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Revista Espírita 1864 » Junho » O Espírito batedor da irmã Maria Revue Spirite 1864 » Juin » L'Esprit frappeur de la soeur Marie.

O relato que segue é de uma carta cujo original temos em mãos, e que transcrevemos textualmente.

 

“Em Viviers, neste 10 de abril de 1741.

“Ninguém no mundo, meu caro de Noailles, melhor do que eu vos pode informar de tudo quanto se passou na cela da Irmã Maria, e se a descrição que fizestes nos meteu a ridículo em nossa cidade, quero partilhá-lo convosco. A força da verdade vencerá sempre em mim o medo de passar por um visionário e um homem demasiado crédulo.

“Eis, pois, um resumo de tudo o que vi e ouvi durante quatro noites que ali passei, e comigo mais de quarenta pessoas, todas dignas de fé. Só vos relatarei os fatos mais notáveis.

“A 23 de março, dia da Anunciação, eu soube, pela voz pública, que há três dias ouviam-se, todas as noites, grandes ruídos na cela da Irmã Maria; que as duas Irmãs de São Domingos, que moram com ela, tinham ficado tão apavoradas que tinham man­dado chamar o Pe. Chambon, cura de Saint-Laurent, o qual, tendo vindo, uma hora depois de meia noite àquela cela, tinha ouvido os quadros batendo nas paredes, uma pia de água benta, de louça, mover-se com ruído e uma cadeira de madeira posta no meio da cela cair seis vezes. Confesso, senhor, que ao ouvir isto, não deixei de fazer troça; as devotas de todos os tipos sujeitaram-se à minha crítica, e desde então resolvi ir passar a noite seguinte junto a essa Irmã Maria, bem persuadido de que em minha presença tudo ficaria no silêncio, ou que eu descobriria a impostura. Com efeito, naquele dia, às nove horas da noite, fui para aquela casa. Interroguei muitas Irmãs, sobretudo a Irmã Maria, que me pareceu instruída da causa de todos esse ruídos, mas não nos quis comunicar. Então fiz uma busca muito cuidadosa em seu quarto. Olhei por cima e por baixo da cama, as paredes, os quadros. Tudo foi examinado com muito cuidado e nada tendo descoberto que pudesse ocasionar todos esses ruídos, determinei que todos saíssem do quarto, com ordem de que ninguém entrasse senão eu. Instalei-me perto da lareira, no quarto vizinho; deixei a porta da cela aberta, e na soleira da porta coloquei uma vela, de modo que eu via, do meu posto, a um passo do leito, a cadeira que eu havia ali colocado, e quase que toda a cela. Às 10 horas os Srs. d’Entrevaux e Archambaud vieram juntar-se a mim, e com eles dois artífices de nossa cidade.

“Pelas onze e meia ouvi a cadeira mexer-se e logo acorri. Tendo-a encontrado caída, levantei-a e a coloquei mais longe do leito da doente, pois não queria perdê-la de vista. Os Srs. d’Entrevaux e Archambaud tomaram a mesma precaução e, após um momento, nós a vimos mexer-se pela se­gunda vez; a pia de água benta, colocada no leito da Irmã Maria, mas a uma altura que ela não podia atingir, tiniu várias vezes e um quadro bateu três vezes na parede. No momento fui falar com a doente. Encontrei-a extremamente oprimida, e dessa opressão ela caiu num esgotamento ou perdeu o conhecimento e o uso de todos os sentidos, que se reduziram à audição. Eu próprio fui o seu médico; por meio de água de lavanda, dentro em pouco ela voltou a si. De quinze em quinze minutos ouvíamos o mesmo ruído, e achando os quadros sempre no mesmo estado, ordenei que esse barulhento, fosse quem fosse, batesse três vezes com o quadro na parede e o virasse com a frente para trás: fui obedecido nesse momento. Um instante após, ordenei-lhe que repusesse o quadro na primeira posição e obtive uma segunda prova de sua submissão às minhas ordens.

