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Revista Espírita 1859 » Fevereiro » Os agêneres Revue Spirite 1859 » Février » Les agénères

Por várias vezes demos a teoria das aparições. Em nosso número passado recordamo-la a propósito dos estranhos fenômenos então relatados. Relembramo-la aos nossos leitores, para melhor compreensão do que se segue.

Todos sabem que no número das mais extraordinárias manifestações produzidas pelo Sr. Home estava o aparecimento de mãos perfeitamente tangíveis, que todos podiam ver e apalpar; que apertavam em cumprimento e que, de repente, ofereciam o vazio quando as queriam pegar de surpresa. É um fato positivo, produzido em diversas circunstâncias, atestado por numerosas testemunhas oculares. Por mais estranho e anormal que pareça, cessa o maravilhoso desde o momento em que é possível dar-lhe uma explicação lógica. Então entra na categoria dos fenômenos naturais, muito embora de uma ordem completamente diversa daqueles que se produzem aos nossos olhos e com os quais não os devemos confundir.

Nos fenômenos comuns podemos encontrar pontos de comparação, ─ como aquele cego que percebia o brilho da luz e as cores pelo toque da trombeta ─ mas não similitudes. É precisamente a mania de querer tudo assimilar ao que conhecemos que leva tanta gente à confusão: pensam que podem manejar esses elementos novos como se fossem hidrogênio e oxigênio. Ora, isto é um erro. Tais fenômenos são submetidos a condições que escapam ao círculo habitual de nossas observações. Antes de mais nada, é necessário conhecê-las e com elas nos conformarmos, se desejarmos obter resultado. É sobretudo necessário não perder de vista este princípio essencial, verdadeira chave da ciência espírita: o agente dos fenômenos vulgares é uma força física, material, que pode ser submetida às leis do cálculo, ao passo que nos fenômenos espíritas esse agente é constantemente uma inteligência que tem vontade própria e que não se submete aos nossos caprichos.

Nessas mãos havia carne, pele, ossos e unhas reais? Evidentemente, não: era uma aparência, mas de tal ordem que produzia o efeito de uma realidade. Se um Espírito tem o poder de tornar visível e palpável uma parte qualquer de seu corpo etéreo, não existe razão para que não aconteça o mesmo com os outros órgãos. Suponhamos então que um Espírito estenda essa aparência a todas as partes do corpo, e teremos a impressão de ver um ser semelhante a nós, agindo como nós, quando não passa de um vapor momentaneamente solidificado. Tal é o caso do Duende de Bayonne. A duração dessa aparência está submetida a condições para nós desconhecidas. Sem dúvida depende da vontade do Espírito, que pode produzi-la ou desfazê-la à vontade, mas dentro de certos limites que ele nem sempre tem liberdade de transpor. Interrogados a respeito, bem como sobre todas as intermitências de quaisquer manifestações, sempre disseram os Espíritos que agiam em virtude de um consentimento superior.

Se a duração da aparência corporal é limitada para certos Espíritos, podemos dizer que, em princípio, ela é variável e pode persistir mais ou menos tempo, bem como pode produzir-se a todo momento e a qualquer hora. Um Espírito cujo corpo fosse inteiramente visível e palpável teria, para nós, a aparência de um ser humano; poderia conversar conosco e sentar-se em nosso lar, como qualquer visita, pois que o tomaríamos como um de nossos semelhantes.

Partimos de um fato patente ─ o aparecimento de mãos tangíveis ─ para chegar a uma suposição que lhe é consequência lógica. Entretanto não a teríamos aventado se a história do menino de Bayonne não nos tivesse aberto o caminho, mostran­do-nos a possibilidade.

Interrogado a respeito, um Espírito superior respondeu que efetivamente podemos encontrar seres de tal natureza, sem que o suspeitemos. Acrescentou que isto é raro, mas que acontece.

Como para nos entendermos necessitamos de um nome para cada coisa, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas os chama agêneres, para indicar que sua origem não é o resultado de uma geração.

O fato que se segue, ocorrido recentemente em Paris, parece pertencer a esta categoria.

