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Revista Espírita 1859 » Julho » Sociedade Parisiense - Discurso de encerramento do ano social 1858-1859 Revue Spirite 1859 » Juillet » Société Parisienne - Discours de clôture de l'année sociale 1858-1859

Senhores,

No momento em que expira o vosso ano social, permiti que vos apresente um curto resumo da marcha e dos trabalhos da Sociedade.

Conheceis a sua origem. Ela se formou sem um desígnio premeditado, sem um projeto preconcebido. Alguns amigos se reuniam em minha casa num pequeno grupo; pouco a pouco esses amigos me pediram permissão para me apresentar seus amigos. Então não havia um presidente. Eram saraus íntimos, de oito ou dez pessoas, como os há às centenas, em Paris e alhures. Era natural, entretanto, que em minha casa eu tivesse a direção do que ali se fazia, já como dono, já em consequência dos estudos especiais que havia feito e que me davam certa experiência na matéria.

O interesse despertado por essas reuniões foi crescendo, embora não nos ocupássemos senão de coisas muito sérias. Pouco a pouco, um a um foi crescendo o número dos assistentes e minha modesta sala, muito pouco adequada para uma assembleia, tornou-se insuficiente. Foi então que alguns de entre vós propuseram se procurasse outra mais cômoda e que nos cotizássemos a fim de cobrir as despesas, pois não achavam justo que tudo corresse por minha conta, como até então.

Mas para nos reunirmos regularmente, além de um certo número de pessoas e num local diferente, era necessário nos conformássemos às exigências legais, ter um regulamento e, consequentemente, um presidente titulado. Enfim, era necessário constituir-se uma sociedade. Foi o que aconteceu, com o assentimento da autoridade, cuja benevolência não nos faltou. Era também necessário imprimir aos trabalhos uma direção metódica e uniforme, e houvestes por bem encarregar-me de continuar aquilo que fazia em minha casa, nas nossas reuniões particulares.

Dei às minhas funções, que posso chamar de laboriosas, toda a exatidão e todo o devotamento de que fui capaz. Do ponto de vista administrativo, esforcei-me por manter nas sessões uma ordem rigorosa e por lhes dar um caráter de seriedade, sem o qual logo teria desaparecido o prestígio de assembleia séria. Agora, que minha tarefa está terminada e que o impulso foi dado, devo comunicar-vos a resolução que tomei de renunciar, para o futuro, a qualquer função na Sociedade, mesmo a de diretor de estudos. Não ambiciono nenhum título, a não ser o de simples membro titular, com o qual me sentirei sempre feliz e honrado. O motivo de minha decisão está na multiplicidade de meus trabalhos, que aumentam dia a dia, pela extensão de minhas relações e porque, além daqueles que conheceis, preparo outros trabalhos mais consideráveis, que exigem longos e laboriosos estudos e que não absorverão menos de dez anos[1]. Ora, os trabalhos da Sociedade não deixam de tomar muito tempo, quer na preparação, quer na coordenação e redação final. Além disso, reclamam uma assiduidade por vezes prejudicial às minhas ocupações pessoais e tornam indispensável a iniciativa quase exclusiva que me conferistes. É por este motivo, senhores, que tantas vezes tive de tomar a palavra, muitas delas lamentando que membros eminentes e esclarecidos nos privassem de suas luzes. Há muito tempo eu desejava demitir-me de minhas funções. Em várias circunstâncias externei esse desejo de maneira explícita, tanto aqui quanto particularmente, a diversos colegas, notadamente ao Sr. Ledoyen. Tê-lo-ia feito mais cedo, sem receio de causar perturbação na Sociedade, retirando-me ao meio do ano, mas poderia parecer uma defecção. E era necessário não dar esse prazer aos nossos adversários. Tive, pois, que cumprir a minha tarefa até o fim. Hoje, porém, que não mais existem esses motivos, apresso-me em vos comunicar a minha resolução, a fim de não entravar a escolha que deveis fazer. É justo que cada um participe dos encargos e das honras.

Num ano a Sociedade viu sua importância crescer rapidamente. O número de seus membros titulares triplicou em alguns meses. Tendes numerosos correspondentes nos dois continentes e a quantidade de ouvintes ultrapassaria o limite do possível, se não houvéssemos estabelecido como freio o estrito cumprimento do regulamento. Entre estes últimos, notastes a presença das mais altas notabilidades sociais e muitas figuras das mais ilustres. A pressa que há em solicitar admissão às vossas sessões demonstra o interesse que elas despertam, não obstante a ausência de qualquer experimentação destinada a satisfazer a curiosidade e, talvez, em virtude mesmo da sua simplicidade. Se nem todos saem convencidos, o que seria pretender o impossível, as pessoas sérias, as que não vêm com a ideia preconcebida de denegrir, levam da seriedade dos vossos trabalhos uma impressão que as predispõe a aprofundar essas questões. Aliás, não podemos senão aplaudir as restrições feitas à admissão de ouvintes estranhos. Assim evitamos uma multidão de curiosos importunos. A medida com a qual limitastes a admissão de estranhos a certas sessões, reservando as outras exclusivamente aos membros da Sociedade, teve como resultado vos dar mais liberdade nos estudos, que poderiam ser entravados pela presença de pessoas ainda não iniciadas e cuja simpatia não estivesse garantida.

Essas restrições parecerão muito naturais aos que conhecem a finalidade de nossa instituição e sabem que somos, antes de tudo, uma Sociedade de estudo e de pesquisas e não um veículo de propaganda. É por isto que não admitimos em nossas fileiras aqueles que, não possuindo as primeiras noções da ciência, nos fariam perder tempo em demonstrações elementares, incessantemente renovadas. Sem dúvida todos nós desejamos a propaganda das ideias que professamos, porque as julgamos úteis, e cada um de nós para isso contribui. Sabemos, porém, que só se adquire convicção através de observações contínuas e nunca por alguns fatos isolados, sem continuidade e sem raciocínio, contra os quais a incredulidade sempre poderá levantar objeções. Dir-se-á que um fato é sempre um fato. É um argumento irretorquível, sem dúvida, desde que não seja contestado nem contestável. Quando um fato sai do círculo de nossas ideias e de nossos conhecimentos, à primeira vista parece impossível. Quanto mais extraordinário, mais objeção levanta. Eis por que o contestam. Aquele que lhe sonda a causa e a descobre, encontra-lhe uma base e uma razão de ser; compreende a sua possibilidade e desde então não mais o rejeita. Muitas vezes um fato só é inteligível por sua ligação com outros fatos. Tomado isoladamente pode parecer estranho, incrível e até absurdo. Mas se for um dos elos da cadeia; se tiver uma base racional; se se puder explicá-lo, desaparecerá qualquer anomalia.

Ora, para conceber esse encadeamento, para apreender esse conjunto a que somos conduzidos de consequência em consequência, é necessário, em todas as coisas ─ e talvez ainda mais no Espiritismo ─ uma série de observações racionais. O raciocínio é, pois, poderoso elemento de convicção, hoje mais do que nunca, porque as ideias positivas nos levam a saber o porquê e o como de cada coisa.

Admiramo-nos da persistência da incredulidade em matéria de Espiritismo, por parte de pessoas que viram, enquanto outras que nada viram são crentes firmes. Dir-se-ia que são superficiais e que aceitam sem exame tudo quanto se lhes diz? Muito pelo contrário. As primeiras viram, mas não compreendem; as últimas não viram, mas compreendem, e compreendem porque raciocinam.

O conjunto de raciocínios sobre os quais se apoiam os fatos constitui a ciência, ciência ainda imperfeita, é certo, cujo apogeu ninguém pretende ter atingido, mas, enfim, é uma ciência em início e vossos estudos se dirigem para a pesquisa de tudo quanto pode alargá-la e constituí-la.

Eis o que importa seja bem sabido fora deste recinto, a fim de que não haja equívocos quanto aos nossos objetivos; a fim de que, ao virem aqui, não esperem vir a um espetáculo dado pelos Espíritos. A curiosidade tem um limite. Quando satisfeita, procura uma nova distração. Aquele que não pára na superfície, que vê além do efeito material, sempre acha o que aprender. Para ele o raciocínio é uma fonte inesgotável, sem limites. Nossa linha de conduta não poderia ser mais bem traçada do que pelas admiráveis palavras que o Espírito de São Luís nos dirigiu, e que jamais deveríamos esquecer: “Zombaram das mesas girantes, mas não zombarão jamais da filosofia, da sabedoria, da caridade que brilham nas comunicações sérias. Que alhures se veja; que alhures se escute, mas que entre vós haja compreensão e amor”.

A expressão que entre vós haja compreensãoé todo um ensinamento. Nós devemos compreender, e procuramos compreender, porque não queremos crer como cegos. O raciocínio é o facho que nos guia. Mas o raciocínio de um só pode transviar-se. Eis porque nos quisemos reunir em sociedade, a fim de nos esclarecermos mutuamente pelo concurso recíproco de nossas ideias e observações. Colocados neste terreno, assemelhamo-nos a todas as demais instituições científicas, e nossos trabalhos produzirão mais prosélitos sérios do que se passássemos o tempo a fazer que as mesas se movessem e dessem pancadas. Em breve estaríamos fartos disso. Nosso pensamento requer um alimento mais sólido e, por isso, buscamos penetrar os mistérios do mundo invisível, cujos primeiros indícios são esses fenômenos elementares. Os que sabem ler se divertem a repetir sem cessar o alfabeto? Talvez tivéssemos maior afluência de curiosos, sucedendo-se em nossas sessões como personagens de um panorama mutável. Mas esses curiosos, que não poderiam adquirir uma convicção improvisada por verem um fenômeno para eles inexplicável que julgariam sem aprofundá-lo, seriam antes um obstáculo aos nossos trabalhos. Eis porque, não querendo desviar-nos do nosso caráter científico, afastamos todo aquele que nos procura sem um objetivo sério.