“Como me apercebei que não havia nada de barulhento na cela senão uma cadeira, dois quadros e uma pia de água benta, recolhi todas essas coisas. Então, o ruído passou para as imagens, que ouvimos mover-se várias vezes, e a um pequeno crucifixo que estava pendurado num prego, na parede. Não ouvimos nem vimos nada mais nessa noite. Tudo ficou calmo e tranquilo às cinco horas da manhã. Não fizemos segredo sobre tudo quanto tínhamos visto e ouvido e vos deixo a pensar se não fui enganado em minha visão. Induzi os mais incrédulos a acreditar. Lá fomos, três noites seguidas, e eis o que me pareceu mais surpreendente. Só vos relatarei certos fatos, pois seria longo se quisesse entrar em todos os detalhes. Deve bastar que vos diga que os Srs. Digoine, Bonfils, d’Entrevaux, Chambon, Faure, Allier, Aoust, Grange, Bouron, Bonnier, Fontenès, Robert e muitos outros os testemunharam.

“Tendo-se espalhado na cidade o boato de que a Irmã Maria podia ser a atriz dessa comédia, modifiquei a boa opinião em que a tinha; quis mesmo suspeitar de trapaça e, posto seja ela paralítica, segundo o atestado do nosso médico e de todos os que dela se aproximam e nos asseguram que há mais de três anos ela não movimenta nem a cabeça, eu quis admitir que ela pudesse mover-se e, com tal suposição, eis, senhor, de que maneira agi:

“Durante três dias seguidos, às nove da noite, fui à casa da Irmã. Preveni-a dos expedientes que ia tomar para não ser enganado, em presença de cinco ou seis dos senhores já citados. Mandei costurá-la em suas vestes. Ela estava colocada e envolvida em seu leito como uma criança de um mês em seu berço. Tomei ainda dois papelotes, colocando-os em forma de cruz sobre seu peito, de modo que ela não podia fazer qualquer movimento sem que a cruz se desarrumasse.

“Nesse mesmo dia ela havia contado o mistério ao Pe. Chambon, que a dirige na ausência do Sr. Bispo, e ao Pe. David, diretor do nosso seminário. O primeiro pediu-lhe e ela permitiu que ele me informasse da causa de todos esses ruídos. Então entrei na confidência, e ela me informou que era uma alma sofredora, cujo nome indicou, e que vinha com a permissão de Deus para que fossem aliviadas as suas penas. Assim informado e precatado contra o erro, não deixei ninguém em sua cela. Éramos oito naquela noite, todos determinados a em nada acreditar. Pelas onze horas os quadros e a pia se fizeram ouvir. Então o Sr. Digoine e eu fomos colocar-nos à porta, com uma luz à mão. É preciso notar que a cela é pequena, que do meio eu podia alcançar as quatro paredes apenas estendendo os braços. Tão logo nos colocamos, o quadro bateu contra a parede. Acorremos logo e encontramos o quadro sem movimento e a doente na mesma posição. Retomamos o nosso posto e, tendo o quadro batido uma segunda vez, acorremos à primeira pancada e vimos o qua­dro virar no ar e rodar sobre o leito. Coloquei-o na janela. Um momento depois ele bateu três vezes, à vista de todos aqueles senhores. Querendo convencer-me cada vez mais da veracidade do fato contado pela Irmã Maria, ordenei a esse Espírito sofredor que tomasse o crucifixo da parede e o pusesse sobre o peito da doente. Ele obedeceu imediatamente. Todos os senhores que estavam comigo foram testemunhas. Ordenei-lhe que repusesse o crucifixo no lugar e movesse a pia com força. Ele obedeceu, da mesma forma, e como então eu tinha tido o cuidado de pôr a pia à vista de todos, ouvimos o ruído e vimos o movimento. Não bastando tais sinais para me convencer, exigi novas provas. Coloquei uma mesa ao pé do leito da doente e disse a esse Espírito sofredor que de boa vontade lhe ofereceríamos nossos votos e nossas preces, mas que, sendo o sacrifício da missa o mais seguro para o alívio de suas penas, ordenei-lhe que desse tantas pancadas sobre a mesa quantas missas quisesse que fossem ditas em seu favor. Ele bateu no mesmo instante e contamos trinta e três pancadas. Então combinamos entre nós as providências para nos desincumbirmos o quanto antes dessa tarefa, e no tempo que conversávamos, os quadros, a pia e o crucifixo batiam, todos ao mesmo tempo, com mais ruído que nunca.

