(Sociedade de Paris, 16 de agosto de 1867 - Médium, Sr. Morin, em sonambulismo espontâneo)
NOTA: Entre as comunicações obtidas na última sessão da Sociedade, antes das férias, esta apresenta um caráter particular, que foge da forma habitual. Vários Espíritos, daqueles que são assíduos às sessões e por vezes se manifestam, vieram sucessivamente dirigir algumas palavras aos membros da Sociedade antes de sua separação, por meio de Sr. Morin, em sonambulismo espontâneo. Era como um grupo de amigos vindo despedir-se e dar testemunho de simpatia, no momento da partida. A cada interlocutor que se apresentava, o intérprete mudava de tom, de atitude, de expressão, de fisionomia, e pela linguagem reconhecíamos o Espírito que falava, antes que fosse nomeado. Era bem ele que falava, servindo-se dos órgãos de um encarnado, e não o seu pensamento traduzido, mais ou menos fielmente, ao passar por um intermediário. Assim, a identidade era patente e, salvo a semelhança física, tínhamos diante de nós o Espírito, como em sua vida. Depois de cada alocução, o médium ficava absorto durante alguns minutos; era o tempo de substituição de um Espírito por outro; depois, voltando a si pouco a pouco, ele retomava a palavra num outro tom. O primeiro que se apresentou foi o nosso antigo colega Leclerc, falecido em dezembro do ano passado.
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Alguns de vossos irmãos que partiram vêm aproveitar a ocasião para vos manifestar sua simpatia, no momento de vossa separação.
A morte nada é, quando tem como resultado fazer nascer uma vida muito maior, muito mais larga, muito mais útil que a vida humana!... O atordoamento sobrevém, segue-se um esgotamento (alusão à maneira pela qual ele morreu) e ergo-me mais livre e feliz ao entrar neste mundo invisível que minha alma havia pressentido, que todo o meu ser desejava!... Livre!... planar no espaço!... Eu vi, eu observei, e minha alegria delirante só era limitada pelo exagerado pesar dos meus pela ausência de minha personalidade material. Mas hoje, que lhes pude provar a minha existência, que lhes demonstrei que se meu corpo não mais estava lá, meu Espírito lá estava mais presente ainda, e que hoje eu sou feliz, muito feliz, porque o que não pude fazer como encarnado, pude obter no estado de espiritualidade. Hoje sou útil, muito útil, e graças à simpática afeição daqueles que me conheceram, minha utilidade é mais eficaz.
Como é bom poder servir aos irmãos e assim ser útil à Humanidade inteira! Como é bom, como é doce para a alma poder fazer participar a Humanidade do pouco saber que se adquiriu pelo sofrimento! Eu que, outrora aprisionado neste corpo obtuso, hoje sou grande, e se não fosse o medo do vosso ridículo, eu me admiraria; porque, vede, ser bom é fazer parte de Deus; e esta bondade, eu a possuía? Oh! Respondei-me; vosso testemunho será uma felicidade a mais, acrescentada à felicidade de que desfruto. Mas, por que necessito de vossas palavras? Não posso ler nos vossos corações e ver os vossos sentimentos mais íntimos? Hoje, graças à minha desmaterialização, não posso ver os vossos mais secretos pensamentos?
Oh! Deus é grande, e sua bondade é sublime! Meus amigos, inclinai-vos, como eu, diante de sua majestade; trabalhai pela realização de seus desígnios, fazendo mais e melhor do que eu mesmo pude fazer.
LECLERC.
Para a alma que aspira à liberdade, como é longo o tempo na Terra, e como se faz esperar o momento tão sonhado! Mas, também, uma vez rompido o laço, com que rapidez o Espírito corre e voa para o reino celeste, que em vida via em sonhos e ao qual aspirava sem cessar! O belo, o infinito, o impalpável, todos os mais puros sentimentos, eis o apanágio dos que desprezam os tesouros humanos, querendo avançar no caminho reto do bem, da caridade e do dever. Tenho minha recompensa e sou muito feliz, porque agora não mais espero visitas daqueles que me são caros; agora não há mais limites para a minha visão, e esse sofrimento, esse longo emagrecimento do corpo terminou; sou alegre, contente, cheia de vivacidade. Não espero mais visitantes, eu vou visitá-los.
