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O Livro dos Médiuns » Primeira parte - Noções preliminares » Capítulo IV - Dos sistemas » Dos sistemas Le Livre des Médiums » Premiere partie - Notions preliminaires » Chapitre IV - Systèmes » Systemes

36. Quando começaram a produzir-se os estranhos fenômenos do Espiritismo, ou, dizendo melhor, quando esses fenômenos se renovaram nestes últimos tempos, o primeiro sentimento que despertaram foi o da dúvida, quanto à realidade deles e, mais ainda, quanto à causa que lhes dava origem. Uma vez certificados, por testemunhos irrecusáveis e pelas experiências que todos hão podido fazer, sucedeu que cada um os interpretou a seu modo, de acordo com suas idéias pessoais, suas crenças, ou suas prevenções. Daí, muitos sistemas, a que uma observação mais atenta viria dar o justo valor.

Julgaram os adversários do Espiritismo encontrar um argumento nessa divergência de opiniões, dizendo que os próprios espíritas não se entendiam entre si a pobreza de semelhante razão prontamente se patenteia, desde que se reflita que os passos de qualquer ciência nascente são necessariamente incertos, até que o tempo haja permitido se colecionem e coordenem os fatos sobre que possa firmar-se a opinião.

À medida que os fatos se completam e vão sendo mais bem observados, as idéias prematuras se apagam e a unidade se estabelece, pelo menos com relação aos pontos fundamentais, senão a todos os pormenores. Foi o que se deu com o Espiritismo, que não podia fugir à lei comum e tinha mesmo, por sua natureza, que se prestar, mais do que qualquer outro assunto, à diversidade das interpretações. Pode-se, aliás, dizer que, a este respeito, ele andou mais depressa do que outras ciências mais antigas, do que a medicina, por exemplo, que ainda traz divididos os maiores sábios.

37. Seguindo metódica ordem, para acompanhar a marcha progressiva das idéias, convém sejam colocados na primeira linha dos sistemas os que se podem classificar como sistemas de negação, isto é, os dos adversários do Espiritismo. Já lhes refutamos as objeções, na introdução e na conclusão de O Livro dos Espíritos, assim como no volumezinho que intitulamos: O que é o Espiritismo. Fora supérfluo insistir nisso aqui. Limitar-nos-emos a lembrar, em duas palavras, os motivos em que eles se fundam.

De duas espécies são os fenômenos espíritas: efeitos físicos e efeitos inteligentes. Não admitindo a existência dos Espíritos, por não admitirem coisa alguma fora da matéria, concebe-se que neguem os efeitos inteligentes. Quanto aos efeitos físicos, eles os comentam do ponto de vista em que se colocam e seus argumentos se podem resumir nos quatro sistemas seguintes:

38. Sistema do charlatanismo. - Entre os antagonistas do Espiritismo, muitos atribuem aqueles efeitos ao embuste, pela razão de que alguns puderam ser imitados. Segundo tal suposição, todos os espíritas seriam indivíduos embaídos e todos os médiuns seriam embaidores, de nada valendo a posição, o caráter, o saber e a honradez das pessoas. Se isto merecesse resposta, diríamos que alguns fenômenos da Física também são imitados pelos prestidigitadores, o que nada prova contra a verdadeira ciência. Demais, pessoas há, cujo caráter afasta toda suspeita de fraude e preciso é não saber absolutamente viver e carecer de toda urbanidade, para que alguém ouse vir dizer-lhe na face que são cúmplices de charlatanismo.

Num salão muito respeitável, um senhor, que se dizia bem educado, tendo-se permitido fazer uma reflexão dessa natureza, ouviu da dona da casa o seguinte: "Senhor, pois que não estais satisfeito, à porta vos será restituído o que pagastes." E, com um gesto, lhe indicou o que de melhor tinha a fazer. Dever-se-á por isso afirmar que nunca houve abuso? Para crê-lo, fora mister admitir-se que os homens são perfeitos. De tudo se abusa, até das coisas mais santas. Por que não abusariam do Espiritismo? Porém, o mau uso que de uma coisa se faça não autoriza que ela seja prejulgada desfavoravelmente. Para chegar-se ao controle, que se pode obter, da boa-fé com que obram as pessoas, deve-se atender aos motivos que lhes determinam o procedimento. O charlatanismo não tem cabimento onde não há especulação.

39. Sistema da loucura. - Alguns, por condescendência, concordam em pôr de lado a suspeita de embuste. Pretendem então que os que não iludem são iludidos, o que eqüivale a qualificá-los de imbecis. Quando os incrédulos se abstêm de usar de circunlóquios, declaram, pura e simplesmente, que os que crêem são loucos, atribuindo-se a si mesmos, desse modo e sem cerimônias, o privilégio do bom-senso. Esse o argumento formidável dos que nenhuma razão plausível encontram para apresentar.

Afinal, semelhante maneira de atacar se tornou ridícula, tal a sua banalidade, e não merece que se perca tempo em refutá-la. Acresce que os espíritas não se alteram com isso; tomam corajosamente o seu partido e se consolam, lembrando-se de que têm por companheiros de infortúnio muitas pessoas de mérito incontestável.

Efetivamente, forçoso será convir em que essa loucura, se loucura existe, apresenta uma característica muito singular: a de atingir de preferência a classe instruída, em cujo seio conta o Espiritismo, até ao presente, a imensa maioria de seus adeptos. Se entre estes algumas excentricidades se manifestam, elas nada provam contra a Doutrina, do mesmo modo que os loucos religiosos nada provam contra a religião, nem os loucos melômanos contra a música, ou os loucos matemáticos contra a matemática, Todas as idéias sempre tiveram fanáticos exagerados e é preciso se seja dotado de muito obtuso juízo, para confundir a exageração de uma coisa com a coisa mesma.

Para mais amplas explicações a este respeito, recomendamos ao leitor a nossa brochura: O que é o Espiritismo e O Livro dos Espíritos (Introdução, § 15).

40. Sistema da alucinação. Outra opinião, menos ofensiva essa, por trazer um ligeiro colorido científico, consiste em levar os fenômenos à conta de ilusão dos sentidos. Assim, o observador estaria de muito boa-fé; apenas, julgaria ver o que não vê. Quando diz que viu uma mesa levantar-se e manter-se no ar, sem ponto de apoio, a verdade é que a mesa não se mexeu. Ele a viu no ar, por efeito de uma espécie de miragem, ou por uma refração, qual a que nos faz ver, na água, um astro, ou um objeto qualquer, fora da sua posição real. Isto, a rigor, seria possível; mas, os que já testemunharam fenômenos espíritas hão podido certificar-se do isolamento da mesa suspensa, passando por debaixo dela, o que parece difícil de se conseguir, caso o móvel não se houvesse despregado do solo. Por outro lado, muitas vezes tem sucedido quebrar-se a mesa ao cair. Dar-se-á que também aí nada mais haja do que simples efeito de ótica?

É fora de dúvida que uma causa fisiológica bem conhecida pode fazer que uma pessoa julgue ver em movimento um objeto que não se moveu, ou que suponha estar ela própria a mover-se, quando permanece imóvel. Mas, quando, rodeando uma mesa, muitas pessoas a vêem arrastada por um movimento tão rápido que difícil se lhes toma acompanhá-la, ou que mesmo deita algumas delas ao chão, poder-se-á dizer que todas se acham tomadas de vertigem, como o bêbedo, que acredita estar vendo a casa em que mora passar-lhe por diante dos olhos?

41. Sistema do músculo estalante. - Sendo assim, pelo que toca à visão, de outro modo não poderia ser, pelo que concerne à audição. Quando as pancadas são ouvidas por todas as pessoas reunidas em determinado lugar, não há como atribuí-las razoavelmente a uma ilusão. Pomos de parte, está claro, toda idéia de fraude e supomos que uma atenta observação tenha verificado não serem as pancadas atribuíveis a qualquer causa fortuita ou material.

É certo que um sábio médico deu desse fenômeno uma explicação, ao seu parecer, peremptória.[1] "A causa, disse ele, reside nas contrações voluntárias, ou involuntárias, do tendão do músculo curto-perônio." A este propósito, desce às mais completas minúcias anatômicas, para demonstrar por que mecanismo pode esse tendão produzir os ruídos de que se trata, imitar os rufos do tambor e, até, executar árias ritmadas. Conclui daí que os que julgam ouvir pancadas numa mesa são vítimas de uma mistificação, ou de uma ilusão.

O fato, em si mesmo, não é novo. Infelizmente para o autor dessa pretendida descoberta, sua teoria é incapaz de explicar todos os casos. Digamos, antes de tudo, que os que gozam da estranha faculdade de fazer que o seu músculo curto-perônio, ou qualquer outro, estale à vontade, da de executar árias por esse meio, são indivíduos excepcionais, enquanto que muito comum é a de fazer-se que uma mesa dê pancadas e que nem todos, dado que algum exista, dos que gozam desta última faculdade, possuem a primeira.

Em segundo lugar, o sábio doutor esqueceu de explicar como o estalido muscular de uma pessoa imóvel e afastada da mesa pode produzir nesta vibrações sensíveis a quem a toque; como pode esse ruído repercutir, à vontade dos assistentes, nas diferentes partes da mesa, nos outros móveis, nas paredes, no forro, etc.; como, finalmente, a ação daquele músculo pode atingir uma mesa em que ninguém toca e fazê-la mover-se. Em suma, a explicação a que nos reportamos, se de fato o fosse, apenas infirmaria o fenômeno das pancadas, nada adiantando com relação a qualquer dos outros muitos modos de comunicação.

Reconheçamos, pois, que ele julgou sem ter visto, ou sem ter observado tudo e observado bem. É sempre de lamentar que homens de ciência se afoitem a dar, do que não conhecem, explicações que os fatos podem desmentir. O próprio saber que possuem devera torná-los tanto mais circunspectos em seus juízos, quanto é certo que esse saber afasta deles os limites do desconhecido.

