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Revista Espírita 1860 » Julho » Boletim da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas

AVISO

 

O escritório da Revista Espírita e o domicílio particular do Sr. Allan Kardec foram transferidos para a Rua Sainte-Anne, n.º 59, travessa Sainte-Anne.

 

BOLETIM

DA SOCIEDADE PARISIENSE DE ESTUDOS ESPÍRITAS

 

SEXTA-FEIRA, 1.º DE JUNHO DE 1860

(SESSÃO PARTICULAR)

 

Leitura da ata e dos trabalhos da sessão de 25 de maio.

Por proposta da comissão e após relato verbal, a Sociedade admite como sócios livres:

Sra. E..., de Viena, Áustria.

 

Assuntos administrativos:

A comissão propõe e a Sociedade adota as seguintes proposições:

1.º ─ A Sociedade, considerando

que, nos termos do Art. 16 do Regulamento, no fim de abril pode dar a conhecer a intenção de desligamento de certos membros;

que se as nomeações da direção e da comissão fossem feitas antes dessa época, poderiam recair sobre membros que não permanecerão;

que não seria racional que participassem das nomeações os que pretendem retirar-se;

Resolve o seguinte:

“As nomeações para a direção e para a comissão serão feitas na primeira sessão de maio. Os membros em exercício continuarão suas funções até essa época.”

2.º ─ A Sociedade, considerando que uma ausência muito prolongada e não prevista dos membros da direção e da comissão pode entravar o andamento dos trabalhos

Resolve o seguinte:

Os membros da direção e da comissão que não comparecerem às reuniões durante três meses consecutivos, sem prévio aviso, serão considerados demissionários, providenciando-se a sua substituição.

 

Comunicações diversas:

1.º ─ Leitura de um ditado espontâneo obtido pela Sra. L... sobre a honestidade relativa, assinado por Georges, Espírito familiar.

2.º ─ Outro, pela Sra. Schmidt, sobre a Influência do médium sobre o Espírito, assinado por Alfred de Musset.

3.º ─ Relato de um caso concernente a duas pessoas, das quais uma é uma pobre moça, e cujas relações atuais são consequência das que existiam entre elas em sua vida anterior. Circunstâncias aparentemente fortuitas as puseram em relação e elas experimentaram uma simpatia recíproca, revelada por singular coincidência de poder mediúnico. Interrogado sobre certos fatos, um Espírito superior disse que a jovem tinha sido filha da outra em vida anterior; havia sido abandonada e, na presente existência, posta em seu caminho, para lhe dar ocasião de reparar a falta protegendo-a, o que ela está resolvida a fazer, a despeito de sua situação bastante precária, pois vive de seu trabalho.

O fato, que contêm muitos detalhes interessantes, vem em apoio do que sempre tem sido dito sobre certas simpatias, cuja causa remonta a vidas precedentes.

Sem contradita, esse princípio dá uma razão de ser a mais ao sentimento fraterno, que faz da caridade e da benevolência uma lei, porque aperta e multiplica os laços que devem unir a Humanidade.

 

Estudos:

1.º ─ Evocação da grande Françoise, uma das principais convulsionárias de Saint-Médard, da qual uma primeira evocação foi publicada no número de maio último. Esse Espírito foi chamado novamente, a seu pedido, com o objetivo de retificar a opinião por ela emitida, sobre o diácono Pâris. Ela se acusa de havê-lo caluniado, desnaturando suas intenções, e pensa que a retratação feita espontaneamente poupar-lhe-á a punição que por isso merecia.

São Luís completa essa comunicação com informes sobre os mundos destinados ao castigo dos Espíritos culpados.

2.º ─ Exame analítico e crítico das comunicações de Charlet sobre os animais. O Espírito desenvolve, completa e retifica certas afirmações que tinham parecido obscuras ou erradas. Tal exame será continuado na próxima sessão. Publicado a seguir.

3.º ─ São obtidos dois ditados espontâneos, o primeiro pela Srta. Huet, sobre a continuação das Memórias de um Espírito; o segundo pela Sra. Lesc..., assinado por Georges, seu Espírito familiar, sobre o exame crítico que a Sociedade se propõe fazer das comunicações espíritas. O Espírito aprova muito esse gênero de estudo e o considera como um meio de evitar falsas comunicações.

  

SEXTA-FEIRA, 8 DE JUNHO DE 1860

(SESSÃO GERAL)

 

Leitura da ata e dos trabalhos da sessão de 1.º de junho.

