Sabemos de que acusações eram vítimas os primeiros cristãos em Roma. Não havia crimes de que não fossem capazes, nem desgraças públicas de que, no dizer de seus inimigos, eles não fossem os autores voluntários ou a causa involuntária, porque sua influência era perniciosa. Daqui a uns séculos teremos dificuldade em crer que espíritos fortes do século dezenove tenham tentado ressuscitar essas ideias a respeito dos espíritas, declarando-os autores de todas as perturbações da Sociedade, comparando sua doutrina à peste, e estimulando a persegui-los. Isto é história impressa; estas palavras caíram de mais de um cátedra evangélica, mas, o que é mais surpreendente, é que as encontramos nos jornais, que dizem falar em nome da razão e se arvoram em campeões de todas as liberdades e, em particular, da liberdade de consciência. Já possuímos uma curiosíssima coleção de amenidades desse gênero, que nos propomos mais tarde reunir em volume, para maior glória de seus autores e edificação da posteridade. Seremos, pois, reconhecido aos que nos ajudarem a enriquecer essa coleção, enviando-nos tudo o que, em seu conhecimento, apareceu ou aparecer a respeito. Comparando esses documentos da história do Espiritismo com os da história dos primeiros séculos da Igreja, ficaremos surpresos de aí encontrar pensamentos e expressões idênticas. Só falta uma coisa: as feras do circo, o que, não obstante, é um progresso. Sendo, pois, o Espiritismo uma peste eminentemente contagiosa, porquanto, segundo a confissão de seus adversários, ela invade com terrível rapidez todas as classes da Sociedade, ele tem uma certa analogia com a cólera. Assim, nesta última batalha, certos críticos facciosamente o chamaram de Spirito-morbus; nada haveria de surpreendente se o acusassem de haver importado o flagelo, porque observa-se que dois campos diametralmente opostos se dão as mãos para combatê-lo. Em um, ao que nos disseram, mandaram cunhar uma medalha com a efígie de São Bento, que basta usar para se preservar do contágio espírita. Não nos disseram se tal meio cura os que foram contagiados. Certamente há uma analogia entre o Espiritismo e a cólera. É o medo que ambos causam a certas pessoas. Mas consideremos a coisa de um ponto de vista mais sério. Eis o que nos escrevem de Constantinopla: “...Os jornais vos informaram do rigor com que o terrível flagelo acaba de açoitar nossa cidade e seus subúrbios, já atenuando sua devastação. Algumas pessoas, dizendo-se bem informadas, elevam o número dos coléricos mortos a 70 mil, e outros a quase cem mil. De qualquer modo, fomos rudemente provados, e podeis imaginar as dores e o luto geral de nossas populações. É sobretudo nestes tristes momentos de epidemia espantosa que a fé e a crença espírita dão coragem. Acabamos todos de dar a mais verídica das provas. Quem sabe se não devemos a essa calma da alma, a essa persuasão da imortalidade, a essa certeza das existências sucessivas, em que os seres são compensados segundo o seu mérito e seu grau de adiantamento; quem sabe, digo eu, se não é por essas crenças, bases de nossa bela doutrina, que nós todos, espíritas de Constantinopla, que somos, como sabeis, bastante numerosos, devemos ter sido preservados do flagelo que se espalhou e ainda se espalha em torno de nós! Digo isto principalmente porque foi constatado, aqui e alhures, que o medo é o predisponente mais perigosos da cólera, como a ignorância infelizmente se torna uma fonte de contágio... “REPOS FILHO, advogado.” Certamente seria absurdo crer que a fé espírita seja um atestado de garantia contra a cólera. Mas como está cientificamente reconhecido que o medo, enfraquecendo, ao mesmo tempo, o moral e o físico, torna mais impressionável e mais susceptível de ser atingido pelas moléstias contagiosas, é evidente que toda causa tendente a fortificar o moral é um preservativo. Isto hoje é tão bem compreendido que se evita, tanto quanto possível, quer nos relatórios, quer nas disposições materiais, aquilo que pode ferir a imaginação por um aspecto lúgubre. Sem dúvida