42. Sistema das causas físicas. - Aqui, estamos fora do sistema da negação absoluta. Averiguada a realidade dos fenômenos, a primeira idéia que naturalmente acudiu ao espírito dos que os verificaram foi a de atribuir os movimentos ao magnetismo, à eletricidade, ou à ação de um fluido qualquer; numa palavra, a uma causa inteiramente física e material. Nada apresentava de irracional esta opinião e teria prevalecido, se o fenômeno houvera ficado adstrito a efeitos puramente mecânicos. Uma circunstância parecia mesmo corroborá-la: a do aumento que, em certos casos, experimentava a força atuante, na razão direta do número das pessoas presentes. Assim, cada uma destas podia ser considerada como um dos elementos de uma pilha elétrica humana. Já dissemos que o que caracteriza uma teoria verdadeira é poder dar a razão de tudo. Se, porém, um só fato que seja a contradiz, é que ela é falsa, incompleta, ou por demais absoluta. Ora, foi o que não tardou a reconhecer-se, quanto a esta.

Os movimentos e as pancadas deram sinais inteligentes, obedecendo à vontade e respondendo ao pensamento. Haviam, pois, de originar-se de uma causa inteligente. Desde que o efeito deixava de ser puramente físico, outra, por isso mesmo, tinha que ser a causa. Tanto assim, que o sistema da ação exclusiva de um agente material foi abandonado, para só ser esposado ainda pelos que julgam a priori, sem haver visto coisa alguma. O ponto capital, portanto, está em verificar-se a ação inteligente, de cuja realidade se pode convencer quem quiser dar-se ao trabalho de observar.

43. Sistema do reflexo. - Reconhecida a ação inteligente, restava saber donde provinha essa inteligência. Julgou-se que bem podia ser a do médium, ou a dos assistentes, a se refletirem, como a luz ou os raios sonoros. Era possível: só a experiência poderia dizer a última palavra. Mas, notemos, antes de tudo, que este sistema já se afasta por completo da idéia puramente materialista. Para que a inteligência dos assistentes pudesse reproduzir-se por via indireta, preciso era se admitisse existir no homem um princípio exterior do organismo.

Se o pensamento externado fora sempre o dos assistentes, a teoria da reflexão estaria confirmada. Mas, embora reduzido a estas proporções, já não seria do mais alto interesse o fenômeno? Já não seria coisa bastante notável o pensamento a repercutir num corpo inerte e a se traduzir pelo movimento e pelo ruído? Já não haveria aí o que excitasse a curiosidade dos sábios? Por que então a desprezaram eles, que se afadigam na pesquisa de uma fibra nervosa?

Só a experiência, dizemos, podia confirmar ou condenar essa teoria, e a experiência a condenou, porquanto demonstra a todos os momentos, e com os mais positivos fatos, que o pensamento expresso, não somente pode ser estranho ao dos assistentes, mas que lhes é, muitas vezes, contrário; que contradiz todas as idéias preconcebidas e frustra todas as previsões. Com efeito, difícil me é acreditar que a resposta provenha de mim mesmo, quando, a pensar no branco, se me fala em preto.

Em apoio da teoria que apreciamos, costumam invocar certos casos em que são idênticos o pensamento manifestado e o dos assistentes. Mas, que prova isso, senão que estes podem pensar como a inteligência que se comunica? Não há por que pretender-se que as duas opiniões devam ser sempre opostas. Quando, no curso de uma conversação, o vosso interlocutor emite um pensamento análogo ao que vos está na mente, direis, por isso, que de vós mesmos vem o seu pensamento? Bastam alguns exemplos em contrário, bem comprovados, para que positivado fique não ser absoluta esta teoria.

Como explicar, pela reflexão do pensamento, as escritas feitas por pessoas que não sabem escrever; as respostas do mais alto alcance filosófico, obtidas por indivíduos iletrados; as respostas dadas a perguntas mentais, ou em língua que o médium desconhece e mil outros fatos que não permitem dúvida sobre a independência da inteligência que se manifesta? A opinião oposta não pode deixar de resultar de falta de observação.

Provada, como está, moralmente, pela natureza das respostas, a presença de uma inteligência diversa da do médium e da dos assistentes, provada também o está, materialmente, pelo fato da escrita direta, isto é, da escrita obtida espontaneamente, sem lápis, nem pena, sem contacto e mau grado a todas as precauções tomadas contra qualquer subterfúgio. O caráter inteligente do fenômeno não pode ser posto em dúvida: logo, há nele mais alguma coisa do que uma ação fluídica. Depois, a espontaneidade do pensamento expresso contra toda expectativa e sem que alguma questão tenha sido formulada, não consente se veja nele um reflexo do dos assistentes.

Em alguns casos, o sistema do reflexo é bastante descortês. Quando, numa reunião de pessoas honestas, surge inopinadamente uma dessas comunicações de revoltante grosseria, fora desatencioso, para com os assistentes, pretender-se que ela haja provindo de um deles, sendo provável que cada um se daria pressa em repudiá-la. (Vede O Livro dos Espíritos, "Introdução", § 16.)

44. Sistema da alma coletiva. - Constitui uma variante do precedente. Segundo este sistema, apenas a alma do médium se manifesta, porém, identificada com a de muitos outros vivos, presentes ou ausentes, e formando um todo coletivo, em que se acham reunidas as aptidões, a inteligência e os conhecimentos de cada um. Conquanto se intitule A Luz[2], a brochura onde esta teoria vem exposta, muito obscuro se nos afigura o seu estilo. Confessamos não ter logrado compreendê-la e dela falamos unicamente de memória. É, em suma, como tantas outras, uma opinião individual, que conta poucos prosélitos. Pelo nome de Emah Tirpsé, o autor designa o ser coletivo criado pela sua imaginação. Por epígrafe, tomou a seguinte sentença: Nada há oculto que não deva ser conhecido. Esta proposição é evidentemente falsa, porquanto uma imensidade há de coisas que o homem não pode e não tem que saber. Bem presunçoso seria aquele que pretendesse devassar todos os segredos de Deus.

45. Sistema sonambúlico. - Mais adeptos teve este, que ainda conta alguns. Admite, como o anterior, que todas as comunicações inteligentes provêm da alma ou Espírito do médium. Mas, para explicar o fato de o médium tratar de assuntos que estão fora do âmbito de seus conhecimentos, em vez de supor a existência, nele, de uma alma múltipla, atribui essa aptidão a uma sobre-excitação momentânea de suas faculdades mentais, a uma espécie de estado sonambúlico, ou extático, que lhe exalta e desenvolve a inteligência. Não há negar, em certos casos, a influência desta causa. Porém, a quem tenha observado como opera a maioria dos médiuns, essa observação basta para lhe tornar evidente que aquela causa não explica todos os fatos, que ela constitui exceção e não regra.

Poder-se-ia acreditar que fosse assim, se o médium tivesse sempre ar de inspirado ou de extático, aspecto que, aliás, lhe seria fácil aparentar perfeitamente, se quisesse representar uma comédia. Como, porém, se há de crer na inspiração, quando o médium escreve como uma máquina, sem ter a mínima consciência do que está obtendo, sem a menor emoção, sem se ocupar com o que faz, distraído, rindo e conversando de uma coisa e de outra? Concebe-se a sobreexcitação das idéias, mas não se compreende possa fazer que uma pessoa escreva sem saber escrever e, ainda menos, quando as comunicações são transmitidas por pancadas, ou com o auxílio de uma prancheta, de uma cesta.

No curso desta obra, teremos ocasião de mostrar a parte que se deve atribuir à influência das idéias do médium. Todavia, tão numerosos e evidentes são os fatos em que a inteligência estranha se revela por meio de sinais incontestáveis, que não pode haver dúvida a respeito. O erro da maior parte dos sistemas, que surgiram nos primeiros tempos do Espiritismo, está em haverem deduzido, de fatos insulados, conclusões gerais.

46. Sistema pessimista, diabólico ou demoníaco. - Entramos aqui numa outra ordem de idéias. Comprovada a intervenção de uma inteligência estranha, tratava-se de saber de que natureza era essa inteligência. Sem dúvida que o meio mais simples consistia em lhe perguntar isso. Algumas pessoas, contudo, entenderam que esse processo não oferecia garantias bastantes e assentaram de ver em todas as manifestações, unicamente, uma obra diabólica. Segundo essas pessoas, só o diabo, ou os demônios, podem comunicar-se. Conquanto fraco eco encontre hoje este sistema, é inegável que gozou, por algum tempo, de certo crédito, devido mesmo ao caráter dos que tentaram fazer que ele prevalecesse. Faremos, entretanto, notar que os partidários do sistema demoníaco não devem ser classificados entre os adversários do Espiritismo: ao contrario. Sejam demônios ou anjos, os seres que se comunicam são sempre seres incorpóreos. Ora, admitir a manifestação dos demônios é admitir a possibilidade da comunicação do mundo visível com o mundo invisível, ou, pelo menos, com uma parte deste último.

Compreende-se que a crença na comunicação exclusiva dos demônios, por muito irracional que seja, não houvesse parecido impossível, quando se consideravam os Espíritos como seres criados fora da humanidade. Mas, desde que se sabe que os Espíritos são simplesmente as almas dos que hão vivido, ela perdeu todo o seu prestígio e pode-se dizer que toda a verossimilhança, porquanto, admitida, o que se seguiria é que todas essas almas eram demônios, embora fossem as de um pai, de um filho, ou de um amigo e que nós mesmos, morrendo, nos tomaríamos demônios, doutrina pouco lisonjeira e nada consoladora para muita gente. Bem difícil será persuadir a uma mãe de que o filho querido, que ela perdeu e que lhe vem dar, depois da morte, provas de sua afeição e de sua identidade, é um suposto satanás. Sem dúvida, entre os Espíritos, há-os muito maus e que não valem mais do que os chamados demônios, por uma razão bem simples: a de que há homens muito maus que, pelo fato de morrerem, não se tornam bons. A questão está em saber se só eles podem comunicar-se conosco. Aos que assim pensem, dirigimos as seguintes perguntas:

1º Há ou não Espíritos bons e maus?