Uma pobre mulher estava na Igreja de São Roque e pedia a Deus que a auxiliasse na sua aflição. À saída, na Rua Santo Honorato, encontra um senhor que a aborda e lhe diz:

─ Minha boa senhora, ficaria contente se arranjasse trabalho?

─ Ah! Meu bom senhor, responde ela, peço a Deus que me faça este favor, porque estou muito necessitada.

─ Então vá à rua tal, número tanto. Procure a Senhora T... e ela lhe dará trabalho.

Dito isto, continuou o seu caminho. A pobre mulher foi sem demora ao endereço indicado.

A senhora procurada lhe disse:

─ Com efeito, tenho um trabalho para mandar fazer. Mas como não o disse a ninguém, não sei como pôde a senhora vir procurar-me.

Então a pobre necessitada, avistando um retrato na parede, respondeu.

─ Senhora, foi esse cavalheiro que me mandou.

─ Este cavalheiro? retrucou espantada a senhora. Mas é impossível! Este é o retrato de meu filho, falecido há três anos.

─ Não sei como pode ser isto, mas eu vos asseguro que foi esse senhor que eu encontrei ao sair da igreja, onde tinha ido pedir auxílio a Deus. Ele me abordou e foi ele mesmo que me mandou aqui.

De acordo com o que acabamos de ver, nada existe de surpreendente em que o Espírito do filho daquela senhora, a fim de prestar um serviço à pobre mulher, cuja prece por certo ouvira, lhe tenha aparecido sob a forma corpórea, para lhe indicar o endereço da própria mãe. Em que se transformou depois? Sem dúvida no que era antes: um Espírito, a menos que tivesse achado oportuno mostrar-se a outras pessoas sob a mesma aparência, continuando o seu passeio.

Aquela mulher teria, assim, encontrado um agênere com o qual conversara.

Perguntarão, entretanto, por que não se teria apresentado à sua mãe?

Nestas circunstâncias, os motivos que determinam a ação dos Espíritos nos são completamente desconhecidos: agem como bem lhes parece, ou antes, conforme disseram, em virtude de uma permissão sem a qual não podem revelar a sua existência de um modo material. Aliás, compreende-se que a sua presença pudesse causar à mãe perigosa emoção. Quem sabe se não se apresentou a ela durante o sono ou de qualquer outro modo? Não terá sido, além disso, um meio de revelar-lhe sua existência? É bem provável que ele tivesse sido testemunha invisível do encontro das duas senhoras.

Não nos parece que o Duende de Bayonne deva ser considerado como agênere, pelo menos nas circunstâncias em que se manifestou, pois que, para a família, ele teve sempre as características de um Espírito, que nunca procurou dissimular. Era o seu estado permanente. As aparências corporais que revestia eram apenas acidentais, ao passo que o agênere propriamente dito não revela a sua natureza e aos nossos olhos não passa de um homem comum. Sua aparição corpórea pode ter longa duração, conforme a necessidade, a fim de estabelecer relações sociais com um ou vários indivíduos.

Pedimos ao Espírito de São Luís a bondade de nos esclarecer sobre estes diversos pontos, respondendo às nossas perguntas.

 

1 ─ O Espírito do Duende de Bayonne podia mostrar-se corporalmente em outros lugares e a outras pessoas, além da sua família?

─ Sim, sem dúvida.

2 ─ Isto depende de sua vontade?

─ Não exatamente. O poder dos Espíritos é limitado. Só fazem o que lhes é permitido.

3 ─ Que aconteceria se se apresentasse a um desconhecido?

─ Tê-lo-iam tomado por uma criança comum. Dir-vos-ei entretanto uma coisa: por vezes existem na Terra Espíritos que revestem essa aparência e são tomados como homens.

4 ─ Tais seres pertencem à categoria dos Espíritos superiores ou dos inferiores?

─ Podem pertencer a uma ou a outra. São fatos raros, de que há exemplos na Bíblia.

5 ─ Raros ou não, basta a sua possibilidade para que mereçam atenção. Que aconteceria se, tomando tal ser por um homem comum, lhe fizessem um ferimento mortal? Ele morreria?

