7. Se a crença nos Espíritos e nas suas manifestações representasse uma concepção singular, fosse produto de um sistema, poderia, com visos de razão, merecer a suspeita de ilusória. Digam-nos, porém, por que com ela deparamos tão vivaz entre todos os povos, antigos e modernos, e nos livros santos de todas as religiões conhecidas? E, respondem os críticos, porque, desde todos os tempos, o homem teve o gosto do maravilhoso. - Mas, que entendeis por maravilhoso? - O que é sobrenatural. - Que entendeis por sobrenatural? - O que é contrário às leis da Natureza. - Conheceis, porventura, tão bem essas leis, que possais marcar limite ao poder de Deus? Pois bem! Provai então que a existência dos Espíritos e suas manifestações são contrárias às leis da Natureza; que não é, nem pode ser uma destas leis. Acompanhai a Doutrina Espírita e vede se todos os elos, ligados uniformemente à cadeia, não apresentam todos os caracteres de uma lei admirável, que resolve tudo o que as filosofias até agora não puderam resolver. O pensamento é um dos atributos do Espírito; a possibilidade, que eles têm, de atuar sobre a matéria, de nos impressionar os sentidos e, por conseguinte, de nos transmitir seus pensamentos, resulta, se assim nos podemos exprimir, da constituição fisiológica que lhes é própria. Logo, nada há de sobrenatural neste fato, nem de maravilhoso. Tornar um homem a viver depois de morto e bem morto, reunirem-se seus membros dispersos para lhe formarem de novo o corpo, sim, seria maravilhoso, sobrenatural, fantástico. Haveria aí uma verdadeira derrogação da lei, o que somente por um milagre poderia Deus praticar. Coisa alguma, porém, de semelhante há na Doutrina Espírita. 8. Entretanto, objetarão, admitis que um Espírito pode suspender uma mesa e mantê-la no espaço sem ponto de apoio. Não constitui isto um a derrogação da lei de gravidade? - Constitui, mas da lei conhecida; porém, já a Natureza disse a sua última palavra? Antes que se houvesse experimentado a força ascensional de certos gases, quem diria que uma máquina pesada, carregando muitos homens, fosse capaz de triunfar da força de atração? Aos olhos do vulgo, tal coisa não pareceria maravilhosa, diabólica? Por louco houvera passado aquele que, há um século, se tivesse proposto a transmitir um telegrama a 500 léguas de distância e a receber a resposta, alguns minutos depois. Se o fizesse, toda gente creria ter ele o diabo às suas ordens, pois que, àquela época, só ao diabo era possível andar tão depressa. Porque, então, um fluido desconhecido não poderia, em dadas circunstâncias, ter a propriedade de contrabalançar o efeito da gravidade, como o hidrogênio contrabalança o peso do balão? Notemos, de passagem, que não fazemos uma assimilação, mas apenas uma comparação, e unicamente para mostrar, por analogia, que o fato não é fisicamente impossível. Ora, foi exatamente por quererem, ao observar estas espécies de fenômenos, proceder por assimilação que os sábios se transviaram. Em suma, o fato aí está. Não há, nem haverá negação que possa fazer não seja ele real, porquanto negar não é provar. Para nós, não há coisa alguma sobrenatural. É tudo o que, por agora, podemos dizer. 9. Se o fato ficar comprovado, dirão, aceitá-lo-emos; aceitaríamos mesmo a causa a que o atribuís, a de um fluido desconhecido. Mas, quem nos prova a intervenção dos Espíritos? Aí é que está o maravilhoso, o sobrenatural. Far-se-ia mister aqui uma demonstração completa, que, no entanto, estaria deslocada e, ao demais, constituiria uma repetição, visto que ressalta de todas as outras partes do ensino. Todavia, resumindo-a nalgumas palavras, diremos que, em teoria, ela se funda neste princípio: todo efeito inteligente há de ter uma causa inteligente e, do ponto de vista prático, na observação de que, tendo os fenômenos ditos espíritas dado provas de inteligência, fora da matéria havia de estar a causa que os produzia e de que, não sendo essa inteligência a dos assistentes - o que a experiência atesta - havia de lhes ser exterior. Pois que não se via o ser que atuava, necessariamente era um ser invisível. Assim foi que, de observação em observação, se chegou ao reconhecimento de que esse ser invisível, a que deram o nome de Espírito, não é senão a alma dos que viveram corporalmente, aos quais a morte arrebatou