2º Deus é ou não mais poderoso do que os maus Espíritos, ou do que os demônios, se assim lhes quiserdes chamar?

3º Afirmar que só os maus se comunicam é dizer que os bons não o podem fazer. Sendo assim, uma de duas: ou isto se dá pela vontade, ou contra a vontade de Deus. Se contra a Sua vontade, é que os maus Espíritos podem mais do que Ele; se, por vontade Sua, por que, em Sua bondade, não permitiria Ele que os bons fizessem o mesmo, para contrabalançar a influência dos outros?

4º Que provas podeis apresentar da impossibilidade em que estão os bons Espíritos de se comunicarem?

5º Quando se vos opõe a sabedoria de certas comunicações, respondeis que o demônio usa de todas as máscaras para melhor seduzir. Sabemos, com efeito, haver Espíritos hipócritas, que dão à sua linguagem um verniz de sabedoria; mas, admitis que a ignorância pode falsificar o verdadeiro saber e uma natureza má imitar a verdadeira virtude, sem deixar vestígio que denuncie a fraude?

6º Se só o demônio se comunica, sendo ele o inimigo de Deus e dos homens, por que recomenda que se ore a Deus, que nos submetamos à vontade de Deus, que suportemos sem queixas as tribulações da vida, que não ambicionemos as honras, nem as riquezas, que pratiquemos a caridade e todas as máximas do Cristo, numa palavra: que façamos tudo o que é preciso para lhe destruir o império, dele, demônio? Se tais conselhos o demônio é quem os dá, forçoso será convir em que, por muito manhoso que seja, bastante inábil é ele, fornecendo armas contra si mesmo[3].

7º Pois que os Espíritos se comunicam, é que Deus o permite. Em presença das boas e das más comunicações, não será mais lógico admitir-se que umas Deus as permite para nos experimentar e as outras para nos aconselhar ao bem?

8º Que direis de um pai que deixasse o filho à mercê dos exemplos e dos conselhos perniciosos, e que o afastasse de si; que o privasse do contacto com as pessoas que o pudessem desviar do mal? Ser-nos-á lícito supor que Deus procede como um bom pai não procederia, e que, sendo ele a bondade por excelência, faça menos do que faria um homem?

9º A Igreja reconhece como autênticas certas manifestações da Virgem e de outros santos, em aparições, visões, comunicações orais, etc. Essa crença não está em contradição com a doutrina da comunicação exclusiva dos demônios?

Acreditamos que algumas pessoas hajam professado de boa-fé essa teoria; mas, também cremos que muitas a adotaram unicamente com o fito de fazer que outras fugissem de ocupar-se com tais coisas, pelo temor das comunicações más, a cujo recebimento todos estão sujeitos. Dizendo que só o diabo se manifesta, quiseram aterrorizar, quase como se faz com uma criança a quem se diz: não toques nisto, porque queima. A intenção pode ter sido louvável; porém, o objetivo falhou, porquanto a só proibição basta para excitar a curiosidade e bem poucos são aqueles a quem o medo do diabo tolhe a iniciativa. Todos querem vê-lo, quando mais não seja para saber como é feito e muito espantados ficam por não o acharem tão feio como o imaginavam.

E não se poderia achar também outro motivo para essa teoria exclusiva do diabo? Gente há, para quem todos os que não lhe são do mesmo parecer estão em erro. Ora, os que pretendem que todas as comunicações provêm do demônio não serão a isso induzidos pelo receio de que os Espíritos não estejam de acordo com eles sobre todos os pontos, mais ainda sobre os que se referem aos interesses deste mundo, do que sobre os que concernem aos do outro? Não podendo negar os fatos, entenderam de apresentá-los sob forma apavorante. Esse meio, entretanto, não produziu melhor resultado do que os outros. Onde o temor do ridículo se mostre impotente, forçoso é se deixem passar as coisas.

O muçulmano, que ouvisse um Espírito falar contra certas leis do Alcorão, certamente acreditaria tratar-se de um mau Espírito. O mesmo se daria com um judeu, pelo que toca a certas práticas da lei de Moisés. Quanto aos católicos, de um ouvimos que o Espírito que se comunica não podia deixar de ser o diabo, porque se permitira a liberdade de pensar de modo diverso do dele, acerca do poder temporal, se bem que, em suma, o Espírito não houvesse pregado senão a caridade, a tolerância, o amor do próximo e a abnegação das coisas deste mundo, preceitos todos ensinados pelo Cristo.

Não sendo os Espíritos mais do que as almas dos homens e não sendo estes perfeitos, o que se segue é que há Espíritos igualmente imperfeitos, cujos caracteres se refletem nas suas comunicações. É fato incontestável haver, entre eles, maus, astuciosos, profundamente hipócritas, contra os quais preciso se faz que estejamos em guarda. Mas, porque se encontram no mundo homens perversos, é isto motivo para nos afastarmos de toda a sociedade? Deus nos outorgou a razão e o discernimento para apreciarmos, assim os Espíritos, como os homens. O melhor meio de se premunir contra os inconvenientes que a prática do Espiritismo pode apresentar, não é proibi-la, mas fazê-la compreendida. Um medo imaginário apenas por um instante impressiona e não atinge toda gente; a realidade claramente demonstrada é compreendida por todos.

47. Sistema otimista. - Ao lado dos que nestes fenômenos unicamente vêem a ação do demônio, estão outros que tão-somente hão visto a dos bons Espíritos. Supuseram que, estando liberta da matéria a alma, nenhum véu mais lhe encobre coisa alguma, devendo ela, portanto, possuir a ciência e a sabedoria supremas. A confiança cega, nessa superioridade absoluta dos seres do mundo invisível, tem sido, para muitos, a causa de não poucas decepções. Esses aprenderão à sua custa a desconfiar de certos Espíritos, quanto de certos homens.

48. Sistema unispírita, ou mono-espírita. - Como variedade do sistema otimista, temos o que se baseia na crença de que um único Espírito se comunica com os homens, sendo esse Espírito o Cristo, que é o protetor da Terra. Diante das comunicações da mais baixa trivialidade, de revoltante grosseria, impregnadas de malevolência e de maldade, haveria profanação e impiedade em supor-se que pudessem emanar do Espírito do bem por excelência. Se os que assim o crêem nunca tivessem obtido senão comunicações inatacáveis, ainda se lhes conceberia a ilusão. A maioria deles, porém, concordam em que têm recebido algumas muito ruins, o que explicam dizendo ser uma prova a que o bom Espírito os sujeita, com o lhes ditar coisas absurdas. Assim, enquanto uns atribuem todas as comunicações ao diabo, que pode dizer coisas excelentes para tentar, pensam outros que só Jesus se manifesta e que pode dizer coisas detestáveis, para experimentar os homens. Entre estas duas opiniões tão opostas, quem sentenciará? O bom-senso e a experiência. Dizemos: a experiência, por ser impossível que os que professam idéias tão exclusivas tudo tenham visto e visto bem.

Quando se lhes objeta com os fatos de identidade, que atestam, por meio de manifestações escritas, visuais, ou outras, a presença de parentes ou conhecidos dos circunstantes, respondem que é sempre o mesmo Espírito, o diabo, segundo aqueles, o Cristo, segundo estes, que toma todas as formas. Porém, não nos dizem por que motivo os outros Espíritos não se podem comunicar, com que fim o Espírito da Verdade nos viria enganar, apresentando-se sob falsas aparências, iludir uma pobre mãe, fazendo-lhe crer que tem ao seu lado o filho por quem derrama lágrimas. A razão se nega a admitir que o Espírito, entre todos santo, desça a representar semelhante comédia. Demais, negar a possibilidade de qualquer outra comunicação não importa em subtrair ao Espiritismo o que este tem de mais suave: a consolação dos aflitos? Digamos, pura e simplesmente, que tal sistema é irracional e não suporta exame sério.

 

49. Sistema multispírita ou polispírita. - Todos os sistemas a que temos passado revista, sem excetuar os que se orientam no sentido de negar, fundam-se em algumas observações, porém, incompletas ou mal interpretadas. Se uma casa for vermelha de um lado e branca do outro,' aquele que a houver visto apenas por um lado afirmará que ela é branca, outro declarará que é vermelha. Ambos estarão em erro e terão razão. No entanto, aquele que a tenha visto dos dois lados dirá que a casa é branca e vermelha e só ele estará com a verdade. O mesmo sucede com a opinião que se forme do Espiritismo: pode ser verdadeira, a certos respeitos, e falsa, se se, generalizar o que é parcial, se se tomar como regra o que constitui exceção, como o todo o que é apenas a parte. Por isso dizemos que quem deseje estudar esta ciência deve observar muito e durante muito tempo. Só o tempo lhe permitirá apreender os pormenores, notar os matizes delicados, observar uma imensidade de fatos característicos, que lhe serão outros tantos raios de luz. Se, porém, se detiver na superfície, expõe-se a formular juízo prematuro e, conseguintemente, errôneo.