─ Desapareceria subitamente, como o jovem de Londres[1].

6 ─ Eles têm paixões?

─ Sim. Como Espíritos, têm as paixões dos Espíritos, conforme a sua inferioridade. Se tomam um corpo aparente é, por vezes, para gozar das paixões humanas. Se são elevados, é com um fim útil.

7 ─ Podem procriar?

─ Deus não o permitiria. Isto é contrário às leis por ele estabelecidas na Terra e elas não podem ser contrariadas.

8 ─ Se um tal ser se nos apresentasse, teríamos um meio de reconhecê-lo?

─ Não, a não ser pelo desaparecimento inesperado. Seria o mesmo que o transporte de móveis de um para outro andar, que lestes anteriormente[2].

9 ─ Qual é o objetivo que pode levar certos Espíritos a tomar esse estado corporal? Eles agem para o bem ou para o mal?

─ Muitas vezes para o mal. Os bons Espíritos têm a seu favor a inspiração. Agem sobre a alma e pelo coração. Sabeis que as manifestações físicas são produzidas por Espíritos inferiores, e as de que tratamos são dessa categoria. Entretanto, como disse, os bons Espíritos também podem tomar essa aparên­cia corporal, com um fim útil. Digo isto em princípio geral.

10 ─ Nesse estado podem tornar-se visíveis ou invisíveis à vontade?

─ Sim, pois podem desaparecer quando quiserem.

11 ─ Têm eles um poder oculto superior ao dos homens?

─ Têm apenas aquele que lhes dá a sua categoria na escala dos Espíritos.

12 ─ Têm necessidade real de alimento?

─ Não. O seu corpo não é real.

13 ─ Entretanto o jovem de Londres, embora não tivesse um corpo real, tomou o café da manhã com os amigos e lhes apertou a mão. Que aconteceu com o alimento ingerido?

─ Antes de apertar a mão, onde estavam os dedos que apertam? Compreendeis que o corpo desapareça? Por que não quereis compreender que também desapareça a matéria? O corpo do jovem de Londres não era real, pois se achava em Boulogne; era, portanto, aparência. Dava-se o mesmo com o alimento que parecia ingerir.

14 ─ Se tivéssemos entre nós um ser dessa espécie, isso seria bom ou ruim?

─ Seria ruim. Ademais, não é possível manter contatos prolongados com tais seres. Não vos podemos dizer muita coisa. Esses fatos são excessivamente raros e jamais têm um caráter de permanência. Ainda mais raras são as aparições corpóreas instantâneas, como a de Bayonne.

15 ─ Algumas vezes o Espírito protetor familiar toma essa forma?

─ Não. Não dispõe ele de recursos interiores? Ele os manipula com mais facilidade do que o faria sob uma forma visível e o tomássemos por um de nossos semelhantes.

16 ─ Perguntam se o Conde de Saint-Germain não pertenceria à categoria dos agêneres.

─ Não. Ele era um hábil mistificador.

 

A história do jovem de Londres, relatada em nosso número de dezembro, é um fato de bicorporeidade, ou antes, de dupla presença, que difere essencialmente daquele de que tratamos. O agênere não tem corpo vivo na Terra; apenas o seu perispírito toma forma palpável. O jovem de Londres era perfeitamente vivo. Enquanto seu corpo dormia em Boulogne, seu espírito, envolvido pelo perispírito, foi a Londres, onde tomou uma aparência tangível.

Aconteceu conosco um fato quase análogo. Enquanto estávamos calmamente na cama, um de nossos amigos nos viu várias vezes em sua casa, posto que sob aparência não tangível, sentando-nos a seu lado e conversando com ele, como de hábito. Uma vez nos viu de “chambre”, outras vezes de paletó. Transcreveu nossa conversa e no-la remeteu no dia seguinte. Percebe-se bem que era relativa a nossos trabalhos prediletos. Querendo fazer uma experiência, ofereceu-nos refresco. Eis a nossa resposta: “Não tenho necessidade disto, porque não é o meu corpo que está aqui, vós o sabeis. Não há a menor necessidade, portanto, de criar para vós uma ilusão.”