o grosseiro invólucro visível, deixando-lhes apenas um envoltório etéreo, invisível no seu estado normal. Eis, pois, o maravilhoso e o sobrenatural reduzidos à sua mais simples expressão. Uma vez comprovada a existência de seres invisíveis, a ação deles sobre a matéria resulta da natureza do envoltóriorio fluídico que os reveste. É inteligente essa ação, porque, ao morrerem, eles perderam tão-somente o corpo, conservando a inteligência que lhes constitui a essência mesma. Aí está a chave de todos esses fenômenos tidos erradamente por sobrenaturais. A existência dos Espíritos não é, portanto, um sistema preconcebido, ou uma hipótese imaginada para explicar os fatos: é o resultado de observações e conseqüência natural da existência da alma. Negar essa causa é negar a alma e seus atributos. Dignem-se de apresentá-la os que pensem em poder dar desses efeitos inteligentes uma explicação mais racional e, sobretudo, de apontar a causa de todos os fatos, e então será possível discutir-se o mérito de cada uma. 10. Para os que consideram a matéria a única potência da Natureza, tudo o que não pode ser explicado pelas leis da matéria é maravilhoso, ou sobrenatural, e, para eles, maravilhoso é sinônimo de superstição. Se assim fosse, a religião, que se baseia na existência de um princípio imaterial, seria um tecido de superstições. Não ousam dizê-lo em voz alta, mas dizem-no baixinho e julgam salvar as aparências concedendo que uma religião é necessária ao povo e às crianças, para que se tornem ajuizados. Ora, uma de duas, ou o princípio religioso é verdadeiro, ou falso. Se é verdadeiro, ele o é para toda gente, se falso, não tem maior valor para os ignorantes do que para os instruídos. 11. Os que atacam o Espiritismo, em nome do maravilhoso, se apóiam geralmente no princípio materialista, porquanto, negando qualquer efeito extramaterial, negam, ipso facto, a existência da alma. Sondai-lhes, porém, o fundo das consciências, perscrutai bem o sentido de suas palavras e descobrireis quase sempre esse princípio, se não categoricamente formulado, germinando por baixo da capa com que o cobrem, a de uma pretensa filosofia racional. Lançando à conta do maravilhoso tudo o que decorre da existência da alma, são, pois, conseqüentes consigo mesmos: não admitindo a causa, não podem admitir os efeitos. Daí, entre eles, uma opinião preconcebida, que os torna impróprios para julgar lisamente do Espiritismo, visto que o princípio donde partem é o da negação de tudo o que não seja material. Quanto a nós, dar-se-á aceitemos todos os fatos qualificados de maravilhosos, pela simples razão de admitirmos os efeitos que são a conseqüência da existência da alma? Dar-se-á sejamos campeões de todos os sonhadores, adeptos de todas as utopias, de todas as excentricidades sistemáticas? Quem o supuser, demonstrará bem minguado conhecimento do Espiritismo. Mas, os nossos adversários não atentam nisto muito de perto. O de que menos cuidam é da necessidade de conhecerem aquilo de que falam. Segundo eles, o maravilhoso é absurdo; ora, o Espiritismo se apóia em fatos maravilhosos, logo o Espiritismo é absurdo. E consideram sem apelação esta sentença. Acham que opõem um argumento irretorquível quando, depois de terem procedido a eruditas pesquisas acerca dos convulsionários de Saint-Médard, dos fanáticos de Cevenas, ou das religiosas de Loudun, chegaram à descoberta de patentes embustes, que ninguém contesta. Semelhantes histórias, porém, serão o evangelho do Espiritismo? Terão seus adeptos negado que o charlatanismo há explorado, em proveito próprio, alguns fatos? que outros sejam frutos da imaginação? que muitos tenham sido exagerados pelo fanatismo? Tão solidário é ele com as extravagâncias que se cometam em seu nome, quanto a verdadeira ciência com os abusos da ignorância, ou a verdadeira religião com os excessos do sectarismo. Muitos críticos se limitam a julgar do Espiritismo pelos contos de fadas e pelas lendas populares que lhe são as facções. O mesmo fora julgar da História pelos romances históricos, ou pelas tragédias. 