ERNESTINE DOZON.
São muito felizes os que hoje podem vir sem acanhamento ao vosso meio, comunicar-vos a sua alegria, o seu prazer ao entrar aqui! Mas eu, que tomei o caminho dos covardes, para evitar caminho batido; eu, que entrei de surpresa num mundo que não me era desconhecido; eu, que quebrei a porta da prisão, em vez de esperar que ela me fosse largamente aberta, é em razão dessa mesma vergonha que me cobre o rosto que venho a esta mesa, porque aqui encontro o meio de vos dizer: Obrigado por vosso perdão sincero, obrigado por vossas preces, pelo interesse que me prodigalizastes e que abreviaram os meus sofrimentos! Obrigado, também, pelos vossos pensamentos em relação ao futuro que vejo germinarem em vossos corações, pela coletividade fraterna de vossas simpatias de que me beneficiarei!
Hoje, o clarão apenas entrevisto tornou-se um luminoso farol, com os raios largos e brilhantes; de agora em diante vejo a estrada, e se vossas preces me sustentarem, como o pressinto, se minha humildade e meu arrependimento não se desmentirem, podeis contar com um viajante a mais na larga estrada que se chama o bem.
D.
Eu fali... Eu pequei... Pequei muito!... Entretanto, se Deus coloca no cérebro de um homem uma inteligência, e ao lado põe desejos a saciar, inclinações impossíveis de superar, por que ele faria o Espírito suportar as consequências desses obstáculos que não pôde vencer?... Mas eu me perco, blasfemo!... porque se ele me havia dado uma inteligência, era o instrumento com a ajuda do qual eu podia vencer os obstáculos... Quanto maior era essa inteligência, menos escusável sou...
Minha própria inteligência, sobretudo minha presunção, me levaram a perder-me... Sofri moralmente todas as minhas decepções, muito mais que fisicamente, o que não diz pouco!... Fazendo-vos estas confissões, sofro o passado e todos os sofrimentos dos meus, que vêm aumentar a bagagem dos males que já me esmagam... Oh! Orai por mim! Hoje é um dia de indulgência. Então! Eu reclamo a vossa. Que me perdoem aqueles a quem ofendi e desconheci!
X.
Espectador invisível, há algum tempo assisto aos vossos estudos com uma felicidade muito grande! Vossos trabalhos absorvem ainda mais as minhas faculdades intelectuais do que quando eu era vivo. Eu vejo, observo, estudo, e hoje que minhas fibras cerebrais não são mais obstruídas pela matéria, abri os meus olhos espirituais e posso ver os fluidos que em vão tinha procurado perceber em vida.
Pois bem! Se pudésseis ver esse imenso feixe, esse emaranhado fluídico, vossos raios visuais de tal modo seriam aniquilados que só perceberíeis trevas. Eu vejo, sinto, ressinto!... e nessas moléculas fluídicas, átomos impalpáveis, distingo as diferentes forças propulsoras; analiso-as, delas formo um todo que emprego ainda em benefício dos pobres corpos sofredores; reúno, aglomero os fluidos simpáticos, e vou simplesmente, gratuitamente, despejá-los sobre aqueles que deles necessitam.
Ah! O estudo dos fluidos é uma bela coisa! E vós compreenderíeis quanto todos esses mistérios são preciosos para mim se, como eu, em vão tivésseis consagrado toda a existência para compreendê-los. Graças ao Espiritismo, o aparente caos desses conhecimentos foi posto em ordem. O Espiritismo distinguiu o que é do domínio físico do que pertence ao mundo espiritual; ele reconheceu duas partes bem distintas no magnetismo; ele tornou seus efeitos fáceis de reconhecer, e Deus sabe o que o futuro lhe reserva!
