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Revista Espírita 1860 » Março » Boletim da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas Revue Spirite 1860 » Mars » Bulletin de la Société Parisienne des Études Spirites

SEXTA-FEIRA, 27 DE JANEIRO DE 1860

(SESSÃO GERAL)

 

Lida e aprovada a ata da sessão de 20 de janeiro.

 

Recebimento de um pedido de admissão. Sua leitura, exame e aprovação foram adiados para a próxima sessão particular.

 

Comunicações diversas:

1.º Carta do Sr. Hinderson Mackenzie, de Londres, membro da Sociedade Real dos Antiquários, com detalhes muito interessantes sobre o emprego da bola de cristal ou metálica, como meio de obter comunicações espíritas. É o que usa, com auxílio de um vidente especial, conforme conselho de um de seus amigos que, há trinta e cinco anos, faz as mais completas e concludentes experiências. O médium vê, nessa espécie de espelho, as respostas escritas às perguntas feitas, assim se obtendo comunicações muito desenvolvidas e tão rápidas que por vezes é difícil de acompanhá-lo.

2.º Leitura de um artigo do Siècle de 22 de janeiro, no qual se nota esta passagem: “As mesas falavam, giravam e dançavam, muito antes da existência da seita americana que pretende ter-lhes dado origem. Esse baile das mesas já era célebre em Roma, nos primeiros séculos de nossa era, e eis como, no capítulo XXIII da Apologética, se exprimia Tertuliano, ao falar dos médiuns de seu tempo: ‘Se aos mágicos é dado provocar o aparecimento de fantasmas, evocar a alma dos mortos e forçar a boca das crianças a dar oráculos; se esses charlatães imitam um grande número de milagres que, parece, são devidos aos círculos e às correntes que as pessoas formam entre si; se provocam sonhos, se fazem conjurações, se têm às suas ordens espíritos mentirosos e demônios, por cuja virtude as cadeiras e as mesas que profetizam são um fato vulgar’, etc.”

A respeito disso, chama-se a atenção para o fato de que os espíritas modernos jamais pretenderam ter descoberto ou inventado as manifestações. Ao contrário, proclamaram constantemente a antiguidade e a universalidade dos fenômenos espíritas, e esta mesma antiguidade é um argumento em favor da Doutrina, demonstrando que ela tem o seu princípio na Natureza e que não é produto de uma combinação sistemática. Os que pretendem opor-lhe tal circunstância, provam que falam sem lhe conhecer os primeiros elementos, do contrário, saberiam que o Espiritismo moderno apoia-se no fato incontestável de que se encontra em todos os tempos e em todos os povos.

 

Estudos:

1.º Perguntas sobre o fenômeno dos globos metálicos ou de cristal, como meio de obter comunicações. A resposta é: “A teoria desse fenômeno ainda não pode ser explicada; para sua compreensão faltam certos conhecimentos prévios, que nascerão de si mesmos e decorrerão de observações ulteriores. Isto será dado em tempo oportuno.”

2.º Nova evocação de Urbain Grandier, que confirma e completa certos fatos históricos e que, além disso, dá explicações que veem em apoio ao que já foi dito a respeito do planeta Saturno.

3.º Dois ditados espontâneos obtidos simultaneamente: o primeiro, de Abelardo, pelo Sr. Roze; o segundo de João, o Batista, pelo Sr. Colin.

Em seguida, tendo-se pedido que um Espírito sofredor que havia solicitado auxílio pelas preces viesse comunicar-se espontaneamente, um dos médiuns escreveu: “Que sejais abençoados por terdes consentido em orar pelo ser imundo e inútil que chamastes, e que se mostrou ainda tão vergonhosamente preso a essas miseráveis riquezas. Recebei os sinceros agradecimentos do Père Crépin.”

 

SEXTA-FEIRA, 3 DE FEVEREIRO DE 1860

(SESSÃO PARTICULAR)

 

Aprovada a ata da sessão de 27 de janeiro. Leitura da lista dos ouvintes que assistiram à última assembleia geral. Nenhum inconveniente assinalado por sua presença.

O Dr. Gotti, diretor do Instituto Homeopático de Gênova (Piemonte), é admitido como membro correspondente.

Leitura de dois novos pedidos de admissão, adiados para a próxima sessão.

