrédulité, plus de doute que de conviction, et qu'ils ont plus peur du néant qu'ils ne veulent le faire paraître : le titre d'esprit fort flatte leur amour-propre ; en second lieu, que les incrédules absolus sont en infime minorité ; ils subissent malgré eux l'ascendant de l'opinion contraire et sont maintenus par une force matérielle ; mais que l'incrédulité absolue arrive un jour à l'état de majorité, la société est en dissolution. C'est à quoi tend la propagation de la doctrine du néantisme(1).

Quelles qu'en soient les conséquences, si le néantisme était une vérité, il faudrait l'accepter, et ce ne seraient ni des systèmes contraires, ni la pensée du mal qui en résulterait, qui pourraient faire qu'elle ne fût pas. Or, il ne faut pas se dissimuler que le scepticisme, le doute, l'indifférence, gagnent chaque jour du terrain, malgré les efforts de la religion ; ceci est positif. Si la religion est impuissante contre l'incrédulité, c'est qu'il lui manque quelque chose pour la combattre, de telle sorte que si elle restait dans l'immobilité, en un temps donné elle serait infailliblement débordée. Ce qui lui manque dans ce siècle de positivisme, où l'on veut comprendre avant de croire, c'est la sanction de ces doctrines par des faits positifs ; c'est aussi la concordance de certaines doctrines avec les données positives de la science. Si elle dit blanc et si les faits disent noir, il faut opter entre l'évidence et la foi aveugle.

4. - C'est dans cet état de choses que le Spiritisme vient opposer une digue à l'envahissement de l'incrédulité, non seulement par le raisonnement, non seulement par la perspective des dangers qu'elle entraîne, mais par les faits matériels, en faisant toucher du doigt et de l'oeil l'âme et la vie future.

Chacun est libre sans doute dans sa croyance, de croire à quelque chose ou de ne croire à rien ; mais ceux qui cherchent à faire prévaloir dans l'esprit des masses, de la jeunesse surtout, la négation de l'avenir, en s'appuyant de l'autorité de leur savoir et de l'ascendant de leur position, sèment dans la société des germes de trouble et de dissolution, et encourent une grande responsabilité.

5. - Il est une autre doctrine qui se défend d'être matérialiste, parce qu'elle admet l'existence d'un principe intelligent en dehors de la matière, c'est celle de l'absorption dans le Tout Universel. Selon cette doctrine, chaque individu s'assimile à sa naissance une parcelle de ce principe qui constitue son âme et lui donne la vie, l'intelligence et le sentiment. A la mort, cette âme retourne au foyer commun et se perd dans l'infini comme une goutte d'eau dans l'Océan.

Cette doctrine est sans doute un pas en avant sur le matérialisme pur, puisqu'elle admet quelque chose, tandis que l'autre n'admet rien, mais les conséquences en sont exactement les mêmes. Que l'homme soit plongé dans le néant ou dans le réservoir commun, c'est tout un pour lui ; si, dans le premier cas, il est anéanti, dans le second, il perd son individualité ; c'est donc comme s'il n'existait pas ; les rapports sociaux n'en sont pas moins à tout jamais rompus. L'essentiel pour lui, c'est la conservation de son moi ; sans cela, que lui importe d'être ou de ne pas être ! L'avenir pour lui est toujours nul, et la vie présente, la seule chose qui l'intéresse et le préoccupe. Au point de vue de ses conséquences morales, cette doctrine est tout aussi malsaine, tout aussi désespérante, tout aussi excitante de l'égoïsme que le matérialisme proprement dit.

6. - On peut, en outre, y faire l'objection suivante : toutes les gouttes d'eau puisées dans l'Océan se ressemblent et ont des propriétés identiques, comme les parties d'un même tout ; pourquoi les âmes, si elles sont puisées dans le grand océan de l'intelligence universelle, se ressemblent-elles si peu ? Pourquoi le génie à côté de la stupidité ? les plus sublimes vertus à côté des vices les plus ignobles ? la bonté, la douceur, la mansuétude, à côté de la méchanceté, de la cruauté, de la barbarie ? Comment les parties d'un tout homogène peuvent-elles être aussi différentes les unes des autres ? Dira-t-on que c'est l'éducation qui les modifie ? mais alors d'où viennent les qualités natives, les intelligences précoces, les instincts bons et mauvais, indépendants de toute éducation, et souvent si peu en harmonie avec les milieux où ils se développent ?

