O jornal la Solidarité, do qual falamos na Revista de junho de 1868, continua a ocupar-se do Espiritismo, com o tom de discussão séria que caracteriza essa folha eminentemente filosófica. Sob o título de Pesquisas psicológicas a propósito de Espiritismo, o número de 1º de julho contém um artigo do qual extraímos as seguintes passagens: “Há bem poucos jornais que se podem dizer independentes. Quero dizer de uma verdadeira independência, aquela que permite tratar de um assunto sem preocupação de partido, de igreja, de escola, de faculdade, de academia; melhor que isto: sem preocupação com o público, com seu próprio público de leitores e de assinantes, e não se inquietando senão em pesquisar a verdade e proclamá-la. O Solidarité tem essa vantagem muito rara de enfrentar até a perda de assinantes ─ pois não vive senão de sacrifícios ─ e de estar colocado muito alto nas regiões do pensamento para temer as flechas do ridículo. “Tratando do Espiritismo, sabíamos que não satisfaríamos a ninguém, nem aos crentes nem aos incrédulos; ninguém, a não ser, talvez, as pessoas que não têm uma ideia preconcebida sobre a questão. Esses sabem que não sabem. Esses são os sábios, e são pouco numerosos.” O autor descreve a seguir o fenômeno material das mesas girantes, que explica pela eletricidade humana, declarando nada ver que acuse uma intervenção estranha. É o que temos dito desde o começo. Ele continua: “Enquanto não temos senão que explicar o movimento automático dos objetos, não necessitamos ir além do que é obtido nas ciências físicas. Mas a dificuldade aumenta quando chegamos aos fenômenos de natureza intelectual. “Depois de se haver contentado em dançar, a mesa logo se pôs a responder às perguntas. Desde então, como duvidar que aí houvesse uma inteligência? A crença vaga nos Espíritos tinha suscitado o movimento dos objetos materiais, porque é evidente que sem esse a priori, jamais se teriam lembrado de fazer girar as mesas. Essa crença, achando-se confirmada pelas aparências, deveria levar a dar mais um passo. Considerando-se que o Espírito é a causa do movimento das mesas, deveria vir o pensamento de interrogá-lo. “As primeiras manifestações inteligentes, diz o Sr. Allan Kardec, se deram por meio de mesas que se erguiam e batiam com um pé um determinado número de pancadas, e respondiam assim, por um sim ou por um não, conforme a convenção, a uma pergunta formulada. A seguir obtiveram-se respostas mais desenvolvidas pelas letras do alfabeto. Com o objeto móvel batendo um número de pancadas correspondente ao número de ordem de cada letra, chegou-se a formular palavras e frases, respondendo às perguntas feitas. A justeza das respostas e sua correlação excitaram a admiração. O ser misterioso que assim respondia, interrogado sobre a sua natureza, declarou que era Espírito ou Gênio, deu o seu nome e forneceu diversas informações por sua conta.” “Esse meio de correspondência era longo e incômodo, como observa muito justamente o Sr. Allan Kardec. Não tardou que fosse substituído pela corbelha, depois pela prancheta. Hoje esses meios estão geralmente abandonados, e os crentes se reportam ao que maquinalmente escreve a mão do médium, sob o ditado do Espírito. “É difícil saber qual a parte do médium nos produtos mais ou menos inspirados de sua pena; também não é fácil determinar o grau de automatismo de uma corbelha ou de uma prancheta, quando estes objetos estão colocados sob mãos vivas. Mas se a correspondência pela mesa é lenta e pouco cômoda, permite constatar a passividade do instrumento. Para nós, a relação intelectual por meio da mesa está tão bem estabelecida quanto a da correspondência telegráfica. O fato é real. Apenas se trata de saber se existe o correspondente de além-túmulo. Há um Espírito, um ser invisível com o qual se corresponde, ou os operadores são vítimas de uma ilusão e não estão em contato senão consigo mesmos? Eis a questão. “Atribuímos à eletricidade emitida pela máquina humana os movimentos mecânicos das mesas; não temos que procurar alhures senão na alma humana o agente que imprime a esses movimentos um caráter inteligente. Representando a eletricidade como um fluido elástico de extrema sutileza, que se interpõe entre as moléculas dos corpos e os cerca como que de uma atmosfera, pode-se muito bem compreender que a alma, graças a esse envoltório, faça sentir sua ação sobre todas as partes do corpo, sem nele ocupar um lugar determinado, e que a unidade do eu esteja, ao mesmo tempo, em todos os lugares que sua atmosfera pode atingir. A ação pelo contato então ultrapassa a periferia do corpo, e as vibrações etéreas ou fluídicas, comunicando-se