Uma circunstância muito esquisita ocorreu então. Quer por disposição natural, quer como resultado de nossos trabalhos intelectuais, sérios desde a nossa juventude, quase diríamos, desde a infância, o fundo de nosso caráter foi sempre de extrema gravidade, mesmo na idade em que não se pensa senão nos prazeres. Esta preocupação constante nos dá uma aparência de frieza, mesmo de muita frieza. É isto, pelo menos, o que muitas vezes nos tem sido censurado. Mas sob esse envoltório aparentemente glacial, talvez o Espírito sinta mais vivamente do que se houvesse uma maior expansão exterior. Ora, em nossas visitas noturnas ao nosso amigo, ele ficou muito surpreso por nos ver completamente diferente: éramos mais extrovertido, mais comunicativo, quase alegre. Tudo em nós revelava a satisfação e a calma de sentir-se bem. Não estará aí um efeito do Espírito desprendido da matéria?[3].


[1] Vide a REVISTA ESPIRITA de dezembro de 1858, Fenômeno de bi-corporeidade.

 

[2] Alusão a um fato dessa natureza, lido no começo da sessão.

[3] Sobre os agêneres, Kardec deixou algumas páginas notáveis, além da que damos acima. Elas se encontram em seus livros:

A GÊNESE. Cap. XIV, nº. 36, 37 e 38, pg. 260/1, 10.º ed. da FEB, 1944;

IBIDEM, cap. XV, nº. 61 a 67, pg. 308 a 313, idem, idem.

OBRAS PÓSTUMAS, Estudo sobre a natureza do Cristo, pg. 96 e seg., principalmente nº. VIII e IX, pg. 127 a 135.

Em todas as passagens, Allan Kardec deixa bem claras as condições ge­rais que marcam a apresentação dos agêneres. Por aí se vê que jamais se poderia aceitar a tese docetista, restaurada por J. B. Roustaing. (N. do T.)


 

Les Agénères.

Nous avons donné à plusieurs reprises la théorie des apparitions et nous l'avons rappelée dans notre dernier numéro à propos des phénomènes étranges que nous avons rapportés. Nous y renvoyons nos lecteurs pour l'intelligence de ce qui va suivre.

Tout le monde sait qu'au nombre des manifestations les plus extraordinaires produites par M. Home, était l'apparition de mains, parfaitement tangibles, que chacun pouvait voir et palper, qui pressaient et étreignaient, puis qui, tout à coup, n'offraient que le vide quand on voulait les saisir par surprise. C'est là un fait positif qui s'est produit en maintes circonstances, et qu'attestent de nombreux témoins oculaires. Quelque étrange et anormal qu'il paraisse, le merveilleux cesse dès l'instant qu'on peut s'en rendre compte par une explication logique; il rentre alors dans la catégorie des phénomènes naturels, quoique d'un ordre bien différent de ceux qui se produisent sous nos yeux, et avec lesquels il faut se garder de les confondre. On peut trouver, dans les phénomènes usuels, des points de comparaison, comme cet aveugle qui se rendait compte de l'éclat de la lumière et des couleurs par l'éclat de la trompette, mais non des similitudes; c'est précisément la manie de vouloir tout assimiler à ce que nous connaissons qui cause tant de mécomptes à certaines gens; ils se figurent pouvoir opérer sur ces éléments nouveaux comme sur l'hydrogène et l'oxygène. Or, c'est là l'erreur; ces phénomènes sont soumis à des conditions qui sortent du cercle habituel de nos observations; il faut, avant tout, les connaître et s'y conformer si l'on veut obtenir des résultats. Il faut surtout ne pas perdre de vue ce principe essentiel, véritable clef de voûte de la science spirite, c'est que l'agent des phénomènes vulgaires est une force physique, matérielle, qui peut être soumise aux lois du calcul, tandis que dans les phénomènes spirites, cet agent est constamment une intelligence qui a sa volonté propre, et que nous ne pouvons soumettre à nos caprices.