os espíritas podem morrer de cólera, como todo mundo, porque seu corpo não é mais imortal que o dos outros e porque, quando chega a hora, há que partir, por esta ou aquela causa. A cólera é uma das causas que só tem de particular levar um maior número de pessoas ao mesmo tempo, o que produz maior sensação. Parte-se em massa, em vez de isoladamente, eis a diferença. Mas a certeza que eles têm do futuro, e sobretudo o conhecimento desse futuro, que responde a todas as suas aspirações e satisfaz à razão, fazem que absolutamente não lamentem deixar a Terra, onde se consideram como em passageiro exílio. Enquanto em presença da morte o incrédulo só vê o nada, ou pergunta o que vai ser de si, o espírita sabe que, se morrer, apenas será despojado de um envoltório material sujeito aos sofrimentos e às vicissitudes da vida, mas que continuará sendo ele mesmo com um corpo etéreo inacessível à dor; que desfrutará de percepções novas e de maiores faculdades; que vai reencontrar os que amou e que o esperam no sólio da verdadeira vida, da vida imperecível. Quanto aos bens materiais, sabe que deles não mais necessita, e que os prazeres que eles proporcionam serão substituídos por outros mais puros e invejáveis, que não deixam atrás de si nem amarguras nem pesares. Assim, abandona-os sem esforço e com alegria, e lamenta aqueles que, ficando depois de si na Terra, ainda vão deles precisar. É como aquele que, tornando-se rico, deixa seus trapos velhos aos infelizes. Assim, ao deixar os amigos, lhes diz: Não me lastimeis; não choreis minha morte; antes felicitai-me por me ver livre das preocupações da vida e por entrar no mundo radioso onde vos esperarei. Quem quer que tenha lido e meditado nossa obra O Céu e o Inferno segundo o Espiritismo, sobretudo o capítulo sobre as apreensões da morte, compreenderá a força moral que os espíritas adquirem em sua crença, em presença do flagelo que dizima as populações. Segue-se que vão negligenciar as precauções necessárias em casos semelhantes e baixar a cabeça diante do perigo? Absolutamente não. Eles tomarão todas aquelas que são aconselhadas pela prudência e por uma higiene racional, porque não são fatalistas e porque, se não temem a morte, sabem que não devem procurá-la. Ora, desprezar as medidas sanitárias que podem preservá-los seria um verdadeiro suicídio, cujas consequências conhecem muito bem para a ele se exporem. Consideram como um dever velar pela saúde do corpo, porque a saúde é necessária à realização dos deveres sociais. Se buscam prolongar a vida corporal, não é por apego à Terra, mas para ter mais tempo para progredir, melhorar-se, depurar-se, despojar-se do homem velho e adquirir maior soma de méritos para a vida espiritual. Mas se, a despeito de todos os cuidados, devem sucumbir, tomam o seu partido sem queixa, sabendo que todo progresso tem os seus frutos, que nada do que se adquire em moralidade e em inteligência fica perdido, e que se não se desmereceram aos olhos de Deus, serão sempre melhores no outro mundo do que neste, mesmo que não tenham o primeiro lugar. Eles apenas dizem: Vamos um pouco mais cedo para onde iríamos um pouco mais tarde. Crê-se que com tais pensamentos não se esteja em melhores condições de tranquilidade de espírito recomendadas pela ciência? Para o incrédulo ou para aquele que duvida, a morte tem todos os seus terrores, porque ele perde tudo e nada espera. Que pode dizer um médico materialista para acalmar nos doentes o medo do morrer? Nada senão o que um dia dizia um deles a um pobre diabo que tremia à simples palavra cólera: “Bah! Enquanto não estamos mortos, há esperança; depois, em definitivo, só morremos uma vez, e logo a coisa passa; quando estamos mortos, tudo está acabado; não sofremos mais.” Tudo está acabado quando se está morto, eis o supremo consolo que ele dá. Ao contrário, o médico espírita diz ao que vê a morte à sua frente: “Meu amigo, vou empregar todos os recursos da Ciência para vos restabelecer a saúde e vos conservar o maior tempo possível. Nós conseguiremos, assim