Eis aqui as conseqüências gerais deduzidas de uma observação completa e que agora formam a crença, pode-se dizer, da universalidade dos espíritas, visto que os sistemas restritivos não passam de opiniões insuladas:

1º Os fenômenos espíritas são produzidos por inteligências extracorpóreas, às quais também se dá o nome de Espíritos;

2º Os Espíritos constituem o mundo invisível; estão em toda parte; povoam infinitamente os espaços; temos muitos, de contínuo, em torno de nós, com os quais nos achamos em contacto;

3º Os Espíritos reagem incessantemente sobre o mundo físico e sobre o mundo moral e são uma das potências da Natureza;

4º Os Espíritos não são seres à parte, dentro da criação, mas as almas dos que hão vivido na Terra, ou em outros mundos, e que despiram o invólucro corpóreo; donde se segue que as almas dos homens são Espíritos encarnados e que nós, morrendo, nos tornamos Espíritos;

5º Há Espíritos de todos os graus de bondade e de malícia, de saber e de ignorância;

6º Todos estão submetidos à lei do progresso e podem todos chegar à perfeição; mas, como têm livre-arbítrio, lá chegam em tempo mais ou menos longo, conforme seus esforços e vontade;

7º São felizes ou infelizes, de acordo com o bem ou o mal que praticaram durante a vida e com o grau de adiantamento que alcançaram. A felicidade perfeita e sem mescla é partilha unicamente dos Espíritos que atingiram o grau supremo da perfeição;

8º Todos os Espíritos, em dadas circunstâncias, podem manifestar-se aos homens; indefinido é o número dos que podem comunicar-se;

9º Os Espíritos se comunicam por médiuns, que lhes servem de instrumentos e intérpretes;

10º Reconhecem-se a superioridade ou a inferioridade dos Espíritos pela linguagem de que usam; os bons só aconselham o bem e só dizem coisas proveitosas; tudo neles lhes atesta a elevação; os maus enganam e todas as suas palavras trazem o cunho da imperfeição e da ignorância.

Os diferentes graus por que passam os Espíritos se acham indicados na Escala Espírita (O Livro dos Espíritos, parte II, capítulo I, n. 100). O estudo dessa classificação é indispensável para se apreciar a natureza dos Espíritos que se manifestam, assim como suas boas e más qualidades.

 

50. Sistema da alma material. - Consiste apenas numa opinião particular sobre a natureza íntima da alma. Segundo esta opinião, a alma e o perispírito não seriam distintos uma do outro, ou, melhor, o perispírito seria a própria alma, a se depurar gradualmente por meio de transmigrações diversas, como o álcool se depura por meio de diversas destilações, ao passo que a Doutrina Espírita considera o perispírito simplesmente como o envoltório fluídico da alma, ou do Espírito. Sendo matéria o perispírito, se bem que muito etérea, a alma seria de uma natureza material mais ou menos essencial, de acordo com o grau da sua purificação.

Este sistema não infirma qualquer dos princípios fundamentais da Doutrina Espírita, pois que nada altera com relação ao destino da alma; as condições de sua felicidade futura são as mesmas; formando a alma e o perispírito um todo, sob a denominação de Espírito, como o gérmen e o perisperma o formam sob a de fruto, toda a questão se reduz a considerar homogêneo o todo, em vez de considerá-lo formado de duas partes distintas.

Como se vê, isto não leva a conseqüência alguma e de tal opinião não houvéramos falado, se não soubéssemos de pessoas inclinadas a ver uma nova escola no que não é, em definitivo, mais do que simples interpretação de palavras. Semelhante Opinião, restrita, aliás, mesmo que se achasse mais generalizada, não constituiria uma cisão entre os espíritas, do mesmo modo que as duas teorias da emissão e das ondulações da luz não significam uma cisão entre os físicos. Os que se decidissem a formar grupo à parte, por uma questão assim pueril, provariam, só com isso, que ligam mais importância ao acessório do que ao principal e que se acham compelidos à desunião por Espíritos que não podem ser bons, visto que os bons Espíritos jamais insuflam a acrimônia, nem a cizânia. Daí o concitarmos todos os verdadeiros espíritas a se manterem em guarda contra tais sugestões e a não darem a certos pormenores mais importância do que merecem. O essencial é o fundo.

Julgamo-nos, entretanto, na obrigação de dizer algumas palavras acerca dos fundamentos em que repousa a opinião dos que consideram distintos a alma e o perispírito. Ela se baseia no ensino dos Espíritos, que nunca divergiam a esse respeito. Referimo-nos aos esclarecidos, porquanto, entre os Espíritos em geral, muitos há que não sabem mais, que sabem mesmo menos do que os homens, ao passo que a teoria contraria é de concepção humana. Não inventamos, nem imaginamos o perispírito, para explicar os fenômenos. Sua existência nos foi revelada pelos Espíritos e a experiência no-la confirmou (O Livro dos Espíritos, n. 93). Apóia-se também no estudo das sensações dos Espíritos (O Livro dos Espíritos, n. 257) e, sobretudo, no fenômeno das aparições tangíveis, fenômeno que, de conformidade com a opinião que estamos apreciando, implicaria a solidificação e a desagregação das partes constitutivas da alma e, pois, a sua desorganização.

Fora mister, além disso, admitir-se que esta matéria, que pode ser percebida pelos nossos sentidos, é, ela própria, o princípio inteligente, o que não nos parece mais racional do que confundir o corpo com a alma, ou a roupa com o corpo. Quanto à natureza intima da alma, essa desconhecemo-la. Quando se diz que a alma é imaterial, deve-se entendê-lo em sentido relativo, não em sentido absoluto, por isso que a imaterialidade absoluta seria o nada. Ora, a alma, ou o Espírito, são alguma coisa. Qualificando-a de imaterial, quer-se dizer que sua essência é de tal modo superior, que nenhuma analogia tem com o que chamamos matéria e que, assim, para nós, ela é imaterial. (O Livro dos Espíritos, ns. 23 e 82).

51. Eis aqui a resposta que, sobre este assunto, deu um Espírito:

"O que uns chamam perispírito não é senão o que outros chamam envoltório material fluídico. Direi, de modo mais lógico, para me fazer compreendido, que esse fluido é a perfectibilidade dos sentidos, a extensão da vista e das idéias. Falo aqui dos Espíritos elevados. Quanto aos Espíritos inferiores, os fluidos terrestres ainda lhes são de todo inerentes; logo, são, como vedes, matéria. Daí os sofrimentos da fome, do frio, etc., sofrimentos que os Espíritos superiores não podem experimentar, visto que os fluidos terrestres se acham depurados em torno do pensamento, isto é, da alma. Esta, para progredir, necessita sempre de um agente; sem agente, ela nada é, para vós, ou, melhor, não a podeis conceber. O perispírito, para nós outros Espíritos errantes, é o agente por meio do qual nos comunicamos convosco, quer indiretamente, pelo vosso corpo ou pelo vosso perispírito, quer diretamente, pela vossa alma; donde, infinitas modalidades de médiuns e de comunicações.

"Agora o ponto de vista científico, ou seja: a essência mesma do perispírito. Isso é outra questão. Compreendei primeiro moralmente. Resta apenas uma discussão sobre a natureza dos fluidos, coisa por ora inexplicável. A ciência ainda não sabe bastante, porém lá chegará, se quiser caminhar com o Espiritismo. O perispírito pode variar e mudar ao infinito. A alma é o pensamento: não muda de natureza. Não vades mais longe, por este lado; trata-se de um ponto que não pode ser explicado. Supondes que, como vós, também eu não perquiro? Vós pesquisais o perispírito; nós outros, agora, pesquisamos a alma. Esperai, pois." Lamennais.

Assim, Espíritos, que podemos considerar adiantados, ainda não conseguiram sondar a natureza da alma. Como poderíamos nós fazê-lo? É, portanto, perder tempo querer perscrutar o princípio das coisas que, como foi dito em O Livro dos Espíritos (ns. 17 e 49), está nos segredos de Deus. Pretender esquadrinhar, com o auxílio do Espiritismo, o que escapa à alçada da humanidade, é desviá-lo do seu verdadeiro objetivo, é fazer como a criança que quisesse saber tanto quanto o velho. Aplique o homem o Espiritismo em aperfeiçoar-se moralmente, eis o essencial. O mais não passa de curiosidade estéril e muitas vezes orgulhosa, cuja satisfação não o faria adiantar um passo. O único meio de nos adiantarmos consiste em nos tornarmos melhores. Os Espíritos que ditaram o livro que lhes traz o nome demonstraram a sua sabedoria, mantendo-se, pelo que concerne ao princípio das coisas, dentro dos limites que Deus não permite sejam ultrapassados e deixando aos Espíritos sistemáticos e presunçosos a responsabilidade das teorias prematuras e errôneas, mais sedutoras do que sólidas, e que um dia virão a cair, ante a razão, como tantas outras surgidas dos cérebros humanos. Eles, ao justo, só disseram o que era preciso para que o homem compreendesse o futuro que o aguarda e para, por essa maneira, animá-lo à prática do bem. (Vede, aqui, adiante, na 2ª parte, o cap. 1º: Da ação dos Espíritos sobre a matéria.)



[1] Foi o Sr. Jobert (de Lamballe). Para sermos justos, devemos dizer que a descoberta é devida ao Sr. Schiff. O Sr. Jobert lhe deduziu as conseqüências perante a Academia de Medicina, pretendendo dar assim o golpe de morte nos Espíritos batedores. Na Revue Spirite, do mês de junho de 1859, encontrar-se-ão todos os pormenores da explicação do Sr. Jobert.

[2] Comunhão. A luz do fenômeno do Espírito. Mesas falantes, sonâmbulos, médiuns, milagres. Magnetismo espiritual: poder da prática da fé. Por Emah Tirpsé, uma alma coletiva que escreve por intermédio de uma prancheta. Bruxelas, 1858, casa Dewoye.

[3] Esta questão foi tratada em O Livro dos Espíritos (números 128 e seguintes); mas, com relação a este assunto, como acerca de tudo o que respeita à parte religiosa, recomendamos a brochura intitulada: Carta de um católico sobre o Espiritismo , do Dr. Grand, ex-cônsul da França (à venda na Livraria Ledoyen, in-18; preço 1 franco), bem como a que vamos publicar sob o título: Os contraditores do Espiritismo, do ponto de vista da religião, da ciência e do materialismo.