Mas eu me apercebo que absorvo todo o vosso tempo em meu beneficio, ao passo que outros Espíritos também vos desejam falar. Voltarei pela escrita, para continuar a vos desenvolver minhas ideias sobre estes estudos com os quais, em vida, tanto gostava de me ocupar.
E. QUINEMANT.
Meus caros filhos, o ano social espírita foi fecundo para os vossos estudos, e com prazer venho testemunhar toda a minha satisfação. Muitos fatos foram analisados, muitas coisas incompreendidas foram elucidadas e tocastes em certas questões que não tardarão a ser admitidas em princípio. Eu estou, ou melhor, nós estamos satisfeitos.
A despeito de todo o ardor até aqui empregado, em vosso meio e por vossos inimigos, contra as vossas boas intenções, vossa falange foi a mais forte, e se o mal fez algumas vítimas, é que a lepra já existia nelas, entretanto, a chaga já cicatriza; entram os bons, e os maus se vão, e para os maus que ficam em vosso meio, mais tarde o remorso será terrível, porque eles juntam aos seus defeitos os da hipocrisia. Mas aqueles que são sinceros, aqueles que hoje se juntam a vós, aqueles que trazem o seu devotamento à verdade e o desejo de transmiti-la a todos, esses, eu vos digo, meus filhos, serão bem-aventurados, porque levarão a felicidade não só para si, mas para todos aqueles que os escutam. Olhai em vossas fileiras e vereis que os vazios criados pelas defecções são bem depressa cobertos com vantagem por novas individualidades, e essas desfrutarão dos benefícios que serão o apanágio da geração futura.
Ide, meus filhos! Vossos estudos são ainda muito elementares; mas cada dia traz os meios de aprofundar mais, e para isto, novos instrumentos virão juntar-se aos que já tendes. Tereis instruções mais extensas, e isto para maior glória de Deus e para maior bem-estar da Humanidade.
Há entre vós vários desses instrumentos que tomarão lugar à vossa mesa, na reabertura. Eles ainda não ousam declarar-se, mas encorajai-os, trazei para o vosso lado os tímidos e os orgulhosos que julgam fazer melhor que os outros, e então veremos se os tímidos têm medo e se os orgulhosos não terão que reprimir as suas pretensões.
SÃO LUÍS.
A epidemia que vem dizimar o mundo em certos momentos, e que convencionastes chamar de cólera, fere de novo e por redobrados golpes a Humanidade. Seus efeitos são prontos e sua ação rápida. Sem nenhum aviso, o homem passa da vida à morte, e aqueles que são mais privilegiados, poupados por sua mão fulminante, ficam estupefatos, trêmulos, ante as espantosas consequências de um mal desconhecido em suas causas, e cujo remédio se ignora completamente.
Nesses tristes momentos, o medo se apodera dos que não veem senão a ação da morte, sem pensar no além, e que, só por este fato, mais facilmente oferecem o flanco ao mal. Mas como a hora de cada um de nós está marcada, é preciso partir, apesar de tudo, se ela tiver soado. A hora está marcada para bom número de habitantes do universo terrestre, que dele partem todos os dias; pouco a pouco o flagelo se espalha e vai estender-se sobre toda a superfície do globo.
Este mal é desconhecido, e talvez o seja mais ainda hoje, porque, à sua constituição própria, juntam-se diariamente outros elementos que confundem o saber humano e impedem de achar o remédio necessário para deter a sua marcha. Então os homens, malgrado a sua ciência, devem sofrer as suas consequências, e esse flagelo destruidor é muito simplesmente um dos meios para ativar a renovação da Humanidade, que deve realizar-se.