 

Comunicações diversas:

1.º O Sr. Allan Kardec anuncia que uma senhora do interior, assinante da Revista, lhe enviou a soma de dez mil francos, para ser utilizada em favor do Espiritismo.

Tendo recebido uma herança com que não contava, essa senhora quer que dela participe a Doutrina Espírita, à qual deve supremas consolações e o fato de ter sido esclarecida sobre as verdadeiras condições de felicidade nesta vida e na outra. Diz ela em sua carta: “Vós me fizestes compreender o Espiritismo, mostrando-me o seu verdadeiro objetivo. Só ele pôde triunfar das dúvidas e da incerteza que para mim eram a fonte de inexprimíveis ansiedades. Eu levava a vida ao acaso, maldizendo as pedras que encontrava pelo caminho. Agora vejo claro ao meu redor e diante de mim. O horizonte se alargou e avanço com firmeza e confiança no futuro, sem me inquietar com os espinhos da estrada. Desejo que este pequeno óbolo vos ajude a espalhar sobre outros a benfazeja luz que me tornou tão feliz. Empregai-o como entenderdes. Não quero recibo nem prestação de contas. A única coisa que peço é o mais estrito anonimato.”

Acrescenta o Sr. Allan Kardec: “Respeitarei o véu de modéstia com que esta senhora se quer cobrir e esforçar-me-ei para corresponder às suas generosas intenções. Não creio poder melhor atendê-las senão aplicando essa quantia no que for necessário para a instalação da Sociedade em condições mais favoráveis aos seus trabalhos.”

Um membro exprime o pesar de que o anonimato guardado por essa senhora não permita que a Sociedade lhe testemunhe diretamente a sua gratidão.

Responde o Sr. Allan Kardec que não tendo o donativo nenhuma aplicação determinada senão o Espiritismo em geral, ele se encarregou da tarefa, em nome de todos os partidários sérios do Espiritismo. Ele insiste na qualificação de partidários sérios, de vez que se não pode aplicar esse nome aos que, vendo no Espiritismo apenas uma questão de fenômenos e de experiências, não podem compreender-lhe as altas consequências morais, e menos ainda dele tirar proveito ou fazer com que os outros tirem.

2.º ─ O presidente depositou na secretária uma carta lacrada, enviada pelo Dr. Vignal, membro titular, a qual não deverá ser aberta senão no fim de março próximo.

3.º O Sr. Netz envia um número da Illustration, com o relato de uma aparição. O fato será objeto de exame especial.

 

Estudos:

1.º ─ Observação a propósito de visões em certos corpos, tais como vidros, globos de cristal, bolas metálicas, etc., de que se tratou na última sessão. Pensa o Sr. Allan Kardec ser necessário afastar cuidadosamente o nome de espelhos mágicos, dado vulgarmente a tais objetos. Propõe chamá-los espelhos psíquicos. Na opinião de vários membros, pensa a assembleia que a designação de espelhos psicográficos corresponderia melhor à natureza do fenômeno.

 

2.º Evocação do Dr. Vignal, que se ofereceu para um estudo sobre o estado do Espírito das pessoas vivas. Ele responde com perfeita lucidez às perguntas que lhe são feitas. Dois outros Espíritos, o de Castelnaudary e o do Dr. Cauvière, comunicam-se ao mesmo tempo por um outro médium, do que resulta uma troca de observações muito instrutivas. Os doutores terminam cada um por um ditado que tem o cunho das altas capacidades que lhes são reconhecidas. (Publicada adiante).

 

3.º Dois outros ditados espontâneos: o primeiro de S. Francisco de Sales, pela Sra. Mallet; o segundo, pelo Sr. Colin, assinado Moisés, Platão, depois Juliano.

 

SEXTA-FEIRA, 10 DE FEVEREIRO DE 1860

(SESSÃO GERAL)

 

Aprovada a ata de 3 de fevereiro.

 

Carta com pedido de admissão que será resolvida na próxima sessão particular.

Leitura das comunicações recebidas na última sessão.

 

Comunicações diversas:

A nota seguinte é transmitida pelo Sr. Soive, pedindo, se se considerar útil, que se faça uma evocação a respeito: “Um tal Sr. T..., de trinta e cinco anos, residente no Boulevard do Hospital, era perseguido por uma ideia fixa, a de involuntariamente ter morto um amigo numa rixa. Malgrado tudo quanto foi feito para dissuadi-lo, mostrando-lhe o amigo vivo, ele julgava tratar-se de sua sombra. Atormentado pelo remorso de um crime imaginário, asfixiou-se.”