O Espiritismo tem consequências de tal gravidade; toca em questões de tal alcance; dá a chave de tantos problemas; oferece-nos, enfim, tão profundo ensino filosófico, que ao lado de tudo isso uma mesa girante é pura infantilidade.

A observação dos fatos, sem o raciocínio, dizíamos nós, é insuficiente para dar completa convicção. Poderíamos taxar de leviano aquele que se declarasse convencido por um fato que não tivesse compreendido. Esta maneira de proceder, entretanto, tem outro inconveniente que deve ser assinalado e do qual cada um de nós pode dar testemunho: é a mania de experimentação, como consequência natural disso.

Aquele que vê um fato espírita sem lhe haver estudado todas as suas implicações, geralmente não vê mais que o fato material. Então o julga do ponto de vista de suas próprias ideias, sem pensar que fora das leis comuns pode e deve haver leis desconhecidas. Julga poder manobrá-lo à sua vontade; impõe condições e não se convencerá, conforme diz, se o fato não se repetir de uma certa maneira, e não de outra. Imagina que se fazem experiências com os Espíritos como se fossem uma pilha elétrica. Desconhecendo sua natureza e sua maneira de ser, pois não as estudou, pensa que lhes pode impor a sua vontade, e imagina que eles devem agir a um simples sinal, pelo simples prazer de convencê-lo. Porque se dispõe a ouvi-los durante quinze minutos, supõe que devam ficar às suas ordens.

São erros em que não caem aqueles que se dão ao trabalho de aprofundar os estudos. Conhecem os obstáculos e não pedem o impossível. Em lugar de quererem convencer do seu ponto de vista os Espíritos, coisa a que eles não se submetem voluntariamente, colocam-se no ponto de vista dos Espíritos, com o que os fenômenos mudam de aspecto. Para isto são necessárias paciência, perseverança e firme vontade, sem o que nada se alcança.

Aquele que realmente quer saber, deve submeter-se às condições da coisa em si, e não querer que esta se submeta às suas próprias condições.

Por isto a Sociedade não se presta a experimentações que não dariam resultado, pois sabe, por experiência, que o Espiritismo, como qualquer outra ciência, não se aprende de um jacto e em poucas horas. Como uma sociedade séria, não quer tratar senão com gente séria, que compreende as obrigações impostas por tal estudo, desde que se queira fazê-lo conscienciosamente. Ela não reconhece como sérios os que dizem: Deixem-me ver um fato e eu me convencerei.

Significa isto que desprezamos os fatos?

Muito pelo contrário, pois toda a nossa ciência está baseada nos fatos. Pesquisamos com interesse todos aqueles que nos oferecem matéria de estudo ou confirmam princípios admitidos. Quero apenas dizer que não perdemos tempo em reproduzir os fatos que já conhecemos, do mesmo modo que um físico não se diverte em repetir incessantemente as experiências que nada de novo lhe ensinam. Dirigimos nossa investigação a tudo quanto possa iluminar nossos caminhos, preferindo as comunicações inteligentes, fonte da filosofia espírita e cujo campo ilimitado é muito mais vasto que o das manifestações puramente materiais, de interesse apenas momentâneo.

Dois sistemas igualmente preconizados e praticados se apresentam na maneira de receber as comunicações de além-túmulo: uns preferem esperar as comunicações espontâneas; outros as provocam por um apelo direto a este ou àquele Espírito. Pretendem os primeiros que na ausência de controle para estabelecer a identidade dos Espíritos, esperando a sua boa vontade, ficamos menos expostos a ser induzidos em erro. Desde que o Espírito fala é porque está presente e quer falar, ao passo que não temos certeza de que aquele que chamamos possa vir e responder. Os outros objetam que deixar falar o primeiro que apareça é abrir a porta tanto aos bons quanto aos maus. A incerteza da identidade não é objeção séria, pois muitas vezes dispomos de meios de constatá-la, sendo que essa constatação é, além do mais, objeto de um estudo ligado aos próprios princípios da ciência. O Espírito que fala espontaneamente limita-se quase sempre às generalidades, enquanto as perguntas lhe traçam um quadro mais positivo e mais instrutivo.

Quanto a nós, apenas condenamos a exclusividade de sistemas. Sabemos que ótimas coisas são obtidas de um e de outro modo. Se preferimos o segundo, é que a experiência nos ensina que nas comunicações espontâneas os Espíritos mistificadores não deixam de enfeitar-se com nomes respeitáveis, tanto quanto nas evocações. Têm mesmo o campo mais livre, ao passo que com as perguntas nós os dominamos muito mais facilmente, sem contar que as perguntas têm incontestável utilidade nos estudos. É a esta maneira de investigar que devemos a quantidade de observações recolhidas diariamente e que nos permitem penetrar mais profundamente nesses extraordinários mistérios. Quanto mais avançamos, mais se nos alarga o horizonte, mostrando quanto é vasto o campo que devemos ceifar.

As numerosas evocações que temos feito permitiram lançássemos o olhar investigador sobre o mundo invisível, de um a outro extremo, isto é, tanto naquilo que há de mais ínfimo quanto no que há de mais sublime. A incontável variedade de fatos e de caracteres que brotaram desses estudos realizados com profunda calma, com atenção contínua e com a prudente circunspecção de observadores sérios, abriu-nos os arcanos desse mundo para nós tão novo.

A ordem e o método aplicado em vossas pesquisas eram elementos indispensáveis ao sucesso.

Com efeito, sabeis por experiência que não basta chamar, ao acaso, o Espírito desta ou daquela pessoa. Os Espíritos não vêm assim, à nossa vontade ou capricho, e não respondem a tudo quanto a fantasia nos leva a lhes perguntar. Com os seres de além-túmulo são necessárias habilidade e uma linguagem adequada à sua natureza; às suas qualidades morais; a seu grau de inteligência; à posição que ocupam. Com eles, e segundo as circunstâncias, devemos ser dominadores ou submissos; compassivos com os que sofrem; humildes e respeitosos com os superiores; firmes com os maus e com os teimosos que só dominam aqueles que os escutam complacentemente. Enfim, é necessário saber formular e encadear metodicamente as perguntas, para que se obtenham respostas mais explícitas; captar nas respostas as nuanças que, por vezes, constituem traços característicos, revelações importantes e que escapam ao observador superficial, inexperiente ou ocasional.

A maneira de conversar com os Espíritos é, pois, uma verdadeira arte, que exige tato, conhecimento do terreno que pisamos e constitui, a bem dizer, o Espiritismo prático. Convenientemente dirigidas, as evocações podem ensinar muito. Elas oferecem um poderoso elemento de interesse, de moralidade e de convicção. De interesse porque nos dão a conhecer o estado do mundo que a todos espera, do qual por vezes fazemos uma ideia extravagante; de moralidade porque nelas podemos ver, por analogia, a nossa sorte futura; de convicção, porque temos nessas conversas íntimas a prova manifesta da existência e da individualidade dos Espíritos, que nada mais são do que as nossas próprias almas, desprendidas da matéria terrena.

Desde que esteja formada a vossa opinião geral sobre o Espiritismo, não tendes necessidade de fundamentar as vossas convicções na prova material das manifestações físicas. Por outro lado, aconselhados pelos Espíritos, quisestes limitar-vos ao estudo dos princípios e dos problemas morais, sem que para isso fosse negligenciado o exame dos fenômenos que podem auxiliar na pesquisa da verdade.

A crítica sistemática censurou-nos por aceitarmos muito facilmente as doutrinas de certos Espíritos, sobretudo no que concerne a questões científicas. Essas pessoas mostram, por isso mesmo, que não conhecem o verdadeiro escopo da Ciência Espírita, nem aquele a que nos propomos, com o que nos dão o direito de lhes devolver a censura de leviandade de julgamento.

Certamente não será a vós que pode ser ensinada a reserva com que deve ser acolhido aquilo que vem dos Espíritos. Estamos longe de aceitar tudo quanto eles dizem como artigos de fé. Sabemos que há entre eles todas as nuanças de saber e de moralidade. Para nós são toda uma população, que apresenta variedades cem vezes mais numerosas que as que percebemos entre os homens. O que queremos é estudar essa população; é chegar a conhecê-la e compreendê-la. Para tanto, estudamos as individualidades; observamos as diferenças sutis; procuramos identificar os traços distintivos de seus costumes, de seus hábitos, de seu caráter. Queremos, finalmente, identificar-nos, tanto quanto possível, com o estado desse mundo. Antes de ocupar uma habitação gostamos de saber como é ela; se ali estaremos confortavelmente. Queremos conhecer os hábitos dos vizinhos; o tipo de sociedade que poderemos frequentar. Pois então! É a nossa morada futura. São os costumes da gente em cujo meio iremos viver que os Espíritos nos dão a conhecer.

Mas, assim como entre nós há pessoas ignorantes e de vistas curtas, que fazem uma ideia incompleta do nosso mundo material e do meio que lhes é estranho, também os Espíritos de horizonte moral limitado não podem apreender o conjunto e ainda se acham sob o império dos preconceitos e dos sistemas. Não podem, portanto, instruir-nos sobre tudo quanto se relaciona com o mundo espírita, do mesmo modo que um camponês não poderia fazê-lo em relação à alta sociedade parisiense ou ao mundo da Ciência. Seria, pois, fazer um triste juízo do nosso raciocínio, se pensassem que escutamos todos os Espíritos como se fossem oráculos.

Os Espíritos são o que são e nós não podemos alterar a ordem das coisas. Como nem todos são perfeitos, não aceitamos suas palavras senão com reservas e jamais com a credulidade das crianças. Julgamos, comparamos e tiramos conclusões do que observamos. Até mesmo os erros dos Espíritos constituem ensinamentos para nós, uma vez que não renunciamos ao nosso discernimento.

