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Revista Espírita 1858 » Maio » Conversas familiares de além-túmulo » Mozart Revue Spirite 1858 » Mai » Entretiens familiers d'outre-tombe » Mozart

Um dos nossos assinantes enviou-nos as duas entrevistas que se seguem, com o Espírito de Mozart. Ignoramos onde e quando se realizaram; não conhecemos o interpelante nem o médium; somos completamente estranhos a tudo isso. Entretanto, é notável a perfeita concordância que há entre as respostas obtidas e as que foram dadas por outros Espíritos sobre vários pontos capitais da Doutrina, em circunstâncias completamente diferentes, quer quanto a nós, quer quanto a outras pessoas, e que transcrevemos em números anteriores e no Livro dos Espíritos.

 Sobre tal similitude chamamos a atenção dos nossos leitores, que da mesma tirarão a conclusão que lhes parecer mais adequada. Aqueles, pois, que ainda pudessem pensar que as respostas às nossas perguntas são um reflexo de nossa opinião pessoal, verão se neste caso nos foi possível exercer qualquer influência.

Felicitamos as pessoas que sustentaram essa conversação, pela maneira que as perguntas foram feitas. Apesar de certas falhas que demonstram a inexperiência dos interlocutores, em geral são formuladas com ordem, clareza e precisão e não fogem à linha de seriedade que constitui condição essencial para obter boas comunicações. Os Espíritos elevados se dirigem às pessoas sérias que de boa-fé desejam esclarecimentos. Os Espíritos levianos divertem-se com as criaturas frívolas.

 

PRIMEIRA CONVERSA

 

1. ─ Em nome de Deus, Espírito de Mozart, estais aqui?

─ Sim.

2.─ Por que é Mozart e não outro Espírito?

─ Foi a mim que evocaste: então vim.

3.─ Que é um médium?

─ O agente que une o meu ao teu Espírito.

4. ─ Quais as modificações fisiológicas e anímicas que, malgrado seu, sofre o médium ao entrar em ação de intermediação?

─ Seu corpo nada sente, mas seu Espírito, parcialmente desprendido da matéria, está em comunicação com o meu, unindo-me a vós.

5. ─ O que se passa nele neste momento?

─ Nada com o corpo; apenas uma parte de seu Espírito é atraída para mim; faço sua mão agir pelo poder que o meu Espírito exerce sobre ele.

6. ─ Assim, o médium entra em comunicação com uma individualidade espiritual diferente da sua?

─ Por certo. Tu também, sem seres médium, estás em contato comigo.

7. ─ Quais os elementos que concorrem para a produção deste fenômeno?

─ A atração dos Espíritos, com o fim de instruir os homens; leis de eletricidade física.

8. ─ Quais as condições indispensáveis?

─ É uma faculdade concedida por Deus.

9. ─ Qual o princípio determinante?

─ Não posso dizê-lo.

10. ─ Poderias revelar-nos as suas leis?

─ Não, não, por enquanto não. Mais tarde tudo sabereis.

11. ─ Em que termos positivos poder-se-ia anunciar a fórmula sintética deste fenômeno maravilhoso?

─ Leis desconhecidas que não poderíeis compreender.

12. ─ Poderia o médium pôr-se em relação com a alma de uma pessoa viva? Em que condições?

─ Facilmente, se a pessoa estiver adormecida.[1]

13. ─ O que entendes pelo vocábulo alma?

─ Centelha divina.

14. ─ E por Espírito?

─ Espírito e alma são a mesma coisa.

15. ─ Como Espírito imortal, a alma tem consciência do momento da morte, consciência de si mesma ou do eu imediatamente após a morte?

─ A alma nada sabe do passado e não conhece o futuro senão após a morte do corpo. Então vê sua vida pretérita e suas últimas provas; escolhe sua nova expiação para uma outra existência, bem como a prova a passar. Assim, ninguém se deve lamentar do que sofre na Terra, mas deve suportá-lo com coragem.

16. ─ Depois da morte, acha-se a alma desligada de todo elemento, de todo laço terrestre?