espero. Mas a vida do homem está nas mãos de Deus, que nos chama quando terminada nossa prova aqui em baixo. Se a hora de vossa libertação tiver chegado, rejubilai-vos, como o prisioneiro que vai sair da sua prisão. A morte nos desembaraça do corpo que nos faz sofrer e nos leva à verdadeira vida, vida isenta de perturbações e misérias. Se deveis partir, não penseis que estejais perdido para os vossos parentes e amigos que ficam depois de vós. Não, não estareis menos no meio deles; vê-los-eis e os ouvireis melhor do que podeis fazê-lo neste momento. Vós os aconselhareis, os dirigireis, os inspirareis para o bem. Se, pois, aprouver a Deus vos chamar a si, agradecei-lhe por vos dar a liberdade; se ele prolongar a vossa estada aqui, agradecei-lhe por vos dar tempo de acabar a vossa tarefa. Na dúvida, submetei-vos sem murmúrio à sua santa vontade.” Tais palavras não são adequadas a trazer serenidade à alma, e esta serenidade não secunda a eficácia dos remédios, ao passo que a perspectiva do nada mergulha o moribundo na ansiedade do desespero? Além desta influência moral, o Espiritismo tem outra mais material. Sabe-se que os excessos de toda sorte são uma das causas que mais predispõem aos ataques da epidemia reinante. Assim, os médicos recomendam sobriedade em tudo, prescrição salutar à qual muita gente tem dificuldade de submeter-se. Admitindo que o façam, é sem dúvida um ponto importante, mas acredita-se que uma abstenção momentânea possa reparar instantaneamente as desordens orgânicas causadas por abusos inveterados, degenerados pelo hábito, que estragaram o corpo e, por isso mesmo, o tornaram acessível aos miasmas deletérios? Fora da cólera, não se sabe quanto o hábito da intemperança é pernicioso nos climas tórridos, e naqueles onde a febre amarela é endêmica? Pois bem! Por força de suas crenças e da maneira de encarar o objetivo da vida presente e o resultado da vida futura, o espírita modifica completamente os seus hábitos. Em vez de viver para comer, come para viver; não pratica excessos; não vive como cenobita; assim, usa de tudo, mas não abusa de nada. Isto deve ser, certamente, uma consideração preponderante a acrescentar à que faz valer o nosso correspondente de Constantinopla. Eis, pois, um dos resultados desta doutrina, sobre a qual a incredulidade lança a injúria e o sarcasmo, escarnece, taxa de loucura e, segundo ela, traz a perturbação à Sociedade. Mantende a vossa incredulidade, se ela vos apraz, mas respeitai uma crença que torna felizes e melhores os que a possuem. Se é uma loucura crer que nem tudo acaba com a vida; que depois da morte vivemos uma vida melhor, isenta de preocupações; que voltamos ao meio daqueles que amamos; ou ainda crer que depois da morte não somos mergulhados nas chamas eternas sem esperança de sair de lá, o que não valeria mais do que o nada, nem perdidos na ociosa e beata contemplação do infinito, aprouvesse a Deus que todos os homens fossem loucos desta maneira, pois haveria entre eles muito menos crimes e suicídios. Numerosas comunicações foram dadas sobre a cólera; várias o foram na Sociedade de Paris ou no nosso círculo íntimo. Apenas reproduzimos duas, fundidas numa só, para evitar as repetições, e porque resumem o pensamento dominante da maioria. (Sociedade de Paris ─ Médiuns: Srs. Desliens e Morin) Considerando-se que a cólera é um assunto de atualidade e cada um traz o seu remédio para afastar o terrível flagelo, eu me permitirei, se o quiserdes, dar também o meu conselho, se bem que me pareça pouco provável que tenhais que temer sua ação de maneira cruel. Contudo, como é bom que na ocasião não faltem os meios, ponho minha pouca luz à vossa disposição. Essa afecção, apesar do que dizem, não é imediatamente contagiosa, e aqueles que se acham numa região onde ela grassa, não devem temer prestar socorro aos doentes. Não existe um remédio universal contra essa moléstia, seja preventivo, seja curativo, visto que o mal se complica de várias maneiras que ora se devem ao temperamento dos indivíduos, ora ao seu estado