de uma atmosfera à outra, podem produzir entre os seres em relação, efeitos à distância. Há nisso tudo um mundo a estudar. As forças aí se influenciam e aí se transformam segundo as leis dinâmicas conhecidas, mas os seus efeitos variam com o ritmo dos movimentos moleculares e conforme esses movimentos se exerçam por vibração, por ondulação ou por oscilação. Mas, aconteça o que acontecer com essas teorias que estão longe de haver atingido a positividade necessária para tomar lugar na Ciência, nada se opõe a que consideremos o eu humano como estendendo à tábua a ação de sua espontaneidade, dela se servindo como de um apêndice ao seu sistema nervoso, para manifestar movimentos voluntários. “O que mais frequentemente provoca ilusão nestas espécies de correspondências telegráficas, é que o eu de cada um dos assistentes não pode mais se reconhecer na resultante da coletividade. A representação subjetiva que se faz no espírito do médium, pelo concurso desta espécie de fotografia, pode não parecer com nenhum dos assistentes, embora sem dúvida a maioria tenha fornecido algum traço. Entretanto é raro, se observarmos com cuidado, que não encontremos mais particularmente a imagem de um dos operadores que foi instrumento passivo da força coletiva. Não é um Espírito ultramundano que fala na sala, é o espírito do médium, mas o espírito do médium talvez dublê do espírito de tal assistente que o domina muitas vezes sem que nenhum deles o saiba, e exaltado por forças que lhe vêm, como de diversas correntes eletromagnéticas, do concurso dado pelos assistentes. “Vimos muitas vezes a personalidade do médium trair-se por erros ortográficos, por erros históricos ou geográficos que ele cometia habitualmente e que não podiam ser atribuídos a um Espírito realmente distinto de sua própria pessoa. “Uma coisa das mais comuns nos fenômenos desta natureza é a revelação de segredos que o interrogante não julgava conhecidos por ninguém; mas ele esquece que esses segredos são conhecidos por aquele que interroga, e que o médium pode ler em seu pensamento. Para isto é necessária uma certa relação mental; mas essa relação é estabelecida por uma derivação da corrente nervosa que envolve cada indivíduo, mais ou menos como se poderia desviar a centelha elétrica, interceptando a linha telegráfica e a substituindo por um novo fio condutor. Tal faculdade é muito menos rara do que se pensa. A comunicação do pensamento é um fato admitido por todas as pessoas que se ocuparam de magnetismo, e é fácil para cada um se convencer da frequência e da realidade do fenômeno. “Somos obrigados a deslizar sobre essas explicações muito imperfeitas. Elas não bastam, bem o sabemos, para infirmar a crença nos Espíritos, naqueles que julgam ter provas evidentes de sua intervenção. “Não lhes podemos opor provas da mesma natureza. A crença em individualidades espirituais não só nada tem de irracional, mas nós a consideramos inteiramente natural. Nossa convicção profunda, como sabeis, é que o eu humano persiste em sua identidade após a morte, e que ele recupera, depois de sua separação do organismo terrestre, todas as suas aquisições anteriores. Que a pessoa humana esteja, então, revestida de um organismo de uma natureza etérea, é o que nos parece perfeitamente provável. O perispírito desses senhores assim não nos repugna. Então, o que é que nos separa? Nada de fundamental. Nada, a não ser a insuficiência de suas provas. Nós não achamos que as relações espíritas entre os mortos e os vivos sejam constatadas pelos movimentos das mesas, pelas correspondências, pelos ditados. Nós cremos que os fenômenos físicos se explicam fisicamente, e que os fenômenos psíquicos são causados pelas forças inerentes à alma dos operadores. Falamos do que vimos e estudamos com muito cuidado. Nada conhecemos, até aqui, entre as inspirações dos médiuns, que não tivesse podido ser produzido pelo cérebro vivo, sem o concurso de qualquer força celeste, e a maior parte de suas produções estão abaixo do nível intelectual do meio em que vivemos. “Num próximo artigo examinaremos as doutrinas filosóficas e religiosas do Espiritismo, e notadamente as de que o Sr. Allan Kardec apresentou a síntese no seu último volume, intitulado A Gênese segundo o Espiritismo.” Sem dúvida haveria muita coisa a responder sobre este artigo. Contudo, não o refutaremos, porque seria repetir o que tantas vezes temos escrito sobre o mesmo assunto. Temos a satisfação de reconhecer, com o autor, que a distância que ainda o separa de nós é pouca coisa: não é senão o fato material das relações diretas entre o mundo visível e o mundo invisível. Entretanto, essa pouca coisa