36. Quand les phénomènes étranges du spiritisme ont commencé à se produire, ou pour mieux dire se sont renouvelés dans ces derniers temps, le premier sentiment qu'ils ont excité a été celui du doute sur leur réalité même, et encore plus sur leur cause. Lorsqu'ils ont été avérés par des témoignages irrécusables et par les expériences que chacun a pu faire, il est arrivé que chacun les a interprétés à sa manière, selon ses idées personnelles, ses croyances ou ses préventions ; de là, plusieurs systèmes qu'une observation plus attentive devait réduire à leur juste valeur.

Les adversaires du spiritisme ont cru trouver un argument dans cette divergence d'opinions en disant que les spirites eux-mêmes ne sont pas d'accord entre eux. C'était une bien pauvre raison, si l'on réfléchit que les pas de toute science naissante sont nécessairement incertains, jusqu'à ce que le temps ait permis de rassembler et de coordonner les faits qui peuvent asseoir l'opinion ; à mesure que les faits se complètent et sont mieux observés, les idées prématurées s'effacent et l'unité s'établit, du moins sur les points fondamentaux, si ce n'est dans tous les détails. C'est ce qui a eu lieu pour le spiritisme ; il ne pouvait échapper à la loi commune, et devait même, par sa nature, se prêter plus que toute autre chose à la diversité des interprétations. On peut même dire qu'à cet égard il a été plus vite que d'autres sciences ses aînées, la médecine, par exemple, qui divise encore les plus grands savants.

37. Dans l'ordre méthodique, pour suivre la marche progressive des idées, il convient de placer en tête ceux qu'on peut appeler systèmes de la négation, c'est-à-dire ceux des adversaires du spiritisme. Nous avons réfuté leurs objections dans l'introduction et dans la conclusion du Livre des Esprits, ainsi que dans le petit ouvrage intitulé : Qu'est-ce que le spiritisme ? Il serait superflu d'y revenir ici ; nous nous bornerons à rappeler en deux mots les motifs sur lesquels ils se fondent.

Les phénomènes spirites sont de deux sortes : les effets physiques et les effets intelligents. N'admettant pas l'existence des Esprits, par la raison qu'ils n'admettent rien en dehors de la matière, on conçoit qu'ils nient les effets intelligents. Quant aux effets physiques, ils les commentent à leur point de vue, et leurs arguments peuvent se résumer dans les quatre systèmes suivants.

38. Système de charlatanisme. Parmi les antagonistes, beaucoup attribuent ces effets à la supercherie, par la raison que quelques-uns ont pu être imités. Cette supposition transformerait tous les spirites en dupes, et tous les médiums en faiseurs de dupes, sans égard pour la position, le caractère, le savoir et l'honorabilité des personnes. Si elle méritait une réponse, nous dirions que certains phénomènes de la physique sont aussi imités par les prestidigitateurs, et que cela ne prouve rien contre la véritable science. Il est d'ailleurs des personnes dont le caractère écarte tout soupçon de fraude, et il faut être dépourvu de tout savoir-vivre et de toute urbanité pour oser venir leur dire en face qu'elles sont complices de charlatanisme. Dans un salon très respectable, un monsieur, soi-disant bien élevé, s'étant permis une réflexion de cette nature, la dame de la maison lui dit : «Monsieur, puisque vous n'êtes pas content, on vous rendra votre argent à la porte ;» et d'un geste lui fit comprendre ce qu'il avait de mieux à faire. Est-ce à dire pour cela que jamais il n'y a eu d'abus ? Il faudrait, pour le croire, admettre que les hommes sont parfaits. On abuse de tout, même des choses les plus saintes ; pourquoi n'abuserait-on pas du spiritisme ? Mais le mauvais usage qu'on peut faire d'une chose ne peut rien faire préjuger contre la chose elle-même ; le contrôle qu'on peut avoir touchant la bonne foi des gens est dans les motifs qui les font agir. Où il n'y a pas spéculation, le charlatanisme n'a rien à faire.

39. Système de la folie. Quelques-uns, par condescendance, veulent bien écarter le soupçon de supercherie, et prétendent que ceux qui ne font pas des dupes sont dupes eux-mêmes : ce qui revient à dire qu'ils sont des imbéciles. Quand les incrédules y mettent moins de formes, ils disent tout simplement qu'on est fou, s'attribuant ainsi sans façon le privilège du bon sens. C'est là le grand argument de ceux qui n'ont point de bonne raison à opposer. Du reste, ce mode d'attaque est devenu ridicule à force de banalité, et ne mérite pas qu'on perde son temps à le réfuter. Les spirites, d'ailleurs, ne s'en émeuvent guère ; ils prennent bravement leur parti, et se consolent en songeant qu'ils ont pour compagnons d'infortune assez de gens dont le mérite ne saurait être contesté. Il faut en effet convenir que cette folie, si folie il y a, a un bien singulier caractère, c'est qu'elle atteint de préférence la classe éclairée, parmi laquelle le spiritisme compte jusqu'à présent l'immense majorité de ses adeptes. Si, dans le nombre, on rencontre quelques excentricités, elles ne prouvent pas plus contre cette doctrine que les fous religieux ne prouvent contre la religion ; les fous mélomanes, contre la musique ; les fous mathématiciens, contre les mathématiques. Toutes les idées ont trouvé des fanatiques exagérés, et il faudrait être doué d'un jugement bien obtus pour confondre l'exagération d'une chose avec la chose elle-même. Nous renvoyons, pour plus amples explications sur ce sujet, à notre brochure : Qu'est-ce que le spiritisme ? au Livre des Esprits (Introduction, § 15).

40. Système de l'hallucination. Une autre opinion, moins offensante en ce qu'elle a une petite couleur scientifique, consiste à mettre les phénomènes sur le compte de l'illusion des sens ; ainsi, l'observateur serait de très bonne foi ; seulement, il croirait voir ce qu'il ne voit pas. Quand il voit une table se soulever et se maintenir dans l'espace sans point d'appui, la table n'aurait pas bougé de place ; il la voit en l'air par une sorte de mirage ou un effet de réfraction comme celui qui fait voir un astre, ou un objet dans l'eau, hors de sa position réelle. Cela serait possible à la rigueur ; mais ceux qui ont été témoins de ce phénomène ont pu constater l'isolement en passant sous la table suspendue, ce qui paraît difficile si elle n'a pas quitté le sol. D'un autre côté, il est arrivé maintes fois que la table s'est brisée en tombant : dira-t-on aussi que ce n'est là qu'un effet d'optique ?

Une cause physiologique bien connue peut, sans doute, faire qu'on croie voir tourner une chose qui ne bouge pas, ou qu'on croie tourner soi-même quand on est immobile ; mais quand plusieurs personnes autour d'une table sont entraînées par un mouvement si rapide qu'elles ont de la peine à le suivre, que quelques-unes sont parfois jetées par terre, dira-t-on que toutes sont prises de vertige, comme l'ivrogne qui croit voir passer sa maison devant lui ?

41. Système du muscle craqueur. S'il en était ainsi pour la vue, il ne saurait en être de même pour l'ouïe, et quand des coups frappés sont entendus par toute une assemblée, on ne peut raisonnablement les attribuer à une illusion. Nous écartons, bien entendu, toute idée de fraude, et nous supposons qu'une observation attentive a constaté qu'ils ne sont dus à aucune cause fortuite ou matérielle.

Il est vrai qu'un savant médecin en a donné une explication péremptoire, selon lui[1]. «La cause en est, dit-il, dans les contractions volontaires ou involontaires du tendon du muscle court-péronier». Il entre à ce sujet dans les détails anatomiques les plus complets pour démontrer par quel mécanisme ce tendon peut produire ces bruits, imiter les batteries du tambour et même exécuter des airs rythmés ; d'où il conclut que ceux qui croient entendre frapper des coups dans une table sont dupes ou d'une mystification, ou d'une illusion. Le fait n'est pas nouveau en lui-même ; malheureusement pour l'auteur de cette prétendue découverte, sa théorie ne peut rendre raison de tous les cas. Disons d'abord que ceux qui jouissent de la singulière faculté de faire craquer à volonté leur muscle court-péronier, ou tout autre, et de jouer des airs par ce moyen, sont des sujets exceptionnels ; tandis que celle de faire frapper les tables est très commune, et que ceux qui possèdent celle-ci ne jouissent pas tous, à beaucoup près, de la première. En second lieu, le savant docteur a oublié d'expliquer comment le craquement musculaire d'une personne immobile et isolée de la table peut y produire des vibrations sensibles au toucher ; comment ce bruit peut se répercuter à la volonté des assistants dans les différentes parties de la table, dans les autres meubles, contre les murs, au plafond, etc. ; comment, enfin, l'action de ce muscle peut s'étendre à une table qu'on ne touche pas, et la faire mouvoir. Cette explication, du reste, si c'en était une, n'infirmerait que le phénomène des coups frappés, mais ne peut concerner tous les autres modes de communications. Concluons-en qu'il a jugé sans avoir vu, ou sans avoir tout vu et bien vu. Il est toujours regrettable que des hommes de science se hâtent de donner sur ce qu'ils ne connaissent pas des explications que les faits peuvent démentir. Leur savoir même devrait les rendre d'autant plus circonspects dans leurs jugements, qu'il recule pour eux les bornes de l'inconnu.

