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Revista Espírita 1864 » Novembro » Um criminoso arrependido Revue Spirite 1864 » Novembre » Un criminel repentant

(Continuação)

 

(PASSY, 4 DE OUTUBRO DE 1864 ─ MÉDIUM: SR. RUL.)

 

NOTA: O médium tinha tido a intenção de evocar Latour desde o momento do suplício. Tendo perguntado a seu guia espiritual se poderia fazê-lo, foi-lhe respondido que esperasse o momento que lhe seria indicado. A autorização foi dada somente no dia 3 de outubro, depois que ele leu o artigo da Revista que tratava do caso.

 

P. ─ Ouvistes as minhas preces?

R. ─ Sim, apesar de minha perturbação, eu as ouvi e vo-las agradeço. Fui evocado pouco após a minha morte e não me pude comunicar logo, mas muitos Espíritos levianos tomaram meu nome e meu lugar. Aproveitei em Bruxelas a presença do Presidente da Sociedade de Paris e, com a permissão dos Espíritos superiores, comuniquei-me.

Irei comunicar-me na Sociedade, e farei revelações que serão um começo de reparação das minhas faltas e que poderão servir de ensinamento a todos os criminosos que me lerem e refletirem no relato de meus sofrimentos.

Os discursos sobre as penas do inferno produzem pouco efeito sobre o espírito dos culpados, que não acreditam em todas essas imagens, que são apavorantes para as crianças e para os homens fracos. Ora, um grande malfeitor não é um Espírito pusilânime, e o medo da polícia age mais sobre ele que o relato dos tormentos do inferno. Eis por que todos os que me lerem serão tocados por minhas palavras, por meus sofrimentos, que não são suposições. Não há um só sacerdote que possa dizer: “Eu vi o que vos digo; eu assisti às torturas dos danados.” Mas quando eu vier dizer: “Eis o que se passou após a morte de meu corpo; eis o que foi o meu desencanto, ao reconhecer que não estava morto, como tinha esperado, e o que eu havia considerado como o fim dos meus sofrimentos era o começo de torturas impossíveis de descrever”, então mais de um parará à borda do precipício onde ia cair. Cada infeliz que eu parar assim na via do crime servirá para resgatar uma das minhas faltas. É assim que o bem sai do mal, e que a bondade de Deus se manifesta por toda parte, na Terra como no espaço.

Foi-me permitido libertar-me da visão de minhas vítimas, que se tornaram meus carrascos, a fim de me comunicar convosco. Mas em vos deixando, eu as verei novamente, e este simples pensamento me faz sofrer mais do que vos posso dizer. Sou feliz quando me evocam, porque então deixo o meu inferno por alguns instantes. Orai sempre por mim; pedi ao Senhor que me liberte da visão de minhas vítimas.

Sim, oremos juntos. A prece faz tanto bem!... Estou mais aliviado; já não sinto tanto o peso do fardo que me esmaga. Vejo um clarão de esperança brilhar aos meus olhos, e cheio de arrependimento exclamo: Bendita seja a mão de Deus. Que seja feita a sua vontade! 

J. LATOUR 

 

O guia espiritual do médium dita o seguinte:

 

“Não tomes os primeiros gritos do Espírito que se arrepende como sinal infalível de suas resoluções. Ele pode estar de boa-fé em suas promessas, porque a primeira impressão que ele sente ao se ver mergulhado no mundo dos Espíritos é de tal modo fulminante que, ao primeiro testemunho de caridade que recebe de um Espírito encarnado, entrega-se às efusões do reconhecimento e do arrependimento. Mas, por vezes, a reação é igual à ação, e muitas vezes esse Espírito culpado, que a um médium ditou tão boas palavras, pode voltar à sua natureza perversa, a seus pendores criminosos. Como uma criança que tenta caminhar, ele precisa ser ajudado para não cair.”

 

No dia seguinte foi novamente evocado o Espírito de Latour.

 

O médium. ─ Em vez de pedir a Deus que vos liberte da visão de vossas vítimas, eu vos concito a orar comigo para lhe pedir a força para suportar essa tortura expiatória.

Latour. ─ Eu preferiria ser libertado da visão de minhas vítimas. Se soubésseis o que sofro! O homem mais insensível ficaria comovido se pudesse ver, impressos em meu rosto como se fosse com fogo, os sofrimentos de minha alma. Farei o que me aconselhais. Compreendo que é um meio um pouco mais rápido de expiar minhas faltas. É como uma operação dolorosa, que deve dar a saúde ao meu corpo muito doente.

