ANTIGO CURA DE NOTRE-DAME DES VICTOIRES, EM PARIS O fato seguinte é tirado textualmente da obra intitulada Mês de Maria, pelo padre Défossés: Eis como se produziu no mundo, de uma maneira sobrenatural e celeste, a obra divina da arquiconfraria do santíssimo e imaculado Coração de Maria. Deixemos ainda a palavra ao Sr. Dégenettes. Quem melhor do que ele poderia contar-nos o que se passou? “A arquiconfraria nasceu a 3 de dezembro de 1836. Muitas pessoas que só julgam pelas aparências, nos chamam seu fundador. Não podemos deixar passar este preconceito sem combatê-lo e destruí-lo. Não somos o seu fundador. Só a Deus a honra e a glória. Não tínhamos nenhuma das disposições de espírito e de coração que nos pudessem preparar para isto. Devemos confessar, pedindo perdão a Deus e a Maria, que, sendo filho de Maria, habituado desde nossa mais tenra idade a amá-la e venerá-la como a mais terna das mães, nada compreendíamos da devoção de seu santo coração, que até evitávamos de pensar nisso. Acrescentamos ainda que um santo religioso, o padre Maccarty, um dia tendo pregado em nossa igreja das Missões estrangeiras sobre o santo coração de Maria, nenhum sentimento recolhemos de seu sermão, para dar nosso sufrágio ordinário à eloquência do pregador, mas aborrecido, tão grande era o orgulho de nossa prevenção, por ter ele tratado de um assunto que pensávamos não ser mais útil aos outros do que a nós. Tal foi nossa disposição constante até 3 de dezembro de 1836, festa de São Francisco Xavier. “Naquele dia, às nove da manhã, eu começava a santa missa ao pé do altar da santa Virgem, que a partir de então consagramos ao seu santíssimo e imaculado Coração, e que é hoje o altar da arquiconfraria. Eu estava no primeiro versículo do salmo Judica me, quando um pensamento veio colher o meu espírito: era o pensamento da inutilidade de meu ministério nessa paróquia; ele não me era estranho e eu tinha muitas ocasiões de concebê-lo e recordá-lo, mas naquela circunstância ele me tocou mais vivamente que de ordinário. Como esse não era o lugar nem o momento para dele me ocupar, fiz todos os esforços possíveis para afastá-lo do meu espírito. Não foi possível consegui-lo e parecia-me sempre ouvir uma voz que vinha de meu íntimo e me dizia: Não farás nada, teu ministério é nulo. Vê, há mais de quatro anos estás aqui; que ganhaste? Tudo está perdido. Este povo não tem mais fé. Por prudência deverias retirar-te!... “Malgrado todos os meus esforços para repelir esse pensamento infeliz, ele se obstinou de tal modo que absorveu todas as faculdades de meu espírito, a ponto de eu ler e recitar as preces sem mais compreender o que dizia. A violência que eu me tinha feito me havia fatigado e eu experimentava uma transpiração das mais abundantes. Fiquei nesse estado até o começo do cânon da missa. Depois de haver recitado o Sanctus parei um instante e procurei reunir minhas ideias; apavorado com o estado de meu espírito, disse para mim mesmo: “Meu Deus, em que estado estou? Como vou oferecer o divino sacrifício? Eu não tenho suficiente liberdade de espírito para consagrar. Ó meu Deus, livrai-me desta distração.” Assim que proferi essas palavras, ouvi distintamente estas, pronunciadas de maneira solene: Consagra tua paróquia ao santíssimo e imaculado Coração de Maria. Tão logo ouvi essas palavras, que não me feriam o ouvido mas ressoavam apenas dentro de mim, recobrei imediatamente a calma e a liberdade de espírito. A fatal impressão que me tinha agitado tão violentamente, logo se apagou e não me ficou nenhuma impressão. Dei continuidade aos santos mistérios sem nenhuma lembrança de minha precedente distração. “Após a minha ação de graças, examinei a maneira pela qual tinha oferecido o santo sacrifício. Só então me lembrei que tinha tido uma distração, mas era apenas uma lembrança confusa e fui obrigado, por uns instantes, a rebuscar qual tinha sido o objeto. Assegurei-me, dizendo: ‘Eu não pequei. Eu não estava livre.’ Perguntei-me como essa distração tinha cessado e a lembrança das palavras que tinha ouvido voltou ao meu espírito. Esse pensamento feriu-me com uma espécie de terror. Procurei negar a possibilidade do fato, mas minha memória confundia os raciocínios que eu me objetava. Batalhei comigo mesmo durante dez minutos. Eu dizia a mim mesmo: Se eu me detivesse nisto, expor-me-ia a uma grande desgraça; ela afetaria meu moral e eu poderia tornar-me visionário. “Fatigado por esse novo combate, tomei minha decisão e disse: Não posso deter-me neste pensamento; ele teria consequências muito desagradáveis; além do mais, é uma ilusão; tive uma longa distração durante a missa, eis tudo. O essencial para mim é não ter pecado. Não quero mais pensar nisto. Apoiei as mãos no genuflexório onde estava de joelhos. No mesmo instante, e ainda não me tinha levantado (estava sozinho na sacristia) ouvi pronunciar bem distintamente: Consagra tua paróquia ao santíssimo e imaculado Coração de Maria. Caí de joelhos e minha primeira impressão foi um momento de estupefação. Eram as mesmas palavras, o mesmo som, a mesma maneira de ouvi-las. Durante alguns instantes tentei não acreditar; queria ao menos duvidar e não podia mais. Eu tinha ouvido, não podia ocultá-lo a mim mesmo. Um sentimento de tristeza apoderou-se de mim; as inquietudes que haviam acabado de atormentar o meu espírito apresentavam-se de novo. Em vão tentei expulsar todas essas ideias; eu me dizia: É ainda uma ilusão, fruto do abalo dado em teu cérebro pela primeira impressão que ressentiste; não ouviste, não pudeste ouvir, e o sentido íntimo me dizia: Não podes duvidar; ouviste duas vezes. “Tomei a decisão de me não ocupar com o que acabava de acontecer, de tentar esquecer. Mas estas palavras: Consagra tua paróquia ao santíssimo e imaculado Coração de Maria se apresentavam incessantemente ao meu espírito. Para me livrar da impressão que me fatigava, cedi exausto e me disse: É sempre um ato de devoção à santa Virgem, que pode ter um bom efeito. Tentemos. Meu consentimento não era livre; era exigido pela fadiga do meu espírito. Entrei em meu apartamento. Para me livrar de tal pensamento, pus-me a compor os estatutos de nossa associação. Tão logo pus mãos à obra, o assunto se esclareceu aos meus olhos e os estatutos não tardaram a ser redigidos. Eis a verdade, e não a dissemos nas primeiras edições de nosso manual; até a ocultamos ao nosso venerável diretor de consciência. Tínhamo-la até aquele dia tornado um segredo, mesmo para os amigos mais íntimos. Não ousávamos desvendá-lo; e hoje que a divina misericórdia assinalou tão autenticamente sua obra pelo estabelecimento, a prodigiosa propagação da arquiconfraria, e sobretudo pelos frutos admiráveis que ela produz, minha consciência me obriga a revelar este fato. ‘É glorioso, dizia o arcanjo Rafael a Tobias, é glorioso revelar as obras de Deus, a fim de que todos reconheçam que só a ele pertencem louvor, honra e glória.’” O fato de mediunidade auditiva é aqui de máxima evidência. A quem negasse que seja um efeito mediúnico e o considerasse como miraculoso, responderíamos que o caráter de milagre é de ser excepcional e acima das leis da Natureza, e que jamais se pensou em dar essa qualidade aos fenômenos que se produzem diariamente; a reprodução é indício certo de que eles existem em virtude de uma lei e que, por conseguinte, não fogem à ordem natural. Ora, os fatos análogos ao do padre Dégenettes estão entre os mais vulgares, entre os da mediunidade; as comunicações por via auditiva são excessivamente numerosas. Se, pois, segundo a opinião de alguns, o demônio é o único agente dos efeitos mediúnicos, seria forçoso concluir, para ser consequente, que a fundação da dita arquiconfraria é uma obra demoníaca, porque, em boa lógica, a analogia absoluta dos efeitos implica a da causa. Um ponto muito embaraçoso para os partidários do demônio é a reprodução incessante de todos os fenômenos mediúnicos no seio do próprio clero e das comunidades