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Revista Espírita 1866 » Julho » Questões e problemas » Identidade dos Espíritos nas comunicações particulares Revue Spirite 1866 » Juillet » Questions et problèmes » Identité des Esprits dans les communications particulières

   Por que os Espíritos evocados por um sentimento de afeição muitas vezes se recusam a dar provas certas de sua identidade?

   Compreende-se todo o valor ligado às provas de identidade da parte dos Espíritos que nos são caros. Tal sentimento é muito natural e parece que, pelo fato de os Espíritos poderem manifestar-se, deve ser-lhes muito fácil atestar sua personalidade. A falta de provas materiais é, para certas pessoas, sobretudo para as que não conhecem o mecanismo da mediunidade, isto é, a lei das relações entre os Espíritos e os homens, uma causa de dúvida e de penosa incerteza. Embora tenhamos tratado várias vezes desta questão, vamos examiná-la novamente para responder a algumas perguntas que nos são dirigidas.

   Nada temos a acrescentar ao que foi dito sobre a identidade dos Espíritos que vêm unicamente para nossa instrução, e que deixaram a Terra há algum tempo; sabemos que ela não pode ser atestada de maneira absoluta e que devemos limitar-nos a julgar o valor da linguagem.

   A identidade não pode ser constatada com certeza senão para os Espíritos que partiram recentemente, dos quais conhecemos o caráter e os hábitos, que se refletem em suas palavras. Nestes, a identidade se revela por mil particularidades de detalhe. Algumas vezes a prova ressalta de fatos materiais, característicos, mas com mais frequência de nuances próprias da linguagem e de uma porção de pequenos nadas que, mesmo sendo pouco salientes, não são menos significativos.

   Muitas vezes as comunicações desse gênero encerram mais provas do que se crê, e que descobrimos com mais atenção e menos prevenções. Infelizmente, na maior parte do tempo, as pessoas não se contentam com o que o Espírito quer ou pode dar; querem provas à sua maneira; pedem-lhe para dizer ou fazer tal coisa, que lembre um nome ou um fato, e isso num dado momento, sem pensar nos obstáculos que por vezes a isto se opõem, e paralisam sua boa vontade. Depois, obtido o que desejam, muitas vezes querem mais; julgam que ainda não é bastante concludente; após um fato, pedem outro e mais outro. Numa palavra, jamais têm bastante para se convencer. É então que, quase sempre o Espírito, fatigado por tal insistência, cessa completamente de se manifestar, esperando que a convicção chegue por outros meios. Porém, muitas vezes também sua abstenção lhe é imposta por uma vontade superior, como punição para o solicitante muito exigente, e também como prova para a sua fé; pois, se por algumas decepções, e por não obter o que quer, da maneira que quer, ele vier a abandonar os Espíritos, estes também o abandonarão, deixando-o mergulhado nas angústias e nas torturas da dúvida, feliz quando o seu abandono não tem consequências mais graves.

   Porém, numa porção de casos, as provas materiais de identidade são independentes da vontade do Espírito e do desejo que ele tem de fornecê-las; isso se deve à natureza, ou ao estado do instrumento pelo qual ele se comunica. Há na faculdade medianímica uma variedade infinita de nuances que tornam o médium apto ou impróprio à obtenção de tais ou tais efeitos que, à primeira vista, parecem idênticos, e que no entanto dependem de influências fluídicas diferentes. O médium é como um instrumento de múltiplas cordas: mas ele não pode emitir som pelas cordas que lhe faltam.

   Eis um exemplo notável:

   Conhecemos um médium que pode ser posto entre os de primeira ordem, tanto pela natureza das instruções que recebe quanto pela aptidão para se comunicar com quase todos os Espíritos, sem distinção. Inúmeras vezes, em evocações particulares, obteve irrefutáveis provas de identidade, pela reprodução da linguagem e do caráter de pessoas que jamais tinha conhecido. Há algum tempo, fez para uma pessoa que acabava de perder subitamente vários filhos, a evocação de um destes últimos, uma menina. A comunicação refletia perfeitamente o caráter da menina e era tanto mais satisfatória porque respondia a uma dúvida do pai acerca de sua posição como Espírito. Contudo, só havia provas de certo modo morais. O pai achava que um outro filho teria podido dizer o mesmo; queria algo que só a filha pudesse dizer; admirava-se, sobretudo de que o chamasse de pai, em vez do apelido familiar que lhe dava, e que não era um nome francês, partindo da ideia de que se ela dizia uma palavra, podia dizer-lhe outra. Tendo o pai perguntado a razão, eis a resposta que, a respeito, deu o guia do médium:

   “Embora inteiramente desprendida, vossa filhinha não estaria em condições de vos fazer compreender por que ela não pode fazer com que o médium repita os termos por vós conhecidos que ela lhe transmite. Ela obedece a uma lei em se comunicando, mas não a compreende suficientemente para explicar o seu mecanismo. A mediunidade é uma faculdade cujas nuances variam ao infinito e os médiuns que, de ordinário tratam de assuntos filosóficos, só raramente obtém, e sempre espontaneamente, essas particularidades que dão a reconhecer a personalidade do Espírito de maneira evidente. Quando os médiuns desse gênero pedem uma prova de identidade, no desejo de satisfazer o evocador, as fibras cerebrais tensas por seu desejo já não são bastante maleáveis para que o Espírito as faça mover-se à sua vontade. Daí se segue que as palavras características não podem ser reproduzidas. O pensamento fica, mas a forma não mais existe. Não há, pois, nada de estranhável que vossa filha vos tenha chamado de pai em vez de vos dar a qualificação familiar que esperáveis. Por um médium especial obtereis resultados que vos satisfarão. É só ter um pouco de paciência.”

   Depois de alguns dias, achando-se esse senhor no grupo de um dos nossos membros, obteve de outro médium, pela tiptologia, e em presença do primeiro, não só o nome que desejava, sem que tivesse pedido especialmente, mas outros fatos de notável precisão. Assim, a faculdade do primeiro médium, por mais desenvolvida e flexível que fosse, não se prestava a esse gênero de produção medianímica. Ele podia reproduzir as palavras que são a tradução do pensamento transmitido, e não termos que exigem um trabalho especial; eis porque o conjunto da comunicação refletia o caráter e a expressão das ideias do Espírito, mas sem sinais materiais característicos. Um médium não é um mecanismo próprio para todos os efeitos; assim como não se encontram duas pessoas inteiramente semelhantes tanto no físico quanto no moral, não há dois médiuns cuja faculdade seja absolutamente idêntica.

   É de notar que as provas de identidade quase sempre vêm espontaneamente, no momento em que menos se pensa, ao passo que raramente são dadas sob demanda. É  capricho da parte do Espírito? Não; há uma causa material, que é a seguinte.

   As disposições fluídicas que estabelecem as relações entre o Espírito e o médium oferecem nuances de extrema delicadeza, inapreciáveis por nossos sentidos e que variam de um momento a outro no mesmo médium. Muitas vezes um efeito que não é possível num desejado momento, sê-lo-á uma hora, um dia ou uma semana mais tarde, porque as disposições ou a energia das correntes fluídicas terão mudado. Dá-se aqui como se dá na fotografia, em que uma simples variação na intensidade ou na direção da luz basta para favorecer ou impedir a reprodução da imagem. Um poeta faz versos à vontade? Não. É-lhe necessária a inspiração; se não estiver em condições favoráveis, por mais que escave o cérebro, nada obtém. Perguntai-lhe por quê. Nas evocações, o Espírito deixado à vontade aproveita as disposições que encontra no médium, aproveita o momento propício; mas, quando essas disposições não existem, ele não pode mais que o fotógrafo com a ausência de luz. A despeito de seu desejo, nem sempre ele pode satisfazer instantaneamente a um pedido de provas de identidade. Eis por que é preferível esperá-las em vez de solicitá-las.

   Além disto, é preciso considerar que as relações fluídicas que devem existir entre o Espírito e o médium jamais se estabelecem completamente desde a primeira vez; a assimilação só se faz com o tempo e gradualmente. Disso resulta que, no começo, o Espírito sempre experimenta uma dificuldade que influi na clareza, na precisão e no desenvolvimento das comunicações; ao passo que, quando o Espírito e o médium estão habituados um ao outro, quando seus fluidos estão identificados, as comunicações se dão naturalmente, porque não há mais resistências a vencer.

   Vê-se por aí quantas considerações devem ser feitas no exame das comunicações; é por não fazê-lo e por não conhecer as leis que regem essas espécies de fenômenos, que muitas vezes se pede o que é impossível. É absolutamente como se alguém que não conhecesse as leis da eletricidade se espantasse que o telégrafo pudesse experimentar variações e interrupções, e com isso concluísse que a eletricidade não existe.

   O fato da constatação da identidade de certos Espíritos é um acessório no vasto conjunto dos resultados que o Espiritismo abarca; se essa constatação fosse impossível, em nada ela prejulgaria contra as manifestações em geral, nem contra as consequências morais daí decorrentes. Seria de se lamentar aqueles que se privassem das consolações que ela proporciona, por não terem obtido uma satisfação pessoal, pois isto seria sacrificar o todo à parte.


Pourquoi les Esprits que l'on évoque par un sentiment d'affection se refusent-ils souvent à donner des preuves certaines de leur identité?

