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Revista Espírita 1859 » Novembro » Swedenborg Revue Spirite 1859 » Novembre » Swedenborg

Swedenborg é um desses personagens mais conhecidos de nome que de fato, ao menos pelo vulgo. Suas obras muito volumosas, e em geral muito abstratas, são lidas quase só pelos eruditos. Assim, a maioria das pessoas que delas falam ficariam muito embaraçadas para dizer o que ele era. Para uns, é um grande homem, objeto de profunda veneração, sem saberem por quê. Para outros, um charlatão, um visionário, um taumaturgo.

Como todos os homens que professam ideias contrárias às da maioria, especialmente quando essas ideias ferem certos preconceitos, ele teve e tem ainda os seus contraditores. Se estes últimos se tivessem limitado a refutá-lo, estariam no seu direito, mas o facciosismo nada respeita, e as mais nobres qualidades não são reconhecidas por ele. Swedenborg não poderia ser uma exceção.

Sua doutrina, sem dúvida, deixa muito a desejar. Ele próprio, hoje, está longe de aprová-la em todos os pontos. Entretanto, por mais refutável que seja, nem por isso deixará de ser um dos homens mais eminentes do seu século.

Os dados que seguem foram extraídos da interessante notícia enviada pela Sra. P... à Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

Emmanuel Swedenborg nasceu em Estocolmo, em 1688, e morreu em Londres, em 1772, aos 84 anos de idade. Seu pai, Joeper Swedenborg, bispo de Scava, era notável pelo mérito e pelo saber. O filho, porém, o ultrapassou em muito. Destacou-se em todas as ciências, sobretudo na Teologia, na Mecânica, na Física e na Metalurgia. Sua prudência, sabedoria, modéstia e simplicidade lhe valeram a alta reputação de que ainda hoje desfruta. Os reis o chamavam para os seus conselhos. Em 1716, Carlos XII o nomeou assessor na Escola de Metalurgia de Estocolmo. A rainha Ulrica o fez nobre, e ele ocupou os mais destacados postos, com distinção, até 1743, época em que teve a primeira revelação espírita. Tinha então 55 anos. Pediu demissão e não quis mais ocupar-se senão do seu apostolado e do estabelecimento da doutrina da Nova Jerusalém.

Eis como ele próprio conta a sua primeira revelação:

“Eu estava em Londres e jantava muito tarde, na minha modesta hospedaria, onde havia reservado um quarto, a fim de ter liberdade de meditar à vontade. Senti fome e comia com muito apetite. Depois da refeição, percebi que uma espécie de névoa se espalhava ante os meus olhos e vi o assoalho do meu quarto coberto de répteis horríveis, tais como serpentes, sapos, lagartos e outros. Sentia-me tomado de espanto, à medida que aumentavam as trevas, mas em breve elas se dissiparam. Então vi claramente um homem em meio a uma luz viva e radiante, sentado a um canto da sala. Os répteis haviam desaparecido com as trevas. Encontrava-me só. Imaginai o medo que se apoderou de mim, quando o ouvi pronunciar distintamente, mas com um tom de voz capaz de imprimir terror: “Não comas tanto!” A essas palavras, minha vista se obscureceu, mas restabeleceu-se pouco a pouco e eu me vi sozinho no quarto. Ainda um pouco apavorado por tudo quanto havia visto, apressei-me em recolher-me ao alojamento sem dizer palavra sobre o que havia acontecido. Aí me entreguei à reflexão, mas não concebia que aquilo fosse efeito do acaso ou qualquer causa física.

“Na noite seguinte, o mesmo homem, ainda radiante de luz, apresentou-se e me disse: ‘Eu sou Deus, o Senhor, Criador e Redentor. Escolhi-te para explicar aos homens o sentido interior e espiritual da Sagrada Escritura. Ditarei o que deves escrever.’

“Dessa vez não fiquei tão apavorado, e a luz que o envolvia, embora muito viva e resplendente, não me produziu nos olhos nenhuma impressão dolorosa. Estava vestido de púrpura, e a visão durou um bom quarto de hora.