é muito, por suas consequências. Aliás, é importante notar que se ele não admite essas relações, também não as nega de maneira absoluta; nem repugna à sua razão conceber a sua possibilidade; com efeito, essa possibilidade decorre, muito naturalmente, do que ele admite. O que lhe falta, diz ele, são as provas do fato das comunicações. Ora! Essas provas lhe chegarão, mais cedo ou mais tarde; ele as encontrará, quer na observação atenta das circunstâncias que acompanham certas comunicações mediúnicas, quer na inumerável variedade das manifestações que se produziam antes do Espiritismo, e ainda se produzem em pessoas que não o conhecem e nele não acreditam, e nas quais, consequentemente, não se poderia admitir a influência de uma ideia preconcebida. Seria preciso ignorar os primeiros elementos do Espiritismo para crer que o fato das manifestações não se produz senão entre os adeptos. Esperando, e ainda mesmo que aí devesse deter-se a sua convicção, seria desejável que todos os materialistas chegassem a esse ponto. Devemos, então, felicitar-nos por contá-lo, entre os homens de valor, pelo menos simpático à ideia geral, e por ver um jornal recomendável por seu caráter sério e sua independência, combater conosco a incredulidade absoluta em matéria de espiritualidade, bem como os abusos que fizeram do princípio espiritual. Marchamos para o mesmo fim por vias diferentes, mas convergindo para um ponto comum e nos aproximando cada vez mais pelas ideias; algumas dissidências sobre questões de detalhe não nos devem impedir de nos darmos as mãos. Nestes tempos de efervescência e de aspiração por um melhor estado de coisas, cada um traz sua pedra para a edificação do mundo novo; cada um trabalha de seu lado, com os meios que lhe são próprios. O Espiritismo traz o seu contingente, que ainda não está completo, mas como ele não é exclusivo, não rejeita nenhum concurso; ele aceita o bem que pode servir à grande causa da Humanidade, venha de onde vier, mesmo que venha dos seus adversários. Como dissemos no começo, não empreenderemos a refutação da teoria exposta no Solidarité sobre a fonte das manifestações inteligentes. Sobre isto apenas diremos poucas palavras. Como se vê, essa teoria não é outra senão um dos primeiros sistemas que surgiram na origem do Espiritismo, quando a experiência ainda não havia elucidado a questão. Ora, é notório que tal opinião está hoje reduzida a algumas raras individualidades. Se ela estivesse certa, por que não teria prevalecido? Como é que milhões de espíritas que há quinze anos fazem experiências no mundo inteiro e em todas as línguas, que se recrutam em sua maioria na classe esclarecida, que contam em suas fileiras homens de saber e de incontestável valor intelectual, tais como médicos, engenheiros, magistrados etc., teriam constatado a realidade das manifestações, se ela não existisse? Podemos admitir razoavelmente que todos se tenham iludido? Que não se tenham encontrado entre eles homens de bastante bom-senso e de perspicácia para reconhecer a verdadeira causa? Como dissemos, essa teoria não é nova e não passou despercebida entre os espíritas; ao contrário, tem sido seriamente meditada e explorada por eles, e é precisamente porque a viram desmentida pelos fatos, impotente para explicá-los todos, que ela foi abandonada. É grave erro crer que os espíritas tenham vindo com a ideia preconcebida da intervenção dos Espíritos nas manifestações; se assim foi com alguns, a verdade é que a maioria deles não chegou à crença senão depois de ter passado pela dúvida ou pela incredulidade. É igualmente um erro crer que, sem o a priori da crença nos Espíritos, jamais se tivessem lembrado de fazer girar as mesas. O fenômeno das mesas girantes e falantes era conhecido nos tempos de Tertuliano e na China de épocas imemoriais. Na Tartária e na Sibéria conheciam as mesas volantes. Em certas províncias da Espanha servem-se de peneiras suspensas pelas pontas de tesouras. Os que interrogam pensam que são Espíritos que respondem? Absolutamente. Perguntai-lhes o que é e eles não sabem; são as mesas e as peneiras dotadas de uma força desconhecida; eles interrogam esses movimentos como os da varinha de condão, sem ir além do fato material. Os fenômenos espíritas modernos não começaram pelas mesas girantes, mas pelas pancadas espontâneas dadas nas paredes e nos móveis; esses ruídos causaram espanto, surpreenderam; seu modo de percussão tinha algo de insólito, um caráter intencional, uma persistência que parecia indicar um ponto determinado, como quando alguém bate para chamar a atenção. Os primeiros movimentos de mesas ou outros objetos foram igualmente