religiosas, e a perfeita similitude de uma porção de efeitos reputados santos, com os que são reputados diabólicos. Forçoso, pois, é convir que os maus Espíritos não são os únicos com o poder de manifestar-se, do contrário a maioria dos santos não passariam de possessos, visto que muitos só deveram sua beatificação a fatos do gênero dos que hoje se produzem com os médiuns. Eles se esquivam dizendo que os bons Espíritos só se comunicam à Igreja ou que só à Igreja cabe distinguir os que vêm de Deus ou do diabo. Que seja. É uma razão como qualquer outra, que fica para a apreciação de cada um, mas que exclui a doutrina da comunicação exclusiva dos demônios. Nosso colega Sr. Delanne, que teve a bondade de nos remeter o fato acima, juntou a comunicação seguinte, do padre Dégenettes, obtida pela Sra. Delanne: “Meus caros filhos, respondo com prazer ao vosso apelo. Darei de boa vontade os detalhes que desejais conhecer, porque hoje estou ligado à grande falange dos Espíritos que têm por missão conduzir os homens no caminho da verdade. “Quando eu estava na Terra, eu trabalhava de corpo e alma para reconduzir os homens a Deus, mas tinha apenas uma ideia muito fraca da importância desta grande lei pela qual todos os homens virão ao progresso. A matéria impõe graves entraves, e nossos instintos muitas vezes paralisam os esforços de nossa inteligência. Quando, pois, de minha audição, eu não sabia bem em que pensar; mas vendo que a voz continuava a fazer-se ouvir, concluí por um milagre. Não obstante, considerava-me como um verdadeiro instrumento, e tudo quanto obtive por essa intercessão, me confirmava essa ideia. Ah! Com efeito eu tinha sido um instrumento, mas não havia milagre: Eu era um dos homens designados a levar uma das primeiras pedras à doutrina, fornecendo a prova das comunicações espirituais. “Estão próximos os tempos em que vos serão dados grandes desenvolvimentos concernentes às coisas chamadas mistérios, e que deviam sê-lo até o presente, porque os homens ainda não estavam aptos a compreendê-las. Oh! Mil vezes felizes os que hoje compreendem esta bela e invejável missão de propagar a doutrina da revelação e mostrar um Deus bom e misericordioso! “Sim, meus caros filhos, quando eu estava em exílio na Terra, eu possuía o precioso dom da mediunidade; mas, eu vo-lo repito, não me dava conta disso. A partir do momento em que aquela voz falou ao meu coração, reconheci mais especialmente e mais visivelmente a proteção de Maria em todas as minhas ações, mesmo as mais simples, e se dissimulei antes de participar aos meus superiores o que se havia passado comigo, ainda foi por conselhos dessa mesma voz que me fazia compreender que ainda não havia chegado a hora de fazer aquela revelação. Eu tinha o pressentimento e uma vaga intuição da renovação que se opera. Eu compreendia que a revelação não devia vir da Igreja, mas que um dia a Igreja seria forçada a apoiá-la, por todos os fatos aos quais ela dá o nome de milagre e que atribui a causas sobrenaturais. “Continuarei de outra vez, meus filhos. Que a paz do Senhor esteja em vossas almas e vos proporcione um sono pacífico. “P. ─ Devemos mandar ao Sr. Allan Kardec esta comunicação e os fatos que a provocaram? “R. ─ Eu não vos disse que eu era um dos propagadores da doutrina? Meu nome não tem grande valor, mas não vejo por que não vos autorizaria a fazê-lo. Aliás, não é a primeira vez que me comunico. Podeis, portanto, transmitir ao mestre minhas simples instruções, ou melhor, meus simples relatos. DÉGENETTES OBSERVAÇÃO: Com efeito, o padre Dégenettes comunicou-se várias vazes espontaneamente e ditou palavras dignas da elevação de seu Espírito. Tanto quanto nos lembramos, foi ele que, num sermão pregado na igreja de Notre-Dame des Victories, contou o seguinte fato: Uma pobre operária sem trabalho que veio orar na Igreja, à saída encontrou um senhor que a abordou e lhe disse: ─ Buscais trabalho; ide a tal endereço, procurai a Sra. fulana de tal; ela vo-lo