L'éducation, sans aucun doute, modifie les qualités intellectuelles et morales de l'âme ; mais ici se présente une autre difficulté. Qui donne à l'âme l'éducation pour la faire progresser ? D'autres âmes qui, par leur commune origine, ne doivent pas être plus avancées. D'un autre côté, l'âme, rentrant dans le Tout Universel d'où elle était sortie, après avoir progressé pendant la vie, y apporte un élément plus parfait ; d'où il suit que ce tout doit, à la longue, se trouver profondément modifié et amélioré. Comment se fait-il qu'il en sorte incessamment des âmes ignorantes et perverses ?

7. - Dans cette doctrine, la source universelle d'intelligence qui fournit les âmes humaines est indépendante de la Divinité ; ce n'est pas précisément le panthéisme. Le panthéisme proprement dit en diffère en ce qu'il considère le principe universel de vie et d'intelligence comme constituant la Divinité. Dieu est à la fois esprit et matière ; tous les êtres, tous les corps de la nature composent la Divinité, dont ils sont les molécules et les éléments constitutifs ; Dieu est l'ensemble de toutes les intelligences réunies ; chaque individu, étant une partie du tout, est lui-même Dieu ; aucun être supérieur et indépendant ne commande l'ensemble ; l'univers est une immense république sans chef, ou plutôt où chacun est chef avec pouvoir absolu.

8. - A ce système, on peut opposer de nombreuses objections, dont les principales sont celles-ci : la Divinité ne pouvant être conçue sans l'infini des perfections, on se demande comment un tout parfait peut être formé de parties si imparfaites et ayant besoin de progresser ? Chaque partie étant soumise à la loi du progrès, il en résulte que Dieu lui-même doit progresser ; s'il progresse sans cesse, il a dû être, à l'origine des temps, très imparfait. Comment un être imparfait, formé de volontés et d'idées si divergentes, a-t-il pu concevoir les lois si harmonieuses, si admirables d'unité, de sagesse et de prévoyance qui régissent l'univers ? Si toutes les âmes sont des portions de la Divinité, toutes ont concouru aux lois de la nature ; comment se fait-il qu'elles murmurent sans cesse contre ces lois, qui sont leur oeuvre ? Une théorie ne peut être acceptée comme vraie qu'à la condition de satisfaire la raison et de rendre compte de tous les faits qu'elle embrasse ; si un seul fait vient lui donner un démenti, c'est qu'elle n'est pas dans le vrai absolu.

9. - Au point de vue moral, les conséquences sont tout aussi illogiques. C'est d'abord pour les âmes, comme dans le système précédent, l'absorption dans un tout et la perte de l'individualité. Si l'on admet, selon l'opinion de quelques panthéistes, qu'elles conservent leur individualité, Dieu n'a plus de volonté unique ; c'est un composé de myriades de volontés divergentes. Puis, chaque âme étant partie intégrante de la Divinité, aucune n'est dominée par une puissance supérieure ; elle n'encourt, par conséquent, aucune responsabilité pour ses actes bons ou mauvais ; elle n'a nul intérêt à faire le bien et peut faire le mal impunément, puisqu'elle est maîtresse souveraine.

10. - Outre que ces systèmes ne satisfont ni la raison ni les aspirations de l'homme, on s'y heurte, comme on le voit, à des difficultés insurmontables, parce qu'ils sont impuissants à résoudre toutes les questions de fait qu'ils soulèvent. L'homme a donc trois alternatives : le néant, l'absorption, ou l'individualité de l'âme avant et après la mort. C'est à cette dernière croyance que nous ramène invinciblement la logique ; c'est celle aussi qui a fait le fond de toutes les religions depuis que le monde existe.

Si la logique nous conduit à l'individualité de l'âme, elle nous amène aussi à cette autre conséquence, que le sort de chaque âme doit dépendre de ses qualités personnelles, car il serait irrationnel d'admettre que l'âme arriérée du sauvage et celle de l'homme pervers fussent au même niveau que celle du savant et de l'homme de bien. Selon la justice, les âmes doivent avoir la responsabilité de leurs actes ; mais pour qu'elles soient responsables, il faut qu'elles soient libres de choisir entre le bien et le mal ; sans libre arbitre, il y a fatalité, et avec la fatalité, il ne saurait y avoir responsabilité.

11. - Toutes les religions ont également admis le principe du sort heureux ou malheureux des âmes après la mort, autrement dit des peines et des jouissances futures qui se résument dans la doctrine du ciel et de l'enfer, que l'on retrouve partout. Mais ce en quoi elles diffèrent essentiellement, c'est sur la nature de ces peines et de ces jouissances, et surtout sur les conditions qui peuvent mériter les unes et les autres. De là des points de foi contradictoires qui ont donné naissance aux différents cultes, et les devoirs particuliers imposés par chacun d'eux pour honorer Dieu, et par ce moyen gagner le ciel et éviter l'enfer.