espontâneos, como ainda hoje o são em certos indivíduos que não têm qualquer conhecimento do Espiritismo. Dá-se aqui como na maior parte dos fenômenos naturais que se produzem diariamente e nada obstante passam desapercebidos, cuja causa fica ignorada, até o momento em que observadores sérios e mais esclarecidos prestem atenção neles, estudem-nos e os explorem. Assim, de duas teorias contrárias nascidas na mesma época, uma cresce com o tempo, por força da experiência, generaliza-se, ao passo que a outra se extingue. Em favor da qual há presunção de verdade e de sobrevivência? Não damos isto como prova, mas como um fato que merece ser levado em consideração. O Sr. Fauvety apoia-se em que nada encontrou nas comunicações mediúnicas que ultrapasse o alcance do cérebro humano. Eis aí, ainda, uma velha objeção cem vezes refutada pela própria Doutrina Espírita. Alguma vez o Espiritismo teria dito que os Espíritos são seres fora da Humanidade? Ao contrário, ele vem destruir o preconceito que deles faz seres excepcionais, anjos ou demônios, intermediários entre os homens e a Divindade, espécies de semideuses. Ele repousa sobre o princípio que os Espíritos não são senão homens despojados de seu envoltório material; que o mundo visível se derrama incessantemente, pela morte, no mundo invisível, e este no mundo carnal pelos nascimentos. Desde que os Espíritos pertencem à Humanidade, por que haveriam de querer que eles tivessem uma linguagem sobre-humana? Nós sabemos que alguns dentre eles não sabem mais, e por vezes sabem muito menos que certos homens, porquanto se instruem com estes últimos; os que eram incapazes de fazer obras-primas quando vivos, não as farão como Espíritos; o Espírito de um hotentote não falará como um acadêmico, e o Espírito de um acadêmico, que não passa de um ser humano, não falará como um deus. Não é, pois, na excentricidade de suas ideias e pensamentos, na superioridade excepcional de seu estilo, que se deve buscar a prova da origem espiritual das comunicações, mas nas circunstâncias que atestam que, numa multidão de casos, o pensamento não pode vir de um encarnado, mesmo que fosse da mais banal trivialidade. Desses fatos ressalta a prova da existência do mundo invisível em cujo meio vivemos, e por isto os Espíritos do mais baixo escalão o provam tão bem quanto os mais elevados. Ora, a existência do mundo invisível em nosso meio, parte integrante da Humanidade terrena, desaguadouro das almas desencarnadas e fonte das almas encarnadas, é um fato capital, imenso; é toda uma revolução nas crenças; é a chave do passado e do futuro do homem, que em vão procuraram todas as filosofias, como os sábios em vão buscaram a chave dos mistérios astronômicos antes de conhecer a lei da gravitação. Que acompanhem a fieira das consequências forçadas deste único fato: a existência do mundo invisível em torno de nós, e chegarão a uma transformação completa, inevitável, nas ideias, para a destruição dos preconceitos e dos abusos delas decorrentes e, por consequência, a uma modificação das relações sociais. Eis aonde leva o Espiritismo. Sua doutrina é o desenvolvimento, a dedução das consequências do fato principal, cuja existência ele acaba de revelar. Suas consequências são inumeráveis, porque pouco a pouco elas atingem todos os ramos da ordem social, tanto no físico quanto no moral. É o que compreendem todos os que se deram ao trabalho de estudá-lo seriamente, e que compreenderão ainda melhor mais tarde, mas não os que, só lhe tendo visto a superfície, imaginam que ele esteja todo inteiro numa mesa que gira ou em perguntas pueris sobre a identidade de Espíritos. Para maiores desenvolvimentos das questões tratadas neste artigo, remetemos ao primeiro capítulo de A Gênese: Caráter da revelação espírita. - - - - - - - - - -
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Le journal la Solidarité, dont nous avons parlé dans la Revue de juin 1868, page 176, continue à s'occuper de Spiritisme, avec le ton de discussion sérieuse qui caractérise cette feuille éminemment philosophique. Sous le titre de: Recherches psychologiques à propos de Spiritisme, le numéro du 1er juillet contient un article dont nous extrayons les passages suivants: « Il est bien peu de journaux qui puissent se dire indépendants. J'entends parler d'une véritable indépendance, celle qui permet de traiter un sujet sans préoccupation de parti, d'Eglise, d'école, de faculté, d'académie; mieux que cela: sans préoccupation du public, de son propre public de lecteurs et d'abonnés, et en ne s'inquiétant que de rechercher la vérité et de la dire. La Solidarité a cet avantage bien rare de braver