arranjará. A pobre mulher agradeceu e foi ao endereço indicado, onde realmente encontrou a pessoa em questão, à qual contou o que acontecera. Aquela senhora lhe disse: ─ Não sei quem poderia ter dado meu endereço, porque não pedi empregada. Contudo, como tenho algo para mandar fazer, vou encarregá-la disso. A pobre mulher, vendo um retrato na sala, disse: ─ Olhai, senhora. O senhor que me mandou vir aqui foi esse aí. ─ E apontou o retrato. ─ É impossível, disse a senhora, esse retrato é de meu filho, falecido há três anos. ─ Não sei como é isto, respondeu a operária, mas eu o reconheço perfeitamente. Assim, o padre Dégenettes acreditava na aparição das almas após a morte, com a aparência que tinham em vida. Os fatos deste gênero não são insólitos e deles temos numerosos exemplos. Não é presumível que o padre Dégenettes tenha relatado este do púlpito sem provas autênticas. Sua crença neste ponto, somada à que lhe chegou pessoalmente, vem em apoio ao que disse de sua missão atual de propagar a doutrina dos Espíritos. Um fato como o último que foi relatado necessariamente deveria passar por maravilhoso. Só o Espiritismo, pelo conhecimento das propriedades do perispírito, poderia dar-lhe uma explicação racional. Ele prova, por isto mesmo, a possibilidade da aparição do Cristo aos apóstolos, após a sua morte. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
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Ancien curé de Notre-Dame des Victoires, à Paris. Le fait suivant est tiré textuellement de l'ouvrage intitulé: Mois de Marie, par l'abbé Défossés: Voici comment se produisit au monde, d'une manière surnaturelle et céleste, l'œuvre Divine de l'archiconfrérie du très-saint et immaculé Cœur de Marie. Laissons encore la parole à M. Dégenettes. Qui mieux que lui pourrait nous raconter ce qui se passa? « L'archiconfrérie a pris naissance le 3 décembre 1836. Beaucoup de personnes, qui ne jugent que d'après les apparences, nous en appellent le fondateur. Nous ne pouvons pas laisser passer ce préjugé sans le combattre et le détruire; nous ne sommes point le fondateur; à Dieu seul l'honneur et la gloire. Nous n'avions aucune des dispositions d'esprit et de cœur qui pouvaient nous y préparer; nous devons confesser, en en demandant pardon à Dieu et à Marie, que, quoique enfant de Marie, habitué dès notre jeune enfance à l'aimer, à la vénérer comme la plus tendre des mères, nous ne comprenions rien à la dévotion de son saint cœur, que nous évitions même d'y penser. Nous ajoutons encore qu'un saint religieux, le P. Maccarty, ayant un jour prêché dans notre église des Missions étrangères sur le saint cœur de Marie, nous ne recueillions de son sermon aucun sentiment donnant notre suffrage ordinaire à l'éloquence du prédicateur, mais fâché, tant était grand l'orgueil de notre prévention, qu'il eût traité un tel sujet que nous pensions n'être pas plus utile aux autres qu'à nous. Telle a été notre disposition constante jusqu'au 3 décembre 1836, fête de saint François Xavier. « Ce jour, à neuf heures du matin, je commençais la sainte messe au pied de l'autel de la sainte Vierge, que nous avons depuis consacré à son très-saint et immaculé Cœur, et qui est aujourd'hui l'autel de l'archiconfrérie. J'en étais au premier verset du psaume Judica me, quand une pensée vint saisir mon esprit: c'était la pensée de l'inutilité de mon ministère dans cette paroisse; elle ne m'était pas étrangère, je n'avais que trop d'occasions de la concevoir et me la rappeler; mais dans cette circonstance elle me frappa plus vivement qu'à l'ordinaire. Comme ce n'était ni le lieu ni le temps de m'en occuper, je fis tous les efforts possibles pour l'éloigner de mon esprit. Je ne pus y parvenir, il me semblait toujours entendre une voix qui venait de mon intérieur et qui me disait: Tu ne fais rien, ton ministère est nul; vois, depuis plus de quatre ans que tu es ici, qu'as-tu gagné? Tout est perdu, ce peuple n'a plus de foi. Tu devrais, par prudence, te retirer!