Estas observações aplicam-se igualmente a todas as teorias científicas que os Espíritos podem dar. Seria muito cômodo se bastasse interrogá-los para se encontrar a Ciência acabada e possuir todos os segredos da indústria. Não conquistamos a Ciência senão à custa de trabalho e de pesquisas. A missão dos Espíritos não é livrar-nos dessa obrigação. Nós sabemos, além disso, não apenas que nem todos os Espíritos sabem tudo, como também que há entre eles pseudo-sábios, assim como entre nós, os quais pensam saber aquilo que não sabem e falam daquilo que ignoram com a mais imperturbável audácia.

Um Espírito poderia, pois, dizer que é o Sol que gira, e não a Terra. Sua teoria não seria mais exata pelo fato de provir de um Espírito. Saibam, pois, aqueles que nos atribuem uma credulidade tão pueril, que tomamos toda opinião emitida por um Espírito como uma opinião pessoal; que não a aceitamos senão depois de havê-la submetido ao controle da lógica e dos meios de investigação fornecidos pela própria Ciência Espírita, meios que vós todos conheceis.

Tal é, senhores, o fim a que se propõe a Sociedade. Não cabe a mim, por certo, vo-lo dizer, posto me agrade recordá-lo aqui, a fim de que se minhas palavras repercutirem lá fora, ninguém se equivoque quanto ao seu verdadeiro sentido. De minha parte sinto-me feliz por não ter tido senão que vos acompanhar neste caminho sério, que eleva o Espiritismo à altura das ciências filosóficas. Vossos trabalhos já produziram frutos, porém os que se produzirão mais tarde são incalculáveis, desde que ─ e disso não tenho dúvidas ─ mantenhais as condições propícias a fim de atrairdes os bons Espíritos ao vosso meio.

O concurso dos bons Espíritos, tal é, com efeito, a condição sem a qual não se pode esperar a Verdade. Ora, depende de nós obter esse concurso. A primeira de todas as condições para merecermos a sua simpatia é o recolhimento e a pureza das intenções. Os Espíritos sérios vão aonde são chamados seriamente, com fé, fervor e confiança. Eles não gostam de ser usados em experiências, nem de dar espetáculo. Ao contrário, gostam de instruir aqueles que os interrogam sem ideias preconcebidas. Os Espíritos levianos, que se divertem de todos os modos, vão a toda parte e de preferência aos lugares onde encontram ocasião para mistificar. Os maus são atraídos pelos maus pensamentos, e por maus pensamentos devemos compreender todos aqueles que não se conformam com os princípios da caridade evangélica. Assim, pois, quem quer que traga a uma reunião sentimentos contrários a esses preceitos, traz consigo Espíritos desejosos de semear a perturbação, a discórdia e os desafetos.

A comunhão de pensamentos e de sentimentos para o bem é, assim, uma condição primordial e não é possível encontrar essa comunhão num meio heterogêneo, onde têm acesso paixões inferiores como o orgulho, a inveja e o ciúme, paixões que sempre se revelam pela malevolência e pela acrimônia da linguagem, por mais espesso que seja o véu com que se procure encobri-las. Eis o abc da Ciência Espírita. Se quisermos fechar a porta desse recinto aos maus Espíritos, comecemos por fechar-lhes a porta de nossos corações e evitemos tudo quanto lhes possa conferir poder sobre nós. Se algum dia a Sociedade se tornasse joguete dos Espíritos enganadores, é que a ela teriam sido atraídos. Por quem? Por aqueles nos quais eles encontram eco, pois eles vão apenas aonde sabem que são escutados. É conhecido o provérbio: Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és. Podemos parodiá-lo em relação aos nossos Espíritos simpáticos, dizendo: Dize-me o que pensas e dir-te-ei com quem andas.

Ora, os pensamentos se traduzem por atos. Se admitirmos que a discórdia, o orgulho, a inveja e o ciúme não podem ser inspirados senão por maus Espíritos, aqueles que aqui trouxessem elementos de desunião suscitariam entraves, com o que indicariam a natureza de seus satélites ocultos. Então só poderíamos lamentar sua presença no seio da Sociedade. Queira Deus - e assim o espero - que isto nunca aconteça, e que, auxiliados pelos bons Espíritos, se a estes nos tornarmos favoráveis, a Sociedade se consolide, tanto pela consideração que tiver merecido, quanto pela utilidade de seus trabalhos.

Se tivéssemos em mira apenas experiências para satisfação de nossa curiosidade, a natureza das comunicações seria mais ou menos indiferente, pois nelas veríamos somente o que elas são. Como, porém, em nossos estudos não buscamos uma diversão para nós, nem para o público, mas o que queremos são comunicações verdadeiras, para isso necessitamos da simpatia dos bons Espíritos, e essa simpatia só é conseguida pelos que afastam os maus com a sinceridade de seu coração.

Dizer que Espíritos levianos jamais se introduziram em nosso meio, para encobrirmos qualquer ponto vulnerável de nossa parte, seria muita presunção de perfeição. Os Espíritos superiores podem até mesmo permiti-lo, a fim de experimentar a nossa perspicácia e o nosso zelo na busca da verdade. Entretanto, o nosso raciocínio deve pôr-nos em guarda contra as ciladas que nos podem ser armadas e em todos os casos dá-nos os meios de evitá-las.

O objetivo da Sociedade não é apenas a pesquisa dos princípios da Ciência Espírita. Ela vai mais longe. Estuda também as suas consequências morais, pois é principalmente nestas que está a sua verdadeira utilidade.

Ensinam os nossos estudos que o mundo invisível que nos circunda reage constantemente sobre o mundo visível e no-lo mostram como uma das forças da Natureza. Conhecer os efeitos dessa força oculta que nos domina e nos subjuga malgrado nosso, não será ter a chave de muitos problemas, as explicações de uma porção de fatos que passam despercebidos? Se esses efeitos podem ser funestos, conhecer a causa do mal não é ter um meio de preservar-se contra ele, assim como o conhecimento das propriedades da eletricidade nos deu o meio de atenuar os desastrosos efeitos do raio? Se então sucumbirmos, não nos poderemos queixar senão de nós mesmos, porque a ignorância não nos servirá de desculpa. O perigo está no império que os maus Espíritos exercem sobre as pessoas, o que não é apenas uma coisa funesta do ponto de vista dos erros de princípios que eles podem propagar, como ainda do ponto de vista dos interesses da vida material. Ensina a experiência que jamais nos abandonamos impunemente ao domínio dos maus Espíritos, porque suas intenções jamais podem ser boas. Uma de suas táticas para alcançar os seus fins é a desunião, pois sabem muito bem que podem facilmente dominar quem estiver sem apoio. Assim, o seu primeiro cuidado, quando querem apoderar-se de alguém, é sempre inspirar-lhe a desconfiança e o isolamento, a fim de que ninguém possa desmascará-los esclarecendo-o com conselhos salutares. Uma vez senhores do terreno, podem à vontade fascinar a pessoa com promessas sedutoras; subjugá-la por meio da lisonja às suas inclinações, para o que aproveitam o lado fraco que descobrem a fim de melhor fazê-la sentir, depois, a amargura das decepções; feri-la nas suas afeições; humilhá-la no seu orgulho e, muitas vezes, elevá-la por um instante apenas para precipitá-la de mais alto.

Eis, senhores, o que nos mostram os exemplos que a cada momento se desdobram aos nossos olhos, tanto no mundo dos Espíritos quanto no mundo corpóreo, circunstância que podemos aproveitar para nós próprios, ao mesmo tempo que procuramos torná-la proveitosa aos outros.

Entretanto, perguntarão se não atrairemos os maus Espíritos, evocando homens que foram o rebotalho da Sociedade.

Não, porque jamais sofremos a sua influência. Só haverá perigo quando é o Espírito que se impõe; nunca, porém, quando nos impomos ao Espírito. Sabeis que tais Espíritos não atendem ao vosso chamado senão constrangidos e forçados; que em geral se acham tão deslocados em vosso meio que têm pressa em retirar-se. Para nós sua presença é um estudo, porque para conhecer é necessário ver tudo. O médico não chega ao apogeu do conhecimento senão sondando as mais hediondas chagas.

Ora, essa comparação do médico é tanto mais justa quanto mais sabeis das chagas que temos curado e dos sofrimentos que temos aliviado. Nosso dever é nos mostrarmos caridosos e benevolentes para com os seres de além-túmulo, assim como para com os nossos semelhantes.

Senhores, pessoalmente eu desfrutaria de um privilégio extraordinário se tivesse ficado isento de crítica. Não nos pomos em evidência sem nos expormos aos dardos dos que não pensam como nós. Há, porém, duas espécies de crítica: uma que é malévola, acerba, envenenada, na qual o ciúme se trai a cada palavra; a outra, que visa a sincera procura da verdade, tem características absolutamente diversas. A primeira só merece o desdém. Jamais com ela me preocupei. Só a outra é discutível.

Algumas pessoas disseram que fui muito precipitado nas teo­rias espíritas; que ainda não havia chegado o tempo de estabelecê-las, pois as observações não estavam completas.

Permiti-me algumas palavras sobre o assunto.

Duas coisas há que considerar no Espiritismo: a parte ex­perimental e a filosófica ou teórica.

Abstração feita do ensino dos Espíritos, pergunto se, em meu nome, não tenho, como tantos outros, o direito de elucubrar um sistema filosófico. Não está o campo da opinião aberto a todo mundo? Por que, então, não posso dar a conhecer o meu? Cabe ao público julgar se ele tem ou não tem sentido.

Mas essa teoria, em vez de me conferir qualquer mérito, se mérito ela tem, eu declaro que emana inteiramente dos Espíritos.

─ Vá lá que seja, dirão alguns, mas isto é ir muito longe.

─ Aqueles que pretendem dar a chave dos mistérios da Criação; desvendar o princípio das coisas e a natureza infinita de Deus, não vão mais longe do que eu, que declaro, em nome dos Espíritos, que não é dado ao homem aprofundar essas coisas sobre as quais só podemos fazer conjecturas mais ou menos prováveis.