même les désabonnements, - car elle ne vit que de sacrifices, - et d'être trop haut placée dans les régions de la pensée pour avoir à craindre les flèches du ridicule. « En traitant du Spiritisme, nous savions que nous ne satisferions personne, ni les croyants, ni les incrédules; personne, si ce n'est peut- être les gens qui n'ont aucun parti pris sur la question. Ceux-là savent qu'ils ne savent point. Ce sont les sages; ils sont peu nombreux. » L'auteur décrit ensuite le phénomène matériel des tables tournantes, qu'il explique par l'électricité humaine, en déclarant n'y rien voir qui accuse une intervention étrangère. C'est ce que nous avons dit dès le commencement. Il continue: « Tant qu'on n'a qu'à expliquer le mouvement automatique des objets, on n'a pas besoin d'aller au delà de ce qui est acquis dans les sciences physiques. Mais la difficulté augmente lorsqu'on arrive aux phénomènes de nature intellectuelle. « La table, après s'être contentée de danser, se mit bientôt à répondre aux questions. Dès lors, comment douter qu'il y eût là une intelligence? La croyance vague aux Esprits avait suscité le mouvement des objets matériels, car il est évident que sans cet a priori, jamais on ne se serait avisé de faire tourner les tables. Cette croyance, en se trouvant confirmée par les apparences, devait pousser à faire un pas de plus. Etant donné l'Esprit comme cause du mouvement des tables, la pensée devait venir de l'interroger. « Les premières manifestations intelligentes, dit M. Allan Kardec, eurent lieu au moyen de tables se levant et frappant avec un pied un nombre déterminé de coups, et répondant ainsi par oui ou par non, suivant la convention, à une question posée. On obtint ensuite des réponses plus développées par les lettres de l'alphabet: l'objet mobile frappant un nombre de coups correspondant au numéro d'ordre de chaque lettre, on arrivait ainsi à formuler des mots et des phrases répondant à des questions posées. La justesse des réponses, leur corrélation excitèrent l'étonnement. L'être mystérieux qui répondait ainsi, interrogé sur sa nature, déclara qu'il était Esprit ou Génie, se donna un nom et fournit divers renseignements sur son compte. » « Ce moyen de correspondance était long et incommode, comme le remarque très justement M. Allan-Kardec. On ne tarda pas à lui substituer la corbeille, puis la planchette. Aujourd'hui, ces moyens sont généralement abandonnés, et les croyants s'en rapportent à ce qu'écrit machinalement la main du médium sous la dictée de l'Esprit. « Il est difficile de savoir qu'elle est la part du médium dans les produits plus ou moins inspirés de sa plume; il n'est pas aisé non plus de déterminer le degré d'automatisme d'une corbeille ou d'une planchette lorsque ces objets sont placés sous des mains vivantes. Mais la correspondance par la table, si elle est lente et peu commode, permet de constater la passivité de l'instrument. Pour nous, le rapport intellectuel au moyen de la table est aussi bien établi que celui de la correspondance télégraphique. Le fait est réel. Seulement, il s'agit de savoir si le correspondant d'outre-tombe existe. Y a-t-il un Esprit, un être invisible avec lequel on correspond, ou bien les opérateurs sont-ils dupes d'une illusion et ne sont-ils en rapport qu'avec eux-mêmes? Telle est la question. « Nous avons attribué à l'électricité émise par la machine humaine les mouvements mécaniques des tables, nous n'avons pas à chercher ailleurs que dans l'âme humaine l'agent qui imprime à ces mouvements un caractère d'intelligence. En se représentant l'électricité comme un fluide élastique d'une extrême subtilité qui s'interpose entre les molécules des corps et les entoure comme d'une atmosphère, on peut très bien comprendre que l'âme, grâce à cette enveloppe, fasse sentir son action sur toutes les parties du corps sans y occuper une place déterminée, et que l'unité du moi soit partout à la fois où peut atteindre son atmosphère. L'action par contact dépasse alors la périphérie du corps, et les vibrations éthéréennes ou fluidiques, en se communiquant d'une atmosphère à l'autre, peuvent produire entre les êtres en rapport, des effets à distance. Il y a là tout un monde à étudier. Les forces s'y influencent et s'y transforment selon les lois dynamiques qui nous sont connues, mais leurs effets varient avec le rythme des mouvements moléculaires et selon que ces mouvements s'exercent par vibration, ondulation ou oscillation. Mais, quoi qu'il en soit de ces théories qui sont loin d'avoir atteint la positivité nécessaire pour prendre rang dans la science, rien ne s'oppose à ce que nous regardions le moi