Mas não vos inquieteis; para vós, espíritas, que sabeis que morrer é renascer, se fordes atingidos e partirdes, não ireis à felicidade? Se, ao contrário, fordes poupados, agradecei a Deus, que assim vos permitirá aumentar a soma dos vossos sofrimentos e pagar mais pela prova.
De um lado como de outro, quer a morte vos fira, quer vos poupe, só tendes a ganhar, ou então não vos digais espíritas.
Doutor DEMEURE.
Isto é para ele (o médium fala de si mesmo na terceira pessoa). ─ Vede, disseram-vos que viria um momento em que ele poderia ver, ouvir e repousar, por sua vez. Ora! Esse momento chegou, para vós e não para os outros; na reabertura ele não adormecerá mais, salvo nalguns casos excepcionais, nos quais a sua utilidade se fizer sentir; neste momento ele lamenta, mas, daqui a pouco, quando ele despertar e souber disso, ficará muito contente... o egoísta!... Entretanto, ele ainda tem muito a fazer. Daqui até lá, ele dormirá. Raramente felicitará e fustigará muitas vezes: é a sua tarefa. Orai para que ela lhe seja fácil; para que sua palavra leve a paz, a consolação e a conciliação onde elas forem necessárias. Ajudai-o com o vosso pensamento. Quando voltar, ele colocará toda a sua boa vontade em vos ajudar e o fará de todo o coração. Mas sustentai-o, pois ele necessita muito. Aliás, as circunstâncias excepcionais em que irá dormir, talvez e infelizmente não serão muitas vezes motivadas. Enfim, dizei como ele: Que a vontade de Deus seja feita!
MORIN.
ALLAN KARDEC.
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(Société de Paris, 16 août 1867; méd. M. Morin, en somnambulisme spontané.)
Nota. – Parmi les communications obtenues dans la dernière séance de la société, avant les vacances, celle-ci présente un caractère particulier qui sort de la forme habituelle. Plusieurs Esprits, de ceux qui sont assidus aux séances, et s'y manifestent quelquefois, sont venus successivement adresser quelques paroles aux membres de la société avant leur séparation, par l'entremise de M. Morin, en somnambulisme spontané. C'était comme une troupe d'amis venant prendre congé, et donner un témoignage de sympathie au moment du départ. A chaque interlocuteur qui se présentait, l'interprète changeait de ton, d'allure, d'expression, de physionomie, et au langage on reconnaissait l'Esprit qui parlait avant qu'il se fût nommé; c'était bien lui qui parlait, en se servant des organes d'un incarné, et non sa pensée traduite, plus ou moins fidèlement rendue en passant par un intermédiaire; aussi l'identité était-elle patente, et sauf la ressemblance physique, on avait devant soi l'Esprit comme de son vivant. Après chaque allocution, le médium restait quelques minutes absorbé; c'était le temps de la substitution d'un Esprit à un autre; puis revenant peu à peu à lui, il reprenait la parole sur un autre ton. Le premier qui s'est présenté a été notre ancien collègue Leclerc, décédé au mois de décembre de l'année dernière.
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Quelques-uns de vos frères partis viennent saisir l'occasion de vous manifester leur sympathie au moment de votre séparation.
La mort n'est rien lorsqu'elle a pour résultat de faire naître une vie beaucoup plus grande, beaucoup plus large, beaucoup plus utile que la vie humaine!… Un étourdissement survient, un affaissement s'ensuit (allusion à la manière dont il est mort), et, je me relève plus libre et heureux en entrant dans ce monde invisible que mon âme avait pressenti, que tout mon être désirait!… Libre!… planer dans l'espace!… J'ai vu, j'ai observé, et ma joie délirante n'était tempérée que par le regret exagéré qu'avaient les miens de l'absence de ma personnalité matérielle; mais aujourd'hui que j'ai pu leur prouver mon existence, et que je leur ai démontré que si mon corps n'était plus là, mon Esprit y était davantage, aujourd'hui je suis heureux, bien heureux; car ce que n'a pu faire l'incarné, il a pu l'obtenir dans un état de spiritualité. Je suis utile aujourd'hui, bien utile, et grâce à la sympathique affection de ceux qui m'ont connu, mon utilité est plus efficace.