Ah! Se os culpados da Terra pudessem ver-me, como ficariam apavorados com as consequências de seus crimes que, ocultos aos olhos dos homens, são vistos pelos Espíritos! Como a ignorância é fatal a tanta pobre gente!

Que responsabilidade assumem os que recusam a instrução às classes pobres da Sociedade! Eles pensam que com a polícia e os guardas podem prevenir os crimes. Como estão errados! Se dobrassem ou quadruplicassem o número de agentes da autoridade, os mesmos crimes seriam cometidos, porque é preciso que os maus Espíritos encarnados cometam crimes.

Eu me recomendo à vossa caridade.

 

OBSERVAÇÃO: Sem dúvida é por um resto de preconceitos terrenos que Latour diz: “É preciso que os maus Espíritos encarnados cometam crimes.” Seria a fatalidade nas ações dos homens, doutrina que a todos excusaria. Aliás, é muito natural que ao sair de semelhante existência, o Espírito não compreenda ainda a liberdade moral, sem a qual o homem estaria no nível dos animais. A gente pode admirar-se de que ele não diga coisas piores.

 

A comunicação seguinte, do mesmo Espírito, foi obtida espontaneamente em Bruxelas, pela Sra. C..., a mesma médium que havia servido de instrumento à cena relatada no número de outubro.

 

“Nada mais temais de mim. Estou mais tranquilo, contudo ainda sofro. Deus teve piedade de mim, porque viu o meu arrependimento. Agora sofro esse arrependimento que me mostra a enormidade de minhas faltas.

“Se eu tivesse sido bem guiado na vida, não teria feito todo o mal que fiz, mas os meus instintos não foram reprimidos, e a eles obedeci, pois não conhecia freios. Se todos os homens pensassem bastante em Deus, ou, pelo menos, se todos os homens nele acreditassem, semelhantes atrocidades não mais seriam cometidas.

“Mas a justiça dos homens é mal compreendida. Por uma falta, às vezes leve, um homem é metido numa prisão que é sempre um lugar de perdição e de perversão. Dali ele sai completamente perdido pelos maus conselhos e pelos maus exemplos colhidos. Contudo, se sua natureza é suficientemente boa e bastante forte para resistir ao mau exemplo, ao sair da prisão todas as portas lhe são fechadas, todas as mãos dele se distanciam, todos os corações honestos o repelem. O que lhe resta? O desprezo e a miséria. O desprezo, o desespero, se ele sentir em si boas resoluções para voltar ao bem; a miséria o impele a tudo. Então ele também despreza o seu semelhante, odeia-o, e perde toda a consciência do bem e do mal, porque se vê repelido, ele, que entretanto havia tomado a resolução de tornar-se honesto. Para conseguir o necessário, ele rouba, ele mata, às vezes. Depois o guilhotinam!

“Meu Deus, no momento em que minhas alucinações me vão retomar, sinto vossa mão estender-se sobre mim; sinto vossa bondade que me envolve e me protege. Obrigado, meu Deus! Em minha próxima existência empregarei minha inteligência e todos os meus esforços para socorrer os infelizes que sucumbiram e para preservá-los da queda.

“Obrigado, a vós que não vos repugnais em comunicar-se comigo. Não temais, pois vedes que não sou mau. Quando pensardes em mim, não mentalizeis a imagem que de mim vistes, mas tende em mente uma pobre alma desolada, agradecida por vossa indulgência.

“Adeus. Evocai-me novamente, e rogai a Deus por mim.

“LATOUR”

 

OBSERVAÇÃO: O Espírito alude ao medo que sua presença inspirava ao médium.