“Eram duas horas depois da meia noite, e mandei despertar o Pe. Chambon, que foi testemunha de tudo quanto lhe havíamos contado, pois em sua presença nós lhe fizemos repetir as 33 batidas. O Pe. Chambon lhe ordenou que pegasse o crucifixo e o transportasse para uma certa cadeira. Logo ouvimos uma pancada sobre essa cadeira, corremos e encontramos o crucifixo embaixo da cama, a um passo da cadeira. Pedi, um após outro, ao Cônego Digoine, ao Pe. Chambon e ao Pe. Robert que se escondessem na cela, para verificar se viam algo. Eles ouviram duas vozes diferentes no leito da doente. Distinguiram perfeitamente a da doente, que fazia muitas perguntas; quanto à outra, não puderam discernir a resposta, pois se expli­cava em tom muito baixo e rápido. Esses senhores me passaram essa informação, e fui conferi-la com a Irmã Maria, que confessou o fato.

“Propus àqueles senhores dizer um De profundis pelo alívio das penas dessa alma sofredora e, acabada a prece, a cadeira caiu, os quadros bateram e a pia soou. Eu disse a esse Espírito que íamos dizer cinco Pater e cinco Ave em honra das cinco chagas de Nosso Senhor, e que lhe ordenava, para provar que a prece lhe agradava, que derrubasse a cadeira uma segunda vez, mas com mais força que da primeira vez. Tão logo nos ajoelhamos, a cadeira, sob as nossas vistas e a dois passos de nós, caiu para a frente, levantou-se e caiu para trás.

“Vendo a docilidade desse Espírito e a presteza em obedecer, julguei poder tentar tudo. Pus sobre o leito da doente 40 moedas de prata e ordenei que as contasse. Imediatamente ouvimos contá-las num copo de vidro que eu havia posto perto. Tomei as moedas e coloquei sobre a mesa. Ordenei a mesma coisa e logo obedeceu. Aí pus um escudo de seis francos e mandei que com ele indicasse o número de missas de que necessitava. Ele bateu 33 vezes com o escudo na parede. Fiz entrarem os Padres Digoine, Bonfils e d’Entrevaux na cela, afastamos as cortinas do leito, colocamos a vela sobre a cama e mandei o Espírito bater e nos designar o número de missas. Os quatro víamos a Irmã Maria sempre no mesmo estado, sem movimento, e com os papelotes em forma de cruz, ainda arrumados e contamos 33 batidas na parede. É de observar que na cela vizinha, que corresponde a essa parede, não havia viva alma. Tínhamos tido o cuidado de afastar tudo quanto pudesse fazer brotar em nós a menor suspeita.

“Por fim, senhor, tentei uma outra via. Escrevi estas palavras num papel: Eu te ordeno, alma sofredora, que nos digas quem és, tanto para nossa consolação quanto para a alimentação de nossa fé. Escreve, pois, o teu nome neste papel, ou, ao me­nos, nele faz uma marca, e por aí conheceremos a necessidade que tens de nossas preces. Coloquei esse escrito debaixo da cama da doente, com um tinteiro e uma pena. Um instante depois ouvi a pia tilintar. Acorremos todos ao ruído, achamos o papel ao mesmo tempo e o crucifixo sobre ele. Ordenei-lhe que pusesse o crucifixo em seu lugar e marcasse o papel. Então dissemos a ladainha da Virgem e, acabada a prece, encontramos o crucifixo em seu lugar e na parte inferior do papel duas cruzes feitas com a pena. O Pe. Chambon, que estava bem perto do leito, ouviu o ruído da pena no papel. Eu poderia contar-vos muitos outros fatos igualmente surpreendentes, mas o detalhe me levaria muito longe.

“Sem dúvida perguntareis, meu caro senhor, o que penso desta aventura. Vou fazer minha profissão de fé. Estabeleço em primeiro lugar que o ruído que vi e ouvi tem uma causa. Os quadros, as cadeiras, a pia, etc., são seres inanimados, que não podem mover-se por si mesmos. Então, qual a causa que lhes deu o movimento? É preciso que ela seja necessariamente natural ou sobrenatural. Se for natural, não poderá ser senão a Irmã Maria, pois não havia senão ela no quarto. Não se pode pretender que o ruído tenha sido produzido por molas, pois examinamos tudo com a maior atenção, até desmontando os quadros, e se um simples cabelo tivesse respondido pela pia ou pela cadeira nós o teríamos percebido.