─ Andais muito depressa.

─ Mas seria erro tomar a dianteira a certas pessoas? Aliás, quem as impede de andar?

─ Os fatos não foram ainda suficientemente observados.

─ Como não? Certo ou errado, eu creio tê-los observado suficientemente. Devo esperar as boas disposições dos que ficam para trás? Minhas publicações não barram o caminho a ninguém.

─ Sendo os Espíritos sujeitos a erro, quem vos diz que aqueles que vos deram instruções não se tenham enganado?

─ Com efeito, toda a questão reside nisto, pois a objeção de precipitação é muito pueril. Ora! Eu devo dizer em que se funda a minha confiança na veracidade e na superioridade dos Espíritos que me instruíram. Para começar direi que, conforme o seu conselho, nada aceito sem controle e sem exame. Só adoto uma ideia quando ela me parece racional, lógica e concorde com os fatos e as observações, desde que nada de sério venha contradizê-la. Entretanto, meu julgamento não poderá ser um critério infalível. O assentimento que encontrei por parte de pessoas mais esclarecidas do que eu dá-me a primeira garantia. Mas eu encontro outra não menos preponderante no caráter das comunicações que foram feitas, desde que me ocupo de Espiritismo. Jamais ─ posso dizê-lo ─ escapou uma única dessas palavras, um só desses sinais pelos quais sempre se traem os Espíritos inferiores, mesmo os mais astuciosos. Jamais dominação; jamais conselhos equívocos ou contrários à caridade e à benevolência; jamais prescrições ridículas. Longe disso, neles só encontrei pensamentos grandes, nobres, sublimes, isentos de pequenez e de mesquinharia. Numa palavra, suas relações comigo, nas menores como nas maiores coisas, foram sempre tais que, se tivesse sido um homem que me falasse, eu o teria considerado o melhor, o mais sábio, o mais prudente, o mais moralizado e o mais esclarecido.

Senhores, aqui estão os motivos de minha confiança, corroborada pela identidade do ensino dado a uma porção de outras pessoas, antes e depois da publicação de minhas obras. O futuro dirá se estou certo ou errado. Enquanto isto, creio ter ajudado o progresso do Espiritismo, colocando algumas pedras em seu edifício. Mostrando que os fatos podem assentar-se no raciocínio, terei contribuído para fazê-lo sair do caminho frívolo da curiosidade, a fim de fazê-lo entrar na via séria da demonstração, a única apta a satisfazer aos homens que pensam e que não se detêm na superfície.

Termino, meus senhores, pelo rápido exame de uma questão atual.

Fala-se de outras sociedades que desejam rivalizar com a nossa.

Dizem que uma delas já conta com 300 membros e que possui recursos financeiros consideráveis. Quero crer que não seja uma fanfarronada, tão pouco elogiável para os Espíritos que a tiverem suscitado quanto para aqueles que lhe fazem eco. Se for uma realidade, nós a felicitamos sinceramente, desde que ela obtenha a necessária unidade de sentimentos para frustrar a influência dos maus Espíritos e consolidar a sua existência.

Desconheço completamente quais são os elementos da sociedade ou das sociedades que dizem em formação. Farei apenas uma observação geral.

Há em Paris e alhures uma porção de reuniões íntimas, como outrora foi a nossa, onde se trata mais ou menos seriamente das manifestações espíritas, sem falar dos Estados Unidos, onde elas se contam aos milhares. Conheço algumas nas quais as evocações são feitas nas melhores condições e onde são obtidas coisas notáveis. É a consequência natural do número crescente de médiuns que se desenvolvem de todos os lados, a despeito dos sarcasmos. E quanto mais avançarmos, mais se multiplicarão esses centros.

Formados espontaneamente de elementos muito pouco numerosos e variáveis, esses centros nada têm de fixo nem de regular e não constituem sociedades propriamente ditas. Para uma sociedade regularmente organizada são necessárias condições de vitalidade completamente diversas, em razão do próprio número de pessoas que as compõem, de sua estabilidade e de sua permanência. A primeira dessas condições é a homogeneidade de princípios e da maneira de ver. Toda sociedade formada de elementos heterogêneos traz em si o germe da dissolução. Podemos considerá-la natimorta, seja qual for o seu objetivo: político, religioso, científico ou econômico.

Uma sociedade espírita requer outra condição ─ a assistência dos bons Espíritos ─ se quisermos obter comunicações sérias, porque dos maus, caso lhes permitamos tomarem pé, nada obteremos senão mentiras, decepções e mistificação. Este é o preço de sua própria existência, pois que os maus serão os primeiros agentes de sua destruição. Eles a minarão pouco a pouco, caso não a derrubem logo de início.

Sem homogeneidade não haverá comunhão de pensamentos e, portanto, não serão possíveis nem calma nem recolhimento. Ora, os bons só se apresentam onde encontram tais condições. Como encontrá-las numa reunião onde as crenças são divergentes, onde alguns nem mesmo creem e, por conseguinte, onde domina incessantemente o espírito de oposição e de controvérsia? Eles só assistem aos que desejam ardentemente esclarecer-se para o bem, sem segundas intenções, e não para satisfazer uma vã curiosidade.

Querer formar uma sociedade espírita fora destas condições seria dar provas da mais absoluta ignorância dos princípios mais elementares do Espiritismo.

Seríamos nós, pois, os únicos capazes de reuni-las? Seria muito impertinente e além do mais muito ridículo de nossa parte assim pensar. Aquilo que nós fizemos, outros seguramente podem fazê-lo. Que outras sociedades se ocupem, então, de trabalhos iguais aos nossos, prosperem e se multipliquem. Tanto melhor; mil vezes melhor, porque será um sinal de progresso nas ideias morais. Tanto melhor, sobretudo, se forem bem assistidas e se tiverem boas comunicações, das quais não pretendemos possuir o privilégio. Como só visamos a nossa instrução pessoal e o interesse da Ciência, que a nossa sociedade não oculte nenhuma ideia e especulação direta ou indireta, nenhuma ambição e que sua existência não repouse sobre uma questão de dinheiro. Que as outras sociedades sejam consideradas como nossas irmãs e não concorrentes. Se formos invejosos, provaremos que somos assistidos por maus Espíritos. Se uma delas se constituísse para nos criar rivalidades, com a ideia preconcebida de nos suplantar, por seu objetivo revelaria a própria natureza dos Espíritos que presidiram à sua formação, desde que um tal pensamento nem seria bom, nem caridoso, e os bons Espíritos não simpatizam com os sentimentos de ódio, ciúme e ambição.

Aliás, nós possuímos um meio infalível para não temer nenhuma rivalidade. É o que nos dá São Luís: Que haja entre vós compreensão e amor, disse-nos ele. Trabalhemos, pois, para nos compreendermos. Lutemos com os outros, mas lutemos com caridade e com abnegação. Que o amor ao próximo esteja inscrito em nossa bandeira e seja a nossa divisa. Com isto desafiaremos a zombaria e a influência dos maus Espíritos. Neste particular poderão igualar-nos, e assim será melhor, pois serão irmãos que nos chegam. De nós depende, entretanto, não sermos nunca ultrapassados.

Mas, dirão, vós tendes uma maneira de ver que não é a nossa. Não podemos simpatizar com princípios que não admitimos, porque nada prova que estejais com a verdade. A isto responderei: nada prova que estejais mais certos do que nós, pois que ainda duvidais, e a dúvida não é uma doutrina. A gente pode divergir de opinião sobre pontos da Ciência, sem se morder nem atirar pedras, o que seria pouco digno e pouco científico. Pesquisai, pois, do vosso lado, como nós pesquisamos do nosso.  O futuro dará razão a quem de direito. Se nos enganarmos, não teremos o tolo amor-próprio de persistir em ideias falsas. Há, porém, princípios sobre os quais temos a certeza de não estar enganados: o amor ao bem, a abnegação e a abjuração de todo sentimento de inveja e de ciúme.

Estes são os nossos princípios, com os quais sempre é possível simpatizar sem comprometimento. É o laço que deve unir todos os homens de bem, seja qual for a sua divergência de opinião. Só o egoísmo põe entre eles uma barreira intransponível.

São estas, meus senhores, as observações que acreditei dever apresentar-vos ao deixar as funções que me confiastes. Do fundo do coração agradeço a todos aqueles que me testemunharam simpatia. Aconteça o que acontecer, minha vida está consagrada à obra que empreendemos e eu me sentirei feliz se meus esforços puderem ajudar a fazê-la entrar no caminho sério que é a sua essência, o único que lhe pode assegurar o futuro.

A finalidade do Espiritismo é melhorar aqueles que o compreendem. Procuremos dar o exemplo e mostrar que para nós a doutrina não é letra morta. Numa palavra, sejamos dignos dos bons Espíritos, se quisermos que eles nos assistam. O bem é uma couraça contra a qual virão sempre quebrar-se as armas da malevolência.

 

ALLAN KARDEC.



[1] Kardec falava em 1859. Em março de 1869 faleceu. Note-se a exata previsão do tempo necessário para o seu trabalho. (N. do R.)

 


 

REVUE SPIRITE

JOURNAL

D'ÉTUDES PSYCHOLOGIQUES

Juillet 1859

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Société parisienne des études spirites.

DISCOURS DE CLOTURE DE L'ANNÉE SOCIALE 1858-1859.

MESSIEURS,

Au moment où expire votre année sociale, permettez-moi de vous présenter un court résumé de la marche et des travaux de la Société.