A Sra. Viúva G..., antigo membro titular, não incluída na lista de 30 de abril, em cumprimento do novo regulamento da Sociedade, escreve explicando os motivos de sua abstenção e pede seja reintegrada como associada livre. Conforme parecer da comissão, é admitida nessa condição.

Comunicações diversas:

1.º ─ Leitura de um ditado espontâneo, recebido pela Sra. Lesc... e assinado por Delphine de Girardin, sobre as primeiras impressões de um Espírito. Apresenta um quadro poético e muito real das sensações que o Espírito experimenta ao deixar a Terra.

2.º ─ Outro, pela mesma médium, assinado por Alfred de Musset, intitulado Aspirações de um Espírito.

3.º ─ O Sr. M..., de Metz, relata um fato interessante e pessoal, sobre a influência que um médium pode exercer sobre outra pessoa para lhe desenvolver a faculdade mediúnica. Por tal meio ela foi desenvolvida no Sr. M...; mas o que há de particular no caso é que foi uma ação à distância. Estando o médium em Châlons, e o Sr. M... em Metz, combinaram a hora para a prova e o Sr. M... constatou o momento preciso em que o médium o influenciava ou cessava de agir. Ainda mais, descreveu as impressões espirituais que sentia o médium e das quais não podia fazer uma ideia e, por outro lado, o médium escreveu as mesmas palavras traçadas pelo Sr. M...

Ainda mais, houve com o médium um fato muito curioso de escrita direta espontânea, isto é, sem provocação e sem qualquer intenção de sua parte, porque nem pensava nisso. Várias palavras que não podiam ter outra origem quando se conhecem as circunstâncias, inopinadamente foram achadas escritas, com manifesta intenção, e adequadas à situação. Tendo tentado nova manifestação, o médium não a conseguiu.

 

Estudos:

1.º ─ Diversas perguntas a São Luís.

1 ─ sobre o estado dos Espíritos;

2 ─ sobre o que se deve entender por esfera ou planeta das flores, de que falam alguns Espíritos;

3 ─ sobre as faculdades intelectuais latentes;

4 ─ sobre os sinais de reconhecimento para constatar a identidade dos Espíritos.

2.º ─ Evocação de Antoine T..., desaparecido há alguns anos, sem deixar indícios sobre sua sorte. Reconhecida como inexata uma primeira evocação, ele explica o motivo e dá novos detalhes sobre sua pessoa. A investigação mostrará se são mais exatos que os primeiros.

3.º ─ Evocação do astrólogo Vogt, de Munique, que se suicidou a 4 de maio de 1860. Seu Espírito, pouco desprendido, ainda se acha sob o império das ideias que o preocupavam em vida.

4.º ─ São obtidos dois ditados espontâneos e simultâneos, o primeiro pelo Sr. Didier, filho, sobre a Fatalidade, assinado por Lamennais; o segundo pela Sra. Lesc..., assinado por Delphine de Girardin, sobre as Mascaradas Humanas.

 

SEXTA-FEIRA, 15 DE JUNHO DE 1860

(SESSÃO PARTICULAR)

 

Leitura da ata e dos trabalhos da sessão de 8 de junho.[1]

Por proposta da comissão, são recebidos como sócios livres, o Sr. Conde de N..., de Moscou e o Sr. P..., proprietário em Paris.

 

Comunicações diversas:

1.º ─ Leitura de uma carta informando que em certas localidades o clero se ocupa seriamente com o estudo do Espiritismo, e que membros bem esclarecidos desse corpo falam dele como de uma coisa chamada a exercer uma grande influência nas relações sociais.

2.º ─ Leitura de uma evocação particular feita em casa do Sr. Allan Kardec, do Sr. J... filho, de Saint-Étienne. Posto que de interesse privado, essa evocação apresenta ensinamentos úteis, pela elevação de pensamentos do Espírito chamado, e foi ouvida com vivo interesse.

3.º ─ Observação apresentada pelo Sr. Allan Kardec a respeito de uma predição que lhe foi submetida por um médium seu conhecido. Segundo essa predição, certos acontecimentos devem ocorrer em data fixa e, para efeito de comprovação, o Espírito tinha determinado ao médium que ele a levasse ao conhecimento de várias pessoas, entre outras o Sr. Allan Kardec, a fim de poder certificar, na ocorrência, a época em que fora feita. Eu me recusei, disse o Sr. Allan Kardec, pelas seguintes considerações: “Já há muita tendência a ver no Espiritismo um meio de adivinhação, o que é contrário ao seu objetivo. Quando fatos futuros são anunciados e se realizam, temos, sem dúvida, um caso curioso e excepcional, mas seria perigoso considerá-lo como uma regra. Por isso, não quis que meu nome servisse para endossar uma crença que falsearia o Espiritismo em seu princípio e na sua aplicação.”

