PROJETO DE REGULAMENTO
PARA USO DOS GRUPOS E PEQUENAS SOCIEDADES ESPÍRITAS
Proposto pela Sociedade central de Paris com vistas à manutenção da unidade de princípios e de ação.
Os abaixo-assinados, tendo resolvido formar um Grupo ou Sociedade espírita na cidade de ........., sob o título de Grupo, ou Sociedade de ......., decretaram as disposições seguintes, que deverão ser aceitas por toda pessoa que quiser fazer parte dele/dela ulteriormente.
1. O objetivo da Sociedade é o estudo da ciência espírita, principalmente no que toca à sua aplicação à moral, e ao conhecimento do mundo invisível. As questões políticas e de economia social são aí proibidas, assim como as controvérsias religiosas.
2. A Sociedade declara se aliar aos princípios formulados no Livro dos Espíritos e no Livro dos Médiuns, e professados pela Sociedade espírita central de Paris.
Ela se coloca sob a proteção do Espírito de .........., que escolhe para seu guia e presidente espiritual.
Ela toma por divisa:
Fora da caridade, não há salvação.
Fora da caridade, não há verdadeiro Espírita.
3. O número dos membros titulares da Sociedade está fixado em ....... (ou: é ilimitado).
Para ser recebido como membro da Sociedade, é preciso ter dado provas suficientes de seus conhecimentos em Espiritismo e de suas simpatias por esta doutrina.
A Sociedade determinará a natureza e a extensão das provas e das garantias a serem fornecidas, bem como o modo de apresentação e de admissão.
Toda pessoa que preencher as condições requeridas pode ser admitida sem distinção de culto ou de nacionalidade.
A Sociedade exclui todo aquele que poderia trazer elementos de perturbação ao seio das reuniões, seja por espírito de hostilidade sistemática, seja por qualquer outra causa, e fazer assim perder o tempo em discussões inúteis.
Será mantida uma lista exata de todos os membros, com menção de seu endereço, de sua profissão, e da data de sua admissão.
4. Todos os membros se devem reciprocamente benevolência e bons procedimentos; eles devem, em todas as circunstâncias, pôr o bem da coisa acima das questões pessoais e de amor-próprio, e agir uns para com os outros segundo os princípios da caridade.
5. Quando a Sociedade for julgada numerosa demais, ou circunstâncias o tornarem útil, ela poderá se fracionar em diversos grupos segundo as necessidades das localidades.
Os diversos grupos ou sociedades de uma mesma cidade, quer se tenham formado espontaneamente ou tenham saído de um tronco comum, tendo os mesmos princípios e caminhando rumo ao mesmo objetivo, devem simpatizar e confraternizar entre si; devem por conseguinte evitar toda causa de desentendimento.
NOTA. Em caso de dissidência, aquele que acredita ter razão deve prová-lo por mais caridade e mais benevolência. O erro estaria evidentemente do lado daquele que difamasse o outro e lhe atirasse pedra.
6. A Sociedade se reúne (dia da semana)......., às.......horas. Ela será presidida por aquele que for designado para esse efeito, e pelo tempo que ela tiver determinado.
As sessões das (dia da semana)....... serão reservadas unicamente aos membros da Sociedade, salvo se houver exceção.
Nas outras sessões, ela admite ouvintes estrangeiros, se julgar conveniente. A admissão dos estrangeiros está subordinada às condições que a Sociedade fixar. Todavia, ela recusará de maneira absoluta toda pessoa que for atraída movida apenas pela curiosidade, ou que não tenha nenhuma noção prévia da doutrina.
7. Todo ouvinte ou visitante estrangeiro deve ser apresentado ou recomendado por um dos membros que se torna seu fiador. Toda pessoa desconhecida que recuse dar-se a conhecer será rigorosamente recusada.
As sessões nunca são públicas; ou seja, em nenhum caso as portas são abertas ao primeiro que chegar.
8. Tendendo o Espiritismo à união fraterna de todas as seitas sob a bandeira da caridade, e admitindo a Sociedade os membros ou assistentes sem distinção de crença, ela se proíbe, nas reuniões, toda fórmula de prece ou sinal litúrgico qualquer próprio de um culto especial, deixando cada um livre de fazer em particular o que sua consciência lhe prescreve.
NOTA. Tudo, nas sessões, deve se passar religiosamente, ou seja, com gravidade, respeito e recolhimento, mas nada deve dar-lhes o caráter de assembleias de seitas religiosas.