Vous en savez l'origine: elle s'est formée sans dessein prémédité, sans projet préconçu. Quelques amis se réunissaient chez moi en tout petit comité; peu à peu ces amis me demandèrent la permission de me présenter leurs amis. Il n'y avait point alors de président: c'étaient des soirées intimes de huit à dix personnes, comme il y en a des centaines dans Paris et ailleurs; mais il était naturel que chez moi j'eusse la direction de ce qui s'y faisait, soit comme maître de maison, soit aussi en raison des études spéciales que j'avais faites, et qui me donnaient une certaine expérience de la matière.

L'intérêt que l'on prenait à ces réunions alla croissant, quoiqu'on ne s'y occupât que de choses très sérieuses; peu à peu, de l'un à l'autre, le nombre des assistants s'accrut, et mon modeste salon, très peu propice pour une assemblée, devint insuffisant. C'est alors que quelques-uns d'entre vous proposèrent d'en chercher un plus commode, et de se cotiser pour subvenir aux frais, ne trouvant pas juste que je les supportasse seul comme je l'avais fait jusqu'à ce moment. Mais pour se réunir régulièrement au-delà d'un certain nombre, et dans un local étranger, il fallait se conformer aux prescriptions légales, il fallait un règlement, et par conséquent un président en titre; il fallait enfin se constituer en société; c'est ce qui eut lieu avec l'assentiment de l'autorité, dont la bienveillance ne nous fit pas défaut. Il était nécessaire aussi d'imprimer aux travaux une direction méthodique et uniforme, et vous voulûtes bien me charger de continuer ce que je faisais chez moi dans nos réunions privées.

J'ai apporté dans mes fonctions, que je puis dire laborieuses, toute l'exactitude et tout le dévouement dont j'ai été capable; au point de vue administratif, je me suis efforcé de maintenir dans les séances un ordre rigoureux, et de leur donner un caractère de gravité sans lequel le prestige d'assemblée sérieuse eût bientôt disparu. Maintenant que ma tâche est terminée et que l'impulsion est donnée, je dois vous faire part de la résolution que j'ai prise de renoncer pour l'avenir à toute espèce de fonction dans la Société, même à celle de directeur des études; je n'ambitionne qu'un titre, celui de simple membre titulaire dont je serai toujours heureux et honoré. Le motif de ma détermination est dans la multiplicité de mes travaux qui augmentent tous les jours par l'extension de mes relations, car outre ceux que vous connaissez, j'en prépare d'autres plus considérables qui exigent de longues et laborieuses études, et n'absorberont pas moins de dix années; or, ceux de la Société ne laissent pas de prendre beaucoup de temps, soit pour la préparation, soit pour la coordination et la mise au net. Ils réclament en outre une assiduité souvent préjudiciable à mes occupations personnelles, et que rend indispensable l'initiative presque exclusive que vous m'avez laissée. C'est à cette cause, Messieurs, que je dois d'avoir si souvent pris la parole, regrettant bien souvent que les membres éminemment éclairés que nous possédons nous privassent de leurs lumières. Depuis longtemps déjà j'avais le désir de me démettre de mes fonctions; je l'ai exprimé d'une manière très explicite en diverses circonstances, soit ici, soit en particulier à plusieurs de mes collègues, et notamment à M. Ledoyen. Je l'aurais fait plus tôt sans la crainte d'apporter de la perturbation dans la Société en me retirant au milieu de l'année, on aurait pu croire à une défection; et il ne fallait pas donner cette satisfaction à nos adversaires. J'ai donc dû accomplir ma tâche jusqu'au bout; mais aujourd'hui que ces motifs n'existent plus, je m'empresse de vous faire part de ma résolution afin de ne point entraver le choix que vous ferez. Il est juste que chacun ait sa part des charges et des honneurs.

Depuis un an, la Société a vu croître rapidement son importance; le nombre des membres titulaires s'est triplé en quelques mois; vous avez de nombreux correspondants dans les deux continents, et les auditeurs dépasseraient la limite du possible si l'on n'y mettait un frein par la stricte exécution du règlement. Vous avez compté parmi ces derniers les plus hautes notabilités sociales et plus d'une illustration. L'empressement que l'on met à solliciter d'être admis à vos séances témoigne de l'intérêt qu'on y prend, nonobstant l'absence de toute expérimentation destinée à satisfaire la curiosité, et peut-être en raison même de leur simplicité. Si tous n'en sortent pas convaincus, ce qui serait demander l'impossible, les gens sérieux, ceux qui n'y viennent pas avec un parti pris de dénigrement, emportent de la gravité de vos travaux une impression qui les dispose à approfondir ces questions. Nous n'avons du reste qu'à nous applaudir des restrictions que nous avons apportées dans l'admission des auditeurs étrangers: nous évitons ainsi la foule des curieux importuns. La mesure par laquelle vous avez limité cette admission à certaines séances, réservant les autres pour les seuls membres de la Société, a eu pour résultat de vous donner plus de liberté dans les études que pourrait entraver la présence de personnes non encore initiées et dont les sympathies ne sont pas assurées.

Ces restrictions paraîtront toutes naturelles à ceux qui connaissent le but de notre institution, et qui savent que nous sommes avant tout une Société d'études et de recherches, plutôt qu'une arène de propagande; c'est pour cette raison que nous n'admettons point dans nos rangs ceux qui, ne possédant pas les premières notions de la science, nous feraient perdre notre temps en démonstrations élémentaires sans cesse renouvelées. Sans doute, nous désirons tous la propagation des idées que nous professons, parce que nous les croyons utiles, et chacun de nous y contribue pour sa part; mais nous savons que la conviction ne s'acquiert que par des observations suivies, et non par quelques faits isolés, sans suite et sans raisonnement, contre lesquels l'incrédulité peut toujours élever des objections. Un fait, dira-t-on, est toujours un fait; c'est un argument sans réplique. Sans doute quand il n'est ni contesté ni contestable. Lorsqu'un fait sort du cercle de nos idées et de nos connaissances, il paraît impossible au premier abord; plus il est extraordinaire, plus il soulève d'objections, c'est pourquoi on le conteste; celui qui en sonde les causes, qui s'en rend compte, y trouve une base, une raison d'être; il en comprend la possibilité, et dès lors ne le rejette plus. Un fait n'est souvent intelligible que par sa liaison avec d'autres faits; pris isolément, il peut paraître étrange, incroyable, absurde même; mais qu'il soit un des anneaux de la chaîne, qu'il ait une base rationnelle, qu'on puisse se l'expliquer, et toute anomalie disparaît. Or, pour concevoir cet enchaînement, pour saisir cet ensemble où l'on est conduit de conséquence en conséquence, il faut en toutes choses, et peut-être plus encore en spiritisme, une suite d'observations raisonnées. Le raisonnement est donc un puissant élément de conviction, aujourd'hui plus que jamais où les idées positives nous portent à savoir le pourquoi et le comment de chaque chose.

On s'étonne de la persistante incrédulité, en matière de spiritisme, de la part de gens qui ont vu, tandis que d'autres qui n'ont rien vu sont de fermes croyants; est-ce à dire que ces derniers sont des gens superficiels qui acceptent sans examen tout ce qu'on leur dit? non; c'est tout le contraire: les premiers ont vu, mais ne comprennent pas; les seconds n'ont pas vu, mais comprennent, et ils ne comprennent que parce qu'ils raisonnent. L'ensemble des raisonnements sur lesquels s'appuient les faits constitue la science, science encore très imparfaite, il est vrai, et dont nul de nous ne prétend avoir atteint l'apogée, mais enfin c'est une science à son début, et c'est vers la recherche de tout ce qui peut l'étendre et la constituer, que sont dirigées vos études. Voilà ce qu'il importe que l'on sache bien hors de cette enceinte, afin qu'on ne se méprenne pas sur le but que nous nous proposons; afin qu'on ne croie pas surtout, en venant ici, trouver une exhibition d'Esprits se donnant en spectacle. La curiosité a un terme; quand elle est satisfaite, elle cherche un nouveau sujet de distraction; celui qui ne s'arrête pas à la surface, qui voit au-delà de l'effet matériel, trouve toujours quelque chose à apprendre; le raisonnement est pour lui une mine inépuisable: il est sans limite. Notre ligne de conduite pouvait-elle d'ailleurs être mieux tracée que par les admirables paroles que l'Esprit de saint Louis nous a fait adresser, et que nous ne devrions jamais perdre de vue: « On s'est moqué des tables tournantes, on ne se moquera jamais de la philosophie, de la sagesse et de la charité qui brillent dans les communications sérieuses. Qu'ailleurs on voie, qu'ailleurs on entende, que chez vous on comprenne et qu'on aime. »

Ces mots: Que chez vous on comprenne, sont tout un enseignement. Nous devons comprendre, et nous cherchons à comprendre, parce que nous ne voulons pas croire en aveugles: le raisonnement est le flambeau qui nous guide. Mais le raisonnement d'un seul peut s'égarer, c'est pourquoi nous avons voulu nous réunir en société, afin de nous éclairer mutuellement par le concours réciproque de nos idées et de nos observations. En nous plaçant sur ce terrain, nous nous assimilons à toutes les autres institutions scientifiques, et nos travaux feront plus de prosélytes sérieux que si nous passions notre temps à faire tourner et frapper des tables. Nous en serions bientôt rassasiés; nous voulons à notre pensée un aliment plus solide, voilà pourquoi nous cherchons à pénétrer les mystères du monde invisible, dont ces phénomènes élémentaires ne sont que les premiers indices. Celui qui sait lire s'amuse- t-il à répéter sans cesse l'alphabet? Nous aurions peut-être un plus grand concours de curieux qui se succéderaient à nos séances comme les personnages d'un panorama mouvant, mais ces curieux, qui ne pourraient emporter une conviction improvisée par la vue d'un phénomène inexpliqué pour eux, qui le jugeraient sans l'approfondir, seraient plutôt un obstacle à nos travaux; voilà pourquoi, ne voulant pas dévier de notre caractère scientifique, nous écartons quiconque n'est pas attiré vers nous par un but sérieux. Le Spiritisme a des conséquences tellement graves, il touche à des questions d'une si haute portée, il donne la clef de tant de problèmes, nous y puisons enfin un si profond enseignement philosophique, qu'à côté de cela une table tournante est un véritable enfantillage.