Dans ces mains y avait-il de la chair, de la peau, des os, des ongles réels? évidemment non, ce n'était qu'une apparence, mais telle qu'elle produisait l'effet d'une réalité. Si un Esprit a le pouvoir de rendre une partie quelconque de son corps éthéré visible et palpable, il n'y a pas de raison pour qu'il ne puisse en être de même des autres organes. Supposons donc qu'un Esprit étende cette apparence à toutes les parties du corps, nous croirons voir un être semblable à nous, agissant comme nous, tandis que ce ne sera qu'une vapeur momentanément solidifiée. Tel est le cas du follet de Bayonne. La durée de cette apparence est soumise à des conditions qui nous sont inconnues; elle dépend, sans doute, de la volonté de l'Esprit qui peut la produire ou la faire cesser à son gré, mais dans certaines limites qu'il n'est pas toujours libre de franchir. Les Esprits interrogés à ce sujet, aussi bien que sur toutes les intermittences des manifestations quelconques, ont toujours dit qu'ils agissaient en vertu d'une permission supérieure.

Si la durée de l'apparence corporelle est bornée pour certains Esprits, nous pouvons dire qu'en principe elle est variable, et peut persister plus ou moins longtemps; qu'elle peut se produire en tous temps et à toute heure. Un Esprit, dont tout le corps serait ainsi visible et palpable, aurait pour nous toutes les apparences d'un être humain, il pourrait causer avec nous, s'asseoir à notre foyer comme le premier venu, car pour nous ce serait un de nos pareils.

Nous sommes parti d'un fait patent, l'apparition des mains tangibles, pour arriver à une supposition qui en est la conséquence logique; et pourtant nous ne l'aurions pas hasardée si l'histoire de l'enfant de Bayonne ne nous eût mis sur la voie, en nous en montrant la possibilité. Un Esprit supérieur, questionné sur ce point, a répondu, qu'en effet, on peut rencontrer des êtres de cette nature sans s'en douter; il a ajouté que cela est rare, mais que cela se voit. Comme pour s'entendre il faut un nom à chaque chose, la Société parisienne des Etudes spirites les appelle agénères pour indiquer que leur origine n'est point le produit d'une génération. Le fait suivant, qui s'est passé dernièrement à Paris, semble appartenir à cette catégorie:

Une pauvre femme était dans l'église de Saint-Roch, et priait Dieu de lui venir en aide dans sa détresse. A sa sortie de l'église, dans la rue Saint-Honoré, elle rencontre un monsieur qui l'aborde en lui disant: « Ma brave femme seriez-vous contente de trouver de l'ouvrage? - Ah! mon bon monsieur, dit-elle, je prie Dieu qu'il m'en fasse trouver, car je suis bien malheureuse. - Eh bien! allez dans telle rue, à tel numéro; vous demanderez Madame T...; elle vous en donnera. » La dessus il continua son chemin. La pauvre femme se rendit sans tarder à l'adresse indiquée. - J'ai, en effet, de l'ouvrage à faire faire, dit la dame en question, mais comme je n'ai encore demandé personne, comment se fait-il que vous soyez venue me trouver? La pauvre femme avisant alors un portrait appendu à la muraille dit: - Madame, c'est ce monsieur là qui m'a envoyée. - Ce monsieur! reprit la dame étonnée, mais cela n'est pas possible; c'est le portrait de mon fils mort il y a trois ans. - Je ne sais comment cela se fait, mais je vous assure que c'est ce monsieur que je viens de rencontrer en sortant de l'église où j'étais allée prier Dieu de m'assister; il m'a abordée, et c'est bien lui qui m'a envoyée ici.

