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Revista Espírita 1864 » Dezembro » Da comunhão do pensamento » A propósito da comemoração dos mortos Revue Spirite 1864 » Décembre » De la communion de pensées » A propos de la commémoration des morts

Aviso. Este número contém um suplemento. Ele tem 52 páginas em vez de 32, inclusive o índice geral.

 

DA COMUNHÃO DE PENSAMENTOS

 

A PROPÓSITO DA COMEMORAÇÃO DOS MORTOS

 

A Sociedade Espírita de Paris reuniu-se especialmente, pela primeira vez, a 2 de novembro de 1864, visando oferecer uma piedosa lembrança a seus falecidos colegas e irmãos espíritas. Naquela ocasião o Sr. Allan Kardec desenvolveu o princípio da comunhão de pensamentos, no discurso seguinte:

Caros irmãos e irmãs espíritas,

Estamos reunidos, neste dia consagrado pela tradição à comemoração dos mortos, para dar àqueles dos nossos irmãos que deixaram a Terra, um testemunho particular de simpatia, para dar continuidade às relações de afeição e de fraternidade que existiam entre eles e nós enquanto eles estavam vivos, e para chamar para eles a bondade do Todo-Poderoso. Mas, por que nos reunirmos? Por que nos desviarmos de nossas ocupações? Não pode cada um fazer em particular aquilo que nos propomos fazer em comum? Não o faz cada um de nós pelos seus? Não se pode fazê-lo todos os dias e a cada hora do dia? Então, que utilidade pode haver em reunir-se num dia determinado? É sobre este ponto, senhores, que me proponho apresentar-vos algumas considerações.

A disposição com que a ideia desta reunião foi acolhida é a primeira resposta a essas diversas questões. Ela é o indício da necessidade que experimentamos ao nos acharmos juntos numa comunhão de pensamentos.

Comunhão de pensamentos! Compreendemos bem todo o alcance desta expressão? É permitido duvidar disto, pelo menos por parte da maioria. O Espiritismo, que nos ensina tantas coisas pelas leis que revela, vem ainda nos explicar a causa, os efeitos e o poder desta situação do espírito.

Comunhão de pensamento quer dizer pensamento comum, unidade de intenção, de vontade, de desejo, de aspiração. Ninguém pode desconhecer que o pensamento é uma força. É, porém, uma força puramente moral e abstrata? Não, pois do contrário não se explicariam certos efeitos do pensamento e, ainda menos, da comunhão de pensamentos. Para compreendê-lo é preciso conhecer as propriedades e a ação dos elementos que constituem nossa essência espiritual, e é o Espiritismo que no-las ensina.

O pensamento é o atributo característico do ser espiritual. É ele que distingue o espírito da matéria. Sem o pensamento, o espírito não seria espírito. A vontade não é um atributo especial do espírito; é o pensamento chegado a um certo grau de energia; é o pensamento transformado em força motriz. É pela vontade que o espírito imprime aos membros e ao corpo movimentos num determinado sentido. Mas, se ele tem o poder de agir sobre os órgãos materiais, quanto maior não deve ser esse poder sobre os elementos fluídicos que nos rodeiam! O pensamento age sobre os fluidos ambientes, como o som age sobre o ar; esses fluidos nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som. Pode-se dizer, portanto, com toda certeza, que há nesses fluidos ondas e raios de pensamentos que se cruzam sem se confundirem, como há no ar ondas e raios sonoros.

Uma assembleia é um foco de onde se irradiam pensamentos diversos; é como uma orquestra, um coro de pensamentos onde cada um produz a sua nota. Disso resulta grande quantidade de correntes e de eflúvios fluídicos dos quais cada um recebe a impressão pelo sentido espiritual, como num coro de música cada um recebe a impressão dos sons pelo sentido da audição.

Entretanto, assim como há raios sonoros harmônicos ou discordantes, há também pensamentos harmônicos e discordantes. Se o conjunto for harmônico, a impressão será agradável; se ele for discordante, a impressão será penosa. Ora, para tanto, não é necessário que o pensamento seja formulado em palavras, porquanto a radiação fluídica não deixa de existir, quer seja ou não expressa. Se todos forem benevolentes, todos os assistentes experimentarão um verdadeiro bem-estar e se sentirão à vontade. No entanto, se ali se misturam alguns maus pensamentos, eles produzem o efeito de uma corrente de ar gelado num meio tépido.