A evocação do Sr. T... será feita, se houver tempo.

 

Estudos:

1.º Cinco ditados espontâneos e simultâneos: o primeiro, pelo Sr. Roze, assinado Lamennais; o segundo, pela senhorinha Eugénie, assinado Staël; o terceiro, pelo Sr. Colin, assinado Fourier; o quarto pela senhorinha Huet, de um Espírito que, diz ele, dar-se-á a conhecer mais tarde e anuncia uma série de comunicações; o quinto, pelo Sr. Didier filho, assinado Charlet.

2.º Após a leitura do ditado de Fourier, o presidente observa, para a compreensão das pessoas estranhas à Sociedade, e que podem não estar a par de sua maneira de proceder, que essa comunicação, à primeira vista, lhe parece suscetível de comentários; que, entre os Espíritos que se manifestam, há-os de todos os graus; que suas comunicações refletem suas ideias pessoais, nem sempre inteiramente justas. Conforme o conselho que lhe foi dado, a Sociedade as recebe como expressão de uma opinião individual e se reserva o direito de julgá-las, submetendo-as ao controle da lógica e da razão. É essencial se saiba que ela não adota como verdadeiro tudo quanto vem dos Espíritos. Por suas comunicações, o Espírito dá a conhecer o que ele é no bem ou no mal, na ciência ou na ignorância. São para ela assuntos de estudo. Ela aceita o que é bom e rejeita o que é mau.

3.º Evocação da senhorinha Indermuhle, de Berna, surda-muda de nascimento, viva, de trinta e dois anos. A evocação oferece um grande interesse do ponto de vista moral e científico, pela sagacidade e precisão das respostas, que nela denotam um Espírito já adiantado.

4.º Evocação do Sr. T..., do qual se falou antes. Dá sinais de grande agitação e quebra vários lápis antes de traçar algumas linhas com dificuldade. É evidente a perturbação das ideias; inicialmente persiste na crença de que matou o amigo; acaba convindo que era apenas uma ideia fixa, mas acrescenta que se não matou, tinha tido vontade de fazê-lo, não o fazendo apenas porque lhe faltou coragem. São Luís dá algumas explicações quanto ao estado desse Espírito e às consequências de seu suicídio.

Esta evocação será repetida mais tarde, quando o Espírito estiver mais desprendido.

 

SEXTA-FEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 1860

(SESSÃO PARTICULAR)

 

Leitura e aprovação da ata da sessão de 10 de fevereiro.

Admitidos como membros titulares, a pedido escrito e parecer favorável: a Sra. de Regnez, de Paris; o Sr. Indermuhle de Wytenbach, de Berna; a Sra. Lubrat, de Paris.

Leitura de dois novos pedidos de admissão, adiados para a próxima sessão particular.

O Sr. Allan Kardec transmite à Sociedade o seguinte, a respeito do donativo feito:

 

“Se a doadora, no que lhe concerne, não reclama contas do emprego dos fundos, não devo, para minha própria satisfação, permitir que seu emprego não seja submetido a um controle. Essa soma formará o primeiro fundo de uma Caixa Especial, que nada de comum terá com meus negócios pessoais, e que será objeto de uma contabilidade distinta, sob o nome de Caixa do Espiritismo.

“Esta caixa será aumentada posteriormente pelos fundos que chegarem de outras fontes, e será destinada exclusivamente às necessidades da Doutrina e ao desenvolvimento dos estudos espíritas.

“Um de meus primeiros cuidados será a criação de uma biblioteca especial, e de assim prover, como disse, ao que falta materialmente à Sociedade, para a regularidade de seus trabalhos.

“Pedi a vários colegas que aceitassem o controle da caixa e constatassem, em datas que serão ulteriormente fixadas, o útil emprego dos fundos.

“Essa comissão está composta pelos Srs. Solichon, Thiry, Levent, Mialhe, Krafzoff e Sra. Parisse.”

 

Leitura das comunicações recebidas na última sessão.

A seguir a Sociedade ocupou-se de várias questões administrativas.


Vendredi, 27 janvier 1859. (Séance générale.)