… « Malgré tous mes efforts pour repousser cette malheureuse pensée, elle s'opiniâtra tellement qu'elle absorba toutes les facultés de mon esprit, au point que je lisais et récitais des prières, sans plus comprendre ce que je disais. La violence que je m'étais faite m'avait fatigué et j'éprouvais une transpiration des plus abondantes. Je fus dans cet état jusqu'au commencement du canon de la messe. Après avoir récité le Sanctus, je m'arrêtai un instant, je cherchai à rappeler mes idées; effrayé de l'état de mon esprit, je me dis: « Mon Dieu, dans quel état suis-je? Comment vais-je offrir le divin sacrifice? je n'ai pas assez de liberté d'esprit pour consacrer. O mon Dieu, délivrez-moi de cette distraction. » Aussitôt que j'eus achevé ces paroles, j'entendis distinctement ces mots prononcés d'une manière solennelle: Consacre ta paroisse au très-saint et immaculé Cœur de Marie. A peine eus- je entendu ces paroles, qui ne frappèrent point mes oreilles, mais retentirent seulement au dedans de moi, que je recouvrai immédiatement le calme et la liberté d'esprit. La fatale impression qui m'avait si violemment agité s'effaça aussitôt; il ne m'en resta aucune trace. Je poursuivis la continuation des saints mystères sans aucun souvenir de ma précédente distraction. « Après mon action de grâces, j'examinai la manière dont j'avais offert le saint sacrifice. Alors seulement je me rappelai que j'avais eu une distraction, mais ce n'était qu'un souvenir confus, et je fus obligé de rechercher, pendant quelques instants, quel en avait été l'objet. Je me rassurai en me disant: « Je n'ai pas péché, je n'étais pas libre. » Je me demandai comment cette distraction avait cessé, et le souvenir de ces paroles que j'avais entendues se présenta à mon esprit. Cette pensée me frappa d'une sorte de terreur. Je cherchai à nier la possibilité de ce fait, mais ma mémoire confondait les raisonnements que je m'objectais. Je bataillai avec moi-même pendant dix minutes. Je me disais à moi- même: Si je m'y arrêtais, je m'exposerais à un grand malheur, elle affecterait mon moral, je pourrais devenir visionnaire. « Fatigué de ce nouveau combat, je pris mon parti et me dis: Je ne puis m'arrêter à cette pensée, elle aurait de trop fâcheuses conséquences; d'ailleurs c'est une illusion; j'ai eu une longue distraction pendant la messe, voilà tout. L'essentiel pour moi est de n'y avoir pas péché. Je ne veux plus y penser. J'appuyai mes mains sur le prie-Dieu sur lequel j'étais à genoux. Au moment même, et je n'étais pas encore relevé (j'étais seul dans la sacristie), j'entends prononcer bien distinctement: Consacre ta paroisse au très-saint et immaculé Cœur de Marie. Je retombe à genoux, et ma première impression fut un moment de stupéfaction. C'étaient les mêmes paroles, le même son, la même manière de les entendre. Pendant quelques instants, j'essayai de ne pas croire; je voulais au moins douter, je ne le pouvais plus. J'avais entendu, je ne pouvais me le cacher à moi- même. Un sentiment de tristesse s'empara de moi; les inquiétudes qui venaient de tourmenter mon esprit se présentèrent de nouveau. J'essayai vainement de chasser toutes ces idées; je me disais: C'est encore une illusion, fruit de l'ébranlement donné à ton cerveau par la première impression que tu as ressentie; tu n'as pas entendu, tu n'as pas pu entendre, et le sens intime me disait: Tu ne peux douter, tu as entendu deux fois. « Je pris le parti de ne point m'occuper de ce qui venait de m'arriver, de tâcher de l'oublier. Mais ces paroles: Consacre ta paroisse au très- saint et immaculé Cœur de Marie, se présentaient sans cesse à mon esprit. Pour me délivrer de l'impression qui me fatiguait, je cède de guerre lasse et je me dis: C'est toujours un acte de dévotion à la sainte Vierge, qui peut avoir un bon effet; essayons. Mon consentement n'était pas libre, il était exigé par la fatigue de mon esprit. Je rentrai dans mon appartement; pour me délivrer de