─ De todo elemento, não. Ela tem ainda um fluido que lhe é próprio, que extrai da atmosfera de seu planeta e que representa a aparência de sua última encarnação. Os laços terrenos nada mais são para ela.

17. ─ Sabe ela de onde vem e para onde vai?

─ A resposta décima quinta resolve esta questão.

18. ─ Nada leva ela consigo daqui de baixo?

─ Nada além da lembrança das boas obras, o pesar de suas faltas e o desejo de passar a um mundo melhor.

19. ─ Abarca ela num relance retrospectivo o conjunto de sua vida passada?

─ Sim, para servir à sua vida futura.

20. ─ Ela entrevê o objetivo da vida terrena e o seu significado; o sentido desta vida, assim como a importância do destino que aqui se cumpre, em relação à vida futura?

─ Sim, ela compreende a necessidade de depuração para chegar ao infinito; quer purificar-se para atingir os mundos bem-aventurados. Sou feliz, mas ainda não me encontro nos mundos onde se desfruta a visão de Deus!

21. ─ Existe na vida futura uma hierarquia dos Espíritos? Qual a sua lei?

─ Sim. É o grau de depuração que a caracteriza. A bondade e as virtudes são os títulos de glória.

22. ─ Como potência progressiva, é a inteligência que nela determina a marcha ascendente?

─ São sobretudo as virtudes, principalmente o amor ao próximo.

23. ─ Uma hierarquia dos Espíritos faz supor uma hierarquia de residências. Ela existe? Sob que forma?

─ A inteligência, que é dom de Deus, é sempre a recompensa das virtudes da caridade e do amor ao próximo. Os Espíritos habitam diferentes planetas, conforme o seu grau de perfeição. Neles desfrutam de maior ou menor felicidade.

24. ─ Que é o que se deve entender por Espíritos superiores?

─ Os Espíritos purificados.

25. ─ Nosso globo terrestre é o primeiro desses degraus, o ponto de partida, ou vimos ainda de um ponto inferior?

─ Há dois globos antes do vosso, que é um dos menos perfeitos.

26. ─ Qual o mundo que habitas? Ali és feliz?

─ Júpiter. Ali desfruto de uma grande calma; amo a todos os que me rodeiam. Não temos o ódio.

27. ─ Se tens lembrança da vida terrena, deves recordar-te do casal A..., de Viena. Já os viste a ambos depois de tua morte? Em que mundo e em que condições?

─ Não sei onde se encontram. Não te posso dizer. Um é mais feliz que o outro. Por que me falas deles?

28. ─ Por uma única palavra, indicativa de um fato capital de tua vida, e que não poderás ter esquecido, podes fornecer-me uma prova certa dessa recordação. Concito-te a dizer tal palavra.

─ Amor; reconhecimento.

 

SEGUNDA CONVERSA

 

Já não é o mesmo o interlocutor. Parece, pela natureza da conversa, que se trata de um músico, feliz por se entreter com um mestre. Depois de diversas perguntas, que nos parece inútil reproduzir, diz Mozart:

1. ─ Acabemos com as perguntas de G... Falarei contigo. Dir-te-ei o que em nosso mundo entendemos por melodia. Por que não me evocaste mais cedo? Ter-te-ia respondido.

2. ─ O que é a melodia?

─ Para ti é muitas vezes uma lembrança da vida passada; teu Espírito recorda aquilo que entreviu num mundo melhor. No planeta Júpiter, onde habito, há melodia em toda parte: no murmúrio das águas, no ciciar das folhas, no canto do vento; as flores rumorejam e cantam; tudo produz sons melodiosos. Sê bom e alcança este planeta por tuas virtudes. Bem escolheste, cantando Deus. A música religiosa auxilia a elevação da alma. Como eu gostaria de vos poder inspirar o desejo de ver este mundo onde somos tão felizes! Aqui somos todos muito caridosos; tudo é belo! a Natureza tão admirável! Tudo nos inspira o desejo de estar com Deus. Coragem! Coragem! Acreditai em minha comunicação espírita. Sou eu mesmo que aqui me encontro. Desfruto do poder de vos dizer aquilo que experimentamos. Pudesse eu inspirar-vos bastante o amor ao bem, a fim de vos tornardes dignos dessa recompensa, que nada é em comparação com outras a que aspiro!