moral e aos seus hábitos, ora às condições climáticas, o que faz que tal remédio dê resultado em certos casos e não em outros. Pode-se dizer que a cada período de invasão, e conforme as localidades, o mal deve ser objeto de estudo especial e requer uma medicação diferente. É assim que, por exemplo, o gelo, a triaga, etc., que puderam curar casos numerosos nas cóleras de 1832 e 1849, e em certas regiões, poderiam dar apenas resultados negativos em outras épocas e em outros países. Há, pois, uma porção de remédios bons, e nenhum que seja específico. É essa diversidade nos resultados que desnorteou e desnorteará ainda a Ciência, e faz com que nós mesmos não possamos dar um remédio aplicável a todos, porque a natureza do mal não o comporta. Há, entretanto, regras gerais, frutos da observação, das quais importa não se afastar. O melhor preservativo consiste nas precauções de higiene sabiamente recomendadas em todas as instruções dadas a respeito, que consistem na limpeza, no afastamento de toda causa de insalubridade e dos focos de infecção, e na abstenção de todo excesso. Além disto, deve-se evitar a mudança de hábitos alimentares, salvo para evitar as coisas debilitantes. É preciso igualmente evitar os resfriados, as transições bruscas de temperatura e abster-se, ao menos por necessidade absoluta, de toda medicação violenta que possa trazer perturbação à economia. Sabeis que muitas vezes, em casos semelhantes, o medo é pior que o mal. Infelizmente o sangue-frio não se impõe, mas vós, espíritas, não necessitais de conselhos sobre este ponto, pois encarais a morte sem receio e com a calma dada pela fé. Em caso de ataque, importa não negligenciar os primeiros sintomas. O calor, a dieta, uma transpiração abundante, as fricções, a água de arroz com algumas gotas de láudano, são medicamentos pouco custosos e cuja ação é muito eficaz, se a energia moral e o sangue-frio a tudo isso se vierem juntar. Como às vezes é difícil conseguir láudano, por falta de médico, pode-se dar, em casos de urgência, qualquer outra composição calmante, e em particular o suco de alface, mas em dose fraca. Aliás, pode-se apenas ferver algumas folhas de alface em água de arroz. A confiança em si e em Deus é, em tais circunstâncias, o primeiro elemento da saúde. Agora que a vossa saúde material está ao abrigo do perigo, permiti-me pensar em vosso temperamento espiritual, ao qual uma epidemia de outro gênero parece querer atacar. Nada temais por esse lado, pois o mal só poderia atingir os seres a quem falta a vida verdadeiramente espiritual e já mortos na haste. Todos os que se votaram sem retorno e sem segundas intenções à Doutrina, ao contrário, nela encontrarão novas forças, para fazer frutificar o ensino, que consideramos um dever transmitir-vos. A perseguição, seja qual for, é sempre útil. Ela põe à luz os corações sólidos, e se destaca do tronco alguns galhos mal fixados, os jovens rebentos, amadurecidos pelas lutas nas quais triunfarão, segundo nosso conselho, tornar-se-ão homens sérios e refletidos. Assim, pois, muita coragem. Marchai sem medo pelo caminho que vos é traçado, e contai com aquele que jamais vos faltará, na medida de suas forças. Doutor DEMEURE - - - - - - - - - -
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On sait de quelles accusations les premiers chrétiens étaient chargés à Rome; il n'y avait pas de crimes dont ils ne fussent capables, pas de malheurs publics dont, au dire de leurs ennemis, ils ne fussent les auteurs volontaires ou la cause involontaire, car leur influence était pernicieuse. Dans quelques siècles d'ici on aura peine à croire que des esprits forts du dix-neuvième siècle aient tenté de ressusciter ces idées à l'égard des Spirites, en les déclarant auteurs de tous les troubles de la société, comparant leur doctrine à la peste, et en engageant à leur courir sus. Ceci est de l'histoire imprimée; ces paroles sont tombées de plus d'une chaire évangélique; mais ce qui est plus surprenant, c'est qu'on les trouve dans des journaux qui disent parler