“Ora, eu digo que a Irmã Maria não é a causa. Ela não quis, digo mais, ela não nos pôde enganar. Ela não o quis, porque seria possível que uma jovem que está em odor de santidade, uma jovem cuja vida é um milagre contínuo, pois está constatado que há três anos ela não come nem bebe e que de seu corpo nada sai senão uma porção de pedras; que uma jovem que sofre há seis anos tudo quanto se pode sofrer, e sempre com uma paciência admirável; que uma jovem que só abre a boca para orar e que faz transparecer em tudo o que diz a mais profunda humildade; é possível, digo eu, que ela tenha querido nos enganar impondo assim a todo um público, ao seu bispo, ao seu confessor e a uma porção de sacerdotes que a interrogaram a respeito? Achamos em tudo quanto ela disse uma concordância maravilhosa, jamais a menor contradição, caráter único da verdade, e a mentira não se sustentaria. Não creio que os mártires tenham sofrido mais do que sofre esta santa jovem. Há épocas do ano em que o seu corpo é uma só chaga; vê-se saindo sangue e pus pelos ouvidos e muitas vezes lhe arrancam vermes muito compridos, que saem pelas narinas. Ela sofre e continuamente pede a Deus que a faça sofrer. Uma coisa maravilhosa é que todos os anos, na quinzena da Páscoa, lhe colhem um vômito de sangue; passado o vômito, a garganta fica desobstruída, ela recebe o santo viático e um instante depois se fecha totalmente. Foi o que lhe aconteceu quarta-feira última.

“Digo, em segundo lugar, que ela não nos pôde enganar. Ela não tem a menor possibilidade de agir, pois é paralítica, como eu já disse, e uma senhorita de nossa cidade ficou plenamente convencida quando lhe enterrou uma agulha na coxa. Aliás, vedes as precauções que tomamos. Costuramo-la em suas roupas, e muitas vezes mantida sob nossas vistas. Então não é ela. Que me dizeis, então? A consequência é fácil de tirar de tudo quanto tenho a honra de vos dizer neste relato.

 

“Assinado: †Abade DE SAINT-PONC

cônego apresentador.”

 

OBSERVAÇÃO: Há evidente analogia entre estes fatos e os do Espírito batedor de Bergzabern e de Dibbelsdorf, relatados na Revista Espírita de maio, junho, julho e agosto de 1858, salvo que neste o Espírito nada tinha de malévolo. São constatados por um homem cujo caráter não pode ser suspeito, e que não observou levianamente. Se, como pretendem certas pessoas, só o diabo se manifesta, como viria junto a uma moça em odor de santidade? Ora, é de notar que ela não era apavorada nem atormentada; ela própria sabia, e as experiências constataram, que era uma alma sofredora. Se não é o diabo, então outros Espíritos podem comunicar-se?

Duas circunstâncias têm uma analogia particular com o que hoje vemos. Para começar, o primeiro pensamento é que há trapaça por parte da pessoa junto à qual se produzem os fenômenos, malgrado as impossibilidades materiais que às vezes existem. Na situação física e moral dessa moça, não se compreende que a suspeita de um jogo tenha podido entrar no espírito das outras religiosas.

O segundo fato é mais importante. Se alguns dos fenômenos ocor­reram sob as vistas de pessoas presentes, na maioria se produziam quando essas pessoas estavam no quarto ao lado, quando de costas e na ausência de luz direta, como muitas vezes se tem observado em nossos dias. A que se deve isto? É o que não está ainda suficientemente explicado. Tendo esses fenômenos uma causa material, e não sobrenatural, poderia acontecer que, como em certas operações químicas, a luz difusa fosse mais favorável à ação dos fluidos de que se serve o Espírito. A física espiritual ainda está na infância.


Le récit suivant est relaté dans une lettre dont l'original est entre nos mains, et que nous transcrivons textuellement.

« A Viviers, ce 10 avril 1741.

« Personne au monde, mon cher de Noailles, ne peut mieux que moi vous instruire de tout ce qui s'est passé dans la cellule de la sœur Marie, et si le récit que vous en avez fait nous a donné un ridicule dans notre ville, je veux le partager avec vous; la force de la vérité l'emportera touiours chez moi sur la crainte de passer pour un visionnaire et un homme trop crédule.