 

 Além disso, ele diz: “Eu sofro esse arrependimento que me mostra o enormidade de minhas faltas.” Há nisto um pensamento profundo. O Espírito não compreende, realmente, a gravidade de seus erros senão quando se arrepende. O arrependimento traz o pesar, o remorso, sentimento doloroso que é a transição do mal para o bem, da doença moral para a saúde moral. É para escapar disto que os Espíritos perversos resistem à voz da consciência, como esses doentes que repelem o remédio que deve curá-los. Eles procuram iludir-se e atordoar-se, persistindo no mal. Latour chegou à fase em que o endurecimento acaba cedendo, e o remorso entrou em seu coração. Em seguida veio o arrependimento. Ele compreende a extensão do mal que fez, vê a sua abjeção e a sofre. Eis por que ele diz: “Eu sofro esse arrependimento.” Em sua existência precedente, ele deve ter sido pior que nesta, porque se se tivesse arrependido como faz agora, sua vida teria sido melhor. As resoluções que ele toma agora influirão sobre sua futura existência terrena. A que ele acaba de deixar, por mais criminosa que tenha sido, marcou-lhe uma etapa do progresso. É mais do que provável que antes de iniciá-la ele fosse, na erraticidade, um desses maus Espíritos rebeldes, obstinados no mal, como se veem tantos.

Muitas pessoas perguntaram que proveito poderia ser tirado das existências passadas, levando-se em consideração que a gente nem se lembra do que foi, nem do que fez.

Esta questão está completamente resolvida pelo fato que, se o mal que praticamos é apagado; se nenhum traço resta em nossos coração, sua lembrança seria inútil, pois com eles não mais temos que nos preocupar. Quanto àquilo de que não nos corrigimos completamente, conhecemos por nossas tendências atuais; é para estas que devemos voltar toda a nossa atenção. Basta saber o que somos, sem que seja necessário saber o que fomos.

Quando se considera a dificuldade, durante a vida, da reabilitação do culpado mais arrependido, da reprovação de que ele é objeto, deve-se agradecer a Deus por haver lançado um véu sobre o passado. Se Latour tivesse sido condenado em tempo hábil, e mesmo que tivesse sido resgatado, seus antecedentes teriam feito com que ele fosse repelido pela Sociedade. Malgrado o seu arrependimento, quem o teria admitido na intimidade? Os sentimentos que hoje manifesta como Espírito nos dão a esperança que, na próxima existência terrena, será um homem honesto, estimado e considerado. Mas suponde que se saiba que ele foi Latour! A reprovação ainda o perseguirá. O véu lançado sobre o passado lhe abre a porta da reabilitação. Ele poderá assentar-se sem receio e sem acanhamento entre as mais decentes pessoas. Quantas pessoas não gostariam de apagar da memória dos homens, a todo custo, certos anos de sua existência!

Onde se encontra uma doutrina que melhor se harmonize com a justiça e a bondade de Deus? Aliás, esta doutrina não é uma teoria, mas resultado da observação. Não foram os espíritas que a imaginaram; eles viram e observaram as diversas situações em que se apresentam os Espíritos; eles procuraram a sua explicação, e dessa explicação saiu a doutrina. Se eles a aceitaram é porque ela resulta dos fatos, e porque ela lhes pareceu mais racional que todas as emitidas até hoje sobre o futuro da alma.

Latour foi evocado muitas vezes, o que era muito natural, mas, como acontece em casos semelhantes, houve muitas comunicações apócrifas, e os Espíritos levianos não perderam essa ocasião. A própria situação de Latour impedia que ele pudesse manifestar-se quase simultaneamente em tantos pontos ao mesmo tempo, porquanto a ubiquidade só é possível a Espíritos superiores.

As comunicações que relatamos são mais autênticas? Julgamos que sim e o desejamos, sobretudo para o bem desse Espírito. Na falta de provas materiais que atestem a identidade de modo absoluto, como muitas vezes são obtidas, pelo menos temos as provas morais, que tanto resultam das circunstâncias em que ocorrem as manifestações quanto da concordância. Sobre as comunicações que conhecemos, vindas de fontes diversas, pelo menos três quartas partes são coerentes quanto ao fundo; entre as outras, algumas não resistem a um exame, tão evidente é o erro de situação, e em flagrante contradição com o que nos ensina a experiência sobre o estado dos Espíritos no mundo espiritual.

Seja como for, não se pode recusar àquelas que citamos um alto ensino moral. O Espírito pode ter sido, deve mesmo ter sido ajudado em suas reflexões, e sobretudo na escolha das expressões, por Espíritos mais adiantados. Mas, em casos semelhantes, estes últimos só assistem na forma, e não no fundo, e jamais põem o Espírito inferior em contradição consigo mesmo. Em Latour puderam poetizar a forma do arrependimento, mas não o teriam levado a exprimir o arrependimento contra a sua vontade, porque o Espírito tem o seu livre-arbítrio. Eles viam nele o germe dos bons sentimentos, por isso ajudaram-no a exprimi-los, e dessa forma contribuíram para desenvolvê-los, ao mesmo tempo que para ele atraíram a comiseração.