Qu'il est bon de pouvoir servir ses frères, et d'être utile ainsi à l'humanité entière! Qu'il est bon, qu'il est doux à l'âme de pouvoir faire participer l'humanité au peu de savoir que l'on a acquis par la souffrance! Moi qui, autrefois emprisonné dans ce corps obtus, aujourd'hui je suis grand, et si ce n'était la crainte de votre ridicule, je m'admirerais; car voyez-vous, être bon, c'est faire partie de Dieu; et cette bonté, est-ce que je la possédais? oh! répondez-moi, votre témoignage sera un bonheur de plus, ajouté au bonheur dont je jouis; mais qu'ai-je besoin de vos paroles? ne puis-je lire dans vos cœurs, et voir vos sentiments les plus intimes? Aujourd'hui, grâce à ma dématérialisation, ne puis-je voir vos pensées les plus secrètes?
Oh! Dieu est grand, et sa bonté est sublime! Mes amis, comme moi inclinez-vous devant sa majesté; travaillez à l'accomplissement de ses desseins, en faisant plus et mieux que je n'ai pu le faire moi-même.
LECLERC.
Pour l'âme qui aspire à la liberté, que le temps est long sur la terre, et combien le moment tant rêvé se fait attendre! Mais aussi, une fois le lien rompu, avec quelle rapidité l'Esprit s'envole et court vers le royaume céleste, que de son vivant il voyait en rêve, et auquel il aspirait sans cesse! Le beau, l'infini, l'impalpable, tous les sentiments les plus purs, voilà quel est l'apanage de ceux qui méprisent les trésors humains, voulant marcher dans la vie sainte du bien, de la charité et du devoir. J'ai ma récompense et je suis bien heureuse, car maintenant, je n'attends plus les visites de ceux qui me sont chers; maintenant il n'est plus de bornes pour ma vue, et cette souffrance, ce long amaigrissement du corps n'est plus; je suis joyeuse, allègre, pleine de vivacité. Je n'attends plus les visiteurs, je vais les visiter.
ERNESTINE DOZON.
Ils sont bien heureux ceux qui, en ce jour, peuvent venir sans honte au milieu de vous, vous faire part de leur joie, de leur plaisir, en entrant ici! Mais moi qui ai pris la route des lâches pour éviter le chemin battu; moi, qui suis entré par surprise dans un monde qui ne m'était pas inconnu; moi, qui ai brisé la porte de la prison, au lieu d'attendre qu'elle me fût largement ouverte, c'est en raison même de cette honte qui me couvre le front, que je viens à cette table, parce que j'y trouve le moyen de vous dire: Merci pour votre pardon sincère, merci pour vos prières, pour l'intérêt que vous m'avez prodigué et qui ont abrégé mes souffrances! Merci encore, pour les pensées d'avenir que je vois germer dans vos cœurs, pour la collectivité fraternelle de vos sympathies dont je bénéficierai!
Aujourd'hui, la lueur à peine entrevue est devenue un phare lumineux, aux rayons larges et brillants; désormais je vois la route, et si vos prières me soutiennent comme je le pressens, si mon humilité et mon repentir ne se démentent pas, vous pouvez compter sur un voyageur de plus sur cette large route qu'on appelle le bien.
D.