L'observation des faits sans le raisonnement est insuffisante, disons- nous, pour amener une conviction complète, et c'est bien plutôt celui qui se déclarerait convaincu par un fait qu'il ne comprendrait pas, qu'on pourrait taxer de légèreté; mais cette manière de procéder a un autre inconvénient qu'il est bon de signaler, et dont chacun de nous a pu être témoin, c'est la manie de l'expérimentation qui en est la conséquence naturelle. Celui qui voit un fait spirite sans en avoir étudié toutes les circonstances, ne voit généralement que le fait matériel, et dès lors le juge au point de vue de ses propres idées sans songer qu'en dehors des lois connues, il peut, il doit y avoir des lois inconnues. Il croit pouvoir le faire manœuvrer à son gré; il impose ses conditions, et ne sera convaincu, dit-il, que s'il s'accomplit de telle manière et non de telle autre; il se figure qu'on expérimente les Esprits comme une pile électrique; ne connaissant ni leur nature, ni leur manière d'être qu'il n'a point étudiées, il croit pouvoir leur imposer sa volonté, et se figure qu'ils doivent agir au signal donné pour le bon plaisir de le convaincre; parce qu'il est disposé, pour le quart d'heure, à les entendre, il s'imagine qu'eux doivent être à ses ordres. Ce sont des erreurs dans lesquelles ne tombe pas celui qui s'est donné la peine d'approfondir; il sait se rendre compte des obstacles et ne demande pas l'impossible; au lieu de vouloir amener les Esprits à son point de vue, ce à quoi ils ne se prêtent pas volontiers, il se met au point de vue des Esprits, et pour lui les phénomènes changent d'aspect. Pour cela il faut de la patience, de la persévérance, et une ferme volonté, sans laquelle on n'arrive à rien. Quiconque veut réellement savoir doit se soumettre aux conditions de la chose, et non vouloir soumettre la chose à ses propres conditions. Voilà pourquoi la Société ne se prête point à des expérimentations qui seraient sans résultat, car elle sait par expérience que le Spiritisme, pas plus que toute autre science, ne s'apprend en quelques heures et à la volée. Comme elle est sérieuse, elle ne veut avoir affaire qu'à des personnes sérieuses, qui comprennent les obligations qu'impose une pareille étude quand on veut la faire consciencieusement. Elle ne reconnaît pas pour sérieux ceux qui disent: Faites-moi voir un fait et je serai convaincu. Est-ce à dire pour cela que nous négligeons les faits? Bien au contraire, puisque toute notre science est basée sur les faits; nous recherchons donc avec empressement tous ceux qui nous offrent un sujet d'étude, ou qui confirment des principes admis; je veux dire seulement que nous ne perdons pas notre temps à reproduire ceux que nous connaissons, pas plus que le physicien ne s'amuse à répéter sans cesse les expériences qui ne lui apprennent rien de nouveau. Nous portons nos investigations sur tout ce qui peut éclairer notre marche, nous attachant de préférence aux communications intelligentes, sources de la philosophie spirite, et dont le champ est sans limites, bien plus qu'aux manifestations purement matérielles qui n'ont que l'intérêt du moment.

Deux systèmes également préconisés et pratiqués se présentent dans la manière de recevoir les communications d'outre-tombe; les uns préfèrent attendre les communications spontanées, les autres les provoquent par un appel direct fait à tel ou tel Esprit. Les premiers prétendent qu'en l'absence de contrôle pour constater l'identité des Esprits, en attendant leur bon vouloir, on est moins exposé à être induit en erreur, attendu que celui qui parle c'est qu'il est là et qu'il veut parler, tandis qu'il n'est pas certain que celui qu'on appelle puisse venir ou répondre. On leur objecte que laisser parler le premier venu, c'est ouvrir la porte aux mauvais aussi bien qu'aux bons. L'incertitude de l'identité n'est pas une objection sérieuse, puisqu'on a souvent des moyens de la constater, et que d'ailleurs cette constatation est l'objet d'une étude qui tient aux principes mêmes de la science; l'Esprit qui parle spontanément se renferme le plus ordinairement dans des généralités, tandis que les questions lui tracent un cadre plus positif et plus instructif. Quant à nous, nous ne condamnons que les systèmes exclusifs; nous savons que l'on obtient de très bonnes choses par l'un et l'autre mode, et si nous donnons la préférence au second, c'est que l'expérience nous apprend que, dans les communications spontanées, les Esprits trompeurs ne se font pas plus faute de se parer de noms respectables que dans les évocations; ils ont même le champ plus libre, tandis que par les questions on les domine et on les maîtrise bien plus aisément sans compter que les questions sont d'une incontestable utilité dans les études. C'est à ce mode d'investigations que nous devons la multitude d'observations que nous recueillons chaque jour et qui nous font pénétrer plus profondément ces étranges mystères. Plus nous avançons plus l'horizon grandit devant nous, et nous montre combien est vaste le champ que nous avons à moissonner.

Les nombreuses évocations que nous avons faites ont permis de porter un œil investigateur sur le monde invisible depuis la base jusqu'au sommet, c'est-à-dire dans ce qu'il a de plus infime, comme dans ce qu'il a de plus sublime. Les innombrables variétés de faits et de caractères qui sont sortis de ces études faites avec le calme profond, l'attention soutenue et la prudente circonspection d'observateurs sérieux, nous ont ouvert les arcanes de ce monde si nouveau pour nous; l'ordre et la méthode que vous avez apportés dans vos recherches étaient des éléments indispensables pour le succès. Vous savez en effet par expérience qu'il ne suffit pas d'appeler au hasard l'Esprit de telle ou telle personne; les Esprits ne viennent pas ainsi au gré de notre caprice et ne répondent pas à tout ce que la fantaisie nous prend de leur demander. Il faut, avec les êtres d'outre-tombe, des ménagements, savoir tenir un langage approprié à leur nature, à leurs qualités morales, au degré de leur intelligence, au rang qu'ils occupent; être avec eux dominateur ou soumis, selon les circonstances, compatissant pour ceux qui souffrent, humble et respectueux avec les supérieurs, ferme avec les mauvais et les entêtés qui ne subjuguent que ceux qui les écoutent avec complaisance; il faut enfin savoir formuler et enchaîner méthodiquement les questions pour obtenir des réponses plus explicites, saisir dans les réponses des nuances qui sont souvent des traits caractéristiques, des révélations importantes, qui échappent à l'observateur superficiel, inexpérimenté ou de passage. La manière de converser avec les esprits est donc un art véritable, qui exige du tact, la connaissance du terrain sur lequel on marche, et constitue à proprement parler le spiritisme pratique. Sagement dirigées, les évocations peuvent apprendre de grandes choses; elles offrent un puissant élément d'intérêt, de moralité et de conviction: d'intérêt, parce qu'elles nous font connaître l'état du monde qui nous attend tous, et dont on se fait quelquefois une idée si bizarre; de moralité, parce que nous pouvons y voir, par analogie, notre sort futur; de conviction, parce qu'on trouve dans ces conversations intimes la preuve manifeste de l'existence et de l'individualité des Esprits, qui ne sont autres que nos âmes dégagées de la matière terrestre. Votre opinion sur le spiritisme en général étant formée, vous n'avez pas besoin d'asseoir vos convictions sur la preuve matérielle des manifestations physiques; aussi avez-vous voulu, d'après le conseil des Esprits, vous renfermer dans l'étude des principes et des questions morales, sans négliger pour cela l'examen des phénomènes qui peuvent aider dans la recherche de la vérité.

La critique épilogueuse nous a reproché d'accepter trop facilement les doctrines de certains Esprits, surtout en ce qui concerne les questions scientifiques. Ces personnes montrent par cela même qu'elles ne connaissent ni le véritable but de la science spirite, ni celui que nous nous proposons, et l'on peut à bon droit leur retourner le reproche de légèreté dans leur jugement. Certes ce n'est pas à vous qu'il faut apprendre la réserve avec laquelle on doit accueillir ce qui vient des Esprits; nous sommes loin de prendre toutes leurs paroles pour des articles de foi. Nous savons que parmi eux il y en a de tous les degrés de savoir et de moralité; pour nous, c'est tout un peuple qui présente des variétés cent fois plus nombreuses que celles que nous voyons parmi les hommes; ce que nous voulons, c'est étudier ce peuple; c'est arriver à le connaître et à le comprendre; pour cela nous étudions les individualités, nous observons les nuances, nous tâchons de saisir les traits distinctifs de leurs mœurs, de leurs habitudes, de leur caractère; nous voulons enfin nous identifier autant que possible avec l'état de ce monde. Avant d'occuper un logement, nous aimons assez savoir comment il est, si nous y serons commodément, à connaître les habitudes des voisins que nous aurons, le genre de société que nous y pourrons fréquenter. Eh bien! c'est notre logement futur, ce sont les mœurs du peuple au milieu duquel nous vivrons, que les Esprits nous font connaître. Mais de même que, chez nous, les gens ignorants et à vues étroites se font une idée incomplète de notre monde matériel et du milieu qui n'est pas le leur, de même aussi les Esprits dont l'horizon moral est borné, ne peuvent saisir l'ensemble, et sont encore sous l'empire des préjugés et des systèmes; il ne peuvent donc pas plus nous renseigner sur tout ce qui concerne le monde spirite, qu'un paysan ne pourrait le faire sur l'état de la haute société parisienne ou du monde savant. Ce serait donc avoir de notre jugement une bien pauvre opinion, si l'on pensait que nous écoutons tous les Esprits comme des oracles. Les Esprits sont ce qu'ils sont, et nous ne pouvons changer l'ordre des choses; n'étant pas tous parfaits, nous n'acceptons leurs paroles que sous bénéfice d'inventaire et non avec la crédulité des enfants; nous jugeons, nous comparons, nous tirons des conséquences de nos observations, et leurs erreurs mêmes sont pour nous des enseignements, parce que nous ne faisons pas abnégation de notre discernement.