humain comme étendant à la table l'action de sa spontanéité, en s'en servant comme d'un appendice à son système nerveux pour manifester des mouvements volontaires. « Ce qui le plus souvent fait illusion dans ces sortes de correspondances télégraphiques, c'est que le moi de chacun des assistants ne peut plus se reconnaître dans la résultante de la collectivité. La représentation subjective qui se fait dans l'esprit du médium par le concours de cette espèce de photographie peut ne ressembler à aucun des assistants, bien que la plupart sans doute en aient fourni quelque trait; Cependant il est rare, si l'on observe avec soin, qu'on ne retrouve plus particulièrement l'image de l'un des opérateurs qui a été l'instrument passif de la force collective. Ce n'est pas un Esprit ultra-mondain qui parle dans la salle, c'est l'esprit du médium, mais l'esprit du médium doublé peut-être de l'esprit de tel assistant qui le domine souvent à l'insu de l'un et de l'autre, et exalté par des forces qui lui viennent, comme de divers courants électromagnétiques, du concours donné par les assistants13. « Nous avons vu bien des fois la personnalité du médium se trahir par des fautes d'orthographe, par des erreurs historiques ou géographiques qu'il commettait habituellement et qui ne pouvaient être attribuées à un Esprit véritablement distinct de sa propre personne. « Une chose des plus communes dans les phénomènes de cette nature, c'est la révélation de secrets que l'interrogateur ne croit connus de personne; mais il oublie que ces secrets sont connus de celui qui interroge, et que le médium peut lire dans sa pensée. Il faut pour cela un certain rapport mental; mais ce rapport s'établit par une dérivation du courant nerveux qui enveloppe chaque individu, à peu près comme on pourrait faire dévier l'étincelle électrique en interceptant la ligne télégraphique et y substituant un nouveau fil conducteur. Une telle faculté est beaucoup moins rare qu'on ne pense. La communication de pensée est un fait admis par toutes les personnes qui se sont occupées de magnétisme, et il est facile à chacun de se convaincre de la fréquence et de la réalité du phénomène. « Nous sommes obligé de glisser sur ces explications très imparfaites. Elles ne suffisent pas, nous le savons, pour infirmer la croyance aux Esprits chez ceux qui croient avoir des preuves sensibles de leur intervention. « Nous ne pouvons leur opposer des preuves de même nature. La croyance à des individualités spirituelles non-seulement n'a rien d'irrationnel, mais nous la tenons pour toute naturelle. Notre conviction profonde, on le sait, est que le moi humain persiste dans son identité après la mort, et qu'il se retrouve après sa séparation de l'organisme terrestre avec toutes ses acquisitions antérieures. Que la personne humaine soit alors revêtue d'un organisme d'une nature éthéréenne, c'est ce qui nous paraît parfaitement probable. Le périsprit de ces messieurs ne nous répugne donc point. Qu'est-ce donc qui nous sépare? Rien de fondamental. Rien, si ce n'est l'insuffisance de leurs preuves. Nous ne trouvons pas que les rapports spirites entre les morts et les vivants soient constatés par les mouvements des tables, par les correspondances, par les dictées. Nous croyons que les phénomènes physiques s'expliquent physiquement, et que les phénomènes psychiques sont causés par les forces inhérentes à l'âme des opérateurs. Nous parlons de ce que nous avons vu et étudié avec beaucoup de soin. Nous ne connaissons rien jusqu'ici parmi les inspirations des médiums qui n'ait pu être produit par un cerveau vivant sans le secours d'aucune force céleste, et la plupart de leurs productions sont au-dessous du niveau intellectuel du milieu dans lequel nous vivons. « Dans un prochain article, nous examinerons les doctrines philosophiques et religieuses du Spiritisme, et notamment celles dont M. Allan Kardec a présenté la synthèse dans son dernier volume, intitulé la Genèse selon le Spiritisme. » Il y aurait sans doute beaucoup de choses à répondre sur cet article; cependant nous ne le réfuterons pas, parce que ce serait répéter ce que nous avons maintes fois écrit sur le même sujet. Nous sommes heureux de reconnaître, avec l'auteur, que la distance qui le sépare encore de nous est peu de chose: ce n'est que le fait matériel des rapports directs entre le monde visible et le monde invisible; et cependant ce peu de chose est beaucoup par ses conséquences. Du reste il est à remarquer que, s'il n'admet pas ces rapports, il ne les nie pas non plus d'une manière absolue; il ne répugne même pas à sa raison d'en concevoir la possibilité; en effet, cette