au nom de la raison, et se posent en champions de toutes les libertés, et de la liberté de conscience en particulier. Nous possédons déjà une assez curieuse collection des aménités de ce genre que nous nous proposons de réunir plus tard en un volume pour la plus grande gloire de leurs auteurs, et l'édification de la postérité. Nous serons donc reconnaissant à ceux qui voudront nous aider à enrichir cette collection en nous envoyant tout ce qui, à leur connaissance, a paru ou paraîtra sur ce sujet. En comparant ces documents de l'histoire du Spiritisme avec ceux de l'histoire des premiers siècles de l'Église, on sera surpris d'y trouver des pensées et des expressions identiques; il n'y manque qu'une chose: les bêtes féroces du cirque, ce qui néanmoins est un progrès. Le Spiritisme étant donc une peste éminemment contagieuse, puisque, de l'aveu de ses adversaires, il envahit avec une effrayante rapidité toutes les classes de la société, il a une certaine analogie avec le choléra; aussi dans cette dernière levée de boucliers, certains critiques l'ont-ils facétieusement appelé le Spirito-morbus, et il n'y aurait rien de surprenant à ce qu'on ne l'accusât aussi d'avoir importé ce fléau; car il est à remarquer que deux camps diamétralement opposés se donnent la main pour le combattre. Dans l'un, nous a-t-on assuré, on a fait frapper une médaille à l'effigie de saint Benoît qu'il suffit de porter pour se préserver de la contagion spirite; on ne dit pas que ce moyen guérit ceux qui en sont atteints. Il y a bien réellement une analogie entre le Spiritisme et le choléra, c'est la peur que l'un et l'autre causent à certaines gens; mais considérons la chose à un point de vue plus sérieux; voici ce qu'on nous écrit de Constantinople: « … Les journaux vous ont appris la rigueur avec laquelle le terrible fléau vient de sévir dans notre cité et ses environs, tout en atténuant ses ravages. Quelques personnes, se disant bien informées, portent le nombre des cholériques décédés à 70 mille, et d'autres à près de cent mille. Toujours est-il que nous avons été rudement éprouvés, et vous pouvez vous figurer les douleurs et le deuil général de nos populations. C'est surtout dans ces tristes moments d'épidémie épouvantable que la foi et la croyance spirites donnent du courage; nous venons tous d'en faire la plus véridique épreuve. Qui sait si nous ne devons pas à ce calme de l'âme, à cette persuasion de l'immortalité à cette certitude d'existences successives où les êtres sont récompensés selon leur mérite et leur degré d'avancement; qui sait, dis-je, si ce n'est pas à ces croyances, bases de notre belle doctrine, que nous tous, Spirites de Constantinople, qui sommes, vous le savez, assez nombreux, devons d'avoir été préservés du fléau qui s'est promené, et se promène encore autour de nous! Je dis ceci d'autant plus qu'il a été constaté, ici comme ailleurs, que la peur est le pré-dispositif le plus dangereux du choléra, comme l'ignorance en devient malheureusement la source contagieuse… « Repos jeune, avocat. » Assurément il serait absurde de croire que la foi spirite soit un brevet de garantie contre le choléra; mais comme il est scientifiquement reconnu que la peur, affaiblissant à la fois le moral et le physique, rend plus impressionnable et plus susceptible de recevoir les atteintes des maladies contagieuses, il est évident que toute cause tendant à fortifier le moral est un préservatif. On le comprend si bien aujourd'hui qu'on évite autant que possible, soit dans les comptes rendus, soit dans les dispositions matérielles, ce qui peut frapper l'imagination par un aspect lugubre. Les Spirites peuvent sans doute mourir du choléra comme tout le monde, parce que leur corps n'est pas plus immortel que celui des autres, et que, lorsque l'heure est venue, il faut partir, que ce soit par cette cause ou par une autre; le choléra est une de ces causes qui n'a de particulier que d'emmener un plus grand nombre de personnes à la fois, ce qui produit plus de sensation; on part en masses, au