Há algo de mais empolgante, de mais moral, de natureza a impressionar mais vivamente que o quadro desse grande criminoso arrependido, manifestando seu desespero e seu remorso, que, em meio às torturas, perseguido pelo olhar incessante de suas vítimas, eleva o pensamento a Deus para implorar misericórdia? Não está aí um salutar exemplo para os culpados? Tudo é sensato em suas palavras; tudo é natural em sua situação, ao passo que o que lhe é atribuído por certas comunicações é ridículo. Compreende-se a natureza de suas angústias; elas são racionais, terríveis, posto que simples e sem aparato fantasmagórico. Por que não se teria arrependido? Por que não haveria nele uma corda sensível vibrando? Está precisamente aí o lado moral de suas comunicações; é a compreensão que ele tem da situação; são seus pesares, suas resoluções, seus projetos de reparação que são eminentemente instrutivos. O que teriam visto de extraordinário se ele se tivesse arrependido sinceramente antes de morrer; se ele houvesse dito antes o que disse depois?

Uma volta ao bem antes de sua morte, aos olhos da maioria de seus pares, teria passado por uma fraqueza. Sua voz de além-túmulo é a revelação do futuro que os aguarda. Ele está absolutamente certo quando diz que o seu exemplo é mais adequado a reconduzir os culpados do que as chamas do inferno, e mesmo o cadafalso. Por que, então, não lhes é dado nas prisões? Isto levaria mais de um a refletir, conforme temos vários exemplos. Mas como crer na eficácia das palavras de um morto, quando se acredita que quando se morre tudo está acabado? Dia virá, entretanto, em que se reconhecerá esta verdade: Os mortos podem vir instruir os vivos.


(Suite.)

(Passy, 4 octobre 1864.- Médium, M. Rul.)

Nota. - Le médium avait eu l'intention d'évoquer Latour depuis le moment du supplice; ayant demandé à son guide spirituel s'il pouvait le faire, il lui fut répondu d'attendre le moment qui lui serait indiqué. Ce ne fut que le 3 octobre qu'il en reçut l'autorisation, après avoir lu l'article de la Revue où il en est parlé.

D. Avez-vous entendu mes prières? - R. Oui, malgré mon trouble, je les ai entendues et je vous en remercie.

J'ai été évoqué presque après ma mort, et je n'ai pu me communiquer de suite, mais beaucoup d'Esprits légers ont pris mon nom et ma place. J'ai profité de la présence à Bruxelles du président de la Société de Paris, et avec la permission des Esprits supérieurs, je me suis communiqué.

Je viendrai me communiquer à la Société, et je ferai des révélations qui seront un commencement de réparation de mes fautes, et qui pourront servir d'enseignement à tous les criminels qui me liront et qui réfléchiront au récit de mes souffrances.

Les discours sur les peines de l'enfer font peu d'effet sur l'esprit des coupables, qui ne croient pas à toutes ces images, effrayantes pour les enfants et les hommes faibles. Or, un grand malfaiteur n'est pas un Esprit pusillanime, et la crainte des gendarmes agit plus sur lui que le récit des tourments de l'enfer. Voilà pourquoi tous ceux qui me liront seront frappés de mes paroles, de mes souffrances, qui ne sont pas des suppositions. Il n'y a pas un seul prêtre qui puisse dire: « J'ai vu ce que je vous dis, j'ai assisté aux tortures des damnés. » Mais lorsque je viendrai dire: - « Voilà ce qui s'est passé après la mort de mon corps; voilà quel a été mon désenchantement, en reconnaissant que je n'étais pas mort, comme je l'avais espéré, et que ce que j'avais pris pour la fin de mes souffrances était le commencement de tortures impossibles à décrire. » Alors, plus d'un s'arrêtera sur le bord du précipice où il allait tomber; chaque malheureux que j'arrêterai ainsi dans la voie du crime servira à racheter une de mes fautes. C'est ainsi que le bien sort du mal, et que la bonté de Dieu se manifeste partout, sur la terre comme dans l'espace.