Essa é a causa do sentimento de satisfação que se experimenta numa reunião simpática; aí reina algo como que uma atmosfera salubre, onde se respira à vontade; daí se sai reconfortado, porque aí nos impregnamos de eflúvios salutares. Assim também se explicam a ansiedade e o mal-estar indefinível que sentimos num meio antipático, onde pensamentos malévolos provocam, por assim dizer, correntes fluídicas malsãs.

A comunhão de pensamentos produz, pois, uma espécie de efeito físico que age sobre o moral. É isto que somente o Espiritismo poderia tornar compreensível. O homem o sente instintivamente, porquanto procura as reuniões onde sabe que vai encontrar essa comunhão; nessas reuniões homogêneas e simpáticas, ele absorve novas forças morais. Pode-se dizer que ele aí recupera as perdas fluídicas que ocorrem diariamente pela radiação do pensamento, assim como recupera pelos alimentos as perdas do corpo material.

Essas considerações, senhores e caros irmãos, parecem afastar-nos do objetivo principal de nossa reunião, contudo, elas para aqui nos conduzem diretamente. As reuniões que têm por objetivo a comemoração dos mortos repousam na comunhão de pensamentos. Para compreender a sua utilidade, era necessário bem definir a natureza e os efeitos dessa comunhão.

Para a explicação das coisas espirituais, por vezes me sirvo de comparações muito materiais, e talvez até mesmo um pouco forçadas, que nem sempre devem ser tomadas ao pé da letra. No entanto, é procedendo por analogia, do conhecido para o desconhecido, que chegamos a nos dar conta, pelo menos aproximadamente, do que escapa aos nossos sentidos. É a tais comparações que a Doutrina Espírita deve, em grande parte, ter sido facilmente compreendida, mesmo pelas mais vulgares inteligências, ao passo que se eu tivesse ficado nas abstrações da filosofia metafísica, ela seria partilhada, ainda hoje, apenas por algumas inteligências de escol. Ora, desde o princípio, importava que ela fosse aceita pelas massas, porque a opinião das massas exerce uma pressão que acaba fazendo lei e triunfando das oposições mais tenazes. Eis por que me esforcei em simplificá-la e torná-la clara, a fim de colocá-la ao alcance de todos, com o risco de fazê-la contestada por algumas pessoas quanto ao título de filosofia, porque ela não é suficientemente abstrata e porque ela saiu do nevoeiro da metafísica clássica.

Aos efeitos que acabo de descrever, no que concerne à comunhão de pensamentos, junta-se um outro, que é sua consequência natural, e que importa não perder de vista. É a força que adquire o pensamento ou a vontade, pelo conjunto dos pensamentos ou vontades reunidas. Sendo a vontade uma força ativa, essa força é multiplicada pelo número de vontades idênticas, como a força muscular é multiplicada pelo número de braços.

Estabelecido este ponto, concebe-se que nas relações que se estabelecem entre os homens e os Espíritos há, numa reunião onde reina perfeita comunhão de pensamentos, uma força atrativa ou repulsiva que nem sempre possui um indivíduo isolado. Se até o presente as reuniões muito numerosas são menos favoráveis, é pela dificuldade de obter uma perfeita homogeneidade de pensamentos, o que se deve à imperfeição da natureza humana na Terra. Quanto mais numerosas forem as reuniões, mais aí se mesclam elementos heterogêneos, que paralisam a ação dos bons elementos, e que são como grãos de areia numa engrenagem. Não é assim nos mundos mais avançados, e esse estado de coisas mudará na Terra, à medida que os homens aqui se tornarem melhores.

Para os espíritas, a comunhão de pensamentos tem um resultado ainda mais especial. Temos visto o efeito desta comunhão de homem a homem. O Espiritismo nos prova que ele não é menor dos homens aos Espíritos, e vice-versa. Com efeito, se o pensamento coletivo adquire força pela quantidade, um conjunto de pensamentos idênticos, tendo o bem por objetivo, terá mais força para neutralizar a ação dos maus Espíritos. Assim, vejamos que a tática destes últimos é levar à divisão e ao isolamento. Sozinho, um homem pode sucumbir, ao passo que se sua vontade for corroborada por outras vontades, ele poderá resistir, conforme o axioma: A união faz a força, axioma verdadeiro ao moral como ao físico.