« Voicy donc une petite relation de tout ce que j'ay vu et entendu pendant quatre nuits que j'y ai passées, et avec moi plus de quarante personnes toutes dignes de foi. Je ne vous rapporterai que les faits les plus remarquables.

« Le 23 mars, jour de l'Annonciation, j'appris par la voix publique que depuis trois jours l'on entendoit toutes les nuits de grands bruits dans la chambre de la sœur Marie; que les deux sœurs de Saint- Dominique qui habitent avec elle en avoient été si effrayées qu'elles avoient fait appeler M. Chambon, curé de Saint-Laurent, lequel s'étant rendu à une heure après minuit dans cette chambre avoit entendu des tableaux frapper contre la muraille, un bénitier de faÿence remuer avec bruit et avoit vu une chaise de bois placée au milieu de cette cellule se renverser pendant six fois. Je vous avoüe, monsieur, qu'à ce récit, je ne manquay pas de faire bien des plaisanteries; les dévotes en gros et en détail furent suiettes à ma critique, et dès lors, je résolus d'aller passer la nuit suivante chez cette sœur Marie, bien persuadé qu'en ma présence tout seroit dans le silence ou que je découvrirois l'imposture. En effet, je me rendis ce jour-là même à neuf heures du soir dans cette maison. Je questionnay beaucoup ces sœurs, surtout la sœur Marie qui me parut instruite de la cause de tous ces bruits, mais qui ne voulut pas m'en faire part. Alors, je fis une recherche très-exacte dans cette chambre; je regardai dessus, dessous le lit; les murailles, les tableaux, tout fut examiné avec beaucoup de soin, et n'aÿant rien découvert qui pût occasionner tous ces bruits, je fis sortir tout le monde de cette chambre, avec ordre que personne n'y entreroit que moi. Je me plaçay auprès du feu dans la chambre suivante; je laissay la porte de la cellule ouverte, et sur le seuil de la porte, j'y plaçay une chandelle au moyen de quoi je voÿois de ma place à un pas du lit la chaise que j'y avois placée et presque toute la chambre en entier. A 10 heures MM. d'Entrevaux et Archambaud vinrent me joindre, et avec eux deux artisans de notre ville.

« Sur les onze heures et demi, j'entendis la chaise se remuer et j'accourus aussitôt, et l'aÿant trouver renversée, je la relevai, j'en pris une seconde que je plaçay dans un plus grand éloignement du lit de la malade; je ne voulus point la perdre de vüe. MM. d'Entrevaux et Archambaud prirent la même précaution, et un moment après nous la vîmes se remuer une seconde fois, le bénitier placé dans le lit de la sœur Marie, mis à une hauteur qu'elle ne sauroit l'atteindre, tinta plusieurs coups, et un tableau frappa trois coups contre la muraille. Je fus dans le moment parler à notre malade; je la trouvay extrêmement oppressée, et de cette oppression elle tomba dans un évanouissement ou elle perdit la connaissance et l'usage de tous ses sens qui se réduisent à l'ouÿe; je fus moi-même son médecin; au moÿen de l'eau de lavande, elle revint en peu de temps à elle-même. De quart d'heure en quart d'heure nous entendions le même bruit, et trouvant touiours les tableaux dans le même état, j'ordonnai à ce bruyant, quelqui fût, de frapper avec le tableau trois coups contre la muraille et de le tourner devant derrière: je fus obéi dans le moment; un instant après je lui ordonnay de remettre le tableau dans la première situation, je reçus une seconde preuve de sa soumission à mes ordres.

« Comme je m'aperçus qu'il n'y avait rien de bruÿant dans cette chambre qu'une chaise, deux tableaux et un bénitier, je m'emparay de tous ces meubles, alors le bruit s'attacha à des images que nous entendîmes remüer plusieurs fois, et à un petit crucifix qui étoit pendu à un clou contre la muraille. Nous n'entendîmes ni ne vîmes rien de particulier cette nuit; tout fut calme et tranquille à cinq heures du matin. Nous ne gardâmes pas le secret sur tout ce que nous avions vû et entendu et je vous laisse à penser si je ne fus pas badiné sur ma vision. J'engageay les plus incrédules à être de la partie; nous y fûmes trois soirs de suitte, et voici ce qui m'a paru le plus surprenant. Je ne vous rapporterai que certains faits, ce seroit trop long si je voulois entrer dans ce détail; il doit suffire de vous dire icy que MM. Digoine, Bonfils, d'Entrevaux, Chambon, Faure, Allier, Aoust, Grange, Bouron, Bonnier, Fontenès, Robert le hucanteur et beaucoup d'autres en ont été les témoins.