3. ─ Nossa música é a mesma em outros planetas?

─ Não. Nenhuma música vos pode dar uma ideia da que temos aqui. Ela é divina! Ó felicidade! Procura merecer o gozo de semelhantes harmonias; luta; tem coragem! Aqui não temos instrumentos: são as plantas e os pássaros os coristas. O pensamento compõe e os ouvintes gozam sem audição material, sem o concurso da palavra, e isto a uma distância incomensurável. Nos mundos superiores isto é ainda mais sublime.

4. ─ Qual a duração da vida de um Espírito encarnado em outro planeta que não o nosso?

─ Curta nos planetas inferiores; mais longa nos mundos como este onde tenho a felicidade de estar. Em Júpiter ela é, em média, de trezentos a quinhentos anos.

5. ─ Haverá grande vantagem em voltar a habitar a Terra?

─ Não, a não ser que estejamos em missão, porque então avançamos.

6. ─ Não seríamos mais felizes se ficássemos como Espírito?

─ Não, não! Ficaríamos estacionários. Pedimos a reencarnação a fim de avançarmos para Deus.

7. ─ É a primeira vez que me encontro na Terra?

─ Não. Mas não posso falar do passado de teu Espírito.

8. ─ Poderia eu ver-te em sonho?

─ Se Deus o permitir, far-te-ei ver em sonho a minha habitação, da qual guardarás lembrança.

9. ─ Onde te achas aqui?

─ Entre ti e tua filha. Vejo-te. Estou sob a forma que tinha quando vivo.

10. ─ Poderia eu ver-te?

─ Sim. Crê e verás. Se tivesses mais fé, ser-nos-ia permitido dizer-te por quê. Tua própria profissão constitui uma ligação entre nós.

11. ─ Como entraste aqui?

─ O Espírito atravessa tudo.

12. ─ Ainda te achas muito longe de Deus?

─ Oh! Sim!

13. ─ Compreendes melhor que nós o que é a eternidade?

─ Sim, sim. No corpo não a podeis compreender.

14. ─ Que entendes por Universo? Houve um começo e haverá um fim?

─ Segundo pensais, o Universo é a vossa Terra. Insensatos! O Universo não teve começo nem terá fim. Pensai que ele é inteiramente obra de Deus. O Universo é o infinito.

15. ─ Que devo fazer para me acalmar?

─ Não te preocupes tanto com o corpo. Tens o Espírito perturbado. Resiste a essa tendência.

16. ─ Que é essa perturbação?

─ Temes a morte.

17. ─ Que fazer para não temê-la?

─ Crer em Deus. Sobretudo crer que Deus não priva a família de um pai útil.

18. ─ Como alcançar essa calma?

─ Pela vontade.

19. ─ Onde haurir essa vontade?

─ Desvia o teu pensamento disso pelo trabalho.

20. ─ Que devo fazer para apurar a minha habilidade?

─ Podes evocar-me. Eu obtive a permissão de te inspirar.

21. ─ Quando eu estiver trabalhando?

─ Certamente! Quando quiseres trabalhar, por vezes estarei ao teu lado.

22. ─ Ouvirás a minha obra? (Uma obra musical do interpelante).

─ És o primeiro músico que me evoca. Venho a ti com prazer e escuto as tuas obras.

23. ─ Como é que não te evocaram?

─ Fui evocado, mas não por músicos.

24. ─ Por quem?

─ Por várias senhoras e amadores em Marselha.

25. ─ Por que a Ave-Maria me comove até às lágrimas?

─ Teu Espírito se desprende, junta-se ao meu e ao de Pergolese, que me inspirou aquela obra, mas eu esqueci aquele trecho.

26. ─ Como pudeste esquecer a música composta por ti mesmo?

─ A que tenho aqui é tão linda! Como recordar aquilo que era só matéria?

27. ─ Vês minha mãe?

─ Ela está reencarnada na Terra.

28. ─ Em que corpo?

─ Nada posso dizer a respeito.

