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O Livro dos Espíritos » Introdução ao estudo da Doutrina Espírita » X

X

Entre as objeções há algumas mais especiosas, pelo menos na aparência, porque são tiradas da observação e feitas por pessoas graves. 

Uma dessas objeções é tirada da linguagem de certos Espíritos que não parece digna da elevação que se supõe a seres sobrenaturais. Se nos reportarmos ao resumo da doutrina, acima apresentado, veremos que os próprios Espíritos nos ensinam que eles não são iguais em conhecimentos, nem em qualidades morais, e que não se deve tomar ao pé da letra tudo o que dizem. Cabe às pessoas sensatas distinguir a parte boa da má. Certamente aqueles que desse fato concluem que lidamos somente com seres malfazejos, cuja única ocupação é mistificar-nos, não têm conhecimento das comunicações dadas nas reuniões onde se manifestam somente Espíritos superiores, senão não pensariam assim. É lamentável que o acaso os tenha servido tão mal para lhes mostrar apenas o lado mau do mundo espírita, pois não queremos supor que uma tendência simpática atraia para eles os maus Espíritos em vez dos bons, Espíritos mentirosos, ou aqueles cuja linguagem é revoltante pela grosseria. Poder-se-ia no máximo concluir que a solidez de seus princípios não é suficientemente poderosa para afastar o mal, e que, encontrando certo prazer em lhes satisfazer a curiosidade a esse respeito, os maus Espíritos se aproveitem para se introduzir em seu meio, enquanto os bons se afastam.

Julgar a questão dos Espíritos por esses fatos seria tão pouco lógico quanto julgar o caráter de um povo pelo que se diz e se faz na assembleia de alguns estouvados ou de pessoas mal-afamadas que nem os cientistas, nem as pessoas sensatas frequentam. Essas pessoas se encontram na situação de um estrangeiro que, chegando a uma grande capital pelo seu subúrbio mais feio, julgasse todos os habitantes pelos costumes e a linguagem desse bairro ínfimo. No mundo dos Espíritos, há também uma boa e uma má sociedade; que essas pessoas estudem o que se passa entre os Espíritos de elite, e ficarão convencidas de que a cidade celeste encerra outra coisa que não a escória do povo. Mas, dizem elas, os Espíritos de elite vêm entre nós? A isso nós lhes respondemos: Não fiqueis na periferia; vede, observai e julgareis; os fatos estão aí para todos; a menos que seja a elas que se aplicam as palavras de Jesus: Têm olhos e não vêem; ouvidos e não ouvem.

Uma variante desta opinião consiste em ver nas comunicações espíritas, e em todos os fatos materiais aos quais elas dão lugar, somente a intervenção de um poder diabólico, novo Proteu que revestiria todas as formas para nos enganar melhor. Não a acreditamos suscetível de um exame sério, por isso não nos deteremos nela: ela é refutada pelo que acabamos de dizer; acrescentaremos apenas que, se fosse assim, seria preciso convir que o diabo às vezes é bem comportado, bem sensato e sobretudo bem moral, ou então que também há bons diabos.   

Com efeito, como acreditar que Deus permita apenas ao Espírito do mal se manifestar para nos perder, sem nos dar por contrapeso os conselhos dos bons Espíritos? Se não pode fazê-lo, é impotente; se pode e não o faz, é incompatível com sua bondade; ambas as suposições seriam uma blasfêmia. Notai que admitir a comunicação dos maus Espíritos é reconhecer o princípio das manifestações; ora, a partir do momento em que elas existem, pode ser apenas com a permissão de Deus; como crer, sem impiedade, que ele permita somente o mal com exclusão do bem? Tal doutrina é contrária às mais simples noções do bom senso e da religião.


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