Por outro lado, se a ação dos Espíritos malévolos pode ser paralisada por um pensamento comum, é evidente que a dos bons Espíritos será secundada, e sua influência salutar não encontrará obstáculos; seus eflúvios fluídicos, não sendo impedidos por correntes contrárias, se espalharão sobre todos os assistentes, precisamente porque todos os terão atraído pelo pensamento, não cada um em proveito pessoal, mas em proveito de todos, conforme a lei da caridade. Esses eflúvios descerão sobre eles em línguas de fogo, para nos servirmos de uma admirável imagem do Evangelho.

Assim, pela comunhão de pensamentos, os homens se assistem entre si, e ao mesmo tempo assistem os Espíritos e são por eles assistidos. As relações do mundo visível com o mundo invisível deixam de ser individuais e passam a ser coletivas, e por isto mesmo mais poderosas, para proveito das massas, bem como dos indivíduos. Numa palavra, ela estabelece a solidariedade, que é a base da fraternidade. Ninguém trabalha apenas para si, mas para todos, e trabalhando por todos, cada um aí encontra seu quinhão. É isto que não compreende o egoísmo.

Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na comunhão de pensamentos; é aí, com efeito, que elas podem e devem exercer toda a sua força, porque o objetivo deve ser a libertação do pensamento das constrições da matéria. Infelizmente, a maioria se afasta deste princípio à medida que fizeram da religião uma questão de forma. Disto resultou que cada um fazendo seu dever consistir na realização da forma, se julga quite com Deus e com os homens, porquanto praticou uma fórmula. Disso resulta, ainda, que cada um vai aos lugares de reuniões religiosas com um pensamento pessoal, por conta própria, e, na maioria das vezes, sem nenhum sentimento de confraternidade em relação aos outros assistentes. Ele está isolado no meio da multidão, e não pensa no céu senão para si mesmo.

Certamente não era assim que o entendia Jesus, quando disse: Quando muitos de vós estiverdes reunidos em meu nome, eu estarei em vosso meio. “Reunidos em meu nome” quer dizer: com um pensamento comum, mas não se pode estar reunido em nome de Jesus sem assimilar os seus princípios, a sua doutrina. Ora, qual é o princípio fundamental da doutrina de Jesus? A caridade em pensamentos, em palavras e em ações. Os egoístas e os orgulhosos mentem quando se dizem reunidos em nome de Jesus, porque Jesus não os conhece como seus discípulos.

Tocadas por esses abusos e desvios, algumas pessoas negam a utilidade das assembleias religiosas e, consequentemente, dos edifícios a elas consagrados. Em seu radicalismo, pensam que seria melhor construir hospitais do que templos, tendo em vista que o templo de Deus está em toda parte, e que Deus pode ser adorado em toda parte; que cada um pode orar em sua casa e a qualquer hora, ao passo que os pobres, os doentes e os enfermos necessitam de um lugar de refúgio.

Mas porque se cometem abusos, porque se afastam do reto caminho, segue-se que não existe o caminho reto e que tudo de que se abusa é mau? Certamente não. Falar assim é desconhecer a fonte e os benefícios da comunhão de pensamentos que deve ser a essência das assembleias religiosas; é ignorar as causas que a provocam. Que os materialistas professem semelhantes ideias, compreende-se, porque em todas as coisas eles fazem abstração da vida espiritual, mas da parte de espiritualistas, e mais ainda dos espíritas, seria um contrassenso. O isolamento religioso, como o isolamento social, conduz ao egoísmo. Que alguns homens sejam bastante fortes por si mesmos, fartamente dotados pelo coração, para que sua fé e caridade não necessitem ser aquecidas num foco comum, é possível, mas não é assim com as massas, às quais falta um estimulante, sem o qual poderiam deixar-se tomar pela indiferença. Além disso, qual o homem que poderá dizer-se bastante esclarecido para nada ter que aprender no tocante aos seus interesses futuros e bastante perfeito para prescindir de conselhos para a vida presente? É ele sempre capaz de instruir-se por si mesmo? Não. À maioria faltam ensinamentos diretos em matéria de religião e de moral, como em matéria de ciência. Sem contradita, tais ensinos podem ser dados em toda parte, sob a abóbada do céu como sob o teto de um templo. Mas, por que os homens não haveriam de ter lugares especiais para as coisas celestes, como os têm para as terrenas? Por que não teriam assembleias religiosas, como têm assembleias políticas, científicas e industriais? Isto não impede as fundações em benefício dos infelizes, mas nós dizemos, além disto, que quando os homens compreenderem melhor seus interesses do céu, haverá aqui menos gente nos hospitais.