« Le bruit s'étant répandu dans la ville que la sœur Marie pouvoit être l'actrice de cette comédie, je me départis delors de la bonne opinion que j'avois d'elle; je voulus bien la soupçonner de fourberie, et quoiqu'elle soit paralitique de l'aveu de notre médecin et de tous ceux qui l'approchent qui nous assurent que depuis plus de trois ans elle n'a la liberté que de remuer la tête, je voulus bien supposer qu'elle pouvoit agir, et dans cette supposition voicy, monsieur, de quelle façon je m'y pris:

« Je me rendis pendant trois jours consécutifs à neuf heures du soir dans la maison de la sœur. Je la prévins sur les expédiens que j'allois prendre pour n'être point trompé, en présence de cinq à six des messieurs que j'ay déià nommés. Je la fis coudre dans ses drapts; elle étoit placée et enveloppée dans son lit comme un enfant d'un mois dans son berceau. Je pris de plus deux papillotes que je mis en forme de croix sur la poitrine de façon qu'elle ne pouvoit faire aucun mouvement sans que cette croix fût dérangée.

« Elle avait ce jour-là même dévelopé le mistère à M. Chambon, qui la dirige à l'absence de M. l'Evêque et à M. David directeur de notre séminaire, ce premier la pria et lui permit de m'apprendre la cause de tous ces bruits; j'entray delors dans la confidence, et elle m'apprit que c'étoit là une âme souffrante qu'elle me nomma et qui venait par la permission de Dieu pour qu'on la soulageât dans ses peines. Ainsi instruit et précautionné contre l'erreur, je ne laissai personne dans sa chambre. Nous étions huit ce soir-là et tous déterminés à ne rien croire. Sur les 11 heures, les tableaux et le bénitier se firent entendre. Alors M. Digoine et moi fûmes nous placer à la porte avec un flambeau à la main; il faut observer que cette cellule est petite, que du milieu je pouvois atteindre les quatre murailles sans faire d'autres mouvemens que tendre les bras. A peine fûmes-nous placés que le tableau frappa contre la muraille; nous accourûmes aussitôt, nous trouvâmes le tableau sans mouvement et la malade dans la même situation; nous reprîmes notre même poste et le tableau aÿant frappé une seconde fois, nous accourûmes au premier coup et nous vîmes ce tableau tourner en l'air et tourner sur le lit. Je le plaçay à la fenêtre; un moment après ce tableau frappa trois coups à la vüe de tous ces messieurs. Voulant de plus en plus me convaincre de la vérité du fait que m'avoit avancé la sœur Marie, j'ordonnai à cet Esprit souffrant de prendre le crucifix qui étoit contre la muraille et de le porter sur la poitrine de la malade; il obéit dans le moment; tous les messieurs qui étoient avec moi en furent les témoins. Je lui ordonnai de remettre le crucifix à sa place et de remüer le bénitier avec force; il obéit également, et comme alors j'avois eu soin de mettre le bénitier en vüe de tout le monde, nous entendîmes le bruit et nous vîmes le mouvement. Tous ces signes n'étants pas capables de me convaincre, j'exijay des nouvelles preuves; je plaçay une table au pied du lit de la malade, et je dis à cet Esprit souffrant que nous lui offrions volontiers nos vœux et nos prières, mais que le sacrifice de la messe étant le plus sur pour le soulagement de ses peines, je lui ordonnai de frapper autant de coups sur cette table qu'il vouloit que l'on dît des messes pour lui. Il frappa dans l'instant et nous comptâmes trente-trois coups; alors nous prîmes des arrangements entre nous pour les acquitter au plutôt, et dans le tems que nous conferions à ce suiet les tableaux, le bénitier, le crucifix frappèrent tous ensemble et avec plus de bruit que jamais.