“Naquela mesma noite os olhos do meu homem interior foram abertos e dispostos para ver o céu, o mundo dos Espíritos e os infernos, e eu encontrei por toda parte várias pessoas conhecidas, algumas falecidas há muito tempo, outras recentemente. Desde aquele dia renunciei a todas as ocupações mundanas para trabalhar exclusivamente nas coisas espirituais, para me submeter à ordem que eu havia recebido. Muitas vezes me aconteceu, a seguir, ter abertos os olhos de meu Espírito e de ver em pleno dia aquilo que se passava no outro mundo; de falar com os Anjos e os Espíritos como falo com os homens”.

Um dos pontos fundamentais da doutrina de Swedenborg repousa naquilo que ele chama as correspondências. Na sua opinião, estando o mundo espiritual e o mundo natural ligados entre si, como o interior ao exterior, resulta que as coisas espirituais e as coisas naturais constituem uma unidade, por influxo, e que há entre elas uma correspondência.

Esse é o princípio, mas o que deve ser entendido por essa correspondência e por esse influxo, eis o que é difícil apreender.

A Terra, diz Swedenborg, corresponde ao homem. Os diversos produtos que servem à nutrição do homem correspondem a diversos gêneros de bens e de verdades, a saber: Os alimentos sólidos a gêneros de bens, e os alimentos líquidos a gêneros de verdades. A casa corresponde à vontade e ao entendimento, que constitui o mental humano. Os alimentos correspondem às verdades ou às falsidades, segundo a substância, a cor e a forma que apresentam.

Os animais correspondem às afeições: os úteis e mansos, às boas afeições; os nocivos e maus às afeições más; os pássaros mansos e belos às verdades intelectuais; os maus e feios às falsidades; os peixes, às ciências que se originam das coisas sensoriais; os insetos nocivos, às falsidades que vêm dos sentidos. As árvores e os arbustos correspondem a diversos gêneros de conhecimento; as ervas e a grama a diversas verdades científicas. O ouro corresponde ao bem celeste; a prata, à verdade espiritual; o bronze, ao bem natural, etc. etc. Assim, desde os últimos degraus da criação até o sol celeste e espiritual, tudo se mantém, tudo se encadeia pelo influxo que produz a correspondência.

O segundo ponto de sua doutrina é o seguinte: há um só Deus e uma só pessoa, que é Jesus Cristo.

O homem, criado livre, segundo Swedenborg, abusou de sua liberdade e de sua razão. Ele caiu, mas a sua queda tinha sido prevista por Deus e devia ser seguida da reabilitação, porque Deus, que é o amor em si mesmo, não podia deixá-lo no estado em que sua queda o havia mergulhado. Ora, como operar tal reabilitação? Colocá-lo no estado primitivo seria o mesmo que lhe tirar o livre-arbítrio e, assim, aniquilá-lo. Foi subordinando-o às leis de sua ordem eterna que Ele procedeu à reabilitação do gênero humano. Vem a seguir a teoria muito difusa dos três sóis transpostos por Jeová, para se aproximar de nós e provar que ele é o próprio homem.

Swedenborg divide o mundo dos Espíritos em três lugares diferentes: os céus, os intermediários e os infernos, mas sem lhes assinalar um lugar. “Depois da morte”, diz ele, “entramos no mundo dos Espíritos. Os santos se dirigem de boa vontade para um dos três céus e os pecadores para um dos três infernos, de onde jamais sairão”.

Esta doutrina desesperadora anula a misericórdia de Deus, porque lhe recusa o poder de perdoar os pecadores surpreendidos por morte violenta ou acidental.

Ainda que rendendo justiça ao mérito pessoal de Swedenborg como cientista e como homem de bem, não nos podemos constituir defensores de doutrinas condenadas pelo mais elementar bom-senso. O que resulta mais claramente, conforme o que conhecemos agora dos fenômenos espíritas, é a existência de um mundo invisível e a possibilidade de nos comunicarmos com ele. Swedenborg gozou de uma faculdade que em seu tempo pareceu sobrenatural. É por isto que admiradores fanáticos o encararam como um ser excepcional. Em tempos mais remotos teriam levantado altares em sua honra. Aqueles que não acreditavam nele o consideraram como um cérebro exaltado ou um charlatão. Para nós, era um médium vidente e um escritor intuitivo, como os há aos milhares, faculdade que pertence ao rol dos fenômenos naturais.