Falando de maneira geral e sem alusão a nenhum culto, se as assembleias religiosas muitas vezes se afastaram de seu objetivo primitivo principal, que é a comunhão fraterna do pensamento; se os ensinamentos que aí são dados nem sempre seguiram o movimento progressivo da Humanidade, é que os homens não realizam todos os progressos ao mesmo tempo. O que eles não fazem num período, fazem em outro. À medida que se esclarecem, eles veem as lacunas existentes em suas instituições, e as preenchem; eles compreendem que o que era bom numa época, em relação ao grau da civilização, torna-se insuficiente numa etapa mais adiantada, e restabelecem o nível. Sabemos que o Espiritismo é a grande alavanca do progresso em todas as coisas. Ele marca uma era de renovação. Saibamos, pois, esperar, e não peçamos a uma época mais do que ela pode dar. Como acontece com as plantas, é preciso que as ideias amadureçam para serem colhidos os frutos. Saibamos, além disso, fazer as necessárias concessões às épocas de transição, pois nada, na natureza, se opera de maneira brusca e instantânea.

Pelo motivo que hoje nos reúne, senhores e caros irmãos, julguei oportuno aproveitar a circunstância para desenvolver o princípio da comunhão de pensamentos, do ponto de vista do Espiritismo. Sendo o nosso objetivo unirmo-nos em intenção para oferecer, em comum, um testemunho particular de simpatia aos nossos irmãos falecidos, poderia ser útil chamar nossa atenção para as vantagens da reunião. Graças ao Espiritismo, compreendemos o poder e os efeitos do pensamento coletivo e podemos melhor explicar o sentimento de bem-estar que se experimenta num meio homogêneo e simpático, mas igualmente sabemos que o mesmo se dá com os Espíritos, porque eles sabem receber os eflúvios de todos os pensamentos benevolentes que para eles se elevam como uma nuvem de perfume. Os que são felizes experimentam uma alegria maior neste concerto harmonioso; os que sofrem sentem com isso um maior alívio. Cada um de nós, em particular, ora de preferência por aqueles que lhe interessam ou que ele mais estima. Façamos que aqui todos tenham sua parte nas preces que dirigimos a Deus.


La Société spirite de Paris s'est réunie spécialement, pour la première fois le 2 novembre 1864, en vue d'offrir un pieux souvenir à ses collègues et à ses frères en Spiritisme décédés. A cette occasion M. Allan Kardec a développé le principe de la communion de pensées dans le discours suivant:

Chers frères et sœurs spirites,

Nous sommes réunis, en ce jour consacré par l'usage à la commémoration des morts, pour donner à ceux de nos frères qui ont quitté la terre un témoignage particulier de sympathie, pour continuer les rapports d'affection et de fraternité qui existaient entre eux et nous de leur vivant, et pour appeler sur eux les bontés du Tout-Puissant. Mais pourquoi nous réunir? pourquoi nous déranger de nos occupations? Ne pouvons-nous faire chacun en particulier ce que nous nous proposons de faire en commun? Chacun de nous ne le fait-il pas pour les siens? Ne peut-on le faire chaque jour, et à chaque heure du jour? Quelle utilité peut-il donc y avoir à se réunir ainsi à un jour déterminé? C'est sur ce point, messieurs, que je me propose de vous présenter quelques considérations.

La faveur avec laquelle l'idée de cette réunion a été accueillie est une première réponse à ces diverses questions; elle est l'indice du besoin que l'on éprouve de se trouver ensemble dans une communion de pensées.

Communion de pensées! comprend-on bien toute la portée de ce mot? Il est permis d'en douter, du moins de la part du plus grand nombre. Le Spiritisme qui nous explique tant de choses par les lois qu'il révèle, vient encore nous expliquer la cause, les effets et la puissance de cette situation de l'esprit.

Communion de pensée, veut dire pensée commune, unité d'intention, de volonté, de désir, d'aspiration. Nul ne peut méconnaître que la pensée ne soit une force; mais est-ce une force purement morale et abstraite? Non; autrement on ne s'expliquerait pas certains effets de la pensée, et encore moins de la communion de pensée. Pour le comprendre, il faut connaître les propriétés et l'action des éléments qui constituent notre essence spirituelle, et c'est le Spiritisme qui nous l'apprend.