12. Em lógica elementar, para se discutir uma coisa, preciso se faz conhecê-la, porquanto a opinião de um crítico só tem valor, quando ele fala com perfeito conhecimento de causa. Então, somente, sua opinião, embora errônea, poderá ser tomada em consideração Que peso, porém, terá quando ele trata do que não conhece? A legítima crítica deve demonstrar, não só erudição, mas também profundo conhecimento do objeto que versa, juízo reto e imparcialidade a toda prova, sem o que, qualquer menestrel poderá arrogar-se o direito de julgar Rossini e um pinta-monos o de censurar Rafael. 13. Assim, o Espiritismo não aceita todos os fatos considerados maravilhosos, ou sobrenaturais. Longe disso, demonstra a impossibilidade de grande número deles e o ridículo de certas crenças, que constituem a superstição propriamente dita. É exato que, no que ele admite, há coisas que, para os incrédulos, são puramente do domínio do maravilhoso, ou por outra, da superstição. Seja. Mas, ao menos, discuti apenas esses pontos, porquanto, com relação aos demais, nada há que dizer e pregais em vão. Atendo-vos ao que ele próprio refuta, provais ignorar o assunto e os vossos argumentos erram o alvo. Porém, até onde vai a crença do Espiritismo? perguntarão. Lede, observai e sabê-lo-eis. Só com o tempo e o estudo se adquire o conhecimento de qualquer ciência. Ora, o Espiritismo, que entende com as mais graves questões de filosofia, com todos os ramos da ordem social, que abrange tanto o homem físico quanto o homem moral, é, em si mesmo, uma ciência, uma filosofia, que já não podem ser aprendidas em algumas horas, como nenhuma outra ciência. Tanta puerilidade haveria em se querer ver todo o Espiritismo numa mesa girante, como toda a física nalguns brinquedos de criança. A quem não se limite a ficar na superfície, são necessários, não algumas horas somente, mas meses e anos, para lhe sondar todos os arcanos. Por aí se pode apreciar o grau de saber e o valor da opinião dos que se atribuem o direito de julgar, porque viram uma ou duas experiências, as mais das vezes por distração ou divertimento. Dirão eles com certeza que não lhes sobram lazeres para consagrarem a tais estudos todo o tempo que reclamam. Está bem; nada a isso os constrange. Mas, quem não tem tempo de aprender uma coisa não se mete a discorrer sobre ela e, ainda menos, a julgá-la, se não quiser que o acoimem de leviano. Ora, quanto mais elevada seja a posição que ocupemos na ciência, tanto menos escusável é que digamos, levianamente, de um assunto que desconhecemos. 14. Resumimos nas proposições seguintes o que havemos expendido: 1º Todos os fenômenos espíritas têm por princípio a existência da alma, sua sobrevivência ao corpo e suas manifestações. 2º Fundando-se numa lei da Natureza, esses fenômenos nada têm de maravilhosos, nem de sobrenaturais, no sentido vulgar dessas palavras. 3º Muitos fatos são tidos por sobrenaturais, porque não se lhes conhece a causa; atribuindo-lhes uma causa, o Espiritismo os repõe no domínio dos fenômenos naturais. 4º Entre os fatos qualificados de sobrenaturais, muitos há cuja impossibilidade o Espiritismo demonstra, incluindo-os em o número das crenças supersticiosas. 5º Se bem reconheça um fundo de verdade em muitas crenças populares, o Espiritismo de modo algum dá sua solidariedade a todas as histórias fantásticas que a imaginação há criado. 6º Julgar do Espiritismo pelos fatos que ele não admite é dar prova de ignorância e tirar todo valor à opinião emitida. 7º A explicação dos fatos que o Espiritismo admite, de suas causas e conseqüências morais, forma toda uma ciência e toda uma filosofia, que reclamam estudo sério, perseverante e aprofundado. 8º O Espiritismo não pode considerar crítico sério, senão aquele que tudo tenha visto, estudado e aprofundado com a paciência e a perseverança de um observador consciencioso; que do assunto saiba tanto quanto qualquer adepto instruído; que haja, por conseguinte, haurido seus conhecimentos algures, que não nos romances da ciência; aquele a quem não se possa opor fato algum que lhe seja desconhecido, nenhum argumento de que já não tenha cogitado e cuja refutação faça, não por mera negação, mas por meio de outros argumentos mais peremptórios; aquele, finalmente, que possa indicar, para os fatos averiguados, causa mais lógica do que a que lhes aponta o Espiritismo. Tal crítico ainda está por aparecer. 