9. A ordem dos trabalhos das sessões é determinada como se segue, salvo as modificações que as circunstâncias exigem:
10 Invocação geral, ou prece, para chamar o concurso dos bons Espíritos; 2
20 Leitura da ata e das comunicações da última sessão passadas a limpo;
30 Leitura e comentário de algumas passagens do Livro dos Espíritos e do Livro dos Médiuns, ou outras obras relativas ao Espiritismo;
40 Leitura de algumas comunicações instrutivas tiradas da coletânea da Sociedade, ou obtidas fora da Sociedade;
50 Relatos de fatos diversos relativos ao Espiritismo;
60 Trabalho dos médiuns: ditados espontâneos e dissertações à escolha dos Espíritos sobre um assunto determinado, ou em resposta a perguntas propostas. Evocações particulares;
As evocações e as perguntas a propor serão, tanto quanto possível, preparadas de antemão.
70 Agradecimentos aos bons Espíritos que se manifestaram durante a sessão.
10. Todas as comunicações obtidas na Sociedade são de sua propriedade, e ela pode dispor delas. Elas são transcritas e conservadas para serem consultadas se necessário. Os médiuns que as escreveram podem ter uma cópia.
Será feita uma coletânea especial das comunicações mais notáveis e mais instrutivas, cuidadosamente copiadas num livro particular, formando uma espécie de guia ou memento moral da Sociedade, e cuja leitura será feita de tempos em tempos.
11. O presidente proibirá a leitura de toda comunicação que trate de assuntos com os quais a Sociedade não se deve ocupar.
12. O silêncio e o recolhimento devem ser observados durante as sessões. São proibidas todas as perguntas fúteis, de interesse pessoal, de pura curiosidade, ou feitas com vista a submeter os Espíritos a prova, assim como todas aquelas que não teriam um objetivo instrutivo.
São igualmente proibidas todas as discussões que afastassem do objeto especial de que se trata, ou alheias aos que a Sociedade pode tratar.
As pessoas que quiserem tomar a palavra deverão fazer o pedido ao presidente.
13. A Sociedade poderá, se julgar por bem, consagrar sessões especiais para a instrução de pessoas noviças, seja por explicações verbais, seja por uma leitura regular e seguida das obras. Serão admitidas somente as pessoas animadas pelo desejo sério de instruir-se e que forem inscritas para esse fim. Essas sessões, tal como as outras, não serão abertas ao primeiro que chegar, nem às pessoas desconhecidas.
14. Toda publicação relativa ao Espiritismo, feita pela Sociedade, será revista com o maior cuidado para suprimir tudo o que seja inútil ou poderia produzir um mau efeito. Os membros se comprometem a nada publicar sobre essa matéria antes de ter pedido sua opinião.
15. A Sociedade convida os médiuns que quiserem dar-lhe seu concurso, a não se melindrarem com as observações e críticas às quais poderiam dar lugar as comunicações que obtêm; ela prefere abrir mão daqueles que acreditam na infalibilidade e na identidade absolutas dos Espíritos que se manifestam a eles.
16. As custas da Sociedade será provida, se for o caso, por uma cotização cuja quantia, modo de pagamento e emprego ela mesma determinará. Nesse caso, a Sociedade nomeará seu tesoureiro.
Fica expressamente estabelecido que essa cotização só será paga pelos membros propriamente ditos da Sociedade, e que em nenhum caso, e por nenhuma razão, será exigida nem solicitada uma retribuição qualquer por parte dos ouvintes ou visitantes acidentais, como direito de entrada.
17. A Sociedade poderá formar uma caixa de beneficência e de auxílio por via de cotizações ou de subscrições coletadas de qualquer um que queira participar, seja ele membro ou não da Sociedade; o emprego dos fundos dessa caixa será controlado por um comitê que prestará contas à Sociedade.
18. Todo membro que fosse causa habitual de perturbação e tendesse a semear a desunião entre os membros; como também aquele que tivesse notoriamente desmerecido, e cuja conduta ou reputação poderia prejudicar a consideração da Sociedade, poderá ser convidado oficiosamente a pedir sua demissão. Em caso de recusa, a Sociedade poderá se pronunciar por um voto oficial.
2 )Não há fórmula obrigatória; eis a que está em uso na Sociedade de Paris:
“Pedimos a Deus todo-poderoso que envie bons Espíritos para nos assistir, e afaste aqueles que poderiam nos induzir a erro; dai-nos a luz necessária para distinguir a verdade da impostura.
“Afastai também os Espíritos malévolos que poderiam lançar a desunião entre nós; se alguns tentassem introduzir-se aqui, em nome de Deus os adjuramos a que se retirem.
“Bons Espíritos que dignais vir instruir-nos, tornai-nos dóceis aos vossos conselhos; afastai de nós todo pensamento de egoísmo, de orgulho, de inveja e de ciúme; inspirai-nos a caridade, a benevolência para com nossos semelhantes, a humildade, o devotamento e a abnegação, e fazei que todo sentimento pessoal se apague em nós diante do pensamento do bem geral.
“Pedimos especialmente ao Espírito de ......, nosso guia e presidente espiritual, que nos assista e vele por nós.”