D'après ce que nous venons de voir, il n'y aurait rien de surprenant à ce que l'Esprit du fils de cette dame, pour rendre service à cette pauvre femme dont il avait sans doute entendu la prière, lui eût apparu sous sa forme corporelle pour lui indiquer l'adresse de sa mère. Qu'est-il devenu depuis? Sans doute ce qu'il était avant: un Esprit, à moins qu'il n'ait jugé à propos de se montrer à d'autres sous la même apparence en continuant sa promenade. Cette femme aurait ainsi rencontré un agénère avec lequel elle se serait entretenue. Mais alors, dira-t-on, pourquoi ne pas se présenter à sa mère? Dans ces circonstances les motifs déterminants des Esprits nous sont complètement inconnus; ils agissent comme bon leur semble, ou mieux, comme ils l'ont dit, en vertu d'une permission sans laquelle ils ne peuvent révéler leur existence d'une manière matérielle. On comprend, du reste, que sa vue eût pu causer une émotion dangereuse à la mère; et qui sait s'il ne s'est pas présenté à elle soit pendant le sommeil, soit de toute autre façon? Et, d'ailleurs, n'était-ce pas un moyen de lui révéler son existence? Il est plus que probable qu'il était témoin invisible de l'entrevue.

Le Follet de Bayonne ne nous paraît pas devoir être considéré comme un agénère, du moins dans les circonstances où il s'est manifesté; car pour la famille, il a toujours eu le caractère d'un Esprit, caractère qu'il n'a jamais cherché à dissimuler: c'était son état permanent, et les apparences corporelles qu'il a prises n'étaient qu'accidentelles; tandis que l'agénère proprement dit ne révèle pas sa nature, et n'est à nos yeux qu'un homme ordinaire; son apparition corporelle peut au besoin être d'assez longue durée pour pouvoir établir des relations sociales avec un ou plusieurs individus.

Nous avons prié l'Esprit de saint Louis de vouloir bien nous éclairer sur ces différents points en répondant à nos questions.

1. L'Esprit du Follet de Bayonne pourrait-il se montrer corporellement en d'autres lieux et à d'autres personnes que dans sa famille? - R. Oui, sans doute.

2. Cela dépend-il de sa volonté? - R. Pas précisément; le pouvoir des Esprits est borné; ils ne font que ce qu'il leur est permis de faire.

3. Que serait-il arrivé s'il se fût présenté à une personne inconnue? - R. On l'aurait pris pour un enfant ordinaire. Mais je vous dirai une chose, c'est qu'il existe quelquefois sur la terre des Esprits qui ont revêtu cette apparence, et que l'on prend pour des hommes.

4. Ces êtres appartiennent-ils aux Esprits inférieurs ou supérieurs? - R. Ils peuvent appartenir aux deux; ce sont des faits rares. Vous en avez des exemples dans la Bible.

5. Rares ou non, il suffit que cela se puisse pour mériter l'attention. Qu'arriverait-il si, prenant un pareil être pour un homme ordinaire on lui faisait une blessure mortelle? serait-il tué? - R. Il disparaîtrait subitement, comme le jeune homme de Londres. (Voir le numéro de décembre 1858, Phénomène de bi-corporéité.)

6. Ont-ils des passions? - R. Oui, comme Esprits, ils ont les passions des Esprits selon leur infériorité. S'ils prennent un corps apparent, c'est quelquefois pour jouir des passions humaines; s'ils sont élevés, c'est dans un but utile.

7. Peuvent-ils engendrer? - R. Dieu ne le permettrait pas; ce serait contraire aux lois qu'il a établies sur la terre; elles ne peuvent être éludées.

8. Si un être semblable se présentait à nous, y aurait-il un moyen de le reconnaître? - R. Non, si ce n'est à sa disparition qui se fait d'une manière inattendue. C'est le même fait que celui du transport des meubles d'un rez-de-chaussée au galetas, fait que vous avez lu d'abord.

Remarque. Allusion à un fait de cette nature rapporté au commencement de la séance.

9. Quel est le but qui peut exciter certains esprits à prendre cet état corporel; est-ce plutôt pour le mal que pour le bien? - R. Souvent pour le mal; les bons Esprits ont pour eux l'inspiration; ils agissent sur l'âme et par le cœur. Vous le savez, les manifestations physiques sont produites par des Esprits inférieurs, et celles-là sont de ce nombre. Cependant, comme je l'ai dit, de bons Esprits peuvent aussi prendre cette apparence corporelle dans un but utile; j'ai parlé en général.