Le procès-verbal de la séance du 20 janvier est lu et adopté.

Dépôt d'une lettre en demande d'admission. Renvoi pour lecture, examen et rapport, à la prochaine séance particulière.

Communications diverses. 1° Lettre de M. Hinderson Mackensie, de Londres, membre de la Société royale des antiquaires, qui donne des détails du plus haut intérêt sur l'emploi des globes de cristal ou métalliques comme moyen d'obtenir des communications spirites. C'est celui dont il fait usage, à l'aide d'un médium voyant spécial, d'après le conseil d'un de ses amis qui a fait à ce sujet, depuis trente-cinq ans, les expériences les plus complètes et les plus concluantes. Le médium voit, dans cette espèce de miroir, les réponses écrites aux questions proposées, et l'on obtient ainsi des communications très développées et si rapides qu'il est souvent difficile de suivre le médium.

2° Lecture d'un article du Siècle du 22 janvier 1860 dans lequel on remarque le passage suivant: « Les tables parlaient, tournaient et dansaient longtemps avant l'existence de la secte américaine qui prétend leur avoir donné naissance. Ce bal des tables était déjà célèbre à Rome dans les premiers siècles de notre ère, et voici comment, dans le chapitre XXIII de l'Apologétique, s'exprimait Tertullien en parlant des médiums de son temps: « S'il est donné à des magiciens de faire apparaître des fantômes, d'évoquer les âmes des morts, de forcer la bouche des enfants à rendre des oracles; si ces charlatans imitent un grand nombre de miracles qui semblent dus aux cercles et aux chaînes que des personnes forment entre elles, s'ils envoient des songes, s'ils font des conjurations, s'ils ont à leurs ordres des esprits mensongers et des démons par la vertu desquels, les chaises et les tables qui prophétisent sont un fait vulgaire, etc. »

On fait remarquer à ce sujet que jamais les Spirites modernes n'ont prétendu avoir découvert ni inventé les manifestations; ils ont, au contraire, constamment proclamé l'ancienneté et l'universalité des phénomènes spirites, et cette ancienneté même est un argument en faveur de la doctrine, en démontrant qu'elle a son principe dans la nature, et qu'elle n'est pas le fait d'une combinaison systématique. Ceux qui prétendent lui opposer cette circonstance prouvent qu'ils en parlent sans en connaître le premier mot, autrement ils sauraient que le Spiritisme moderne s'appuie sur ce fait incontestable qu'on le retrouve dans tous les temps et chez tous les peuples.

Études. 1° Questions sur le phénomène des globes métalliques ou de cristal comme moyen d'obtenir des communications. Il est répondu que: « La théorie de ce phénomène ne peut encore être expliquée; qu'il manque pour la comprendre certaines connaissances préalables qui naîtront d'elles-mêmes et découleront d'observations ultérieures. Elle sera donnée en temps opportun. »

2° Nouvelle évocation d'Urbain Grandier qui confirme et complète certains faits historiques, et donne en outre sur la planète de Saturne des explications qui viennent à l'appui de ce qui a déjà été dit à ce sujet.

3° Deux dictées spontanées sont obtenues simultanément; la 1° d'Abeilard, par M. Rose, la 2° de Jean le baptiseur, par M. Colin.

Ayant ensuite demandé qu'un des Esprits souffrants qui ont réclamé le secours des prières veuille bien se communiquer spontanément, un des médiums écrit ce qui suit: « Puissiez-vous être bénis d'avoir consenti à prier pour l'être immonde et inutile que vous avez appelé, et qui s'est montré encore si honteusement attaché à ses misérables richesses. Recevez les sincères remerciements du Père Crépin. »

Vendredi, 3 février 1860. (Séance particulière.)

Le procès-verbal de la séance du 27 janvier est adopté. Lecture de la liste nominative des auditeurs ayant assisté à la dernière assemblée générale. Aucun inconvénient n'est signalé dans leur présence.

M. le docteur Gotti, directeur de l'Institut homéopathique de Gênes (Piémont), est admis comme membre correspondant.

Lecture de deux nouvelles demandes d'admission. - Renvoi à la prochaine séance particulière.

Communications diverses. - 1° M. Allan Kardec annonce qu'une dame de ses abonnées de province vient de lui adresser une somme de dix mille francs pour être utilisée au profit du Spiritisme.