Ele cometeu um equívoco perfeitamente perdoável, tendo em vista sua inexperiência nas coisas do mundo oculto: o de aceitar muito cegamente tudo quanto lhe era ditado, sem o submeter ao controle severo da razão. Se tivesse pesado maduramente os prós e os contras, teria reconhecido princípios inconciliáveis com a lógica, por menos rigorosa que ela fosse. Hoje, provavelmente não teria caído na mesma falta, pois disporia dos meios de julgar e apreciar o valor das comunicações de além-túmulo. Teria sabido que constituem um campo onde nem todas as ervas devem ser colhidas, e que entre umas e outras o bom-senso, que não nos foi dado à toa, deve saber escolher.

A qualidade que a si mesmo se atribuiu o Espírito que a ele se manifestou bastaria para o pôr em guarda, sobretudo considerando a trivialidade de sua apresentação. Aquilo que ele próprio não fez, devemos fazê-lo agora, só aceitando de seus escritos o que eles contêm de racional. Seus próprios erros devem ser um ensinamento para os médiuns demasiado crédulos, de que certos Espíritos procuram fascinar, lisonjeando-lhes a vaidade ou os preconceitos por uma linguagem pomposa ou de aparência enganadora.

A anedota seguinte prova o grau de má fé dos adversários de Swedenborg, que procuravam todas as oportunidades para denegri-lo. Conhecendo suas faculdades, a rainha Luísa Ulrica o havia encarregado, um dia, de saber do Espírito de seu irmão, o príncipe da Prússia, por que algum tempo antes de sua morte não respondera a uma carta que ela lhe havia mandado, pedindo conselhos. Ao cabo de 24 horas, em audiência secreta, Swedenborg teria relatado à rainha a resposta do príncipe, concebida em termos tais, que essa, plenamente convencida de que ninguém, exceto ela própria e o seu falecido irmão conheciam o conteúdo da referida carta, foi tomada da mais profunda estupefação e reconheceu o poder miraculoso do grande homem.

Eis a explicação que dá a esse fato um dos seus antagonistas, o cavaleiro Beylon, leitor da rainha:

“Consideravam a rainha como um dos principais autores da tentativa de revolução ocorrida na Suécia em 1756, que custou a vida do conde Barhé e do marechal Horn. Pouco faltou para que o partido dos chapéus[1], que então triunfava, não a tornasse responsável pelo sangue derramado.

Nessa situação crítica, ela escreveu ao irmão, o príncipe da Prússia, pedindo conselho e assistência. A rainha não recebeu resposta e como o príncipe tivesse morrido logo depois, jamais soube ela a causa de seu silêncio. Por isto encarregou Swedenborg de interrogar o Espírito do príncipe a tal respeito. Justamente à chegada da mensagem da rainha, estavam presentes os senadores Conde T... e Conde H...

Este último, que tinha interceptado a carta, sabia tão bem quanto seu cúmplice, o Conde T..., por que razão a carta ficara sem resposta, e ambos resolveram aproveitar a circunstância para fazer com que a rainha recebesse seus conselhos sobre muitas coisas. Então, foram à noite procurar o visionário e lhe ditaram a resposta. Swedenborg, que não estava inspirado, aceitou-a com açodamento. No dia seguinte correu para a rainha e, no silêncio do gabinete, lhe disse que o Espírito do príncipe lhe aparecera e o havia encarregado de anunciar-lhe o seu descontentamento e garantir-lhe que, se não respondera a carta, é que desaprovava a sua conduta, pois sua política imprudente e a sua ambição eram a causa do sangue derramado; que ela era culpada perante Deus e tinha que expiar essa culpa. Ele mandava pedir-lhe que não mais se intrometesse nos negócios do Estado, etc. etc. Convencida por esta revelação, a rainha acreditou em Swedenborg e tomou ardorosamente a sua defesa.