Il m'a été permis d'être affranchi de la vue de mes victimes, qui sont devenues mes bourreaux, afin de me communiquer à vous; mais en vous quittant je les reverrai, et cette seule pensée me fait souffrir plus que je ne peux dire. Je suis heureux lorsqu'on m'évoque, car alors je quitte mon enfer pour quelques instants. Priez toujours pour moi; priez le Seigneur pour qu'il me délivre de la vue de mes victimes.

Oui, prions ensemble, la prière fait tant de bien!… Je suis plus allégé; je ne sens plus autant la pesanteur du fardeau qui m'accable. Je vois une lueur d'espérance qui luit à mes yeux, et plein de repentir, je m'écrie: Bénie soit la main de Dieu; que sa volonté soit faite!

J. LATOUR.

Le guide spirituel du médium dicte ce qui suit:

« Ne prends pas les premiers cris de l'Esprit qui se repent comme le signe infaillible de ses résolutions. Il peut être de bonne foi dans ses promesses, parce que la première impression qu'il ressent en se noyant dans le monde des Esprits est tellement foudroyante, qu'au premier témoignage de charité qu'il reçoit d'un Esprit incarné il se livre aux épanchements de la reconnaissance et du repentir. Mais parfois la réaction est égale à l'action, et souvent cet Esprit coupable, qui a dicté à un médium de si bonnes paroles, peut revenir à sa nature perverse, à ses penchants criminels. Comme un enfant qui s'essaye à marcher, il a besoin d'être aidé pour ne pas tomber. »

Le lendemain, l'Esprit de Latour est de nouveau évoqué.

LE MÉDIUM. - Au lieu de demander à Dieu de vous délivrer de la vue de vos victimes, je vous engage à prier avec moi pour lui demander la force de supporter cette torture expiatrice.

LATOUR. - J'aurais préféré être délivré de la vue de mes victimes. Si vous saviez ce que je souffre! L'homme le plus insensible serait ému s'il pouvait voir, imprimées sur ma figure comme avec le feu, les souffrances de mon âme. Je ferai ce que vous me conseillez. Je comprends que c'est un moyen un peu plus prompt d'expier mes fautes. C'est comme une opération douloureuse qui doit rendre la santé à mon corps bien malade.

Ah! si les coupables de la terre pouvaient me voir, qu'ils seraient effrayés des conséquences de leurs crimes qui, cachés aux yeux des hommes, sont vus par les Esprits! Que l'ignorance est fatale à tant de pauvres gens!

Quelle responsabilité assument ceux qui refusent l'instruction aux classes pauvres de la société! Ils croient qu'avec les gendarmes et la police ils peuvent prévenir les crimes. Comme ils sont dans l'erreur! On doublerait, on quadruplerait le nombre des agents de l'autorité, que les mêmes crimes se commettraient, parce qu'il faut que les mauvais Esprits incarnés commettent des crimes.

Je me recommande à votre charité.

Remarque. - C'est sans doute par un reste des préjugés terrestres que Latour dit: « Il faut que les mauvais Esprits incarnés commettent des crimes. » Ce serait la fatalité dans les actions des hommes, doctrine qui les excuserait toutes. Il est du reste assez naturel qu'au sortir d'une pareille existence, l'Esprit ne comprenne pas encore la liberté morale, sans laquelle l'homme serait au niveau de la brute; on peut s'étonner qu'il ne dise pas de plus mauvaises choses.

La communication suivante, du même Esprit, a été obtenue spontanément à Bruxelles, par madame C…, le même médium qui avait servi d'instrument à la scène rapportée dans le numéro d'octobre.

« Ne craignez plus rien de moi; je suis plus tranquille, mais je soufre encore cependant. Dieu a eu pitié de moi, car il a vu mon repentir. Maintenant, je souffre de ce repentir qui me montre l'énormité de mes fautes.

« Si j'avais été bien guidé dans la vie, je n'aurais pas fait tout le mal que j'ai fait; mais mes instincts n'ont pas été réprimés, et j'y ai obéi, n'ayant connu aucun frein. Si tous les hommes pensaient davantage à Dieu, ou du moins si tous les hommes y croyaient, de pareils forfaits ne se commettraient plus.