10. Dans cet état peuvent-ils se rendre visibles ou invisibles à volonté? - R. Oui, puisqu'ils peuvent disparaître quand ils le veulent.

11. Ont-ils un pouvoir occulte supérieur à celui des autres hommes? - R. Ils n'ont que le pouvoir que leur donne leur rang comme Esprit.

12. Ont-ils un besoin réel de nourriture? - R. Non; le corps n'est pas un corps réel.

13. Cependant le jeune homme de Londres n'avait pas un corps réel, et pourtant il a déjeuné avec ses amis, et leur a serré la main. Qu'est devenue la nourriture absorbée? - R. Avant de serrer la main où étaient les doigts qui pressent? Comprenez-vous que le corps disparaisse? Pourquoi ne voulez-vous pas comprendre que la matière disparaisse aussi. Le corps du jeune homme de Londres n'était pas une réalité, puisqu'il était à Boulogne; c'était donc une apparence; il en était de même de la nourriture qu'il paraissait absorber.

14. Si l'on avait un être semblable dans son intérieur, serait-ce un bien ou un mal? - R. Ce serait plutôt un mal; du reste on ne peut pas faire de longues connaissances avec ces êtres. Nous ne pouvons trop vous le dire, ces faits sont excessivement rares et n'ont jamais un caractère de permanence. Ceux d'apparitions corporelles instantanées, comme celui de Bayonne, le sont beaucoup moins.

15. L'Esprit familier protecteur prend-il quelquefois cette forme? - R. Non; n'a-t-il pas les cordes intérieures? Il les touche plus aisément qu'il ne le ferait sous une forme visible, et si nous le prenions pour un de nos pareils.

16. On s'est demandé si le comte de Saint-Germain n'appartenait pas à la catégorie des agénères. - R. Non; c'était un habile mystificateur.

L'histoire du jeune homme de Londres, rapportée dans notre numéro de décembre, est un fait de bicorporéité, ou mieux de double présence, qui diffère essentiellement de celui dont il est question. L'agénère n'a pas de corps vivant sur la terre; son périsprit seul prend une forme palpable. Le jeune homme de Londres était parfaitement vivant; pendant que son corps dormait à Boulogne, son esprit, enveloppé du périsprit, est allé à Londres où il a pris une apparence tangible.

Un fait à peu près analogue nous est personnel. Tandis que nous étions paisiblement dans notre lit, un de nos amis nous a vu plusieurs fois chez lui, quoique sous une apparence non tangible, nous asseyant à ses côtés et causant avec lui comme d'habitude. Une fois il nous a vu en robe de chambre, d'autres fois en paletot. Il a transcrit notre conversation qu'il nous a communiquée le lendemain. Elle était, comme on le pense bien, relative à nos travaux de prédilection. En vue de faire une expérience, il nous a offert des rafraîchissements, voici notre réponse: « Je n'en ai pas besoin, puisque ce n'est pas mon corps qui est ici; vous le savez, il n'y a donc aucune nécessité de produire une illusion sur vous. » Une circonstance assez bizarre s'est présentée à cette occasion. Soit prédisposition naturelle, soit résultat de nos travaux intellectuels, sérieux depuis notre jeunesse, nous pourrions dire depuis l'enfance, le fond de notre caractère a toujours été une extrême gravité, même à l'âge où l'on ne songe guère qu'au plaisir. Cette préoccupation constante nous donne un abord très froid, même beaucoup trop froid; c'est du moins ce qui nous a souvent été reproché; mais sous cette enveloppe glaciale en apparence, l'Esprit sent peut-être plus vivement que s'il y avait plus d'expansion extérieure. Or, dans nos visites nocturnes à notre ami, celui- ci a été très surpris de nous trouver tout autre; nous étions plus ouvert, plus communicatif, presque gai. Tout respirait en nous, la satisfaction et le calme du bien-être. N'est-ce pas là un effet de l'Esprit dégagé de la matière?


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