Ces observations s'appliquent également à toutes les théories scientifiques que peuvent donner les Esprits. Il serait par trop commode de n'avoir qu'à les interroger pour trouver la science toute faite, et pour posséder tous les secrets de l'industrie: nous n'acquérons la science qu'au prix du travail et des recherches; leur mission n'est pas de nous affranchir de cette obligation. Nous savons d'ailleurs que, non seulement tous ne savent pas tout, mais qu'il y a parmi eux de faux savants comme parmi nous, qui croient savoir ce qu'ils ne savent pas, et parlent de ce qu'ils ignorent avec l'aplomb le plus imperturbable. Un Esprit pourrait donc dire que c'est le soleil qui tourne et non la terre, et sa théorie n'en serait pas plus vraie, parce qu'elle viendrait d'un Esprit. Que ceux qui nous supposent une crédulité si puérile, sachent donc que nous tenons toute opinion exprimée par un Esprit pour une opinion individuelle; que nous ne l'acceptons qu'après l'avoir soumise au contrôle de la logique et des moyens d'investigation que nous fournit la science spirite elle-même, moyens que vous connaissez tous.

Tel est, messieurs, le but que se propose la Société; ce n'est certes pas à moi de vous l'apprendre, mais je me plais à le rappeler ici, afin que si mes paroles retentissent au-dehors, on ne se méprenne pas sur son véritable caractère. Je suis heureux, pour ma part, de n'avoir eu qu'à vous suivre dans cette voie sérieuse qui élève le spiritisme au rang des sciences philosophiques. Vos travaux ont déjà porté des fruits, mais ceux qu'ils porteront plus tard sont incalculables, si, comme je n'en doute pas, vous restez dans les conditions propices pour attirer les bons Esprits parmi vous.

Le concours des bons Esprits, telle est en effet la condition sans laquelle nul ne peut espérer la vérité; or ce concours, il dépend de nous de l'obtenir. La première de toutes les conditions pour se concilier leur sympathie, c'est le recueillement et la pureté des intentions. Les Esprits sérieux vont où on les appelle sérieusement, avec foi, ferveur, et confiance; ils n'aiment ni à servir d'expérience, ni à se donner en spectacle; ils se plaisent au contraire à instruire ceux qui les interrogent sans arrière-pensée; les Esprits légers, qui s'amusent de tout, vont partout et de préférence où ils trouvent une occasion de mystifier; les mauvais sont attirés par les mauvaises pensées, et par mauvaises pensées il faut entendre toutes celles qui ne sont pas conformes aux préceptes de la charité évangélique. Donc, dans toute réunion, quiconque apporte des sentiments contraires à ces préceptes, amène avec soi des Esprits ardents à semer le trouble, la discorde et la désaffection.

La communion de pensées et de sentiments pour le bien est ainsi une chose de première nécessité, et cette communion ne peut se trouver dans un milieu hétérogène, où trouveraient accès les basses passions de l'orgueil, de l'envie et de la jalousie, passions qui se trahissent toujours par la malveillance et l'acrimonie du langage, quelque épais que soit d'ailleurs le voile dont on cherche à les couvrir; c'est l'a, b, c, de la science spirite. Si nous voulons fermer aux mauvais Esprits la porte de cette enceinte, fermons-leur d'abord la porte de nos cœurs, et évitons tout ce qui peut leur donner prise sur nous. Si jamais la Société devenait le jouet d'Esprits trompeurs, c'est qu'ils y seraient attirés; par qui? Par ceux en qui ils trouveraient un écho, car ils ne vont que là où ils savent être écoutés. On connaît le proverbe: Dis-moi qui tu hantes, je te dirai qui tu es; on peut le retourner ainsi par rapport à nos Esprits sympathiques: Dis-moi ce que tu penses, je te dirai qui tu hantes. Or, les pensées se traduisent par les actes; donc, s'il est admis que la discorde, l'orgueil, l'envie et la jalousie ne peuvent être soufflés que par de mauvais Esprits, quiconque apporterait ici des éléments de désunion, susciterait des entraves, accuserait par cela même la nature de ses satellites occultes, et nous ne pourrions que regretter sa présence au sein de la Société. A Dieu ne plaise, il n'en sera jamais ainsi, je l'espère, et avec l'assistance des bons Esprits, si nous savons nous les rendre favorables, la Société se consolidera autant par la considération qu'elle saura mériter que par l'utilité de ses travaux. Si nous n'avions en vue que des expériences de curiosité, la nature des communications serait à peu près indifférente, parce que nous ne les prendrions toujours que pour ce qu'elles seraient; mais comme dans nos études nous ne cherchons ni notre amusement, ni celui du public, ce que nous voulons, ce sont des communications vraies; pour cela il nous faut la sympathie des bons Esprits, et cette sympathie n'est acquise qu'à ceux qui écartent les mauvais dans la sincérité de leur âme. Dire que des Esprits légers n'ont jamais pu se glisser parmi nous à la faveur de quelques défauts de cuirasse, ce serait par trop présomptueux et prétendre à la perfection, les Esprits supérieurs ont même pu le permettre pour éprouver notre perspicacité et notre zèle à rechercher la vérité; mais notre jugement doit nous tenir en garde contre les pièges qui peuvent nous être tendus, et nous donne dans tous les cas les moyens de les éviter.

Le but de la Société ne consiste pas seulement dans la recherche des principes de la science spirite; elle va plus loin: elle en étudie aussi les conséquences morales, car là surtout est sa véritable utilité.

Nos études nous apprennent que le monde invisible qui nous entoure réagit constamment sur le monde visible; elles nous le montrent comme une des puissances de la nature; connaître les effets de cette puissance occulte qui nous domine et nous subjugue à notre insu, n'est-ce pas avoir la clef de plus d'un problème, l'explication d'une foule de faits qui passent inaperçus? Si ces effets peuvent être funestes, connaître la cause du mal, n'est-ce pas avoir le moyen de s'en préserver, comme la connaissance des propriétés de l'électricité nous a donné le moyen d'atténuer les effets désastreux de la foudre? Si nous succombons alors, nous ne pourrons nous en prendre qu'à nous-mêmes, car nous n'aurons pas l'ignorance pour excuse. Le danger est dans l'empire que les mauvais Esprits prennent sur les individus, et cet empire n'est pas seulement funeste au point de vue des erreurs de principes qu'ils peuvent propager, il l'est encore au point de vue des intérêts de la vie matérielle. L'expérience nous apprend que ce n'est jamais impunément qu'on s'abandonne à leur domination; car leurs intentions ne peuvent jamais être bonnes. Une de leurs tactiques pour arriver à leurs fins, c'est la désunion, parce qu'ils savent très bien qu'ils auront bon marché de celui qui est privé d'appui; aussi leur premier soin, quand ils veulent s'emparer de quelqu'un, est-il toujours de lui inspirer de la défiance et de l'éloignement pour quiconque peut les démasquer en l'éclairant par des conseils salutaires; une fois maîtres du terrain, ils peuvent à leur gré le fasciner par de séduisantes promesses, le subjuguer en flattant ses inclinations, profitant pour cela de tous les côtés faibles qu'ils rencontrent, pour mieux lui faire sentir ensuite l'amertume des déceptions, le frapper dans ses affections, l'humilier dans son orgueil, et souvent ne l'élever un instant que pour le précipiter de plus haut.

Voilà, Messieurs ce que nous montrent les exemples qui se déroulent à chaque instant sous nos yeux, aussi bien dans le monde des Esprits que dans le monde corporel, ce dont nous pouvons profiter pour nous- mêmes, en même temps que nous cherchons à en faire profiter les autres. Mais dira-t-on, n'attirez-vous pas les mauvais Esprits en évoquant des hommes qui ont été le rebut de la société? Non, parce que nous ne subissons jamais leur influence. Il n'y a de danger que quand c'est l'Esprit qui s'IMPOSE, il n'y en a jamais quand on s'IMPOSE à l'Esprit. Vous savez que ces esprits ne viennent à votre appel que comme contraints et forcés, et qu'en général ils se trouvent si peu dans leur milieu parmi vous, qu'ils ont toujours hâte de s'en aller. Leur présence est pour nous une étude, parce que, pour connaître, il faut tout voir; le médecin n'arrive à l'apogée du savoir qu'en sondant les plaies les plus hideuses; or cette comparaison du médecin est d'autant plus juste que vous savez combien de plaies nous avons cicatrisées, combien de souffrances nous avons allégées; notre devoir est de nous montrer charitables et bienveillants pour les êtres d'outre-tombe, comme pour nos pareils.

Je jouirais personnellement, messieurs, d'un privilège inouï, si j'avais été à l'abri de la critique. On ne se met pas en évidence sans s'exposer aux traits de ceux qui ne pensent pas comme nous. Mais il y a deux espèces de critiques: l'une qui est malveillante, acerbe, envenimée, où la jalousie se trahit à chaque mot; celle qui a pour but la recherche sincère de la vérité a des allures tout autres. La première ne mérite que le dédain: je ne m'en suis jamais tourmenté; la seconde seule est discutable.

Quelques personnes ont dit que j'avais été trop vite dans les théories spirites; que le temps n'était pas venu de les établir, que les observations n'étaient pas assez complètes. Permettez-moi quelques mots à ce sujet.