lieu de partir en détail, voilà toute la différence. Mais la certitude qu'ils ont de l'avenir, et surtout la connaissance qu'ils ont de cet avenir, qui répond à toutes leurs aspirations et satisfait la raison, font qu'ils ne regrettent nullement la terre où ils se considèrent comme passagèrement en exil. Tandis qu'en présence de la mort, l'incrédule ne voit que le néant, ou se demande ce qu'il va en être de lui, le Spirite SAIT que, s'il meurt, il ne sera que dépouillé d'une enveloppe matérielle sujette aux souffrances et aux vicissitudes de la vie, mais qu'il sera toujours lui avec un corps éthéré inaccessible à la douleur; qu'il jouira de perceptions nouvelles et de facultés plus grandes; qu'il va retrouver ceux qu'il a aimés et qui l'attendent au seuil de la véritable vie, de la vie impérissable. Quant aux biens matériels, il sait qu'il n'en aura plus besoin et que les jouissances qu'ils procurent seront remplacées par des jouissances plus pures et plus enviables, qui ne laissent après elles ni amertume ni regrets. Il les abandonne donc sans peine et avec joie, et plaint ceux qui, restant après lui sur la terre, vont encore en avoir besoin. Il est comme celui qui, devenant riche, laisse ses vieilles défroques aux malheureux. Aussi dit-il à ses amis en les quittant: ne me plaignez pas; ne pleurez pas ma mort; félicitez-moi plutôt d'être délivré du souci de la vie, et d'entrer dans le monde radieux où je vais vous attendre. Quiconque aura lu et médité notre ouvrage, le Ciel et l'enfer selon le Spiritisme, et surtout le chapitre sur les appréhensions de la mort, comprendra la force morale que les Spirites puisent dans leur croyance, en présence du fléau qui décime les populations. S'en suit-il qu'ils vont négliger les précautions nécessaires en pareil cas, et se jeter tête baissée dans le danger? Nullement: ils prendront toutes celles que commandent la prudence et une hygiène rationnelle, parce qu'ils ne sont point fatalistes, et que, s'ils ne craignent pas la mort, ils savent qu'ils ne doivent point la chercher. Or, négliger les mesures sanitaires qui peuvent en préserver serait un véritable suicide dont ils connaissent trop bien les conséquences pour s'y exposer. Ils considèrent comme un devoir de veiller à la santé du corps, parce que la santé est nécessaire pour l'accomplissement des devoirs sociaux. S'ils cherchent à prolonger la vie corporelle, ce n'est pas par attachement pour la terre, mais afin d'avoir plus de temps pour progresser, s'améliorer, s'épurer, dépouiller le vieil homme et acquérir une plus grande somme de mérites pour la vie spirituelle. Mais si, malgré tous les soins, ils doivent succomber, ils en prennent leur parti sans se plaindre, sachant que tout progrès porte ses fruits, que rien de ce que l'on acquiert en moralité et en intelligence n'est perdu, et que s'ils n'ont pas démérité aux yeux de Dieu, ils seront toujours mieux dans l'autre monde que dans celui-ci, alors même qu'ils n'y auraient pas la première place; ils se disent simplement: Nous allons un peu plus tôt où nous serions allés un peu plus tard. Croit-on qu'avec de telles pensées on ne soit pas dans les meilleures conditions de tranquillité d'esprit recommandées par la science? Pour l'incrédule ou le douteux, la mort a toutes ses terreurs, car il perd tout et n'attend rien. Que peut dire un médecin matérialiste pour calmer chez les malades la peur de mourir? Rien que ce que disait un jour l'un d'eux à un pauvre diable qui tremblait au seul mot de choléra: « Bah! tant qu'on n'est pas mort il y a espoir; puis, en définitive, on ne meurt qu'une fois, et c'est bientôt passé; quand on est mort, tout est fini; on ne souffre plus. » Tout est fini quand on est mort, voilà la suprême consolation qu'il donne. Le médecin spirite, au contraire, dit à celui qui voit la mort devant lui: « Mon ami, je vais employer toutes les ressources de la science pour vous rendre la santé et vous conserver le plus longtemps possible; nous réussirons, j'en ai l'espoir; mais la vie de l'homme est