On conçoit tout le prix que l'on attache aux preuves d'identité de la part des Esprits qui nous sont chers; ce sentiment est très naturel, et il semble que du moment que les Esprits peuvent se manifester, il doit leur être tout aussi facile d'attester leur personnalité. Le défaut de preuves matérielles est pour certaines personnes, celles surtout qui ne connaissent pas le mécanisme de la médiumnité, c'est-à-dire la loi des rapports entre les Esprits et les hommes, une cause de doute et de pénible incertitude. Quoique nous ayons plusieurs fois traité cette question, nous allons l'examiner de nouveau pour répondre à quelques demandes qui nous sont adressées.

Nous n'avons rien à ajouter à ce qui a été dit sur l'identité des Esprits qui viennent uniquement pour notre instruction, et qui ont quitté la terre depuis un certain temps; on sait qu'elle ne peut-être attestée d'une manière absolue, et que l'on doit se borner à juger la valeur du langage.

L'identité ne peut être constatée avec certitude que pour les Esprits partis depuis peu, dont on connaît le caractère et les habitudes qui se reflètent dans leurs paroles. Chez ceux-là l'identité se révèle par mille particularités de détail. La preuve ressort quelquefois de faits matériels, caractéristiques, mais le plus souvent des nuances même du langage et d'une multitude de petits riens qui, pour être peu saillants, n'en sont pas moins significatifs.

Les communications de ce genre renferment souvent plus de preuves qu'on ne croit, et que l'on découvre avec plus d'attention et moins de préventions. Malheureusement, la plupart du temps on ne se contente pas de ce que l'Esprit veut ou peut donner; on veut les preuves à sa manière; on lui demande de dire ou de faire telle chose, de rappeler un nom on un fait, et cela à un moment donné, sans songer aux obstacles qui s'y opposent parfois, et paralysent sa bonne volonté. Puis, obtient-on ce qu'on désire, bien souvent on veut davantage; on trouve que ce n'est pas encore assez concluant; après un fait on en demande un autre, puis un autre; en un mot, on n'en a jamais assez pour se convaincre. C'est alors que souvent l'Esprit, fatigué de cette insistance, cesse tout à fait de se manifester, en attendant que la conviction arrive par d'autres moyens. Mais bien souvent aussi son abstention lui est imposée par une volonté supérieure, comme punition pour le solliciteur trop exigeant, et aussi comme épreuve pour sa foi; car si, pour quelques déceptions, et faute d'obtenir ce qu'il veut, et de la manière qu'il le veut, il venait à abandonner les Esprits, ceux-ci l'abandonneraient à leur tour, en le laissant plongé dans les angoisses et les tortures du doute, heureux quand leur abandon n'a pas des conséquences plus graves.

Mais, dans une foule de cas, les preuves matérielles d'identité sont indépendantes de la volonté de l'Esprit, et du désir qu'il a de des donner; cela tient à la nature, ou à l'état de l'instrument par lequel il se communique. Il y a dans la faculté médianimique une variété infinie de nuances qui rendent le médium apte ou impropre à l'obtention de tels ou tels effets, qui, au premier abord, semblent identiques, et qui cependant dépendent d'influences fluidiques différentes. Le médium est comme un instrument à cordes multiples: il ne peut donner de son par les cordes qui lui manquent. En voici un exemple remarquable.

Nous connaissons un médium qu'on peut ranger parmi ceux de premier ordre, tant par la nature des instructions qu'il reçoit, que par son aptitude à communiquer avec presque tous les Esprits sans distinction. Maintes fois, dans des évocations particulières, il a obtenu des preuves irrécusables d'identité, par la reproduction du langage et du caractère de personnes qu'il n'avait jamais connues. Il y a quelque temps, il fit pour une personne qui venait de perdre subitement plusieurs enfants, l'évocation de l'un de ces derniers, une petite fille. La communication reflétait parfaitement le caractère de l'enfant, et elle était d'autant plus satisfaisante qu'elle répondait à un doute du père sur sa position comme Esprit. Cependant il n'y avait que des preuves en quelque sorte morales; le père trouvait qu'un autre enfant aurait pu parler de même; il aurait voulu quelque chose que sa fille seule pût dire; il s'étonnait surtout qu'elle l'appelât père, au lieu du petit nom familier qu'elle lui donnait, et qui n'était pas un nom français, d'après cette idée que puisqu'elle disait un mot, elle pouvait en dire un autre. Le père lui en ayant demandé la raison, voici la réponse que le guide du médium fit à ce sujet.