42. Système des causes physiques. Ici nous sortons du système de la négation absolue. La réalité des phénomènes étant avérée, la première pensée qui est naturellement venue à l'esprit de ceux qui les ont reconnus a été d'attribuer les mouvements au magnétisme, à l'électricité, ou à l'action d'un fluide quelconque, en un mot, à une cause toute physique et matérielle. Cette opinion n'avait rien d'irrationnel et elle aurait prévalu si le phénomène se fût borné à des effets purement mécaniques. Une circonstance même semblait la corroborer : c'était, dans certains cas, l'accroissement de la puissance en raison du nombre des personnes ; chacune d'elles pouvait ainsi être considérée comme un des éléments d'une pile électrique humaine. Ce qui caractérise une théorie vraie, nous l'avons dit, c'est de pouvoir rendre raison de tout ; mais si un seul fait vient la contredire, c'est qu'elle est fausse, incomplète ou trop absolue. Or, c'est ce qui n'a pas tardé d'arriver ici. Ces mouvements et ces coups ont donné des signes intelligents, en obéissant à la volonté et en répondant à la pensée ; ils devaient donc avoir une cause intelligente. Dès lors que l'effet cessait d'être purement physique, la cause, par cela même, devait avoir une autre source ; aussi le système de l'action exclusive d'un agent matériel a-t-il été abandonné et ne se retrouve que chez ceux qui jugent a priori et sans avoir vu. Le point capital est donc de constater l'action intelligente, et c'est ce dont peut se convaincre quiconque veut se donner la peine d'observer.

43. Système du reflet. L'action intelligente une fois reconnue, il restait à savoir quelle était la source de cette intelligence. On a pensé que ce pouvait être celle du médium ou des assistants, qui se réfléchissait comme la lumière ou les rayons sonores. Cela était possible : l'expérience seule pouvait dire son dernier mot. Mais d'abord, remarquons que ce système s'écarte déjà complètement de l'idée purement matérialiste ; pour que l'intelligence des assistants pût se reproduire par voie indirecte, il fallait admettre en l'homme un principe en dehors de l'organisme.

Si la pensée exprimée avait toujours été celle des assistants, la théorie de la réflexion eût été confirmée ; or, le phénomène, même réduit à cette proportion, n'était-il pas du plus haut intérêt ? La pensée se répercutant dans un corps inerte et se traduisant par le mouvement et le bruit, n'était-ce pas une chose bien remarquable ? N'y avait-il pas là de quoi piquer la curiosité des savants ? Pourquoi donc l'ont-ils dédaignée, eux qui s'épuisent à la recherche d'une fibre nerveuse ?

L'expérience seule, disons-nous, pouvait donner tort ou raison à cette théorie, et l'expérience lui a donné tort, car elle démontre à chaque instant, et par les faits les plus positifs, que la pensée exprimée peut être, non seulement étrangère à celle des assistants, mais que souvent elle y est entièrement contraire ; qu'elle vient contredire toutes les idées préconçues, déjouer toutes les prévisions ; en effet, quand je pense blanc et qu'il m'est répondu noir, il m'est difficile de croire que la réponse vienne de moi. On s'appuie sur quelques cas d'identité entre la pensée exprimée et celle des assistants ; mais qu'est-ce que cela prouve, sinon que les assistants peuvent penser comme l'intelligence qui se communique ? Il n'est pas dit qu'ils doivent toujours être d'opinion opposée. Lorsque, dans la conversation, l'interlocuteur émet une pensée analogue à la vôtre, direz-vous pour cela qu'elle vient de vous ? Il suffit de quelques exemples contraires bien constatés pour prouver que cette théorie ne peut être absolue. Comment, d'ailleurs, expliquer par la réflexion de la pensée, l'écriture produite par des personnes qui ne savent pas écrire, les réponses de la plus haute portée philosophique obtenues par des personnes illettrées, celles qui sont données à des questions mentales ou dans une langue inconnue du médium, et mille autres faits qui ne peuvent laisser de doute sur l'indépendance de l'intelligence qui se manifeste ? L'opinion contraire ne peut être que le résultat d'un défaut d'observation.

Si la présence d'une intelligence étrangère est prouvée moralement par la nature des réponses, elle l'est matériellement par le fait de l'écriture directe, c'est-à-dire de l'écriture obtenue spontanément, sans plume ni crayon, sans contact, et nonobstant toutes les précautions prises pour se garantir de tout subterfuge. Le caractère intelligent du phénomène ne saurait être révoqué en doute ; donc il y a autre chose qu'une action fluidique. Ensuite, la spontanéité de la pensée exprimée en dehors de toute attente, de toute question proposée, ne permet pas d'y voir un reflet de celle des assistants.

Le système du reflet est assez désobligeant dans certains cas ; quand, dans une réunion de personnes honnêtes, survient inopinément une de ces communications révoltantes de grossièreté, ce serait faire un fort mauvais compliment aux assistants de prétendre qu'elle provient de l'un d'eux, et il est probable que chacun s'empresserait de la répudier (Voyez Livre des Esprits, Introduction, § 16).

44. Système de l'âme collective. C'est une variante du précédent. Selon ce système, l'âme seule du médium se manifeste, mais elle s'identifie avec celle de plusieurs autres vivants présents ou absents, et forme un tout collectif réunissant les aptitudes, l'intelligence et les connaissances de chacun. Quoique la brochure où cette théorie est exposée soit intitulée la lumière[2], elle nous a semblé d'un style très obscur ; nous avouons l'avoir peu comprise, et nous n'en parlons que pour mémoire. C'est, d'ailleurs, comme beaucoup d'autres, une opinion individuelle qui a fait peu de prosélytes. Le nom d'Emah Tirpsé est celui que prend l'auteur pour désigner l'être collectif qu'il représente. Il prend pour épigraphe : Il n'est rien de caché qui ne doive être connu. Cette proposition est évidemment fausse, car il est une foule de choses que l'homme ne peut pas et ne doit pas savoir ; bien présomptueux serait celui qui prétendrait pénétrer tous les secrets de Dieu.

45. Système somnambulique. Celui-ci a eu plus de partisans et en compte même encore quelques-uns. Comme le précédent, il admet que toutes les communications intelligentes ont leur source dans l'âme ou Esprit du médium ; mais, pour expliquer son aptitude à traiter des sujets en dehors de ses connaissances, au lieu de supposer en lui une âme multiple, il attribue cette aptitude à une surexcitation momentanée, des facultés mentales, à une sorte d'état somnambulique ou extatique qui exalte et développe son intelligence. On ne peut nier, dans certains cas, l'influence de cette cause ; mais il suffit d'avoir vu opérer la plupart des médiums pour se convaincre qu'elle ne peut résoudre tous les faits, et qu'elle forme l'exception et non la règle. On pourrait croire qu'il en est ainsi si le médium avait toujours l'air d'un inspiré ou d'un extatique, apparence qu'il pourrait d'ailleurs parfaitement simuler s'il voulait jouer la comédie ; mais comment croire à l'inspiration, quand le médium écrit comme une machine, sans avoir la moindre conscience de ce qu'il obtient, sans la moindre émotion, sans s'occuper de ce qu'il fait, et tout en regardant ailleurs, riant et causant de choses et d'autres ? On conçoit la surexcitation des idées, mais on ne comprend pas qu'elle puisse faire écrire celui qui ne sait pas écrire, et encore moins quand les communications sont transmises par des coups frappés, ou à l'aide d'une planchette ou d'une corbeille. Nous verrons, dans la suite de cet ouvrage, la part qu'il faut faire à l'influence des idées du médium ; mais les faits où l'intelligence étrangère se révèle par des signes incontestables sont si nombreux et si évidents, qu'ils ne peuvent laisser de doute à cet égard. Le tort de la plupart des systèmes éclos à l'origine du spiritisme est d'avoir tiré des conclusions générales de quelques faits isolés.

46. Système pessimiste, diabolique ou démoniaque. Ici nous entrons dans un autre ordre d'idées. L'intervention d'une intelligence étrangère étant constatée, il s'agissait de savoir quelle était la nature de cette intelligence. Le moyen le plus simple était sans doute de le lui demander ; mais certaines personnes n'ont pas trouvé là une garantie suffisante, et n'ont voulu voir dans toutes les manifestations qu'une oeuvre diabolique ; selon elles, le diable ou les démons peuvent seuls se communiquer. Quoique ce système trouve peu d'échos aujourd'hui, il n'en a pas moins joui un instant de quelque crédit par le caractère même de ceux qui ont cherché à le faire prévaloir. Nous ferons toutefois remarquer que les partisans du système démoniaque ne doivent point être rangés parmi les adversaires du spiritisme, bien au contraire. Que les êtres qui se communiquent soient des démons ou des anges, ce sont toujours des êtres incorporels ; or, admettre la manifestation des démons, c'est toujours admettre la possibilité de communiquer avec le monde invisible, ou tout au moins avec une partie de ce monde.

La croyance à la communication exclusive des démons, quelque irrationnelle qu'elle soit, pouvait ne pas sembler impossible alors que l'on regardait les Esprits comme des êtres créés en dehors de l'humanité ; mais depuis que l'on sait que les Esprits ne sont autre chose que les âmes de ceux qui ont vécu, elle a perdu tout son prestige, et l'on peut dire toute vraisemblance ; car il s'ensuivrait que toutes ces âmes sont des démons, fussent-elles celles d'un père, d'un fils ou d'un ami, et que nous-mêmes, en mourant, nous devenons des démons, doctrine peu flatteuse et peu consolante pour beaucoup de gens. Il sera bien difficile de persuader à une mère que l'enfant chéri qu'elle a perdu, et qui vient lui donner après sa mort des preuves de son affection et de son identité, soit un suppôt de Satan. Il est vrai que, parmi les Esprits, il y en a de très mauvais et qui ne valent pas mieux que ceux que l'on appelle démons, par une raison bien simple, c'est qu'il y a des hommes très mauvais et que la mort ne rend pas immédiatement meilleurs ; la question est de savoir si ce sont les seuls qui puissent se communiquer. A ceux qui le pensent, nous adresserons les questions suivantes :

1° Y a-t-il de bons et de mauvais Esprits ?