entre les mains de Dieu, qui nous rappelle quand notre temps d'épreuve ici-bas est fini; si l'heure de votre délivrance est arrivée, réjouissez-vous, comme le prisonnier qui va sortir de sa prison. La mort nous débarrasse du corps qui nous fait souffrir, et nous rend à la véritable vie, vie exempte de troubles et de misères. Si vous devez partir, ne pensez pas que vous soyez perdu pour vos parents et vos amis qui restent après vous; non, vous n'en serez pas moins au milieu d'eux; vous les verrez et vous les entendrez mieux que vous ne pouvez le faire en ce moment; vous les conseillerez, les dirigerez, les inspirerez pour leur bien. Si donc il plaît à Dieu de vous rappeler à lui, remerciez-le de ce qu'il vous rend la liberté; s'il prolonge votre séjour ici, remerciez-le encore de vous donner le temps d'achever votre tâche. Dans l'incertitude, soumettez-vous sans murmure à sa sainte volonté. » De telles paroles ne sont-elles pas propres à ramener la sérénité dans l'âme, et cette sérénité ne seconde-t-elle pas l'efficacité des remèdes, tandis que la perspective du néant plonge le moribond dans l'anxiété du désespoir? Outre cette influence morale, le Spiritisme en a une plus matérielle. On sait que les excès de tous genres sont une des causes qui prédisposent le plus aux atteintes de l'épidémie régnante; aussi les médecins recommandent-ils la sobriété en toutes choses, prescription salutaire, à laquelle bien des gens ont de la peine à se soumettre. En admettant qu'ils le fassent, c'est sans doute un point important, mais croit-on qu'une abstention momentanée puisse réparer instantanément les désordres organiques causés par des abus invétérés, dégénérés en habitude, qui ont usé le corps et l'ont, par cela même, rendu accessible aux miasmes délétères? En dehors du choléra, ne sait-on pas combien l'habitude de l'intempérance est pernicieuse dans les climats torrides, et dans ceux où la fièvre jaune est endémique? Eh bien! le Spirite, par suite de ses croyances et de la manière dont il envisage le but de la vie présente et le résultat de la vie future, modifie profondément ses habitudes; au lieu de vivre pour manger, il mange pour vivre; il ne fait aucun excès; il ne vit point en cénobite: aussi use-t-il de tout, mais n'abuse de rien. Ce doit être assurément là une considération prépondérante à ajouter à celle que fait valoir notre correspondant de Constantinople. Voilà donc un des résultats de cette doctrine, à laquelle l'incrédulité jette l'injure et le sarcasme; qu'elle bafoue, taxe de folie, et qui, selon elle, apporte la perturbation dans la société. Gardez votre incrédulité, si elle vous plaît, mais respectez une croyance qui rend heureux et meilleurs ceux qui la possèdent. Si c'est une folie de croire que tout ne finit pas pour nous avec la vie, qu'après la mort, nous vivons d'une vie meilleure, exempte de soucis; que nous revenons au milieu de ceux que nous aimons; ou encore de croire qu'après la mort nous ne sommes ni plongés dans les flammes éternelles, sans espoir d'en sortir, ce qui ne vaudrait guère mieux que le néant, ni perdus dans l'oisive et béate contemplation de l'infini, plût à Dieu que tous les hommes fussent fous de cette manière; il y aurait parmi eux bien moins de crimes et de suicides. De nombreuses communications ont été données sur le choléra; plusieurs l'ont été à la Société de Paris ou dans notre cercle intime; nous n'en reproduisons que deux, fondues en une seule, pour éviter les répétitions, et qui résument la pensée dominante du plus grand nombre. (Société de Paris. – Médiums, MM. Desliens et Morin.) Puisque le choléra est une question d'actualité, et que chacun apporte son remède pour repousser le terrible fléau, je me permettrai, si vous le voulez bien, de donner également mon avis, bien qu'il me paraisse peu probable que vous ayez à en craindre les atteintes d'une manière cruelle. Cependant, comme il est bon qu'à l'occasion les moyens ne fassent pas défaut, je mets mon peu de lumière à votre disposition. Cette affection, quoi