« Votre petite fille, bien qu'entièrement dégagée, ne serait pas en état de vous faire comprendre comment il se fait qu'elle ne peut faire exprimer au médium les termes connus de vous, qu'elle lui souffle cependant. Elle obéit à une loi en se communiquant, mais elle ne la comprend pas assez pour en expliquer le mécanisme. La médiumnité est une faculté dont les nuances varient infiniment, et les médiums qui traitent d'ordinaire des sujets philosophiques n'obtiennent que rarement, et toujours spontanément, de ces particularités qui font reconnaître la personnalité de l'Esprit d'une manière évidente. Lorsque les médiums de ce genre demandent une preuve d'identité dans le désir de satisfaire l'évocateur, les fibres cérébrales tendues par son désir même ne sont plus assez malléables pour que l'Esprit les fasse mouvoir à son gré; il s'ensuit que les mots caractéristiques ne peuvent être reproduits. La pensée reste, mais la forme n'existe plus. Il n'y a donc rien d'étonnant à ce que votre fille vous ait appelé père au lieu de vous donner la qualification familière à laquelle vous vous attendiez. Par un médium spécial, vous obtiendrez des résultats qui vous satisferont; ce n'est qu'un peu de patience à avoir. »

A quelques jours de là, ce monsieur, se trouvant dans le groupe d'un de nos sociétaires, obtint d'un autre médium, par la typtologie, et en présence du premier, non-seulement le nom qu'il désirait sans qu'il l'eût spécialement demandé, mais d'autres faits de précision remarquables. Ainsi la faculté du premier médium, quelque développée et flexible qu'elle fût, ne se prêtait pas à ce genre de production médianimique. Il pouvait reproduire les mots qui sont la traduction de la pensée transmise, et non des termes qui exigent un travail spécial; voilà pourquoi l'ensemble de la communication reflétait le caractère et la tournure des idées de l'Esprit, mais sans signes matériels caractéristiques. Un médium n'est pas une mécanique propre à tous les effets; de même qu'on ne trouve pas deux personnes entièrement semblables au physique et au moral, il n'y a pas deux médiums dont la faculté soit absolument identique.

Il est à remarquer que les preuves d'identité viennent presque toujours spontanément, au moment où l'on y songe le moins, tandis qu'elles sont très rarement données sur la demande qui en est faite. Est-ce caprice de la part de l'Esprit? Non; il y a une cause matérielle que voici.

Les dispositions fluidiques qui établissent les rapports entre l'Esprit et le médium offrent des nuances d'une extrême délicatesse, inappréciables à nos sens, et qui varient d'un moment à l'autre chez le même médium. Souvent un effet qui n'est pas possible à un instant voulu, le sera une heure, un jour, une semaine plus tard, parce que les dispositions ou l'énergie des courants fluidiques auront changé. Il en est ici comme dans la photographie, où une simple variation dans l'intensité ou dans la direction de la lumière suffit pour favoriser ou empêcher la reproduction de l'image. Est-ce qu'un poète fait des vers à volonté? Non; il lui faut l'inspiration; s'il n'est pas en disposition favorable, il a beau se creuser le cerveau, il n'obtient rien; demandez-lui donc pourquoi? Dans les évocations, l'Esprit laissé à sa volonté profite des dispositions qu'il rencontre chez le médium, il saisit le moment propice; mais, lorsque ces dispositions n'existent pas, il ne peut pas plus que le photographe en l'absence de la lumière. Malgré son désir, il ne peut donc pas toujours satisfaire instantanément à une demande en fait de preuves d'identité; c'est pourquoi il est préférable de les attendre que de les solliciter.

Il faut, en outre, considérer que les rapports fluidiques qui doivent exister entre l'Esprit et le médium ne s'établissent jamais complètement dès la première fois; l'assimilation ne se fait qu'à la longue et graduellement. Il en résulte qu'en commençant l'Esprit éprouve toujours une difficulté qui influe sur la netteté, la précision et le développement des communications; tandis que, lorsque l'Esprit et le médium sont habitués l'un à l'autre, que leurs fluides se sont identifiés, les communications se font naturellement, parce qu'il n'y a plus de résistance à vaincre.

On voit par là de combien de considérations il faut tenir compte dans l'examen des communications; c'est faute de le faire, et de connaître les lois qui régissent ces sortes de phénomènes, qu'on demande souvent ce qui est impossible. C'est absolument comme si quelqu'un qui ne connaîtrait pas les lois de l'électricité s'étonnait que le télégraphe pût éprouver des variations et des interruptions, et en concluait que l'électricité n'existe pas.

Le fait de la constatation de l'identité de certains Esprits est un accessoire dans le vaste ensemble des résultats qu'embrasse le Spiritisme; cette constatation fût-elle impossible, elle ne préjugerait rien contre les manifestations en général, ni contre les conséquences morales qui en découlent. Il faudrait plaindre ceux qui se priveraient des consolations qu'elle procure, faute d'avoir obtenu une satisfaction personnelle, car ce serait sacrifier le tout à la partie.

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