Cette personne ayant fait un héritage sur lequel elle ne comptait pas, elle veut y faire participer la doctrine spirite, à laquelle elle doit de suprêmes consolations et d'être éclairée sur les véritables conditions de bonheur en cette vie et en l'autre. « Vous m'avez, dit-elle dans sa lettre, fait comprendre le Spiritisme en m'en montrant le véritable but; seul il a pu triompher des doutes et de l'incertitude qui étaient pour moi la source d'inexprimables anxiétés. Je marchais dans la vie comme au hasard, maudissant les pierres que je rencontrais sous mes pas; maintenant je vois clair autour de moi, devant moi; l'horizon s'est élargi et je marche avec certitude et confiance vers l'avenir, sans m'inquiéter des épines semées sur ma route. Je désire que cette faible obole vous aide à répandre sur d'autres la bienfaisante lumière qui m'a rendue si heureuse. Employez-la comme vous l'entendrez: je ne veux ni reçu ni contrôle; la seule chose à laquelle je tiens, c'est à garder le plus strict incognito. »

Je respecterai, ajoute M. Allan Kardec, le voile de modestie dont cette personne veut se couvrir, et m'efforcerai de répondre à ses généreuses intentions. Je ne crois pas pouvoir mieux les remplir qu'en affectant sur cette somme ce qui sera nécessaire pour l'installation de la Société dans des conditions plus favorables à ses travaux.

Un membre exprime le regret que l'anonyme gardé par cette personne ne permette pas à la Société de lui témoigner directement sa gratitude.

M. Allan Kardec répond que le don n'ayant aucune affectation spéciale déterminée autre que le Spiritisme en général, il s'est chargé de ce soin au nom de tous les partisans sérieux du Spiritisme. Il insiste sur la qualification de partisans sérieux, attendu qu'on ne peut donner ce nom à ceux qui, ne voyant dans le Spiritisme qu'une question de phénomène et d'expérience, ne peuvent en comprendre les hautes conséquences morales, et encore moins en profiter eux-mêmes ou en faire profiter les autres.

2° Le président dépose sur le bureau une lettre cachetée remise par M. le docteur Vignal, membre titulaire, et qui ne devra être ouverte qu'à la fin de mars prochain.

3° M. Netz remet un numéro de l'Illustration, contenant le récit d'un fait d'apparition. Ce fait sera l'objet d'un examen spécial.

Études. 1° Observation à propos des effets de visions dans certains corps, tels que verres, globes de cristal, boules métalliques, etc., dont il a été question dans la dernière séance. M. Allan Kardec pense qu'il faut soigneusement écarter le nom de miroirs magiques donné vulgairement à ces objets; il propose de les appeler miroirs psychiques. Sur l'avis de plusieurs membres, l'assemblée pense que la désignation de miroirs psychographiques répondrait mieux à la nature du phénomène.

2° Évocation de M. le docteur Vignal, qui s'est offert pour une étude sur l'état de l'Esprit des personnes vivantes. Il répond avec une parfaite lucidité aux questions qui lui sont adressées. Deux autres Esprits, celui de Castelnaudary et celui du docteur Cauvière, se communiquent en même temps par un autre médium, d'où il résulte un échange d'observations très instructives. Les docteurs terminent chacun par une dictée qui porte le cachet des hautes capacités qu'on leur connaît. (Publiée ci-après.)

3° Deux autres dictées spontanées sont obtenues: la première de saint François de Sales, par madame Mallet; la deuxième, par M. Colin, signée Moïse, Platon, puis Julien.

Vendredi, 10 février 1860. (Séance générale.)

Le procès-verbal du 3 février est lu et adopté.

Dépôt d'une lettre en demande d'admission. - Renvoi à la prochaine séance particulière.

Lecture des communications obtenues dans la dernière séance.

Communications diverses. - M. Soive transmet la note suivante, et demande si l'on croirait utile d'en faire le sujet d'une évocation. « Le nommé T…, âgé de trente-cinq ans, demeurant boulevard de l'Hôpital, était poursuivi par une idée fixe, celle d'avoir involontairement tué un de ses amis dans une rixe. Malgré tout ce qu'on avait fait pour l'en dissuader en lui montrant cet ami vivant, il croyait avoir affaire à son ombre. Tourmenté par ses remords pour un crime imaginaire, il s'est asphyxié. »

L'évocation du sieur T… sera faite s'il y a lieu.