qu'on en dise, n'est pas immédiatement contagieuse, et ceux qui se trouvent dans un endroit où elle sévit ne doivent pas craindre de donner leurs soins aux malades. Il n'existe pas de remède universel contre cette maladie, soit préventif, soit curatif, attendu que le mal se complique d'une foule de circonstances qui tiennent, soit au tempérament des individus, soit à leur état moral et à leurs habitudes, soit aux conditions climatériques, ce qui fait que tel remède réussit dans certains cas et non dans d'autres. On peut dire qu'à chaque période d'invasion et selon les localités, le mal doit faire l'objet d'une étude spéciale, et requiert une médication différente. C'est ainsi, par exemple, que la glace, la thériaque, etc., qui ont pu guérir des cas nombreux dans les choléras de 1832, de 1849, et dans certaines contrées, pourraient ne donner que des résultats négatifs à d'autres époques et dans d'autres pays. Il y a donc une foule de remèdes bons, et pas un qui soit spécifique. C'est cette diversité dans les résultats qui a dérouté et déroutera longtemps encore la science, et qui fait que nous-mêmes ne pouvons donner de remède applicable à tout le monde, parce que la nature du mal ne le comporte pas. Il y a cependant des règles générales, fruits de l'observation, et dont il importe de ne pas s'écarter. Le meilleur préservatif consiste dans les précautions de l'hygiène sagement recommandées dans toutes les instructions données à cet effet; ce sont par-dessus tout la propreté, l'éloignement de toute cause d'insalubrité et des foyers d'infection, l'abstention de tout excès. Avec cela il faut éviter de changer ses habitudes alimentaires, si ce n'est pour en retrancher les choses débilitantes. Il faut également éviter les refroidissements, les transitions brusques de température, et s'abstenir, à moins de nécessité absolue, de toute médication violente pouvant apporter un trouble dans l'économie. La peur, vous le savez, est souvent en pareil cas pire que le mal; le sang-froid ne se commande pas, malheureusement, mais vous, Spirites, vous n'avez besoin d'aucun conseil sur ce point; vous regardez la mort sans sourciller, et avec le calme que donne la foi. En cas d'attaque, il importe de ne pas négliger les premiers symptômes. La chaleur, la diète, une transpiration abondante, les frictions, l'eau de riz dans laquelle on a mis quelques gouttes de laudanum, sont des médicaments peu coûteux et dont l'action est très efficace, si l'énergie morale et le sang-froid viennent s'y joindre. Comme il est souvent difficile de se procurer du laudanum en l'absence d'un médecin, on peut y suppléer, en cas d'urgence, par toute autre composition calmante, et en particulier par le suc de laitue, mais employé à faible dose. On peut d'ailleurs faire bouillir simplement quelques feuilles de laitue dans l'eau de riz. La confiance en soi et en Dieu est, en pareille circonstance, le premier élément de la santé. Maintenant que votre santé matérielle est mise à l'abri du danger, permettez-moi de songer à votre tempérament spirituel, auquel une épidémie d'un autre genre semble vouloir s'attaquer. Ne craignez rien de ce côté; le mal ne saurait atteindre que les êtres à qui la vie vraiment spirituelle fait défaut, et déjà morts sur la tige. Tous ceux qui se sont voués sans retour et sans arrière-pensée à la doctrine y puiseront au contraire de nouvelles forces, pour faire fructifier les enseignements que nous nous faisons un devoir de vous transmettre. La persécution, quelle qu'elle soit, est toujours utile; elle met au jour les cœurs solides, et si elle détache du tronc principal quelques branches mal attachées, les jeunes rejetons, mûris par les luttes dans lesquelles ils triompheront en suivant nos avis, deviendront des hommes sérieux et réfléchis. Ainsi donc bon courage; marchez sans crainte dans la voie qui vous est tracée, et comptez sur celui qui ne vous fera jamais défaut dans la mesure de ses forces. Docteur DEMEURE. ______________
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