12. - Toutes les religions ont dû, à leur origine, être en rapport avec le degré de l'avancement moral et intellectuel des hommes ; ceux-ci, trop matériels encore pour comprendre le mérite des choses purement spirituelles, ont fait consister la plupart des devoirs religieux dans l'accomplissement de formes extérieures. Pendant un temps, ces formes ont suffi à leur raison ; plus tard, la lumière se faisant dans leur esprit, ils sentent le vide que les formes laissent derrière elles, et si la religion ne le comble pas, ils abandonnent la religion et deviennent philosophes.

13. - Si la religion, appropriée dans le principe aux connaissances bornées des hommes, avait toujours suivi le mouvement progressif de l'esprit humain, il n'y aurait point d'incrédules, parce qu'il est dans la nature de l'homme d'avoir besoin de croire, et il croira si on lui donne une nourriture spirituelle en harmonie avec ses besoins intellectuels. Il veut savoir d'où il vient et où il va ; si on lui montre un but qui ne réponde ni à ses aspirations ni à l'idée qu'il se fait de Dieu, ni aux données positives que lui fournit la science ; si de plus on lui impose pour l'atteindre des conditions dont sa raison ne lui démontre pas l'utilité, il repousse le tout ; le matérialisme et le panthéisme lui semblent encore plus rationnels, parce que là on discute et l'on raisonne ; on raisonne faux, il est vrai, mais il aime encore mieux raisonner faux que de ne pas raisonner du tout.

Mais qu'on lui présente un avenir dans des conditions logiques, digne en tout point de la grandeur, de la justice et de l'infinie bonté de Dieu, et il abandonnera le matérialisme et le panthéisme, dont il sent le vide dans son for intérieur, et qu'il n'avait acceptés que faute de mieux. Le Spiritisme donne mieux, c'est pourquoi il est accueilli avec empressement par tous ceux que tourmente l'incertitude poignante du doute et qui ne trouvent ni dans les croyances ni dans les philosophies vulgaires ce qu'ils cherchent ; il a pour lui la logique du raisonnement et la sanction des faits, c'est pour cela qu'on l'a inutilement combattu.

14. - L'homme a instinctivement la croyance en l'avenir ; mais n'ayant jusqu'à ce jour aucune base certaine pour le définir, son imagination a enfanté les systèmes qui ont amené la diversité dans les croyances. La doctrine spirite sur l'avenir n'étant point une oeuvre d'imagination plus ou moins ingénieusement conçue, mais le résultat de l'observation des faits matériels qui se déroulent aujourd'hui sous nos yeux, elle ralliera, comme elle le fait déjà maintenant, les opinions divergentes ou flottantes, et amènera peu à peu, et par la force des choses, l'unité dans la croyance sur ce point, croyance qui ne sera plus basée sur une hypothèse, mais sur une certitude. L'unification, faite en ce qui concerne le sort futur des âmes, sera le premier point de rapprochement entre les différents cultes, un pas immense vers la tolérance religieuse d'abord, et plus tard vers la fusion.

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(1) Un jeune homme de dix-huit ans était atteint d'une maladie de coeur déclarée incurable. La science avait dit : Il peut mourir dans huit jours, comme dans deux ans, mais il n'ira pas au-delà. Le jeune homme le savait ; aussitôt il quitta toute étude et se livra aux excès de tous genres. Lorsqu'on lui représentait combien une vie de désordre était dangereuse dans sa position, il répondait : Que m'importe, puisque je n'ai que deux ans à vivre ! A quoi me servirait de me fatiguer l'esprit ? Je jouis de mon reste et veux m'amuser jusqu'au bout. Voilà la conséquence logique du néantisme.

Si ce jeune homme eût été spirite, il se serait dit : La mort ne détruira que mon corps, que je quitterai comme un habit usé, mais mon Esprit vivra toujours. Je serai, dans ma vie future, ce que je me serai fait moi-même dans celle-ci ; rien de ce que j'y puis acquérir en qualités morales et intellectuelles ne sera perdu, car ce sera autant de gagné pour mon avancement ; toute imperfection dont je me dépouille est un pas de plus vers la félicité ; mon bonheur ou mon malheur à venir dépendent de l'utilité ou de l'inutilité de mon existence présente. Il est donc de mon intérêt de mettre à profit le peu de temps qui me reste, et d'éviter tout ce qui pourrait diminuer mes forces.

Laquelle, de ces deux doctrines, est préférable ?


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