15. Pronunciamos há pouco a palavra milagre; uma ligeira observação sobre isso não virá fora de propósito, neste capítulo que trata do maravilhoso. Na sua acepção primitiva e pela sua etimologia, o termo milagre significa coisa extraordinária, coisa admirável de se ver. Mas como tantas outras, essa palavra se afastou do seu sentido originário e hoje, por milagre, se entende (segundo a Academia) um ato do poder divino, contrário às leis comuns da Natureza. Tal, com efeito, a sua acepção usual e apenas por comparação e por metáfora é ela aplicada às coisas vulgares que nos surpreendem e cuja causa se desconhece. De nenhuma forma entra em nossas cogitações indagar se Deus há julgado útil, em certas circunstâncias, derrogar as leis que Ele próprio estabelecera; nosso fim é, unicamente, demonstrar que os fenômenos espíritas, por mais extraordinários que sejam, de maneira alguma derrogam essas leis, que nenhum caráter têm de miraculosos, do mesmo modo que não são maravilhosos, ou sobrenaturais. O milagre não se explica; os fenômenos espíritas, ao contrário, se explicam racionalissimamente. Não são, pois, milagres, mas simples efeitos, cuja razão de ser se encontra nas leis gerais. O milagre apresenta ainda outro caráter, o de ser insólito e isolado. Ora, desde que um fato se reproduz, por assim dizer, à vontade e por diversas pessoas, não pode ser um milagre. Todos os dias a ciência opera milagres aos olhos dos ignorantes. Por isso é que, outrora, os que sabiam mais do que o vulgo passavam por feiticeiros; e, como se entendia, então, que toda ciência sobre-humana vinha do diabo, queimavam-nos. Hoje, que já estamos muito mais civilizados, eles apenas são mandados para os hospícios. Se um homem realmente morto, como dissemos em começo, ressuscitar por intervenção divina, haverá aí verdadeiro milagre, porque isso é contrário às leis da Natureza. Se, porém, tal homem só aparentemente está morto, se ainda há nele um resto de vitalidade latente e a ciência ou uma ação magnética consegue reanimá-lo, um fenômeno natural é o que isso será para pessoas instruídas. Todavia, aos olhos do vulgo ignorante, o fato passará por milagroso, e o autor se verá perseguido a pedradas, ou venerado, conforme o caráter dos indivíduos. Solte um físico, em campo de certa natureza, um papagaio elétrico e faça, por esse meio, cair um raio sobre uma árvore e o novo Prometeu será tido certamente como senhor de um poder diabólico. E, seja dito de passagem, Prometeu nos parece, muito singularmente, ter sido um precursor de Franklin; mas, Josué, detendo o movimento do Sol, ou, antes, da Terra, esse teria operado verdadeiro milagre, porquanto não conhecemos magnetizador algum dotado de tão grande poder, para realizar tal prodígio. De todos os fenômenos espíritas, um dos mais extraordinários é, incontestavelmente, o da escrita direta e um dos que demonstram de modo mais patente a ação das inteligências ocultas. Mas, da circunstância de ser esse fenômeno produzido por seres ocultos, não se segue que seja mais miraculoso do que qualquer dos outros fenômenos devidos a agentes invisíveis, porque esses seres ocultos, que povoam os espaços, são uma das potências da Natureza, potências cuja ação é incessante, assim sobre o mundo material, como sobre o mundo moral. Esclarecendo-nos com relação a essa potência, o Espiritismo nos dá a explicação de uma imensidade de coisas inexplicadas e inexplicáveis por qualquer outro meio e que, à falta de toda explicação, passaram por prodígios, nos tempos antigos. Do mesmo modo que o magnetismo, ele nos revela uma lei, se não desconhecida, pelo menos mal compreendida; ou, mais acertadamente, de uma lei que se desconhecia, embora se lhe conhecessem os efeitos, visto que estes sempre se produziram em todos os tempos, tendo a ignorância da lei gerado a superstição. Conhecida ela, desaparece o maravilhoso e os fenômenos entram na ordem das coisas naturais. Eis por que, fazendo que uma mesa se mova, ou que os mortos escrevam, os espíritas não operam maior milagre do que opera o médico que restitui à vida um moribundo, ou o físico que faz cair o raio. Aquele que pretendesse, por meio desta ciência, realizar milagres, seria ou ignorante do assunto, ou embusteiro. 