La pensée est l'attribut caractéristique de l'être spirituel; c'est elle qui distingue l'esprit de la matière; sans la pensée l'esprit ne serait pas esprit. La volonté n'est pas un attribut spécial de l'esprit; c'est la pensée arrivée à un certain degré d'énergie; c'est la pensée devenue puissance motrice. C'est par la volonté que l'esprit imprime aux membres et au corps des mouvements dans un sens déterminé. Mais si elle a la puissance d'agir sur les organes matériels, combien cette puissance ne doit-elle pas être plus grande sur les éléments fluidiques qui nous environnent! La pensée agit sur les fluides ambiants, comme le son agit sur l'air; ces fluides nous apportent la pensée, comme l'air nous apporte le son. On peut donc dire en toute vérité qu'il y a dans ces fluides des ondes et des rayons de pensées qui se croisent sans se confondre, comme il y a dans l'air des ondes et des rayons sonores.

Une assemblée est un foyer où rayonnent des pensées diverses; c'est comme un orchestre, un chœur de pensées où chacun produit sa note. Il en résulte une multitude de courants et d'effluves fluidiques dont chacun reçoit l'impression par le sens spirituel, comme dans un chœur de musique, chacun reçoit l'impression des sons par le sens de l'ouïe.

Mais, de même qu'il y a des rayons sonores harmoniques ou discordants, il y a aussi des pensées harmoniques ou discordantes. Si l'ensemble est harmonique, l'impression est agréable; s'il est discordant, l'impression est pénible. Or, pour cela, il n'est pas besoin que la pensée soit formulée en paroles; le rayonnement fluidique n'existe pas moins, qu'elle soit exprimée ou non; si toutes sont bienveillantes, tous les assistants en éprouvent un véritable bien-être, ils se sentent à l'aise; mais s'il s'y mêle quelques pensées mauvaises, elles produisent l'effet d'un courant d'air glacé dans un milieu tiède.

Telle est la cause du sentiment de satisfaction que l'on éprouve dans une réunion sympathique; il y règne comme une atmosphère morale salubre, où l'on respire à l'aise; on en sort réconforté, parce qu'on s'y est imprégné d'effluves fluidiques salutaires. Ainsi s'expliquent aussi l'anxiété, le malaise indéfinissable que l'on ressent dans un milieu antipathique, où des pensées malveillantes provoquent pour ainsi dire des courants fluidiques malsains.

La communion de pensées produit donc une sorte d'effet physique qui réagit sur le moral; c'est ce que le Spiritisme seul pouvait faire comprendre. L'homme le sent instinctivement, puisqu'il recherche les réunions où il sait trouver cette communion; dans ces réunions homogènes et sympathiques, il puise de nouvelles forces morales; on pourrait dire qu'il y récupère les pertes fluidiques qu'il fait chaque jour par le rayonnement de la pensée, comme il récupère par les aliments les pertes du corps matériel.

Ces considérations, messieurs et chers frères, semblent nous écarter du but principal de notre réunion, et pourtant elles nous y conduisent directement. Les réunions qui ont pour objet la commémoration des morts reposent sur la communion de pensées; pour en comprendre l'utilité, il était nécessaire de bien définir la nature et les effets de cette communion.

Pour l'explication des choses spirituelles, je me sers parfois de comparaisons bien matérielles, et peut-être même un peu forcées, qu'il ne faudrait pas toujours prendre à la lettre; mais c'est en procédant par analogie du connu à l'inconnu que l'on arrive à se rendre compte, au moins approximativement, de ce qui échappe à nos sens; c'est à ces comparaisons que la doctrine spirite doit en grande partie d'avoir été si facilement comprise, même par les intelligences les plus vulgaires, tandis que si je fusse resté dans les abstractions de la philosophie métaphysique, elle ne serait encore aujourd'hui le partage que de quelques intelligences d'élite. Or, il importait qu'elle fût, dès le principe, acceptée par les masses, parce que l'opinion des masses exerce une pression qui finit par faire loi, et par triompher des oppositions les plus tenaces. C'est pourquoi je me suis efforcé de la simplifier et de la rendre claire, afin de la mettre à la portée de tout le monde, au risque de lui faire contester par certaines gens le titre de philosophie, parce qu'elle n'est pas assez abstraite, et qu'elle est sortie des nuages de la métaphysique classique.