29. ─ E meu pai?

─ Está errante, para ajudar no bem. Fará tua mãe progredir. Reencarnarão juntos e serão felizes.

30. ─ Ele me vem ver?

─ Muitas vezes. A ele deves os teus impulsos caritativos.

31. ─ Foi minha mãe que pediu para reencarnar?

─ Sim. Ela tinha grande vontade de reencarnar, a fim de progredir, por uma nova prova, e entrar num mundo superior à Terra. Já deu um passo imenso.

32. ─ Que queres dizer com isso?

─ Ela resistiu a todas as tentações. Sua vida na Terra foi sublime em comparação com seu passado, que foi o de um Espírito inferior. Assim subiu vários degraus.

33. ─ Então ela havia escolhido uma prova acima de suas forças?

─ Sim, isto mesmo.

34. ─ Quando eu sonho que a vejo, é a ela mesmo que eu vejo?

─ Sim, sim.

35. ─ Se tivessem evocado Bichat no dia da inauguração de sua estátua, teria ele respondido? Ele estava lá?

─ Sim, estava; e eu também.

36. ─ Por que estavas lá?

─ Como vários outros Espíritos que apreciam o bem e que se sentem felizes quando glorificais aqueles que se preocupam com a Humanidade sofredora.

37. ─ Obrigado, Mozart. Adeus.

─ Acreditai-me; acreditai que estou aqui... Sou feliz... Crede que há mundos acima do vosso... Crede em Deus... Evocai-me mais frequentemente, em companhia de músicos. Sentir-me-ei feliz em vos instruir, contribuir para o vosso progresso e vos ajudar a subir para Deus. Evocai-me. Adeus.



[1] Se uma pessoa viva for evocada em estado de vigília, pode adormecer no momento da evocação ou, pelo menos, sofrer um entorpecimento e uma suspensão das faculdades sensitivas. Muitas vezes, entretanto, a evocação nada produz, sobretudo se não for feita com intenção séria e benevolente.

 


 

Entretiens familiers d'outre-tombe.

Mozart.

Un de nos abonnés nous communique les deux entretiens suivants qui ont eu lieu avec l'Esprit de Mozart. Nous ne savons ni où ni quand ces entretiens ont eu lieu; nous ne connaissons ni les interrogateurs ni le médium; nous y sommes donc complètement étranger. On remarquera malgré cela la concordance parfaite qui existe entre les réponses obtenues et celles qui ont été faites par d'autres Esprits sur divers points capitaux de la doctrine dans des circonstances tout autres, soit à nous soit à d'autres personnes, et que nous avons rapportées dans nos livraisons précédentes et dans le Livre des Esprits. Nous appelons sur cette similitude toute l'attention de nos lecteurs, qui en tireront telle conclusion qu'ils jugeront à propos. Ceux donc qui pourraient encore penser que les réponses à nos questions peuvent être le reflet de notre opinion personnelle verront par là si, en cette occasion, nous avons pu exercer une influence quelconque. Nous félicitons les personnes qui ont eu ces entretiens de la manière dont les questions sont posées. Malgré certains défauts qui décèlent l'inexpérience des interlocuteurs, elles sont en général formulées avec ordre, netteté et précision, et ne s'écartent point de la ligne sérieuse: c'est une condition essentielle pour obtenir de bonnes communications. Les Esprits élevés vont aux gens sérieux qui veulent s'éclairer de bonne foi; les Esprits légers s'amusent avec les gens frivoles.

PREMIER ENTRETIEN.

1. Au nom de Dieu, Esprit de Mozart, es-tu là? - R. Oui.

2. Pourquoi est-ce plutôt Mozart qu'un autre Esprit? - R. C'est moi que vous évoquez: je viens.

3. Qu'est-ce qu'un médium? - R. L'agent qui unit mon Esprit au tien.

4. Quelles sont les modifications tant physiologiques qu'animiques que subit à son insu le médium en entrant en action intermédiaire? - R. Son corps ne ressent rien, mais son Esprit, en partie dégagé de la matière, est en communication avec le mien et m'unit à vous.