J'ai failli… j'ai péché… bien péché!… et pourtant si Dieu place dans le cerveau d'un homme une intelligence, et qu'à côté il mette des désirs à assouvir, des penchants impossibles à surmonter, pourquoi ferait-il supporter à l'Esprit les conséquences de ces obstacles qu'il n'a pu vaincre?… Mais je m'égare, je blasphème!… car, puisqu'il m'avait donné une intelligence, c'était l'instrument à l'aide duquel je pouvais vaincre les obstacles… Plus cette intelligence était grande, moins je suis excusable…
Mon intelligence même, ma présomption surtout m'ont perdu… J'ai souffert moralement de toutes mes déceptions, bien plus que physiquement, et ce n'est pas peu dire!… En vous faisant ces aveux, je souffre du passé et de toutes les souffrances des miens qui viennent augmenter le bagage des maux qui m'écrasent déjà… Oh! priez pour moi! Aujourd'hui, c'est un jour d'indulgence; eh bien! je réclame la vôtre. Que ceux que j'ai offensés et méconnus me pardonnent!
X.
Spectateur invisible, j'assiste depuis quelque temps à vos études avec un bien grand bonheur! Vos travaux absorbent encore davantage mes facultés intellectuelles qu'ils ne le faisaient de mon vivant. Je vois, j'observe, j'étudie, et aujourd'hui que mes fibres cérébrales ne sont plus obstruées par la matière, j'ai ouvert mes yeux spirituels, et je puis voir les fluides que j'avais en vain cherché à percevoir de mon vivant.
Eh bien! si vous pouviez le voir cet immense réseau, cet enchevêtrement fluidique, vos rayons visuels seraient tellement anéantis que vous n'apercevriez que des ténèbres. Moi je vois, je sens, je ressens!… et dans ces molécules fluidiques, atomes impalpables, je distingue les différentes forces propulsives; je les analyse, j'en forme un tout que j'emploie encore au bénéfice des pauvres corps souffrants; je réunis, j'agglomère les fluides sympathiques, et je vais simplement, gratuitement, les déverser sur ceux qui en ont besoin.
Ah! l'étude des fluides est une belle chose! Et vous comprendriez combien tous ces mystères ont de prix pour moi, si, comme moi, vous aviez consacré en vain toute votre existence à les pénétrer. Grâce au Spiritisme, le chaos apparent de ces connaissances a été mis en ordre; le Spiritisme a distingué ce qui est du domaine physique de ce qui appartient au monde spirituel; il a reconnu deux parties bien distinctes dans le magnétisme; il a rendu ses effets faciles à reconnaître, et Dieu sait ce que l'avenir lui réserve!
Mais je m'aperçois que j'absorbe tout votre temps à mon bénéfice, tandis que d'autres Esprits désirent encore vous parler. Je reviendrai, par l'écriture, continuer à vous développer mes idées sur ces études dont j'aimais tant à m'entretenir de mon vivant.
E. QUINEMANT.
Mes chers enfants, l'année sociale spirite a été fructueuse pour vos études, et je viens avec plaisir vous en témoigner toute ma satisfaction. Bien des faits ont été analysés, bien des choses incomprises ont été élucidées, et vous avez touché certaines questions qui ne tarderont pas à être admises en principe. Je suis, ou plutôt nous sommes satisfaits.
Malgré toute l'ardeur employée jusqu'ici, au milieu de vous et par vos ennemis, contre vos bonnes intentions, votre phalange a été la plus forte, et, si le mal a fait quelques victimes, c'est que la lèpre existait déjà en elles; mais déjà la plaie se cicatrise; les bons entrent et les mauvais s'en vont; et pour les mauvais qui demeurent parmi vous, plus tard le remords sera terrible, car ils joignent à leurs tares celle de l'hypocrisie; mais ceux qui sont sincères, ceux qui se joignent à vous aujourd'hui, ceux qui apportent leur dévouement à la vérité et le désir de la communiquer à tous, ceux-là, je vous le dis, mes enfants, seront bien heureux, car ils porteront le bonheur non-seulement pour eux, mais pour tous ceux qui les écoutent. Regardez dans vos rangs et vous verrez que les vides créés par les défections sont bien vite remplis avec avantage par de nouvelles individualités, et ceux-là jouiront des bienfaits qui seront l'apanage de la génération future.