Deux choses sont à considérer dans le spiritisme: la partie expérimen- tale et la partie philosophique ou théorique. Si l'on fait abstraction de l'en- seignement donné par les Esprits, je demande si, en mon nom, je n'ai pas le droit, comme tant d'autres, d'élucubrer un système de philosophie? Le champ des opinions n'est-il pas ouvert à tout le monde? Pourquoi donc ne ferais-je pas connaître la mienne? Ce sera au public à juger si elle a ou non le sens commun. Mais cette théorie, au lieu de m'en faire un mérite, si mérite il y a, je déclare qu'elle émane entièrement des Esprits. - Soit, dit-on, mais vous allez trop loin. - Ceux qui prétendent donner la clef des mystères de la création, dévoiler le principe des choses et la nature infinie de Dieu, ne vont-ils pas plus loin que moi, qui déclare, de par les Esprits, qu'il n'est pas donné à l'homme d'approfondir ces choses sur lesquelles on ne peut établir que des conjectures plus ou moins probables? - Vous allez trop vite. - Serait-ce un tort d'avoir devancé certaines personnes? D'ailleurs qui les empêche de marcher? - Les faits ne sont pas encore suffisamment observés. - Mais si, moi, à tort ou à raison, je crois les avoir assez observés, dois-je attendre le bon plaisir de ceux qui restent en arrière? Mes publications ne barrent le chemin à personne. - Puisque les Esprits sont sujets à erreur, qui vous dit que ceux qui vous ont renseigné ne se sont pas trompés? - Là en effet, est toute la question, car celle de précipitation est par trop puérile. Eh bien! je dois dire sur quoi est fondée ma confiance dans la véracité et la supériorité des Esprits qui m'ont instruit. Je dirai d'abord que, d'après leur conseil, je n'accepte rien sans examen et sans contrôle; je n'adopte une idée que si elle me paraît rationnelle, logique, si elle est d'accord avec les faits et les observations, si rien de sérieux ne vient la contredire. Mais mon jugement ne saurait être un critérium infaillible; l'assentiment que j'ai rencontré chez une foule de gens plus éclairés que moi, m'est une première garantie; j'en trouve une autre non moins prépondérante dans le caractère des communications qui m'ont été faites depuis que je m'occupe de spiritisme. Jamais, je puis le dire, il ne s'y est glissé un seul de ces mots, un seul de ces signes par lesquels se trahissent toujours les Esprits inférieurs, même les plus astucieux; jamais de domination; jamais de conseils équivoques ou contraires à la charité et à la bienveillance, jamais de prescriptions ridicules; loin de là, je n'ai trouvé en eux que des pensées grandes, nobles, sublimes, exemptes de petitesse et de mesquinerie; en un mot, leurs rapports avec moi, dans les plus petites, comme dans les plus grandes choses, ont toujours été tels que si c'eût été un homme qui m'eût parlé, je l'aurais tenu pour le meilleur, le plus sage, le plus prudent, le plus moral et le plus éclairé. Voilà, messieurs, les motifs de ma confiance, corroborée par l'identité d'enseignement donné à une foule d'autres personnes avant et depuis la publication de mes ouvrages. L'avenir dira si je suis ou non dans le vrai; en attendant, je crois avoir aidé au progrès du spiritisme en apportant quelques pierres à l'édifice. En montrant que les faits peuvent s'asseoir sur le raisonnement, j'aurai contribué à le faire sortir de la voie frivole de la curiosité, pour le faire entrer dans la voie sérieuse de la démonstration, la seule qui puisse satisfaire les hommes qui pensent et ne s'arrêtent pas à la surface.

Je termine, messieurs, par le court examen d'une question d'actualité. On parle d'autres sociétés qui veulent s'élever en rivalité de la nôtre. L'une, dit-on, compte déjà 300 membres et possède des ressources financières importantes. J'aime à croire que ce n'est pas une forfanterie qui serait aussi peu flatteuse pour les Esprits qui l'auraient suscitée que pour ceux qui s'en rendent les échos. Si c'est une réalité, nous la féliciterons sincèrement si elle obtient l'unité de sentiments nécessaire pour déjouer l'influence des mauvais Esprits et consolider son existence.

J'ignore complètement quels sont les éléments de la société, ou des sociétés, qu'on dit vouloir se former; je ne ferai donc qu'une remarque générale.

Il y a dans Paris et ailleurs une multitude de réunions intimes, comme était la nôtre jadis, où l'on s'occupe plus ou moins sérieusement des manifestations spirites, sans parler des Etats-Unis où elles se comptent par milliers; j'en connais où les évocations se font dans les meilleures conditions et où l'on obtient des choses très remarquables; c'est la conséquence naturelle du nombre croissant des médiums qui se développent de tous côtés en dépit des rieurs, et plus nous irons, plus ces centres se multiplieront. Ces centres, formés spontanément d'éléments très peu nombreux et variables, n'ont rien de fixe ni de régulier et ne constituent pas à proprement parler des sociétés. Pour une société régulièrement organisée, il faut des conditions de vitalité toutes différentes, en raison même du nombre des membres qui la composent, de la stabilité et de la permanence. La première de toutes, c'est l'homogénéité dans les principes et dans la manière de voir. Toute société formée d'éléments hétérogènes porte en soi le germe de sa dissolution; on peut la dire mort- née, quel qu'en soit l'objet: politique, religieux, scientifique ou économique. Une société spirite requiert une autre condition, c'est l'assistance des bons Esprits si l'on veut obtenir des communications sérieuses, car des mauvais, si on leur laisse prendre pied, on ne peut attendre que mensonges, déceptions et mystifications; son existence même est à ce prix, puisque les mauvais seront les premiers agents de sa destruction; ils la mineront peu à peu s'ils ne la font pas crouler tout d'abord. Sans homogénéité, point de communion de pensées, et partant point de calme ni de recueillement possibles; or les bons ne viennent que là ou ils trouvent ces conditions; et comment les trouver dans une réunion dont les croyances sont divergentes, où les uns même ne croient pas du tout, et où, par conséquent, domine sans cesse l'esprit d'opposition et de controverse? Ils n'assistent que ceux qui veulent ardemment s'éclairer en vue du bien, sans arrière-pensée, et non pour satisfaire une vaine curiosité. Vouloir former une société spirite en dehors de ces conditions, ce serait faire preuve de l'ignorance la plus absolue des principes les plus élémentaires du Spiritisme.

Sommes-nous donc les seuls capables de les réunir? Ce serait bien fâcheux, et en outre bien ridicule à nous de le croire. Ce que nous avons fait, d'autres assurément peuvent le faire. Que d'autres Sociétés s'occupent donc des mêmes travaux que nous, qu'elles prospèrent, qu'elles se multiplient, tant mieux, mille fois tant mieux, car ce sera un signe de progrès dans les idées morales; tant mieux surtout si elles sont bien assistées et si elles ont de bonnes communications, car nous n'avons pas la prétention d'avoir un privilège à cet égard; comme nous n'avons en vue que notre instruction personnelle et l'intérêt de la science, que notre Société ne cache aucune pensée de spéculation ni directe ni indirecte, aucune vue ambitieuse, que son existence ne repose point sur une question d'argent, les autres Sociétés seront pour nous des sœurs, mais ne peuvent être des concurrentes; si nous en étions jaloux, nous prouverions que nous sommes assistés par de mauvais Esprits. Si l'une d'elles se formait en vue de nous créer une rivalité, avec l'arrière-pensée de nous supplanter, elle révélerait par son but même la nature des Esprits qui présideraient à sa formation, car cette pensée ne serait ni bonne ni charitable, et les bons Esprits ne sympathisent pas avec les sentiments de haine, de jalousie et d'ambition.

Nous avons au reste un moyen infaillible de ne craindre aucune rivalité; c'est saint Louis qui nous le donne: Que chez vous on comprenne et qu'on aime, nous a-t-il dit. Travaillons donc à comprendre; luttons avec les autres, mais luttons de charité et d'abnégation. Que l'amour du prochain soit inscrit sur notre drapeau et soit notre devise; avec cela nous braverons la raillerie et l'influence des mauvais Esprits. Sur ce terrain on peut nous égaler, et tant mieux, car ce seront des frères qui nous arriveront, mais il dépend de nous de n'être jamais surpassés.

Mais, dira-t-on, vous avez une manière de voir qui n'est pas la nôtre; nous ne pouvons sympathiser avec des principes que nous n'admettons pas, car rien ne prouve que vous soyez dans le vrai. A cela je réponds: Rien ne prouve que vous soyez plus dans le vrai que nous, car vous doutez encore, et le doute n'est pas une doctrine. On peut différer d'opinion sur des points de la science sans se mordre et se jeter la pierre; il est même très peu digne et très peu scientifique de le faire. Cherchez donc de votre côté, comme nous cherchons du nôtre; l'avenir donnera raison à qui de droit. Si nous nous trompons, nous n'aurons pas le sot amour-propre de nous entêter dans des idées fausses; mais il est des principes sur lesquels on est certain de ne pas se tromper: c'est l'amour du bien, l'abnégation, l'abjuration de tout sentiment d'envie et de jalousie; ces principes sont les nôtres, et avec ces principes on peut toujours sympathiser sans se compromettre; c'est le lien qui doit unir tous les hommes de bien, quelle que soit la divergence de leurs opinions: l'égoïsme seul met entre eux une barrière infranchissable.

Telles sont, Messieurs, les observations que j'ai cru devoir vous présenter en quittant les fonctions que vous m'avez confiées; je remercie du fond du cœur tous ceux qui ont bien voulu me donner des témoignages de sympathie. Quoi qu'il arrive, ma vie est consacrée à l'œuvre que nous avons entreprise, et je serai heureux si mes efforts peuvent aider à la faire entrer dans la voie sérieuse qui est son essence, la seule qui puisse assurer son avenir. Le but du Spiritisme est de rendre meilleurs ceux qui le comprennent; tâchons de donner l'exemple et de montrer que, pour nous, la doctrine n'est pas une lettre morte; en un mot soyons dignes des bons Esprits, si nous voulons que les bons Esprits nous assistent. Le bien est une cuirasse contre laquelle viendront toujours se briser les armes de la malveillance.

ALLAN KARDEC.

 


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