Aux effets que je viens de décrire, touchant la communion de pensées, il s'en joint un autre qui en est la conséquence naturelle, et qu'il importe de ne pas perdre de vue, c'est la puissance qu'acquiert la pensée ou la volonté, par l'ensemble des pensées ou volontés réunies. La volonté étant une force active, cette force est multipliée par le nombre des volontés identiques, comme la force musculaire est multipliée par le nombre des bras.

Ce point établi, on conçoit que dans les rapports qui s'établissent entre les hommes et les Esprits, il y a, dans une réunion où règne une parfaite communion de pensées, une puissance attractive ou répulsive que ne possède pas toujours un individu isolé. Si, jusqu'à présent, les réunions trop nombreuses sont moins favorables, c'est par la difficulté d'obtenir une homogénéité parfaite de pensées, ce qui tient à l'imperfection de la nature humaine sur la terre. Plus les réunions sont nombreuses, plus il s'y mêle d'éléments hétérogènes qui paralysent l'action des bons éléments, et qui sont comme les grains de sable dans un engrenage. Il n'en est point ainsi dans les mondes plus avancés, et cet état de choses changera sur la terre, à mesure que les hommes y deviendront meilleurs.

Pour les Spirites, la communion de pensées a un résultat plus spécial encore. Nous avons vu l'effet de cette communion d'homme à homme; le Spiritisme nous prouve qu'il n'est pas moins grand des hommes aux Esprits, et réciproquement. En effet, si la pensée collective acquiert de la force par le nombre, un ensemble de pensées identiques, ayant le bien pour but, aura plus de puissance pour neutraliser l'action des mauvais Esprits; aussi voyons-nous que la tactique de ces derniers est de pousser à la division et à l'isolement. Seul, un homme peut succomber, tandis que si sa volonté est corroborée par d'autres volontés, il pourra résister, selon l'axiome: L'union fait la force, axiome vrai au moral comme au physique.

D'un autre côté, si l'action des Esprits malveillants peut être paralysée par une pensée commune, il est évident que celle des bons Esprits sera secondée; leur influence salutaire ne rencontrera point d'obstacles; leurs effluves fluidiques n'étant point arrêtés par des courants contraires, se répandront sur tous les assistants, précisément parce que tous les auront attirées par la pensée, non chacun à son profit personnel, mais au profit de tous, selon la loi de charité. Elles descendront sur eux en langues de feu, pour nous servir d'une admirable image de l'Evangile.

Ainsi, par la communion de pensées, les hommes s'assistent entre eux, et en même temps ils assistent les Esprits et en sont assistés. Les rapports du monde visible et du monde invisible ne sont plus individuels, ils sont collectifs, et par cela même plus puissants pour le profit des masses, comme pour celui des individus; en un mot, elle établit la solidarité, qui est la base de la fraternité. Chacun ne travaille pas seulement pour soi, mais pour tous, et en travaillant pour tous chacun y trouve son compte; c'est ce que ne comprend pas l'égoïsme.

Toutes les réunions religieuses, à quelque culte qu'elles appartiennent, sont fondées sur la communion de pensées; c'est là en effet qu'elle doit et peut exercer toute sa puissance, parce que le but doit être le dégagement de la pensée des étreintes de la matière. Malheureusement la plupart se sont écartées de ce principe, à mesure qu'elles ont fait de la religion une question de forme. Il en est résulté que chacun faisant consister son devoir dans l'accomplissement de la forme, se croit quitte envers Dieu et envers les hommes quand il a pratiqué une formule. Il en résulte encore que chacun va dans les lieux de réunions religieuses avec une pensée personnelle, pour son propre compte, et le plus souvent sans aucun sentiment de confraternité à l'égard des autres assistants; il est isolé au milieu de la foule, et ne pense au ciel que pour lui-même.

Ce n'est certes pas ainsi que l'entendait Jésus quand il dit: Lorsque vous serez plusieurs réunis en mon nom, je serai au milieu de vous. Réunis en mon nom, c'est-à-dire avec une pensée commune; mais on ne peut être réunis au nom de Jésus sans s'assimiler ses principes, sa doctrine; or, quel est le principe fondamental de la doctrine de Jésus? La charité en pensées, en paroles et en actions. Les égoïstes et les orgueilleux mentent quand ils se disent réunis au nom de Jésus, car Jésus les désavoue pour ses disciples.