Esta anedota deu lugar a uma polêmica contínua entre os discípulos de Swedenborg e os seus detratores. Um padre sueco, chamado Malthesius, que veio a ficar louco, tinha publicado que Swedenborg, de quem ele era inimigo declarado, se havia retratado antes de morrer. A balela espalhou-se na Holanda, pelo outono de 1785, levando Robert Hindmarck a instaurar um inquérito e demonstrar a inteira falsidade da calúnia inventada por Malthesius.

A história de Swedenborg prova que a visão espiritual de que era dotado, em nada lhe prejudicou o exercício das faculdades naturais. Seu elogio fúnebre, pronunciado pelo acadêmico Landel, na Academia de Ciências de Estocolmo, mostra quanto era vasta a sua erudição e pelos discursos pronunciados na Dieta, em 1761, tomamos conhecimento de sua participação na direção dos negócios públicos do país.

A doutrina de Swedenborg fez numerosos prosélitos em Londres, na Holanda e mesmo em Paris, onde deu origem à Sociedade de que tratamos no número de outubro, à dos Martinistas, à dos Teósofos, etc. Se não foi aceita por todos com todas as suas consequências, teve contudo como resultado a propagação da crença na possibilidade de comunicação com os seres de além-túmulo, crença aliás muito antiga, como todos sabem, mas até agora oculta ao público pelas práticas misteriosas que a envolviam.

O incontestável mérito de Swedenborg, seu profundo saber e sua alta reputação de sabedoria, tiveram grande influência na propagação dessas ideias, que hoje mais e mais se popularizam, pois crescem em plena luz e, longe de buscar a sombra do mistério, apelam à razão. Apesar dos erros do seu sistema, Swedenborg não deixa de ser uma das grandes figuras cuja lembrança ficará ligada à História do Espiritismo, do qual foi um dos primeiros e mais zelosos pioneiros.



[1] Os dois partidos em luta chamavam-se dos Chapéus e dos Bonés. O primeiro era partidário de uma aliança com a França e queria a guerra. (N. do T.)

 


 

Swedenborg.

Swedenborg est un de ces personnages plus connus de nom que de fait, du moins pour le vulgaire; ses ouvrages très volumineux, et en général très abstraits, ne sont guère lus que par les érudits: aussi la plupart de ceux qui en parlent seraient-ils fort embarrassés de dire ce qu'il était. Pour les uns, c'est un grand homme, objet d'une profonde vénération, sans savoir pourquoi; pour les autres, c'est un charlatan, un visionnaire, un thaumaturge. Comme tous les hommes qui professent des idées qui ne sont pas celles de tout le monde, quand ces idées surtout froissent certains préjugés, il a eu, et il a encore ses contradicteurs. Si ces derniers se fussent bornés à le réfuter, ils étaient dans leur droit; mais l'esprit de parti ne respecte rien, et les plus nobles qualités ne trouvent pas grâce devant lui: Swedenborg ne pouvait faire exception. Sa doctrine laisse, sans doute, beaucoup à désirer: lui-même aujourd'hui est loin de l'approuver en tout point. Mais toute réfutable qu'elle soit, il n'en restera pas moins comme l'un des hommes les plus éminents de son siècle. Les documents suivants sont tirés de l'intéressante notice communiquée par Mme P... à la Société parisienne des études Spirites.

Emmanuel Swedenborg est né à Stockholm, en 1688, et mort à Londres, en 1772, à l'âge de 84 ans. Son père, Joeper Swedenborg, évêque de Skava, était remarquable par son mérite et par son savoir; mais son fils le surpassa de beaucoup: il excella dans toutes les sciences, et surtout dans la théologie, la mécanique, la physique et la métallurgie. Sa prudence, sa sagesse, sa modestie et sa simplicité lui valurent la haute réputation dont il jouit encore aujourd'hui. Les rois l'appelèrent dans leurs conseils. En 1716, Charles XII le nomma assesseur au Collège métallique de Stockholm; la reine Ulrique l'anoblit, et il occupa les places les plus honorables avec distinction jusqu'en 1743, époque où il eut sa première révélation Spirite. Il était alors âgé de 55 ans et donna sa démission, ne voulant plus s'occuper que de son apostolat et de l'établissement de la doctrine de la Jérusalem nouvelle. Voici comment il raconte lui-même sa première révélation:

« J'étais à Londres où je dînais fort tard, à mon auberge ordinaire, et où je m'étais réservé une chambre pour avoir la liberté d'y méditer à mon aise. Je m'étais senti pressé par la faim, et je mangeais de bon appétit. Sur la fin du repas, je m'aperçus qu'une espèce de brouillard se répandait sur mes yeux, et je vis le plancher de ma chambre couvert de reptiles hideux, tels que serpents, crapauds, chenilles et autres; je fus saisi, d'autant plus que les ténèbres augmentèrent, mais elles se dissipèrent bientôt; alors je vis clairement un homme au milieu d'une lumière vive et rayonnante, assis dans un coin de la chambre; les reptiles avaient disparu avec les ténèbres. J'étais seul: jugez de la frayeur qui s'empara de moi, quand je lui entendis prononcer distinctement, mais avec un son de voix bien capable d'imprimer la terreur: « Ne mange pas tant! » A ces mots, ma vue s'obscurcit, mais elle se rétablit peu à peu, et je me vis seul dans ma chambre. Encore un peu effrayé de tout ce que j'avais vu, je me rendis en hâte à mon logis, sans rien dire à personne de ce qui m'était arrivé. Là, je me laissai aller à mes réflexions, et je ne conçus pas que ce fût l'effet du hasard ou de quelque cause physique.

« La nuit suivante, le même homme, rayonnant de lumière, se présenta encore devant moi et me dit: « Je suis Dieu, le Seigneur, créateur et rédempteur: je t'ai choisi pour expliquer aux hommes le sens intérieur et spirituel de l'Ecriture Sainte; je te dicterai ce que tu dois écrire. »

« Pour cette fois, je ne fus point du tout effrayé, et la lumière, quoique très vive et resplendissante dont il était environné, ne fit aucune impression douloureuse sur mes yeux; il était vêtu de pourpre, et la vision dura un bon quart d'heure. Cette même nuit, les yeux de mon homme intérieur furent ouverts et disposés pour voir dans le ciel, dans le monde des Esprits et dans les enfers, et je trouvai partout plusieurs personnes de ma connaissance, les unes mortes depuis longtemps, les autres depuis peu. Dès ce jour-là, je renonçai à toutes les occupations mondaines pour ne plus travailler que sur les choses spirituelles, pour me conformer à l'ordre que j'en avais reçu. Il m'arriva souvent, dans la suite, d'avoir les yeux de mon Esprit ouverts, et de voir en plein jour ce qui se passait dans l'autre monde, de parler aux Anges et aux Esprits comme je parle aux hommes. »

Un des points fondamentaux de la doctrine de Swedenborg repose sur ce qu'il appelle les correspondances. Selon lui, le monde spirituel et le monde naturel étant liés entre eux comme l'intérieur à l'extérieur, il en résulte que les choses spirituelles et les choses naturelles font un, par influx, et qu'il y a entre elles correspondance. Voilà le principe; mais que doit-on entendre par cette correspondance et cet influx: c'est le difficile à saisir.

La terre, dit Swedenborg, correspond à l'homme. Les diverses productions qui servent à la nourriture des hommes correspondent à divers genres de biens et de vérités, savoir: les aliments solides à des genres de biens, et les aliments liquides à des genres de vérités. La maison correspond à la volonté et à l'entendement, qui constituent le mental humain. Les aliments correspondent aux vérités ou aux faussetés, selon la substance, la couleur et la forme qu'ils présentent. Les animaux correspondent aux affections; ceux qui sont utiles et doux, aux affections bonnes; et ceux qui sont nuisibles et méchants, aux affections mauvaises; les oiseaux doux et beaux, aux vérités intellectuelles; ceux qui sont méchants et laids, aux faussetés; les poissons, aux sciences qui tirent leur origine des choses sensuelles; et les insectes nuisibles, aux faussetés qui proviennent des sens. Les arbres et les arbustes correspondent à divers genres de connaissances; les herbes et le gazon, à diverses vérités scientifiques. L'or correspond au bien céleste; l'argent, au vrai spirituel; l'airain, au bien naturel, etc., etc. Ainsi, depuis les derniers degrés de la création jusqu'au soleil céleste et spirituel, tout se tient, tout s'enchaîne par l'influx qui produit la correspondance.