Allez mes enfants! vos études ne sont encore que très élémentaires; mais chaque jour apporte les moyens d'approfondir davantage, et pour cela de nouveaux instruments viendront s'ajouter à ceux que vous avez déjà. Vous aurez des instructions plus étendues, et cela à la plus grande gloire de Dieu, et pour le plus grand bien-être de l'humanité.
Il y a parmi vous plusieurs de ces instruments qui prendront place à votre table à la rentrée; ils n'osent pas encore se déclarer; mais encouragez-les; amenez à vos côtés les timides et les orgueilleux qui croient faire mieux que les autres, et nous verrons alors si les timides ont peur, et si les orgueilleux n'auront pas à rabattre de leurs prétentions.
SAINT-LOUIS.
L'épidémie qui vient décimer le monde à certains moments et que vous êtes convenus d'appeler choléra, frappe de nouveau et à coups redoublés sur l'humanité; ses effets sont prompts et son action rapide. Sans aucun avertissement l'homme passe de vie à trépas, et ceux, plus privilégiés, qu'épargne sa main foudroyante, restent stupéfaits, tremblants, devant les épouvantables conséquences d'un mal inconnu dans ses causes et dont on ignore complètement le remède.
La peur s'empare, dans ces tristes moments, de ceux qui n'envisagent que l'action de la mort, sans songer au delà, et qui, par ce seul fait, prêtent plus facilement le flanc au mal; mais comme l'heure de chacun de nous est marquée, il faut partir malgré tout, si elle est sonnée. L'heure est marquée pour un bon nombre d'habitants de l'univers terrestre; il en part tous les jours; le fléau gagne de proche en proche et va s'étendre sur toute la surface du globe.
Ce mal est inconnu, et il l'est peut-être plus encore aujourd'hui; car, à sa constitution propre, s'ajoutent journellement d'autres éléments qui confondent le savoir humain et empêchent de trouver le remède nécessaire pour l'arrêter dans sa marche. Les hommes donc, malgré leur science, doivent en subir les conséquences, et ce fléau destructeur est tout simplement un des moyens pour activer la rénovation humanitaire qui doit s'accomplir.
Mais, soyez sans inquiétude; pour vous Spirites qui savez que mourir c'est renaître, si vous êtes atteints et que vous partiez, n'irez-vous pas au bonheur? Si, au contraire, vous êtes épargnés, remerciez-en Dieu qui vous permettra ainsi d'ajouter à la somme de vos souffrances et de payer davantage à l'épreuve.
D'un côté comme de l'autre, que la mort vous frappe ou qu'elle vous épargne, vous n'avez qu'à gagner, ou alors ne vous dites pas Spirites.
Docteur DEMEURE.
Ceci est pour lui (le médium parle de lui-même à la troisième personne). – Voyez-vous, il vous a été dit qu'un moment viendrait où il pourrait voir, entendre, se reposer à son tour. Eh bien! ce moment est arrivé, envers vous et non pas envers les autres; à la rentrée il ne s'endormira plus, sauf quelques cas exceptionnels où l'utilité s'en fera sentir; en ce moment, il le regrette, mais lorsqu'il le saura tout à l'heure, quand il sera réveillé, il en sera bien joyeux… l'égoïste!… Pourtant, il a encore beaucoup à faire; d'ici là, il dormira; il félicitera rarement et fustigera bien souvent: c'est sa tâche. Priez pour qu'elle lui soit facile; pour que sa parole porte où cela sera nécessaire, la paix, la consolation et la conciliation. Aidez-le par votre pensée; à son retour il mettra toute sa bonne volonté à vous seconder, et il le fera de tout cœur; mais soutenez-le, car il en a grand besoin. Du reste, les circonstances exceptionnelles où il dormira, ne seront peut-être malheureusement que trop souvent motivées. Enfin, dites comme lui: Que la volonté de Dieu soit faite!
MORIN.
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