« Il étoit deux heures après minuit et je fus faire lever M. Chambon qui fut témoin de tout ce que nous lui avions raconté, puisqu'en sa présence nous lui fimes répéter les 33 coups. M. Chambon lui ordonna de prendre le crucifix et de le porter sur une telle chaise; aussitôt nous entendons frapper un coup sur cette chaise, nous accourons et nous trouvons le crucifix tout à fait au bas du lit à un pas de cette chaise. Je priay tour à tour M. le chanoine Digoine, M. Chambon et M. Robert de se cacher dans la cellule pour examiner s'ils ne verroient rien; ils entendirent deux voix différentes dans le lit de la malade; ils distinguèrent parfaitement celle de la malade qui faisoit plusieurs questions; quand à l'autre ils ne purent discerner sa réponse, elle s'expliquoit d'un ton fort bas et très rapide; ces messieurs m'en informèrent, je fus en conférer avec la sœur Marie qui m'avoüa le fait.

« Je proposai à ces messieurs de dire un De profundis pour le soulagement des peines de cette âme souffrante, et cette prière finie, la chaise se renversa, les tableaux frappèrent et le bénitier tinta. Je dis à cet Esprit que nous allions dire cinq Pater et cinq Ave à l'honneur des cinq plaÿes de Notre-Seigneur, et que je lui ordonnois, pour preuve que cette prière lui agréoit, de renverser une seconde fois la chaise, mais avec plus de force que la première. A peine eûmes nous fléchi le genouil que cette chaise, placée devant nos yeux et à deux pas de nous, se renversa en avant, se releva et tomba en arrière.

« Voyant la docilité de cet Esprit et sa promptitude à obéir, je crus pouvoir tout tenter; je mis sur le lit de la sœur 40 pièces d'argent et lui ordonnay de les compter; sur le champ, nous les entendîmes compter dans un gobelet de verre que j'avais placé tout auprès; je prends cette monnoye et la place sur la table; je lui ordonne la même chose et il obéit dans le moment. J'y mets un écu de six francs et lui ordonne de me désigner avec cet écu le nombre des messes qui lui sont nécessaires; il frappe avec l'écu 33 coups contre la muraille. Je fais entrer MM. Digoine, Bonfils, d'Entrevaux dans la chambre, nous tirons les rideaux du lit, nous plaçons la chandelle sur le lit et j'ordonne à cet Esprit de frapper et nous désigner le nombre des messes. Nous voyons tous les quatre la sœur Marie touiours dans le même état, sans mouvement et les deux papillottes en forme de croix nullement dérangées et nous comptons les 33 coups frapés contre la muraille. Il est à observer que dans la chambre voisine ou répond cette muraille, il n'y avait âme qui vive; nous avions pris soin d'éloigner tout ce qui auroit pu faire naître en nous le moindre soupçon.

« Enfin, monsieur, j'ay tenté une autre voye: j'écrivis sur du papier ces paroles: Je t'ordonne, âme souffrante, de nous dire qui tu es, tant pour notre consolation que pour l'entretien de notre foy. Ecris donc ton nom sur ce papier, ou du moins fais-y quelque marque, nous connoîtrons par là le besoin que tu as de nos prières. Je place cet écrit au bas du lit de la malade avec une écritoire et une plume; un instant après j'entends tinter le bénitier; nous accourons tous au bruit, nous trouvons le papier en même temps et le crucifix renversé dessus; je lui ordonne de mettre le crucifix à sa place et de marquer le papier; nous dîmes pour lors les litanies de la Vierge et notre prière finie nous trouvâmes le crucifix à sa place et au bas du papier deux croix formées avec la plume. M. Chambon qui étoit tout auprès du lit entendit le bruit de la plume sur le papier. Je pourois vous raconter bien d'autres faits également surprenans, mais ce détail me menerait trop loin.

« Vous me demanderez sans doute, mon cher monsieur, ce que je pense de cette avanture; je vais vous faire ma profession de foy. J'établis en premier lieu que le bruit que j'ai vu et entendu a été produit par une cause. Ces tableaux, cette chaise, ce bénitier, etc., sont des êtres inanimés qui ne peuvent se mouvoir d'eux-mêmes. Quelle est donc la cause qui leur a donné le mouvement? Il faut qu'elle soit nécessairement ou naturelle ou surnaturelle; si elle est naturelle, elle ne peut être que la sœur Marie puisqu'il n'y avoit qu'elle dans la chambre. On ne peut prétendre que ce bruit se soit fait par ressort; nous avons examiné le tout avec la dernière attention, jusqu'à demonter les tableaux, et n'y eût-il eu qu'un cheveu de tête qui eût répondu au bénitier ou à la chaise nous l'aurions aperçu.