possibilité découle tout naturellement de ce qu'il admet. Ce qui lui manque, dit-il, ce sont les preuves du fait des communications. Eh bien! ces preuves lui arriveront tôt ou tard; il les trouvera soit dans l'observation attentive des circonstances qui accompagnent certaines communications médianimiques, soit dans l'innombrable variété des manifestations spontanées, qui se produisaient avant le Spiritisme, et se produisent encore chez des personnes qui ne le connaissent pas ou n'y croient pas, et chez lesquelles, par conséquent, on ne saurait admettre l'influence d'une idée préconçue. Il faudrait ignorer les premiers éléments du Spiritisme pour croire que le fait des manifestations ne se produit que chez les adeptes. En attendant, et alors même que là devrait s'arrêter sa conviction, il serait à désirer que tous les matérialistes en fussent à ce point; nous devons donc nous féliciter de le compter parmi les hommes de valeur tout au moins sympathiques à l'idée générale, et de voir un journal recommandable par son caractère sérieux et son indépendance, combattre avec nous l'incrédulité absolue en matière de spiritualité, aussi bien que les abus que l'on a fait du principe spirituel. Nous marchons au même but par des routes différentes, mais convergeant vers un point commun et se rapprochant de plus en plus par les idées; quelques dissidences sur des questions de détail ne doivent pas nous empêcher de nous tendre la main. En ce temps d'effervescence et d'aspiration vers un meilleur état de choses, chacun apporte sa pierre à l'édification du monde nouveau; chacun travaille de son côté, avec les moyens qui lui sont propres; le Spiritisme apporte son contingent qui n'est pas encore complet; mais comme il n'est point exclusif, il ne rejette aucun concours; il accepte le bien qui peut servir la grande cause de l'humanité, de quelque part qu'il vienne, fut-ce même de celle de ses adversaires. Ainsi que nous l'avons dit en commençant, nous n'entreprendrons pas de réfuter la théorie exposée dans la Solidarité sur la source des manifestations intelligentes, nous n'en dirons que peu de mots. Cette théorie n'est autre, comme on le voit, qu'un des premiers systèmes éclos à l'origine du Spiritisme, alors que l'expérience n'avait pas encore élucidé la question; or, il est notoire que cette opinion est aujourd'hui réduite à quelques rares individualités. Si elle eût été dans le vrai, pourquoi n'aurait-elle pas prévalu? Comment se ferait-il que des millions de Spirites qui expérimentent depuis quinze ans dans le monde entier et dans toutes les langues, qui se recrutent en majorité dans la classe éclairée, qui comptent dans leurs rangs des hommes de savoir et d'une incontestable valeur intellectuelle, telle que des médecins, des ingénieurs, des magistrats, etc., aient constaté la réalité des manifestations, si elle n'existait pas? Peut-on raisonnablement admettre que tous se soient fait illusion? Qu'il ne se soit point trouvé parmi eux des hommes doués d'assez de bon sens et de perspicacité pour reconnaître la véritable cause? Cette théorie, comme nous l'avons dit, n'est pas nouvelle, et elle n'a pas passé inaperçue parmi les Spirites; elle a, au contraire, été sérieusement méditée et explorée par eux, et c'est précisément parce qu'on l'a trouvée démentie par les faits, impuissante à les expliquer tous, qu'elle a été abandonnée. C'est une grave erreur de croire que les Spirites sont venus avec l'idée préconçue de l'intervention des Esprits dans les manifestations; s'il en a été ainsi de quelques-uns, la vérité est que le plus grand nombre n'est arrivé à la croyance qu'après avoir passé par le doute ou l'incrédulité. C'est également une erreur de croire que, sans l'à priori de la croyance aux Esprits, jamais on ne se serait avisé de faire tourner les tables. Le phénomène des tables tournantes et parlantes était connu du temps de Tertullien, et en Chine de temps immémorial. En Tartarie et en Sibérie, on connaissait les tables volantes14. Dans certaines provinces d'Espagne, on se sert de tamis tenus en suspension par les pointes de ciseaux. Ceux qui interrogent croient-ils que ce sont des Esprits qui répondent? Nullement; demandez-leur ce que c'est, ils n'en savent rien: c'est la table, le tamis doués d'une puissance inconnue; ils interrogent ces mouvements comme ceux de la baguette divinatoire, sans aller au delà du fait matériel. Les phénomènes spirites modernes n'ont pas commencé par les tables, mais par les coups spontanés, frappés dans les murailles et les meubles; ces bruits ont étonné, surpris; leur mode de percussion avait quelque chose d'insolite, un caractère