Frappés de ces abus et de ces déviations, il est des gens qui nient l'utilité des assemblées religieuses, et par conséquent des édifices consacrés à ces assemblées. Dans leur radicalisme, ils pensent qu'il vaudrait mieux construire des hospices que des temples, attendu que le temple de Dieu est partout, qu'il peut être adoré partout, que chacun peut prier chez soi et à toute heure, tandis que les pauvres, les malades et les infirmes ont besoin de lieux de refuge.

Mais de ce que des abus sont commis, de ce qu'on s'est écarté du droit chemin, s'ensuit-il que le droit chemin n'existe pas, et que tout ce dont on abuse soit mauvais? Non, certes. Parler ainsi, c'est méconnaître la source et les bienfaits de la communion de pensées qui doit être l'essence des assemblées religieuses; c'est ignorer les causes qui la provoquent. Que des matérialistes professent de pareilles idées, on le conçoit; car, pour eux, ils font en toutes choses abstraction de la vie spirituelle; mais de la part de spiritualistes, et mieux encore de Spirites, ce serait un non-sens. L'isolement religieux, comme l'isolement social, conduit à l'égoïsme. Que quelques hommes soient assez forts par eux- mêmes, assez largement doués par le cœur, pour que leur foi et leur charité n'aient pas besoin d'être réchauffées à un foyer commun, c'est possible; mais il n'en est point ainsi des masses, à qui il faut un stimulant, sans lequel elles pourraient se laisser gagner par l'indifférence. Quel est, en outre, l'homme qui puisse se dire assez éclairé pour n'avoir rien à apprendre touchant ses intérêts futurs? assez parfait pour se passer de conseils dans la vie présente? Est-il toujours capable de s'instruire par lui-même? Non; il faut à la plupart des enseignements directs en matière de religion et de morale, comme en matière de science. Sans contredit, cet enseignement peut être donné partout, sous la voûte du ciel comme sous celle d'un temple; mais pourquoi les hommes n'auraient-ils pas des lieux spéciaux pour les affaires du ciel, comme ils en ont pour les affaires de la terre? Pourquoi n'auraient-ils pas des assemblées religieuses, comme ils ont des assemblées politiques, scientifiques et industrielles? Cela n'empêche pas les fondations au profit des malheureux; mais nous disons de plus que, lorsque les hommes comprendront mieux leurs intérêts du ciel, il y aura moins de monde dans les hospices.

Si les assemblées religieuses, je parle en général, sans faire allusion à aucun culte, se sont trop souvent écartées du but primitif principal, qui est la communion fraternelle de la pensée; si l'enseignement qui y est donné n'a pas toujours suivi le mouvement progressif de l'humanité, c'est que les hommes n'accomplissent pas tous les progrès à la fois; ce qu'ils ne font pas dans une période, ils le font dans une autre; à mesure qu'ils s'éclairent, ils voient les lacunes qui existent dans leurs institutions, et ils les remplissent; ils comprennent que ce qui était bon à une époque, eu égard au degré de la civilisation, devient insuffisant dans un état plus avancé, et ils rétablissent le niveau. Le Spiritisme, nous le savons, est le grand levier du progrès en toutes choses; il marque une ère de rénovation. Sachons donc attendre, et ne demandons pas à une époque plus qu'elle ne peut donner. Comme les plantes, il faut que les idées mûrissent pour en récolter les fruits. Sachons, en outre, faire les concessions nécessaires aux époques de transition, car rien, dans la nature, ne s'opère d'une manière brusque et instantanée.

En raison du motif qui nous rassemble aujourd'hui, messieurs et chers frères, j'ai cru opportun de profiter de la circonstance pour développer le principe de la communion de pensées au point de vue du Spiritisme; notre but étant de nous unir d'intention pour offrir en commun un témoignage particulier de sympathie à nos frères décédés, il pouvait être utile d'appeler notre attention sur les avantages de la réunion. Grâce au Spiritisme, nous comprenons la puissance et les effets de la pensée collective; nous nous expliquons mieux le sentiment de bien-être que l'on éprouve dans un milieu homogène et sympathique; mais nous savons également qu'il en est de même des Esprits, car eux aussi reçoivent les effluves de toutes les pensées bienveillantes qui s'élèvent vers eux comme une fumée de parfum. Ceux qui sont heureux éprouvent une plus grande joie de ce concert harmonieux; ceux qui souffrent en ressentent un plus grand soulagement. Chacun de nous en particulier prie de préférence pour ceux qui l'intéressent ou qu'il affectionne le plus; faisons qu'ici tous aient leur part des prières que nous adresserons à Dieu.


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