Etudes. - 1° Cinq dictées spontanées sont obtenues simultanément, la première par M. Roze, signée Lamennais; la deuxième par mademoiselle Eugénie, signée Staël; la troisième par M. Colin, signée Fourier; la quatrième par mademoiselle Huet, d'un Esprit qui, dit-il, se fera connaître plus tard et annonce une série de communications; la cinquième par M. Didier fils, signée Charlet.

2° Après la lecture de la dictée de Fourier, le président fait observer, pour l'intelligence des personnes étrangères à la Société et qui peuvent n'être pas au courant de sa manière de procéder, que cette communication lui semble, à première vue, susceptible de quelques commentaires; que parmi les Esprits qui se manifestent, il y en a de tous les degrés; que leurs communications sont le reflet de leurs idées personnelles, qui peuvent n'être pas toujours justes; la Société, selon le conseil qui lui a été donné, les reçoit donc comme l'expression d'une opinion individuelle qu'elle se réserve de juger en la soumettant au contrôle de la logique et de la raison. Il est essentiel que l'on sache bien qu'elle n'adopte pas comme vrai tout ce qui vient des Esprits; par ses communications, l'Esprit fait connaître ce qu'il est en bien ou en mal, en science ou en ignorance: c'est pour elle un sujet d'étude; elle en accepte ce qui est bon, et rejette ce qui est mauvais.

3° Évocation de mademoiselle Indermuhle, de Berne, sourde-muette de naissance, âgée de trente-deux ans, et vivante. Cette évocation offre un grand intérêt au point de vue moral et scientifique par la sagacité et la précision des réponses qui dénotent en cette personne un Esprit déjà avancé.

4° Évocation de M. T…, dont il a été parlé plus haut. Il donne des signes d'une grande agitation, et casse plusieurs crayons avant de pouvoir tracer quelques lignes à peine lisibles. Le trouble de ses idées est évident; il persiste d'abord dans la croyance qu'il a tué son ami, et finit par convenir que ce n'était chez lui qu'une idée fixe; mais il ajoute que s'il ne l'a pas tué, il en avait la volonté, et que ce n'est que la force qui lui a manqué. - Saint Louis donne quelques explications sur l'état de cet Esprit et les conséquences pour lui de son suicide.

Cette évocation sera reprise plus tard, lorsque l'Esprit sera plus dégagé.

Vendredi, 17 février 1860. (Séance particulière.)

Le procès-verbal de la séance du 10 février est lu et adopté.

Sont admis comme membres titulaires, sur leur demande écrite, et après procès-verbal:

Madame de Regnez, de Paris;

M. Indermuhle de Wytenbach, de Berne;

Madame Lubrat, de Paris.

Lecture de deux nouvelles demandes d'admission. - Renvoi à la prochaine séance particulière.

M. Allan Kardec transmet à la Société les observations suivantes au sujet de la donation qui lui a été faite:

« Si, dit-il, la donatrice ne réclame, pour ce qui la concerne, aucun compte de l'emploi des fonds, je n'en tiens pas moins, pour ma propre satisfaction, à ce que cet emploi soit soumis à un contrôle. Cette somme formera le premier fonds d'une Caisse spéciale, qui n'aura rien de commun avec mes affaires personnelles, et qui sera l'objet d'une comptabilité distincte sous le nom de Caisse du Spiritisme.

« Cette caisse sera ultérieurement augmentée par les fonds qui pourront lui arriver d'autres sources, et exclusivement affectée aux besoins de la doctrine et au développement des études spirites.

« Un de mes premiers soins sera la création d'une bibliothèque spéciale, et de pourvoir, ainsi que je l'ai dit, à ce qui manque matériellement à la Société pour la régularité de ses travaux.

« J'ai prié plusieurs de nos collègues de vouloir bien accepter le contrôle de cette caisse, et de constater, à des époques qui seront ultérieurement déterminées, l'utile emploi des fonds.

« Cette commission est composée de MM. Solichon, Thiry, Levent, Mialhe, Krafzoff, et de madame Parisse. »

Lecture des communications obtenues dans la dernière séance.

La Société s'occupe ensuite de l'examen de plusieurs questions administratives.

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