Le second point de sa doctrine est celui-ci: Il n'y a qu'un seul Dieu et une seule personne, qui est Jésus-Christ.

L'homme, créé libre, selon Swedenborg, abusa de sa liberté et de sa raison. Il tomba; mais sa chute avait été prévue par Dieu; elle devait être suivie de sa réhabilitation; car Dieu, qui est l'amour même, ne pouvait pas le laisser dans l'état où sa chute l'avait plongé. Or, comment opérer cette réhabilitation? Le replacer dans l'état primitif, c'eût été lui enlever le libre arbitre, et par là l'anéantir. Ce fut en se conformant aux lois de son ordre éternel qu'il procéda à la réhabilitation du genre humain. Vient ensuite une théorie très diffuse des trois soleils franchis par Jéhovah, pour se rapprocher de nous et prouver qu'il est l'homme même.

Swedenborg divise le monde des Esprits en trois lieux différents: ciels, intermédiaires et enfers, sans toutefois leur assigner de places. « Après la mort, dit-il, on entre dans le monde des Esprits; les saints se dirigent volontairement vers l'un des trois ciels, et les pécheurs vers l'un des trois enfers, d'où ils ne sortiront jamais. » Cette doctrine désespérante annihile la miséricorde de Dieu; car il lui refuse le pouvoir de pardonner aux pécheurs surpris par une mort violente ou accidentelle.

Tout en rendant justice au mérite personnel de Swedenborg, comme savant et comme homme de bien, nous ne pouvons nous constituer les défenseurs de doctrines que condamne le plus vulgaire bon sens. Ce qui en ressort le plus clairement, d'après ce que nous connaissons maintenant des phénomènes Spirites, c'est l'existence d'un monde invisible, et la possibilité de communiquer avec lui. Swedenborg a joui d'une faculté qui a paru surnaturelle de son temps; c'est pourquoi des admirateurs fanatiques l'ont regardé comme un être exceptionnel; dans des temps plus reculés, on lui eût élevé des autels; ceux qui n'y ont pas cru l'ont traité, les uns de cerveau exalté, les autres de charlatan. Pour nous, c'était un médium voyant et un écrivain intuitif, comme il y en a des milliers; faculté qui rentre dans la condition des phénomènes naturels.

Il a eu un tort, très pardonnable, vu son inexpérience des choses du monde occulte, c'était d'accepter trop aveuglément tout ce qui lui était dicté, sans le soumettre au contrôle sévère de la raison. S'il en eût mûrement pesé le pour et le contre, il y eût reconnu des principes inconciliables avec une logique tant soit peu rigoureuse. Aujourd'hui, il ne serait probablement pas tombé dans la même faute; car il aurait eu les moyens de juger et d'apprécier la valeur des communications d'outre- tombe; il aurait su que c'est un champ où toutes les herbes ne sont pas bonnes à cueillir, et qu'entre les unes et les autres le bon sens, qui ne nous a pas été donné pour rien, doit savoir faire un choix. La qualité que s'est attribuée l'Esprit qui s'est manifesté à lui suffisait pour le mettre sur ses gardes, surtout en considérant la trivialité de son début. Ce qu'il n'a pas fait lui-même, c'est à nous de le faire maintenant, en ne prenant dans ses écrits que ce qu'il y a de rationnel; ses erreurs mêmes doivent être un enseignement pour les médiums trop crédules que certains Esprits cherchent à fasciner en flattant leur vanité ou leurs préjugés par un langage pompeux ou de trompeuses apparences.