5. Que se passe-t-il en lui en ce moment? - R. Rien pour le corps; mais une partie de son Esprit est attirée vers moi; je fais agir sa main par la puissance que mon Esprit exerce sur lui.

6. Ainsi l'individu médium entre alors en communication avec une individualité spirituelle autre que la sienne? - R. Certainement; toi aussi, sans être médium, tu es en rapport avec moi.

7. Quels sont les éléments qui concourent à la production de ce phénomène? - R. Attraction des Esprits pour instruire les hommes; lois d'électricité physique.

8. Quelles sont les conditions indispensables? - R. C'est une faculté accordée par Dieu.

9. Quel est le principe déterminant? - R. Je ne puis le dire.

10. Pourrais-tu nous en révéler les lois? - R. Non, non, pas à présent; plus tard vous saurez tout.

11. En quels termes positifs pourrait-on énoncer la formule synthétique de ce merveilleux phénomène?- R. Lois inconnues qui ne pourraient être comprises par vous.

12. Le médium pourrait-il se mettre en rapport avec l'âme d'un vivant, et à quelles conditions? - R. Facilement, si le vivant dort  10.

13. Qu'entends-tu par le mot âme? - R. L'étincelle divine.

14. Et par Esprit? - R. L'Esprit et l'âme sont une même chose.

15. L'âme, en tant qu'Esprit immortel, a-t-elle conscience de l'acte de la mort, et conscience d'elle-même ou du moi immédiatement après la mort? - R. L'âme ne sait rien du passé et elle ne connaît l'avenir qu'après la mort du corps; alors elle voit sa vie passée et ses dernières épreuves; elle choisit sa nouvelle expiation pour une vie nouvelle et l'épreuve qu'elle va subir; aussi ne doit-on pas se plaindre de ce qu'on souffre sur terre, et on doit le supporter avec courage.

16. L'âme se trouve-t-elle après la mort détachée de tout élément, de tout lien terrestre? - R. De tout élément, non; elle a encore un fluide qui lui est propre, qu'elle puise dans l'atmosphère de sa planète, et qui représente l'apparence de sa dernière incarnation; les liens terrestres ne lui sont plus rien.

17. Sait-elle d'où elle vient et où elle va? - R. La question quinzième répond à cela.

18. N'emporte-t-elle rien avec elle d'ici-bas? - R. Rien que le souvenir de ses bonnes actions, le regret de ses fautes, et le désir d'aller dans un monde meilleur.

19. Embrasse-t-elle d'un coup d'œil rétrospectif l'ensemble de sa vie passée? - R. Oui, pour servir à sa vie future.

20. Entrevoit-elle le but de la vie terrestre et la signification; le sens de cette vie, ainsi que l'importance de la carrière que nous y fournissons, par rapport à la vie future? - R. Oui; elle comprend le besoin d'épuration pour arriver à l'infini; elle veut se purifier pour atteindre aux mondes bienheureux. Je suis heureux; mais que ne suis-je déjà dans les mondes où l'on jouit de la vue de Dieu!

21. Existe-t-il dans la vie future une hiérarchie des Esprits, et quelle en est la loi? - R. Oui: c'est le degré d'épuration qui la marque; la bonté, les vertus sont les titres de gloire.

22. Est-ce l'intelligence en tant que puissance progressive qui y détermine la marche ascendante? - R. Surtout les vertus: l'amour du prochain par-dessus tout.

23. Une hiérarchie des Esprits en ferait supposer une de résidence; cette dernière existe-t-elle et sous quelle forme? - R. L'intelligence, don de Dieu, est toujours la récompense des vertus: charité, amour du prochain. Les Esprits habitent différentes planètes selon leur degré de perfection: ils y jouissent de plus ou moins de bonheur.

24. Que faut-il entendre par Esprits supérieurs? - R. Les Esprits purifiés.

25. Notre globe terrestre est-il le premier de ces degrés, le point de départ, ou venons-nous de plus bas? - R. Il y a deux globes avant le vôtre, qui est un des moins parfaits.

26. Quel est le monde que tu habites? Y es-tu heureux? - R. Jupiter. J'y jouis d'un grand calme; j'aime tous ceux qui m'entourent; nous n'avons pas de haine.

