PREÂMBULO

   As pessoas que têm do Espiritismo apenas um conhecimento superficial, são naturalmente levadas a fazer certas questões das quais um estudo completo lhes daria sem dúvida a solução. Mas o tempo e, frequentemente, a vontade lhes falta para se dedicarem a observações continuadas. Gostariam, antes de empreender essa tarefa, de saber ao menos do que se trata e se vale a pena dela se ocuparem. Parece-nos então útil apresentar, em um quadro restrito, a resposta a algumas das questões fundamentais que nos são diariamente endereçadas. Isso será, para o leitor, uma primeira iniciação e, para nós, tempo ganho, pois nos dispensaria de repetir constantemente a mesma coisa.

   O primeiro capítulo contém, sob forma de diálogo, a resposta às objeções mais comuns da parte daqueles que ignoram os primeiros fundamentos da doutrina, assim como a refutação dos principais argumentos de seus contraditores. Essa forma nos pareceu a mais conveniente, porque não tem a aridez da forma dogmática.

   O segundo capítulo é consagrado à exposição sumária da ciência prática e experimental sobre as quais, na falta de uma instrução completa, o observador principiante deve colocar sua atenção para julgar com conhecimento de causa. É, de alguma forma, o resumo de O Livro dos Médiuns.  As objeções nascem, na maioria das vezes, de ideias falsas que se fazem, a priori, sobre o que não se conhece. Retificar essas ideias é se antecipar às objeções: tal é o objetivo desse pequeno escrito.

   O terceiro capítulo pode ser considerado como o resumo de O Livro dos Espíritos. É a solução, pela doutrina espírita, de um certo número de problemas do mais alto interesse, de ordem psicológica, moral e filosófica, que se colocam diariamente, dos quais nenhuma filosofia deu ainda soluções satisfatórias. Que se tente resolvê-los por qualquer outra teoria e sem a chave fornecida pelo Espiritismo e se verá quais são as respostas mais lógicas e que satisfazem melhor a razão. 

   Essa síntese é não somente útil para os principiantes que poderão dela extrair em pouco tempo e com pouca despesa as noções mais essenciais, mas não é menos útil aos seus adeptos aos quais fornece os meios de responder às primeiras objeções que não deixam de lhes fazer, e, além disso, porque nele encontrarão reunidos em um quadro restrito e sob o mesmo olhar os princípios que não devem jamais perder de vista. Para responder desde já e sumariamente à questão formulada no título desse opúsculo, nós diremos que:

   O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as consequências morais que decorrem dessas relações.

    Podemos defini-lo assim: 

   O ESPIRITISMO É UMA CIÊNCIA QUE TRATA DA NATUREZA, DA ORIGEM E DO DESTINO DOS ESPÍRITOS E SUAS RELAÇÕES COM O MUNDO CORPORAL.