2° Dieu est-il plus puissant que les mauvais Esprits, ou que les démons, si vous voulez les appeler ainsi ?

3° Affirmer que les mauvais seuls se communiquent, c'est dire que les bons ne le peuvent pas ; s'il en est ainsi, de deux choses l'une : cela a lieu par la volonté ou contre la volonté de Dieu. Si c'est contre sa volonté, c'est que les mauvais Esprits sont plus puissants que lui ; si c'est par sa volonté, pourquoi, dans sa bonté, ne le permettrait-il pas aux bons pour contrebalancer l'influence des autres ?

4° Quelle preuve pouvez-vous donner de l'impuissance des bons Esprits à se communiquer ?

5° Lorsqu'on vous oppose la sagesse de certaines communications, vous répondez que le démon prend tous les masques pour mieux séduire. Nous savons, en effet, qu'il y a des Esprits hypocrites qui donnent à leur langage un faux vernis de sagesse ; mais admettez-vous que l'ignorance puisse contrefaire le vrai savoir, et une mauvaise nature contrefaire la vraie vertu, sans laisser rien percer qui puisse déceler la fraude ?

6° Si le démon seul se communique, puisqu'il est l'ennemi de Dieu et des hommes, pourquoi recommande-t-il de prier Dieu, de se soumettre à sa volonté, de subir sans murmure les tribulations de la vie, de n'ambitionner ni les honneurs ni les richesses, de pratiquer la charité et toutes les maximes du Christ ; en un mot, de faire tout ce qui est nécessaire pour détruire son empire ? Si c'est le démon qui donne de tels conseils, il faut convenir que, tout rusé qu'il est, il est bien maladroit de fournir des armes contre lui-même[3].

7° Puisque les Esprits se communiquent, c'est que Dieu le permet ; en voyant les bonnes et les mauvaises communications, n'est-il pas plus logique de penser que Dieu permet les unes pour nous éprouver, et les autres pour nous conseiller le bien ?

8° Que penseriez-vous d'un père qui laisserait son enfant à la merci des exemples et des conseils pernicieux, et qui écarterait de lui, qui lui interdirait de voir les personnes qui pourraient le détourner du mal ? Ce qu'un bon père ne ferait pas, doit-on penser que Dieu, qui est la bonté par excellence, fasse moins que ne ferait un homme ?

9° L'Eglise reconnaît comme authentiques certaines manifestations de la Vierge et autres saints, dans des apparitions, visions, communications orales, etc. ; cette croyance n'est-elle pas contradictoire avec la doctrine de la communication exclusive des démons ?

Nous croyons que certaines personnes ont professé cette théorie de bonne foi ; mais nous croyons aussi que plusieurs l'ont fait uniquement en vue de détourner de s'occuper de ces choses, à cause des mauvaises communications que l'on est exposé à recevoir ; en disant que le diable seul se manifeste, elles ont voulu effrayer, à peu près comme lorsqu'on dit à un enfant : Ne touche pas à cela, parce que cela brûle. L'intention peut être louable, mais le but est manqué ; car la défense seule excite la curiosité, et la peur du diable retient bien peu de gens : on veut le voir, ne serait-ce que pour voir comment il est fait, et l'on est tout étonné de ne pas le trouver aussi noir qu'on l'avait cru.

Ne pourrait-on pas aussi voir un autre motif à cette théorie exclusive du diable ? Il y a des gens qui trouvent que tous ceux qui ne sont pas de leur avis ont tort ; or, ceux qui prétendent que toutes les communications sont l'oeuvre du démon, ne seraient-ils pas mus par la crainte de ne pas trouver les Esprits d'accord avec eux sur tous les points, plus encore sur ceux qui touchent aux intérêts de ce monde qu'à ceux de l'autre ? Ne pouvant nier les faits, ils ont voulu les présenter d'une manière effrayante ; mais ce moyen n'a pas plus arrêté que les autres. Où la crainte du ridicule est impuissante, il faut se résigner à laisser passer les choses.

Le musulman qui entendrait un Esprit parler contre certaines lois du Coran penserait assurément que c'est un mauvais Esprit ; il en serait de même d'un juif pour ce qui regarde certaines pratiques de la loi de Moïse. Quant aux catholiques, nous en avons entendu un affirmer que l'Esprit qui se communiquait ne pouvait être que le diable, parce qu'il s'était permis de penser autrement que lui sur le pouvoir temporel, bien qu'il n'eût, du reste, prêché que la charité, la tolérance, l'amour du prochain, et l'abnégation des choses de ce monde, toutes maximes enseignées par le Christ.

Les Esprits n'étant autres que les âmes des hommes, et les hommes n'étant pas parfaits, il en résulte qu'il y a des Esprits également imparfaits, et dont le caractère se reflète dans leurs communications. C'est un fait incontestable qu'il y en a de mauvais, d'astucieux, de profondément hypocrites, et contre lesquels il faut se tenir en garde ; mais, parce qu'on rencontre dans le monde des hommes pervers, est-ce une raison pour fuir toute société. Dieu nous a donné la raison et le jugement pour apprécier les Esprits aussi bien que les hommes. Le meilleur moyen de se prémunir contre les inconvénients que peut présenter la pratique du spiritisme, ce n'est pas de l'interdire, mais de le faire comprendre. Une crainte imaginaire n'impressionne qu'un instant et n'affecte pas tout le monde ; la réalité clairement démontrée est comprise de tous.

47. Système optimiste. A côté de ceux qui ne voient dans ces phénomènes que l'action des démons, il en est d'autres qui n'ont vu que celle des bons Esprits ; ils ont supposé que l'âme étant dégagée de la matière, aucun voile n'existait plus pour elle, et qu'elle devait avoir la souveraine science et la souveraine sagesse. Leur confiance aveugle dans cette supériorité absolue des êtres du monde invisible a été pour beaucoup la source de bien des déceptions ; ils ont appris à leurs dépens à se défier de certains Esprits, tout aussi bien que de certains hommes.

48. Système unispirite ou monospirite. Une variété du système optimiste consiste dans la croyance qu'un seul Esprit se communique aux hommes, et que cet Esprit est le Christ, qui est le protecteur de la terre. Quand on voit des communications de la plus basse trivialité, d'une grossièreté révoltante, empreintes de malveillance et de méchanceté, il y aurait profanation et impiété à supposer qu'elles pussent émaner de l'Esprit du bien par excellence. Encore si ceux qui le croient n'avaient jamais eu que des communications irréprochables, on concevrait leur illusion ; mais la plupart conviennent en avoir eu de très mauvaises, ce qu'ils expliquent en disant que c'est une épreuve que le bon Esprit leur fait subir en leur dictant des choses absurdes : ainsi, tandis que les uns attribuent toutes les communications au diable, qui peut dire de bonnes choses pour tenter, d'autres pensent que Jésus seul se manifeste et qu'il peut dire de mauvaises choses pour éprouver. Entre ces deux opinions si inverses, qui prononcera ? Le bon sens et l'expérience. Nous disons l'expérience, parce qu'il est impossible que ceux qui professent des idées aussi exclusives aient tout vu et tout bien vu.

Quand on leur objecte les faits d'identité qui attestent la présence de parents, amis ou connaissances par les manifestations écrites, visuelles ou autres, ils répondent que c'est toujours le même Esprit, le diable selon les uns, le Christ selon les autres, qui prend toutes les formes ; mais ils ne nous disent pas pourquoi les autres Esprits ne peuvent pas se communiquer, dans quel but l'Esprit de vérité viendrait nous tromper en se présentant sous de fausses apparences, abuser une pauvre mère en lui faisant croire mensongèrement qu'il est l'enfant qu'elle pleure. La raison se refuse à admettre que l'Esprit-Saint entre tous s'abaisse à jouer une pareille comédie. D'ailleurs, nier la possibilité de toute autre communication, n'est-ce pas ôter au spiritisme ce qu'il a de plus suave : la consolation des affligés ? Disons tout simplement qu'un pareil système est irrationnel et ne peut soutenir un examen sérieux.

49. Système multispirite ou polyspirite. Tous les systèmes que nous avons passés en revue, sans en excepter ceux qui sont dans le sens négatif, reposent sur quelques observations, mais incomplètes ou mal interprétées. Si une maison est rouge d'un côté et blanche de l'autre, celui qui ne l'aura vue que d'un seul côté affirmera qu'elle est rouge, un autre qu'elle est blanche : ils auront tous les deux tort et raison ; mais celui qui aura vu la maison de tous les côtés dira qu'elle est rouge et blanche, et il sera seul dans le vrai. Il en est de même à l'égard de l'opinion que l'on se fait du spiritisme : elle peut être vraie à certains égards et fausse si l'on généralise ce qui n'est que partiel, si l'on prend pour la règle ce qui n'est que l'exception, pour le tout ce qui n'est que la partie. C'est pourquoi nous disons que quiconque veut étudier sérieusement cette science doit voir beaucoup et longtemps ; le temps seul lui permettra de saisir les détails, de remarquer les nuances délicates, d'observer une multitude de faits caractéristiques qui seront pour lui des traits de lumière ; mais s'il s'arrête à la surface, il s'expose à porter un jugement prématuré, et par conséquent erroné. Voici les conséquences générales qui ont été déduites d'une observation complète et qui forment maintenant la croyance, on peut le dire, de l'universalité des spirites, car les systèmes restrictifs ne sont plus que des opinions isolées.

1° Les phénomènes spirites sont produits par des intelligences extra corporelles, autrement dit par des Esprits.

2° Les Esprits constituent le monde invisible ; ils sont partout ; les espaces en sont peuplés à l'infini ; il y en a sans cesse autour de nous avec lesquels nous sommes en contact.

3° Les Esprits réagissent incessamment sur le monde physique et sur le monde moral, et sont une des puissances de la nature.