27. Si tu as souvenir de la vie terrestre, tu dois te rappeler les époux A... de Vienne; les as-tu revus tous deux après ta mort, dans quel monde, et dans quelles conditions? - R. Je ne sais où ils sont; je ne puis te le dire. L'un est plus heureux que l'autre. Pourquoi m'en parles-tu?

28. Tu peux, par un seul mot indicatif d'un fait capital de ta vie, et que tu ne peux avoir oublié, me fournir une preuve certaine de ce souvenir. Je t'adjure de dire ce mot. - R. Amour; reconnaissance.

_________

10 Si une personne vivante est évoquée dans l'état de veille, elle peut s'endormir au moment de l'évocation, ou tout au moins éprouver un engourdissement et une suspension des facultés sensitives; mais très souvent l'évocation ne porte pas, surtout si elle n'est pas faite dans une intention sérieuse et bienveillante.

 

DEUXIEME ENTRETIEN.

L'interlocuteur n'est plus le même. On juge à la nature de la conversation que c'est un artiste musicien, heureux de s'entretenir avec un maître. Après diverses questions que nous croyons inutile de rapporter, Mozart dit:

1. Finissez-en avec les questions de G...: je causerai avec toi; je te dirai ce que nous entendons par mélodie dans notre monde. Pourquoi ne m'as-tu pas évoqué plus tôt? Je t'aurais répondu.

2. Qu'est-ce que la mélodie? - R. C'est souvent pour toi un souvenir de la vie passée; ton Esprit se rappelle ce qu'il a entrevu d'un monde meilleur. Dans la planète où je suis, Jupiter, la mélodie est partout, dans le murmure de l'eau, le bruit des feuilles, le chant du vent; les fleurs bruissent et chantent; tout rend des sons mélodieux. Sois bon; gagne cette planète par tes vertus; tu as bien choisi en chantant Dieu: la musique religieuse aide à l'élévation de l'âme. Que je voudrais pouvoir vous inspirer le désir de voir ce monde où l'on est si heureux! On est plein de charité; tout y est beau! la nature si admirable! Tout vous inspire le désir d'être avec Dieu. Courage! courage! Croyez bien à ma communication spirite: c'est bien moi qui suis là; je jouis de pouvoir vous dire ce que nous éprouvons; puissé-je vous inspirer assez l'amour du bien pour vous rendre dignes de cette récompense, qui n'est rien auprès des autres auxquelles j'aspire!

3. Notre musique est-elle la même dans les autres planètes? - R. Non; aucune musique ne peut vous donner une idée de la musique que nous avons ici; c'est divin! O bonheur! mérite de jouir de pareilles harmonies: lutte; courage! Nous n'avons pas d'instruments; ce sont les plantes, les oiseaux qui sont les choristes; la pensée compose, et les auditeurs jouissent sans audition matérielle, sans le secours de la parole, et cela à une distance incommensurable. Dans les mondes supérieurs cela est encore plus sublime.

4. Quelle est la durée de la vie d'un Esprit incarné dans une autre planète que la nôtre? - R. Courte dans les planètes inférieures; plus longue dans les mondes comme celui où j'ai le bonheur d'être; en moyenne, dans Jupiter, elle est de trois à cinq cents ans.

5. Y a-t-il un grand avantage à revenir habiter sur la terre? - R. Non, à moins que d'y être en mission; alors on avance.

6. Ne serait-on pas plus heureux de rester Esprit? - R. Non, non! on serait stationnaire; on demande à être réincarné pour avancer vers Dieu.

7. Est-ce la première fois que je suis sur la terre? - R. Non; mais je ne puis te parler du passé de ton Esprit.

8. Pourrai-je te voir en rêve? - R. Si Dieu le permet, je te ferai voir mon habitation en rêve, et tu t'en souviendras.

9. Où es-tu ici? - R. Entre toi et ta fille, je vous vois; je suis sous la forme que j'avais étant vivant.

10. Pourrai-je te voir? - R. Oui; crois et tu verras. Si vous aviez une plus grande foi, il nous serait permis de vous dire pourquoi; ta profession même est un lien entre nous.