cette pensée, je me mis à composer les statuts de notre association. A peine eus-je mis la main à l'œuvre que le sujet s'éclaircit à mes yeux, et les statuts ne tardèrent pas à être rédigés. Voilà la vérité, et nous ne l'avons pas dite dans les premières éditions de notre manuel; nous l'avons même cachée au vénérable directeur de notre conscience; nous en avions fait jusqu'à ce jour un secret même aux amis les plus intimes; nous n'osions pas le dévoiler; et aujourd'hui que la divine miséricorde a signalé si authentiquement son œuvre par l'établissement, la prodigieuse propagation de l'archiconfrérie, et surtout par les fruits admirables qu'elle produit, ma conscience m'oblige à révéler ce fait. « Il est glorieux, disait l'archange Raphaël à Tobie, il est glorieux de révéler les œuvres de Dieu, afin que tous reconnaissent qu'à lui seul appartiennent louange, honneur et gloire. » Le fait de médiumnité auditive est ici de la dernière évidence. A celui qui nierait que ce soit un effet médianimique et le considèrerait comme miraculeux, nous répondrions que le caractère du miracle est d'être exceptionnel et au-dessus des lois de la nature, et que l'on n'a jamais songé à donner cette qualité aux phénomènes qui se produisent tous les jours; la reproduction est l'indice certain qu'ils existent en vertu d'une loi, et que, par conséquent, ils ne sortent pas de l'ordre naturel; or, les faits analogues à celui de l'abbé Dégenettes sont au nombre des plus vulgaires, parmi ceux de la médiumnité; les communications par voie auditive sont excessivement nombreuses. Si donc, selon l'opinion de quelques-uns, le démon est le seul accent des effets médianimiques, il en faudrait conclure, pour être conséquent, que la fondation de ladite archiconfrérie est une œuvre démoniaque; car, en bonne logique, l'analogie absolue des effets implique celle de la cause. Un point très embarrassant pour les partisans du démon, c'est la reproduction incessante de tous les phénomènes médianimiques dans le sein même du clergé et des communautés religieuses, et la parfaite similitude d'une foule d'effets réputés saints, avec ceux qui sont réputés diaboliques. Force est donc de convenir que les mauvais Esprits n'ont pas seuls le pouvoir de se manifester, autrement la plupart des saints ne seraient que des possédés, attendu que beaucoup n'ont dû leur béatification qu'à des faits du genre de ceux qui se produisent aujourd'hui chez les médiums. Ils s'en tirent en disant que les bons Esprits ne se communiquent qu'à l'Église, ou qu'à l'Église seule appartient de distinguer ce qui vient de Dieu ou du diable; soit, c'est une raison comme une autre qui reste à l'appréciation de chacun, mais qui exclut la doctrine de la communication exclusive des démons. Notre collègue, M. Delanne, qui a bien voulu nous transmettre le fait ci-dessus, y a joint la communication suivante, de l'abbé Dégenettes, obtenue par madame Delanne: « Mes chers enfants, je réponds avec bonheur à votre appel; je vous donnerai volontiers les détails que vous désirez connaître, car je suis aujourd'hui attaché à la grande phalange des Esprits qui ont pour mission de conduire les hommes dans le chemin de la vérité. « Lorsque j'étais sur la terre, je travaillais de corps et d'âme à ramener les hommes vers Dieu, mais je n'avais qu'une bien faible idée de l'importance de cette grande loi par laquelle tous les hommes viendront au progrès. La matière impose de graves entraves, et nos instincts paralysent souvent les efforts de notre intelligence. Lors donc de mon audition, je ne savais trop qu'en penser; mais voyant que cette voix continuait à se faire entendre, je conclus à un miracle. Je me considérais néanmoins comme un véritable instrument, et tout ce que j'obtins par cette intercession me confirmait dans cette idée. Eh bien! j'avais été, en effet, un instrument; mais il n'y avait pas de miracles; j'étais un des hommes désignés pour porter une des premières pierres à la doctrine