« Or je dis que la sœur Marie n'en est pas la cause; elle n'a pas voulu, je dis plus, elle n'a pas pu nous tromper. Elle ne l'a pas voulu, car seroit-il possible qu'une fille qui est en odeur de sainteté, une fille dont la vie est un miracle continuel, puisqu'il est avéré que depuis trois ans elle n'a mangé ni bû et qu'il n'est sorti de son corps autre chose qu'une quantité de pierres; qu'une fille qui souffre depuis six ans tout ce qu'on peut souffrir et touiours avec une patience admirable; qu'une fille qui n'ouvre la bouche que pour prier et qui fait paroître en tout ce qu'elle dit l'humilité la plus profonde; est-il possible dis-je qu'elle aye voulu nous tromper en imposant ainsi à tout un public, à son évêque, à son confesseur et à quantité de prêtres l'ont questionnée à ce sujet? Nous avons trouvé dans tout ce qu'elle a dit un accord merveilleux, jamais la moindre contradiction, caractère unique de la vérité, le mensonge ne sauroit se soutenir. Je ne crois pas que les martirs ayent souffert plus que souffre cette sainte fille; il y a des tems dans l'année que tout son corps n'est qu'une playe; on lui voit sortir le sang et le pus par les oreilles, et très souvent on arrache des vers d'une grande longueur qui sortent par les narines; elle souffre et demande continuellement à Dieu de la faire souffrir. Une chose merveilleuse, c'est que toutes les années dans la quinzaine Pâques il lui prend un vomissement de sang; ce vomissement passé, son gosier se débouche; elle reçoit le saint viatique, et un instant après il se referme totalement, c'est ce qui lui arriva mercredi dernier.

« Je dis en second lieu qu'elle n'a pas pu nous tromper; elle est hors d'état d'agir; elle est paralitique comme j'ai déjà dit, et une demoiselle de notre ville en fut pleinement convaincue lorsqu'elle lui enfonça une grosse aiguille dans le gras de la jambe. Vous voyez d'ailleurs les précautions que nous avons pris; nous l'avons cousue dans ses drapts et très souvent gardée à vue; ce n'est donc point elle. Qu'est-ce donc, me dites-vous? La conséquence est aisée à tirer de tout ce que j'ai l'honneur de vous dire dans cette relation.

« Signé: † l'abbé DE SAINT-PONC, chanoine présenteur. »

Remarque. Il y a une analogie évidente entre ces faits et ceux de l'Esprit frappeur de Bergzabern et de Dibbelsdorf, rapportés dans la Revue Spirite de mai, juin, juillet et août 1858, sauf que, dans celui-ci, l'Esprit n'avait rien de malveillant. Il est constaté par un homme dont le caractère ne peut être suspect, et qui n'a pas observé légèrement. Si, comme le prétendent certaines personnes, le diable seul se manifeste, comment venait-il auprès d'une fille en odeur de sainteté? Or, il est à remarquer qu'elle n'en était ni effrayée ni tourmentée; elle savait elle- même, et les expériences ont constaté, que c'était une âme souffrante. Si ce n'est pas le diable, d'autres Esprits peuvent donc se communiquer?

Deux circonstances ont une analogie particulière avec ce que nous voyons aujourd'hui; c'est d'abord la première pensée qu'il y a supercherie de la part de la personne auprès de laquelle se produisent les phénomènes, malgré les impossibilités matérielles qui existent parfois. Dans la situation physique et morale de cette jeune fille, on ne comprend pas que le soupçon d'un jeu joué ait pu entrer dans l'esprit des autres religieuses.

Le second fait est plus important. Si quelques-uns des phénomènes ont eu lieu à la vue des personnes présentes, la plupart se produisaient quand elles étaient dans la pièce à côté, dès qu'elles avaient le dos tourné, et en l'absence de la lumière directe, ainsi qu'on l'a maintes fois observé de nos jours. A quoi cela tient-il? C'est ce qui n'est pas encore suffisamment expliqué. Ces phénomènes ayant une cause matérielle, et non surnaturelle, il se pourrait que, ainsi que cela a lieu pour certaines opérations chimiques, la lumière diffuse fût plus favorable à l'action des fluides dont se sert l'Esprit. La physique spirituelle est encore dans l'enfance.

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