11. Comment es-tu entré ici? - R. L'Esprit traverse tout.

12. Es-tu encore bien loin de Dieu? - R. Oh! oui!

13. Comprends-tu mieux que nous ce que c'est que l'éternité? - R. Oui, oui, vous ne pouvez le comprendre ayant un corps.

14. Qu'entends-tu par l'univers? A-t-il eu un commencement et aura-t- il une fin? - R. L'univers, selon vous, est votre terre! insensés! L'univers n'a point eu de commencement et n'aura point de fin; songez que c'est l'œuvre entière de Dieu; l'univers, c'est l'infini.

15. Que dois-je faire pour être calmé? - R. Ne t'inquiète pas tant de ton corps; tu as l'Esprit porté au trouble; résiste à cette tendance.

16. Qu'est-ce que ce trouble? - R. Tu crains la mort.

17. Que faire pour ne pas la craindre? - R. Croire en Dieu; crois surtout que Dieu n'enlève pas toujours un père utile à sa famille.

18. Comment arriver à ce calme? - R. Le vouloir.

19. Où puiser cette volonté? - R. Distrais ta pensée de cela par le travail.

20. Que dois-je faire pour épurer mon talent? - R. Tu peux m'évoquer; j'ai obtenu la permission de t'inspirer.

21. Est-ce quand je travaillerai? - R. Certes! Quand tu voudras travailler je serai près de toi quelquefois.

22. Ecouteras-tu mon œuvre? (une œuvre musicale de l'interrogateur). R. Tu es le premier musicien qui m'évoque; je viens à toi avec plaisir et j'écoute tes œuvres.

23. Comment se fait-il qu'on ne t'ait pas évoqué? - R. J'ai été évoqué, mais pas par des musiciens.

24. Par qui? - R. Par plusieurs dames et amateurs, à Marseille.

25. Pourquoi l'Ave... me touche-t-il aux larmes? - R. Ton Esprit se dégage et se joint à moi et à celui de Poryolise, qui m'a inspiré cette œuvre, mais j'ai oublié ce morceau.

26. Comment as-tu pu oublier la musique composée par toi? - R. Celle que j'ai ici est si belle! Comment se rappeler ce qui était tout matière!

27. Vois-tu ma mère? - R. Elle est réincarnée sur terre.

28. Dans quel corps? - R. Je ne puis rien en dire.

29. Et mon père? - R. Il est errant pour aider au bien; il fera progresser ta mère; ils seront réincarnés ensemble, et ils seront heureux.

30. Vient-il me voir? - R. Souvent; tu lui dois des mouvements charitables.

31. Est-ce ma mère qui a demandé à être réincarnée? - R. Oui; elle en avait un grand désir pour monter par une nouvelle épreuve et entrer dans un monde supérieur à la Terre; elle a déjà fait un pas immense.

32. Que veux-tu dire par ceci? - R. Elle a résisté à toutes les tentations; sa vie sur terre a été sublime à côté de son passé, qui était celui d'un Esprit inférieur; aussi est-elle montée de plusieurs degrés.

33. Elle avait donc choisi une épreuve au-dessus de ses forces? - R. Oui, c'est cela.

34. Quand je rêve que je la vois, est-ce bien elle que je vois? - R. Oui, oui.

35. Si l'on avait évoqué Bichat le jour de l'érection de sa statue, aurait- il répondu? y était-il? - R. Il y était, et moi aussi.

36. Pourquoi y étais-tu? - R. Avec plusieurs autres Esprits qui jouissent du bien, et qui sont heureux de voir que vous glorifiez ceux qui s'occupent de l'humanité souffrante.

37. Merci, Mozart; adieu. - R. Croyez, croyez que je suis là... Je suis heureux... Croyez qu'il y a des mondes au-dessus de vous... Croyez en Dieu... Evoquez-moi plus souvent, et en compagnie de musiciens; je serai heureux de vous instruire et de contribuer à votre amélioration, et de vous aider à monter vers Dieu. Evoquez-moi; adieu.


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