en fournissant la preuve des communications spirituelles. « Les temps sont proches où il vous sera donné de grands développements concernant les choses qu'on nomme mystères, et qui devaient l'être jusqu'à présent, car les hommes n'étaient pas encore aptes à les comprendre. Oh! mille fois heureux ceux qui comprennent aujourd'hui cette belle et enviable mission de propager la doctrine de la révélation, et de montrer un Dieu bon et miséricordieux! « Oui, mes chers enfants, lorsque j'étais en exil sur la terre, je possédais le précieux don de la médianimité; mais, je vous le répète, je ne savais pas m'en rendre compte. A partir du moment où cette voix a parlé à mon cœur, je reconnus plus spécialement et plus visiblement la protection de Marie dans toutes mes actions, même les plus simples, et si je dissimulai avant de faire part à mes supérieurs de ce qui m'était arrivé, c'est encore par les conseils de cette même voix, qui me faisait comprendre que l'heure n'était pas arrivée de faire cette révélation. J'avais le pressentiment et comme une vague intuition du renouvellement qui s'opère; je comprenais que la révélation ne devait pas venir de l'Église, mais qu'un jour l'Église serait forcée de l'appuyer par tous les faits auxquels elle donne le nom de miracles, et qu'elle attribue à des causes surnaturelles. « Je continuerai une autre fois, mes enfants; que la paix du Seigneur soit dans vos âmes et vous procure un sommeil paisible. « D. Devons-nous envoyer à M. Allan Kardec cette communication et les faits qui l'ont provoquée? – R. Ne vous ai-je pas dit que j'étais un des propagateurs de la doctrine? Mon nom n'a pas une grande valeur, mais je ne vois pas pourquoi je ne vous autoriserais pas à le faire. Du reste, ce n'est pas la première fois que je me communique; vous pouvez donc transmettre au maître mes simples instructions, ou plutôt mes simples récits. DÉGENETTES. » Remarque. – L'abbé Dégenettes s'est en effet communiqué plusieurs fois spontanément, et il a dicté des paroles dignes de l'élévation de son Esprit. Autant qu'il nous en souvient, c'est lui qui, dans un sermon prêché à l'église de Notre-Dame des Victoires, raconta le fait suivant: Une pauvre ouvrière sans ouvrage étant venue prier à l'Église, rencontra en sortant un monsieur qui l'aborda et lui dit: « Vous cherchez de l'ouvrage; allez à telle adresse, demandez madame une telle; elle pourra vous en procurer. » La pauvre femme le remercia et se rendit à l'adresse indiquée, où elle trouva effectivement la personne en question, à laquelle elle raconta ce qui venait de lui arriver. Cette dame lui dit: « Je ne sais qui a pu vous donner mon adresse, car je n'ai point demandé d'ouvrière; cependant, comme j'ai quelque chose à faire faire, je vais vous en charger. » La pauvre femme, avisant un portrait dans le salon, répondit: « Tenez, madame, le monsieur qui m'a envoyée chez vous est celui-ci, » en désignant le portrait. « C'est impossible, dit la dame; ce portrait est celui de mon fils, mort il y a trois ans. – Je ne sais comment cela se fait, reprit l'ouvrière; mais je le reconnais parfaitement. » M. l'abbé Dégenettes croyait donc à l'apparition des âmes après la mort, sous l'apparence qu'elles avaient de leur vivant. Les faits de ce genre ne sont pas insolites, et l'on en a d'assez nombreux exemples. Il n'est pas présumable que l'abbé Dégenettes ait rapporté celui-ci en chaire sans preuves authentiques. Sa croyance sur ce point, jointe à ce qui lui était arrivé personnellement, vient à l'appui de ce qu'il dit de sa mission actuelle de propager la doctrine des Esprits. Un fait comme le dernier qui vient d'être rapporté devait nécessairement passer pour merveilleux; le Spiritisme seul, par la connaissance des propriétés du périsprit, pouvait en donner une explication rationnelle. Il prouve, par cela même, la possibilité de l'apparition du Christ à ses apôtres après sa mort. ______________
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