« Mais la justice des hommes est mal entendue; pour une faute, quelquefois légère, un homme est enfermé dans une prison qui, toujours, est un lieu de perdition et de perversion. Il en sort complètement perdu par les mauvais conseils et les mauvais exemples qu'il y a puisés. Si cependant sa nature est assez bonne et assez forte pour résister au mauvais exemple, en sortant de prison toutes les portes lui sont fermées, toutes les mains se retirent devant lui, tous les cœurs honnêtes le repoussent. Que lui reste-t-il? le mépris et la misère. Le mépris, le désespoir, s'il sent en lui de bonnes résolutions pour revenir au bien; la misère le pousse à tout. Lui aussi alors méprise son semblable, le hait, et perd toute conscience du bien et du mal, puisqu'il se voit repoussé, lui qui cependant avait pris la résolution de devenir honnête homme. Pour se procurer le nécessaire, il vole, il tue parfois; puis on le guillotine!

« Mon Dieu, au moment où mes hallucinations vont me reprendre, je sens votre main qui s'étend vers moi; je sens votre bonté qui m'enveloppe et me protège. Merci, mon Dieu! Dans ma prochaine existence, j'emploierai mon intelligence, mon bien à secourir les malheureux qui ont succombé et à les préserver de la chute.

« Merci, vous qui ne répugnez pas à communiquer avec moi; soyez sans crainte; vous voyez que je ne suis pas mauvais. Quand vous pensez à moi, ne vous représentez pas le portrait que vous avez vu de moi, mais représentez-vous une pauvre âme désolée qui vous remercie de votre indulgence.

« Adieu; évoquez-moi encore, et priez Dieu pour moi.

« LATOUR. »

Remarque. - L'Esprit fait allusion à la crainte que sa présence inspirait au médium.

« Je souffre, dit-il en outre, de ce repentir qui me montre l'énormité de mes fautes. » Il y a là une pensée profonde. L'Esprit ne comprend réellement la gravité de ses méfaits que lorsqu'il se repent; le repentir amène le regret, le remords, sentiment douloureux qui est la transition du mal au bien, de la maladie morale à la santé morale. C'est pour y échapper que les Esprits pervers se raidissent contre la voix de leur conscience, comme ces malades qui repoussent le remède qui doit les guérir; ils cherchent à se faire illusion, à s'étourdir en persistant dans le mal. Latour est arrivé à cette période où l'endurcissement finit par céder; le remords est entré dans son cœur; le repentir s'en est suivi; il comprend l'étendue du mal qu'il a fait; il voit son abjection, et il en souffre; voilà pourquoi il dit: « Je souffre de ce repentir. » Dans sa précédente existence, il a dû être pire que dans celle-ci, car s'il se fût repenti comme il le fait aujourd'hui, sa vie eût été meilleure. Les résolutions qu'il prend maintenant influeront sur son existence terrestre future; celle qu'il vient de quitter, toute criminelle qu'elle ait été, a marqué pour lui une étape du progrès. Il est plus que probable qu'avant de la commencer il était, dans l'erraticité, un de ces mauvais Esprits rebelles, obstinés dans le mal, comme on en voit tant.

Beaucoup de personnes ont demandé quel profit on pouvait tirer des existences passées, puisqu'on ne se souvient ni de ce que l'on a été ni de ce que l'on a fait.

Cette question est complètement résolue par le fait que, si le mal que nous avons commis est effacé, et s'il n'en reste aucune trace dans notre cœur, le souvenir en serait inutile, puisque nous n'avons plus à nous en préoccuper. Quant à celui dont nous ne nous sommes pas entièrement corrigés, nous le connaissons par nos tendances actuelles; c'est sur celles-ci que nous devons porter toute notre attention. Il suffit de savoir ce que nous sommes, sans qu'il soit nécessaire de savoir ce que nous avons été.

Quand on considère la difficulté, pendant la vie, de la réhabilitation du coupable le plus repentant, la réprobation dont il est l'objet, on doit bénir Dieu d'avoir jeté un voile sur le passé. Si Latour eût été condamné à temps, et même s'il eût été acquitté, ses antécédents l'eussent fait rejeter de la société. Qui aurait voulu, malgré son repentir, l'admettre dans son intimité? Les sentiments qu'il manifeste aujourd'hui comme Esprit, nous donnent l'espoir que, dans sa prochaine existence terrestre, il sera un honnête homme, estimé et considéré; mais supposez qu'on sache qu'il a été Latour, la réprobation le poursuivra encore. Le voile jeté sur son passé lui ouvre la porte de la réhabilitation; il pourra s'asseoir sans crainte et sans honte parmi les plus honnêtes gens. Combien en est-il qui voudraient à tout prix pouvoir effacer de la mémoire des hommes certaines années de leur existence!