4° Les Esprits ne sont pas des êtres à part dans la création ; ce sont les âmes de ceux qui ont vécu sur la terre ou dans d'autres mondes, et qui ont dépouillé leur enveloppe corporelle ; d'où il suit que les âmes des hommes sont des Esprits incarnés, et qu'en mourant nous devenons Esprits.

5° Il y a des Esprits de tous les degrés de bonté et de malice, de savoir et d'ignorance.

6° Ils sont tous soumis à la loi du progrès et peuvent tous arriver à la perfection ; mais comme ils ont leur libre arbitre, ils y arrivent dans un temps plus ou moins long, selon leurs efforts et leur volonté.

7° Ils sont heureux ou malheureux, selon le bien ou le mal qu'ils ont fait pendant leur vie et le degré d'avancement auquel ils sont parvenus. Le bonheur parfait et sans mélange n'est le partage que des Esprits arrivés au suprême degré de perfection.

8° Tous les Esprits, dans des circonstances données, peuvent se manifester aux hommes ; le nombre de ceux qui peuvent se communiquer est indéfini.

9° Les Esprits se communiquent par l'intermédiaire des médiums, qui leur servent d'instruments et d'interprètes.

10° On reconnaît la supériorité ou l'infériorité des Esprits à leur langage ; les bons ne conseillent que le bien et ne disent que de bonnes choses : tout en eux atteste l'élévation ; les mauvais trompent, et toutes leurs paroles portent le cachet de l'imperfection et de l'ignorance.

Les différents degrés que parcourent les Esprits sont indiqués dans l'Echelle spirite (Livre des Esprits, livre II, chapitre I, n° 100). L'étude de cette classification est indispensable pour apprécier la nature des Esprits qui se manifestent, leurs bonnes et mauvaises qualités.

50. Système de l'âme matérielle ; il consiste uniquement dans une opinion particulière sur la nature intime de l'âme. Selon cette opinion, l'âme et le périsprit ne seraient donc point deux choses distinctes, ou, pour mieux dire, le périsprit ne serait autre que l'âme elle-même, s'épurant graduellement par les diverses transmigrations, comme l'alcool s'épure par les diverses distillations, tandis que la doctrine spirite ne considère le périsprit que comme l'enveloppe fluidique de l'âme ou de l'Esprit. Le périsprit étant une matière, quoique très éthérée, l'âme serait ainsi d'une nature matérielle plus ou moins essentielle selon le degré de son épuration.

Ce système n'infirme aucun des principes fondamentaux de la doctrine spirite, car il ne change rien à la destinée de l'âme ; les conditions de son bonheur futur sont toujours les mêmes ; l'âme et le périsprit formant un tout, sous le nom d'Esprit, comme le germe et le périsperme en forment un sous le nom de fruit, toute la question se réduit à considérer le tout comme homogène au lieu d'être formé de deux parties distinctes.

Comme on le voit, cela ne tire à aucune conséquence, et nous n'en aurions pas parlé si nous n'avions rencontré des personnes portées à voir une nouvelle école dans ce qui n'est, en définitive, qu'une simple interprétation de mots. Cette opinion, très restreinte du reste, fût-elle même plus générale, n'en constituerait pas plus une scission entre les spirites que les deux théories de l'émission ou des ondulations de la lumière n'en font une entre les physiciens. Ceux qui voudraient faire bande à part pour une question aussi puérile prouveraient par cela seul qu'ils attachent plus d'importance à l'accessoire qu'à la chose principale, et qu'ils sont poussés à la désunion par des Esprits qui ne peuvent pas être bons, car les bons Esprits ne soufflent jamais l'aigreur et la zizanie ; c'est pourquoi nous engageons tous les vrais spirites à se tenir en garde contre de pareilles suggestions, et à ne pas attacher à certains détails plus d'importance qu'ils n'en méritent ; l'essentiel c'est le fond.

Nous croyons néanmoins devoir dire en quelques mots sur quoi s'appuie l'opinion de ceux qui considèrent l'âme et le périsprit comme deux choses distinctes. Elle est fondée sur l'enseignement des Esprits qui n'ont jamais varié à cet égard ; nous parlons des Esprits éclairés, car parmi eux il en est qui n'en savent pas plus et même moins que les hommes, tandis que la théorie contraire est une conception humaine. Nous n'avons ni inventé, ni supposé le périsprit pour expliquer les phénomènes ; son existence nous a été révélée par les Esprits, et l'observation nous l'a confirmée (Livre des Esprits, n° 93). Elle s'appuie encore sur l'étude des sensations chez les Esprits (Livre des Esprits, n° 257) et surtout sur le phénomène des apparitions tangibles qui impliquerait, selon l'autre opinion, la solidification et la désagrégation des parties constituantes de l'âme, et par conséquent sa désorganisation. Il faudrait en outre admettre que cette matière, qui peut tomber sous les sens, est elle-même le principe intelligent, ce qui n'est pas plus rationnel que de confondre le corps avec l'âme, ou l'habit avec le corps. Quant à la nature intime de l'âme, elle nous est inconnue. Quand on dit qu'elle est immatérielle, il faut l'entendre dans le sens relatif et non absolu, car l'immatérialité absolue serait le néant ; or, l'âme ou l'Esprit, c'est quelque chose ; on veut dire que son essence est tellement supérieure qu'elle n'a aucune analogie avec ce que nous appelons matière, et qu'ainsi, pour nous, elle est immatérielle (Livre des Esprits, n° 23 et 82).

51. Voici la réponse donnée à ce sujet par un Esprit :

«Ce que les uns nomment périsprit n'est pas autre chose que ce que les autres appellent enveloppe matérielle fluidique. Je dirai, pour me faire comprendre d'une manière plus logique, que ce fluide est la perfectibilité des sens, l'extension de la vue et des idées ; je parle ici des Esprits élevés. Quant aux Esprits inférieurs, les fluides terrestres sont encore complètement inhérents à eux ; donc c'est matière, comme vous voyez ; de là les souffrances de la faim, du froid, etc., souffrances que ne peuvent endurer les Esprits supérieurs, attendu que les fluides terrestres sont épurés autour de la pensée, c'est-à-dire de l'âme. L'âme, pour son progrès, a toujours besoin d'un agent ; l'âme, sans agent, n'est rien pour vous, ou, pour mieux dire, ne peut être conçue par vous. Le périsprit, pour nous autres Esprits errants, est l'agent par lequel nous communiquons avec vous, soit indirectement par votre corps ou votre périsprit, soit directement à votre âme ; de là des infinies nuances de médiums et de communications. Maintenant reste le point de vue scientifique, c'est-à-dire l'essence même du périsprit ; ceci est une autre affaire. Comprenez d'abord moralement ; il ne reste plus qu'une discussion sur la nature des fluides, ce qui est inexplicable pour le moment ; la science ne connaît pas assez, mais on y arrivera si la science veut marcher avec le spiritisme. Le périsprit peut varier et changer à l'infini ; l'âme est la pensée : elle ne change pas de nature ; sous ce rapport n'allez pas plus loin, c'est un point qui ne peut être expliqué. Croyez-vous que je ne cherche pas comme vous ? Vous, vous cherchez le périsprit ; nous autres maintenant, nous cherchons l'âme. Attendez donc.»

LAMENNAIS.

Ainsi, des Esprits que l'on peut considérer comme avancés n'ont pu encore sonder la nature de l'âme, comment pourrions-nous le faire nous-mêmes ? C'est donc perdre son temps que de vouloir scruter le principe des choses qui, ainsi qu'il est dit dans le Livre des Esprits (n° 17, 49), est dans les secrets de Dieu. Prétendre fouiller, à l'aide du spiritisme, ce qui n'est pas encore du ressort de l'humanité, c'est le détourner de son véritable but ; c'est faire comme l'enfant qui voudrait en savoir autant que le vieillard. Que l'homme fasse tourner le spiritisme à son amélioration morale, c'est l'essentiel ; le surplus n'est qu'une curiosité stérile et souvent orgueilleuse, dont la satisfaction ne lui fera faire aucun pas en avant ; le seul moyen d'avancer, c'est de devenir meilleur. Les Esprits qui ont dicté le livre qui porte leur nom ont prouvé leur sagesse en se renfermant, pour ce qui concerne le principe des choses, dans les limites que Dieu ne permet pas de franchir, laissant aux Esprits systématiques et présomptueux la responsabilité des théories anticipées et erronées, plus séduisantes que solides, et qui tomberont un jour devant la raison comme tant d'autres sorties des cerveaux humains. Ils n'ont dit que juste ce qui était nécessaire pour faire comprendre à l'homme l'avenir qui l'attend, et par cela même l'encourager au bien. (Voir ci-après, 2° partie, chapitre l°, Action des Esprits sur la matière.)



[1] M. Jobert (de Lamballe). Pour être juste il faut dire que cette découverte est due à M. Schiff : M. Jobert en a développé les conséquences devant l'Académie de médecins pour donner le coup de massue aux Esprits frappeurs. On en trouvera tous les détails dans la Revue Spirite du mois de juin 1859.

[2] Communion. La lumière du phénomène de l'Esprit. Tables parlantes, somnambules, médiums, miracles. Magnétisme spirituel : puissance de la pratique de la foi. Par Emah Tirpsé, une âme collective écrivant par l'intermédiaire d'une planchette. Bruxelles, 1858, chez Devroye.

[3] Cette question a été traitée dans le Livre des Esprits (n° 128 et suivants) ; mais nous recommandons à ce sujet, comme sur tout ce qui touche à la partie religieuse, la brochure intitulée : Lettre d'un catholique sur le spiritisme, par M. le docteur Grand, ancien consul de France (chez Ledoyen. In-18 ; prix, l fr.), ainsi que celle que nous allons publier sous le titre de : LES CONTRADICTEURS DU SPIRITISME au point de vue de la religion, de la science et du matérialisme.

 


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