L'anecdote suivante prouve le peu de bonne foi des adversaires de Swedenborg, qui cherchaient toutes les occasions de le dénigrer. La reine Louise-Ulrique, connaissant les facultés dont il était doué, l'avait un jour chargé de savoir de l'Esprit de son frère, le prince de Prusse, pourquoi, quelque temps avant sa mort, il n'avait pas répondu à une lettre qu'elle lui avait envoyée pour lui demander des conseils. Swedenborg, au bout de vingt- quatre heures, avait rapporté à la reine, en audience secrète, la réponse du prince, conçue de telle sorte que la reine, pleinement persuadée que personne, excepté elle et son frère défunt, ne connaissait le contenu de cette lettre, fut saisie de la plus profonde stupéfaction, et reconnut le pouvoir miraculeux du grand homme. Voici l'explication que donne de ce fait un de ses antagonistes, le chevalier Beylon, lecteur de la reine:

« On regardait la reine comme l'un des principaux auteurs de la tentative de révolution qui eut lieu en Suède en 1756, et qui coûta la vie au comte Barhé et au maréchal Horn. Peu s'en fallut que le parti des chapeaux qui triomphait alors ne la rendît responsable du sang versé. Dans cette situation critique, elle écrivit à son frère, le prince de Prusse, pour lui demander conseil et assistance. La reine ne reçut pas de réponse, et comme le prince mourut bientôt après, elle n'apprit jamais la cause de son silence; c'est pourquoi elle chargea Swedenborg d'interroger l'Esprit du prince à ce sujet. Justement, à l'arrivée du message de la reine, les sénateurs, comtes T... et H... étaient présents. Ce dernier, qui avait intercepté la lettre, savait aussi bien que son complice, le comte T..., pourquoi cette missive était restée sans réponse, et tous deux résolurent de profiter de cette circonstance pour faire parvenir à la reine leurs avis sur beaucoup de choses. Ils allèrent donc de nuit trouver le visionnaire et lui dictèrent la réponse. Swedenborg, à défaut d'inspiration, saisissant celle-ci avec empressement, courut, le lendemain, chez la reine, et là, dans le silence de son cabinet, il lui dit: que l'Esprit du prince lui était apparu et l'avait chargé de lui annoncer son mécontentement, et de l'assurer que s'il n'avait pas répondu à sa lettre, c'est qu'il avait désapprouvé sa conduite, que sa politique imprudente et son ambition étaient cause du sang répandu, qu'elle était coupable devant Dieu, et qu'elle aurait à expier. Il la faisait prier de ne plus se mêler des affaires de l'état, etc., etc. La reine, convaincue par cette révélation, crut à Swedenborg et embrassa sa défense avec ardeur.

Cette anecdote a donné lieu à une polémique soutenue entre les disciples de Swedenborg et ses détracteurs. Un ecclésiastique suédois, nommé Malthésius, qui est devenu fou, avait publié que Swedenborg, dont il était ouvertement l'ennemi, s'était rétracté avant de mourir. Le bruit s'en étant répandu en Hollande, vers l'automne de 1785, Robert Hindmarck fit une enquête à ce sujet, et démontra toute la fausseté de la calomnie inventée par Malthésius.

L'histoire de la vie de Swedenborg prouve que la vue spirituelle dont il était doué ne nuisit en rien, chez lui, à l'exercice de ses facultés naturelles. Son éloge, prononcé après sa mort devant l'Académie des Sciences de Stockholm, par l'académicien Landel, montre combien fut vaste son érudition, et l'on voit, par ses discours prononcés à la diète de 1761, la part qu'il prenait à la direction des affaires publiques de son pays.

La doctrine de Swedenborg fit de nombreux prosélytes à Londres, en Hollande, et même à Paris, où elle donna naissance à la Société dont nous avons parlé dans notre Numéro du mois d'octobre, à celle des Martinistes, des Théosophes, etc. Si elle ne fut pas acceptée par tous dans toutes ses conséquences, elle eut toujours pour résultat de propager la croyance à la possibilité de communiquer avec les êtres d'outre-tombe, croyance fort ancienne, comme on le sait, mais jusqu'à ce jour cachée au vulgaire par les pratiques mystérieuses dont elle était entourée. Le mérite incontestable de Swedenborg, son profond savoir, sa haute réputation de sagesse ont été d'un grand poids dans la propagation de ces idées qui se popularisent de plus en plus aujourd'hui, par cela même qu'elles croissent au grand jour, et que loin de chercher l'ombre du mystère, elles font appel à la raison. Malgré ses erreurs de système, Swedenborg n'en est pas moins une de ces grandes figures dont le souvenir restera attaché à l'histoire du Spiritisme, dont il fut un des premiers et des plus zélés promoteurs.


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