Que l'on trouve une doctrine qui se concilie mieux que celle-ci avec la justice et la bonté de Dieu! Au reste, cette doctrine n'est pas une théorie, mais un résultat d'observation. Ce ne sont point les Spirites qui l'ont imaginée; ils ont vu et observé les différentes situations dans lesquelles se présentent les Esprits; ils ont cherché à se les expliquer, et de cette explication est sortie la doctrine. S'ils l'ont acceptée, c'est parce qu'elle résulte des faits, et qu'elle leur a paru plus rationnelle que toutes celles émises jusqu'à ce jour sur l'avenir de l'âme.

Latour a été maintes fois évoqué, et cela était assez naturel; mais, comme il arrive en pareil cas, il y a eu bien des communications apocryphes, et les Esprits légers n'ont pas manqué cette occasion. La situation même de Latour s'opposait à ce qu'il pût se manifester presque simultanément sur tant de points à la fois; cette ubiquité n'est le partage que des Esprits supérieurs.

Les communications que nous avons rapportées sont-elles plus authentiques? Nous le croyons, nous le désirons surtout pour le bien de cet Esprit. A défaut de ces preuves matérielles qui constatent l'identité d'une manière absolue, ainsi qu'on en obtient souvent, nous avons tout au moins les preuves morales qui résultent, soit des circonstances dans lesquelles ces manifestations ont eu lieu, soit de la concordance; sur les communications que nous connaissons, venues de sources différentes, les trois quarts au moins s'accordent pour le fond; parmi les autres, il en est qui ne supportent pas l'examen, tant l'erreur de situation est évidente, et en contradiction flagrante avec ce que l'expérience nous apprend sur l'état des Esprits dans le monde spirituel.

Quoi qu'il en soit, on ne peut refuser à celles que nous avons citées un haut enseignement moral. L'Esprit a pu être, a même dû être aidé dans ses réflexions, et surtout dans le choix de ses expressions, par des Esprits plus avancés; mais, en pareil cas, ces derniers n'assistent que dans la forme et non dans le fond, et ne mettent jamais l'Esprit inférieur en contradiction avec lui-même. Ils ont pu poétiser chez Latour la forme du repentir, mais ils ne lui auraient point fait exprimer le repentir contre son gré, parce que l'Esprit a son libre arbitre; ils voyaient en lui le germe de bons sentiments, c'est pourquoi ils l'ont aidé à les exprimer, et par là ils ont contribué à les développer en même temps qu'ils ont appelé sur lui la commisération.

Est-il rien de plus saisissant, de plus moral, de nature à impressionner plus vivement, que le tableau de ce grand criminel repentant, exhalant son désespoir et ses remords; qui, au milieu de ses tortures, poursuivi par le regard incessant de ses victimes, élève sa pensée vers Dieu pour implorer sa miséricorde? N'est-ce pas là un salutaire exemple pour les coupables? Tout est sensé dans ses paroles; tout est naturel dans sa situation, tandis que celle qui lui est faite par certaines communications est ridicule. On comprend la nature de ses angoisses; elles sont rationnelles, terribles, quoique simples et sans mise en scène fantasmagorique. Pourquoi n'aurait-il pas eu du repentir? Pourquoi n'y aurait-il pas en lui une corde sensible vibrante? C'est précisément là le côté moral de ses communications; c'est l'intelligence qu'il a de sa situation; ce sont ses regrets, ses résolutions, ses projets de réparation qui sont éminemment instructifs. Qu'eût-on trouvé d'extraordinaire à ce qu'il se repentît sincèrement avant de mourir; qu'il eût dit avant ce qu'il a dit après?

Un retour au bien avant sa mort eût passé aux yeux de la plupart de ses pareils pour de la faiblesse; sa voix d'outre-tombe est la révélation de l'avenir qui les attend. Il est dans le vrai absolu quand il dit que son exemple est plus propre à ramener les coupables que la perspective des flammes de l'enfer, et même de l'échafaud. Pourquoi donc ne le leur donnerait-on pas dans les prisons? Cela en ferait réfléchir plus d'un, ainsi que nous en avons déjà plusieurs exemples. Mais comment croire à l'efficacité des paroles d'un mort, quand on croit soi-même que quand on est mort tout est fini? Un jour cependant viendra où l'on reconnaîtra cette vérité que les morts peuvent venir instruire les vivants.

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