intentionnel, une persistance qui semblait appeler l'attention sur un point déterminé, comme lorsque quelqu'un frappe pour avertir. Les premiers mouvements de tables ou autres objets ont également été spontanés, comme ils le sont encore aujourd'hui chez certains individus qui n'ont aucune connaissance du Spiritisme. Il en est ici comme de la plupart des phénomènes naturels qui se produisent journellement, et passent néanmoins inaperçus, ou dont la cause reste ignorée, jusqu'au moment où des observateurs sérieux et plus éclairés y portent leur attention, les étudient et les explorent. Ainsi, de deux théories contraires, nées à la même époque, l'une grandit avec le temps par suite de l'expérience, se généralise, tandis que l'autre s'éteint; en faveur de laquelle y-a-t-il présomption de vérité et de survie? Nous ne donnons pas cela comme une preuve, mais comme un fait qui mérite d'être pris en considération. M. Fauvety s'appuie sur ce qu'il n'a rien trouvé dans les communications médianimiques qui dépasse la portée du cerveau humain; c'est encore là une vieille objection cent fois réfutée par la doctrine spirite elle-même. Est-ce que le Spiritisme a jamais dit que les Esprits fussent des êtres en dehors de l'humanité? Il vient au contraire détruire le préjugé qui en fait des êtres exceptionnels, anges ou démons, intermédiaires entre l'homme et la divinité, des espèces de demi-dieux. Il repose sur ce principe que les Esprits ne sont autres que les hommes dépouillés de leur enveloppe matérielle; que le monde visible se déverse incessamment dans le monde invisible par la mort, et celui-ci dans le monde charnel par les naissances. Dès lors que les Esprits appartiennent à l'humanité, pourquoi voudrait- on qu'ils eussent un langage surhumain? Nous savons que certains d'entre eux n'en savent pas plus, et souvent beaucoup moins que certains hommes, puisqu'ils s'instruisent avec ces derniers; ceux qui étaient incapables de faire des chefs-d'œuvre de leur vivant, n'en feront pas davantage comme Esprits; l'Esprit d'un Hottentot ne parlera pas comme un académicien, et l'Esprit d'un académicien, qui n'est qu'un être humain, ne parlera pas comme un dieu. Ce n'est donc pas dans l'excentricité de leurs idées et de leurs pensées, dans la supériorité exceptionnelle de leur style, qu'il faut chercher la preuve de l'origine spirituelle des communications, mais dans les circonstances qui attestent que, dans une multitude de cas, la pensée ne peut venir d'un incarné, fût-elle même de la dernière trivialité. De ces faits ressort la preuve de l'existence du monde invisible au milieu duquel nous vivons, et pour cela les Esprits du plus bas étage le prouvent tout aussi bien que les plus élevés. Or, l'existence du monde invisible au milieu de nous, partie intégrante de l'humanité terrestre, déversoir des âmes désincarnées, et source des âmes incarnées, est un fait capital, immense; c'est toute une révolution dans les croyances; c'est la clef du passé et de l'avenir de l'homme, qu'ont cherchée en vain toutes les philosophies, comme les savants ont en vain cherché la clef des mystères astronomiques, avant de connaître la loi de gravitation. Qu'on suive la filière des conséquences forcées de ce seul fait: l'existence du monde invisible autour de nous, et l'on arrive à une transformation complète, inévitable, dans les idées, à la destruction des préjugés et des abus qui en découlent, et, par suite, à une modification des rapports sociaux. Voilà où aboutit le Spiritisme. Sa doctrine est le développement, la déduction des conséquences du fait principal dont il vient révéler l'existence; ces conséquences sont innombrables, parce que, de proche en proche, elles touchent à toutes les branches de l'ordre social, au physique aussi bien qu'au moral. C'est ce que comprennent tous ceux qui se sont donné la peine de l'étudier sérieusement, et ce que l'on comprendra encore mieux plus tard, mais non ceux qui, n'en ayant vu que la superficie, se figurent qu'il est tout entier dans une table qui tourne ou dans de puériles questions d'identité d'Esprits. Pour plus de développements sur certaines questions traitées dans cet article, nous renvoyons au premier chapitre de la Genèse: Caractère de la révélation spirite.15 _______ 13 Voir, pour la réponse à plusieurs propositions contenues dans cet article, le Livre des Médiums, chap. IV, Systèmes. - Introduction du Livre des Esprits. - Qu'est-ce que le Spiritisme? chap. I, Petite conférence. 14 Revue spirite d'octobre 1859, page 279. 15 Publié en brochure séparée; prix 15 c., par la poste 20 c.
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