 

Estudos:

1.º ─ Evocação de Thilorier, o físico que morreu supondo ter encontrado o meio de substituir o vapor pelo ácido carbônico condensado, como força motriz. Ele reconhece que tal descoberta não passava de imaginação sua. Publicada adiante.

2.º ─ Continuação do exame crítico das comunicações de Charlet sobre os animais. Será publicado.

3.º ─ Evocação de um Espírito batedor que se manifesta ao filho do Sr. N..., membro da Sociedade, por efeitos físicos de certa originalidade. Disse ter sido tambor-mor na banda militar do Vaticano e chamar-se Eugène. Sua linguagem não desmente a qualidade que se atribui.

4.º ─ Ditado espontâneo obtido pela Sra. Lesc..., sobre o desenvolvimento das faculdades intelectuais, a propósito da evocação de Thilorier, e assinado Georges, Espírito familiar. É de notar-se que muitas vezes esse Espírito adapta suas comunicações às circunstâncias presentes, o que prova que assiste às conversas, mesmo sem ser chamado. Este fato produziu-se em várias outras ocasiões, da parte de outros Espíritos.

Outro, pelo Sr. Didier filho, assinado por Vauvenargues, contendo alguns pensamentos avulsos.

 

SEXTA-FEIRA, 22 DE JUNHO DE 1860

(SESSÃO GERAL)

 

Leitura da ata e dos trabalhos da sessão de 15 de junho.

 

Comunicações diversas:

1.º ─ Leitura de um ditado espontâneo, recebido de Alfred de Musset pela Sra. Lesc..., sobre a Rêverie.

2.º ─ Relato de um fato natural de mediunidade espontânea, como médium escrevente, apresentado pela Sra. Lub..., membro da Sociedade. A pessoa é uma camponesa de quinze anos que, sem qualquer conhecimento de Espiritismo, escreve quase diariamente, por vezes páginas inteiras, de maneira absolutamente mecânica. Uma intuição lhe diz que deve ser um Espírito que lhe fala, porque, quando é levada a escrever, toma um lápis dizendo: Vejamos o que ele vai me dizer hoje. Suas comunicações quase sempre se relacionam com episódios da vida privada, quer para ela, quer para pessoas de seu conhecimento e, quase sempre, de extrema justeza, sobre coisas que ela ignora completamente. É provável que se a faculdade fosse cultivada e bem dirigida, se desenvolveria de modo notável e útil.

 

Estudos:

1.º ─ Perguntas a respeito dos animais de transição que podem preencher a lacuna existente na escala dos seres vivos, entre o animal e o homem. O estudo será continuado.

2.º ─ Perguntas sobre os inventores e as descobertas prematuras, a propósito da evocação de Thilorier.

3.º ─ Manifestações físicas produzidas pelo filho do Sr. N..., rapaz de treze anos, de que se falou na última sessão. O Espírito batedor a ele ligado o faz simular, com as mãos e os dedos, com incrível volubilidade, toda sorte de evoluções militares, como cargas de cavalaria, manobras de artilharia, ataques a fortes, etc., tomando todos os objetos a seu alcance, para simular que são armas. Exprime os vários sentimentos que o agitam, como a cólera, a impaciência ou a zombaria, por violentas batidas e gestos de pantomima muito expressivos. Além disso, nota-se a impassibilidade e a despreocupação do rapaz, enquanto mãos e braços se entregam a essa espécie de ginástica. Torna-se evidente que todos os movimentos independem de sua vontade. Durante o resto da sessão e quando já interrompida a experiência, o Espírito aproveita a ocasião para manifestar, a seu modo, o contentamento ou o mau humor a respeito do que se diz. Numa palavra, vê-se que se apodera dos membros do rapaz e deles se serve como se fossem seus. Tal gênero de manifestações oferece um curioso assunto para estudo, por sua originalidade, e pode dar a compreender a maneira por que os Espíritos agem sobre certas criaturas.

Interrogado quanto às consequências que tais manifestações podem ter sobre o rapaz, São Luís faz advertências cheias de sabedoria e aconselha não as provocar. Além disso, concita a Sociedade a não entrar nessa linha de experiências, cujo resultado seria o afastamento dos Espíritos sérios, e a continuar ocupando-se, como fez até agora, em aprofundar as questões importantes.



[1] No original consta 8 de maio, visível erro de revisão, pois a sessão precedente ocorreu na semana anterior, como de costume, portanto, em 8 de junho. N. do T.


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