16. Os fenômenos espíritas, assim como os fenômenos magnéticos, antes que se lhes conhecesse a causa, tiveram que passar por prodígios. Ora, como os cépticos, os espíritos fortes, isto é, os que gozam do privilégio exclusivo da razão e do bom-senso, não admitem que uma coisa seja possível, desde que não a compreendam, de todos os fatos considerados prodigiosos fazem objeto de suas zombarias. Pois que a religião conta grande número de fatos desse gênero, não crêem na religião e daí à incredulidade absoluta o passo é curto. Explicando a maior parte deles, o Espiritismo lhes assina uma razão de ser. Vem, pois, em auxílio da religião, demonstrando a possibilidade de muitos que, por perderem o caráter de miraculosos, não deixam, contudo, de ser extraordinários, e Deus não fica sendo menor, nem menos poderoso, por não haver derrogado suas leis. De quantas graçolas não foi objeto o fato de São Cupertino se erguer nos ares! Ora, a suspensão etérea dos corpos graves é um fenômeno que a lei espírita explica. Fomos dele pessoalmente testemunha ocular, e o Sr. Home, assim como outras pessoas de nosso conhecimento, repetiram muitas vezes o fenômeno produzido por São Cupertino. Logo, este fenômeno pertence à ordem das coisas naturais. 17. Entre os deste gênero, devem figurar na primeira linha as aparições, porque são as mais frequentes a de Salette, sobre a qual divergem as opiniões no seio do próprio clero, nada tem para nós de insólita. Certamente não podemos afirmar que o fato se deu, porque não temos disso prova material; mas, consideramo-lo possível, atendendo a que conhecemos milhares de outros análogos, recentemente ocorridos. Damos-lhes crédito não só porque lhes verificamos a realidade, como, sobretudo, porque sabemos perfeitamente de que maneira se produzem. Quem se reportar à teoria, que adiante expomos, das aparições, reconhecerá que este fenômeno se mostra tão simples e plausível, como um sem-número de fenômenos físicos, que só parecem prodigiosos por falta de uma chave que permita explicá-los. Quanto à personagem que se apresentou na Salette, é outra questão. Sua identidade não nos foi absolutamente demonstrada. Apenas reconhecemos que pode ter havido uma aparição; quanto ao mais, escapa à nossa competência. A esse respeito, cada um está no direito de manter suas convicções, nada tendo o Espiritismo que ver com isso. Dizemos tão-somente que os fatos que o Espiritismo produz nos revelam leis novas e nos dão a explicação de um mundo de coisas que pareciam sobrenaturais. Desde que alguns dos que passavam por miraculosos encontram, assim, explicação lógica, motivo é este bastante para que ninguém se apresse a negar o que não compreende. Algumas pessoas contestam os fenômenos espíritas precisamente porque tais fenômenos lhes parecem estar fora da lei comum e porque não logram achar-lhes qualquer explicação. Dai-lhes uma base racional e a dúvida desaparecerá. A explicação, neste século em que ninguém se contenta com palavras, constitui, pois, poderoso motivo de convicção. Daí o vermos, todos os dias, pessoas, que nenhum fato testemunharam, que não observaram uma mesa agitar-se, ou um médium escrever, se tornarem tão convencidas quanto nós, unicamente porque leram e compreenderam. Se houvéssemos de somente acreditar no que vemos com os nossos olhos, a bem pouco se reduziriam as nossas convicções.
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7. Si la croyance aux Esprits et à leurs manifestations était une conception isolée, le produit d'un système, elle pourrait, avec quelque apparence de raison, être suspectée d'illusion ; mais qu'on nous dise encore pourquoi on la retrouve si vivace chez tous les peuples anciens et modernes, dans les livres saints de toutes les religions connues ? C'est, disent quelques critiques, parce que, de tout temps, l'homme a aimé le merveilleux. - Qu'est-ce donc que le merveilleux, selon vous ? - Ce qui est surnaturel. - Qu'entendez-vous par le surnaturel ? - Ce qui est contraire aux lois de la nature. - Vous connaissez donc tellement bien ces lois qu'il vous est possible d'assigner une limite à la puissance de Dieu ? Eh bien ! alors prouvez que l'existence des Esprits et leurs manifestations sont contraires aux lois de la nature ; que ce n'est pas, et ne peut être une de ces lois. Suivez la doctrine spirite, et voyez si cet enchaînement n'a pas tous les caractères d'une admirable loi, qui résout tout ce que les lois philosophiques n'ont pu résoudre jusqu'à ce jour. La pensée est un des attributs de l'Esprit ; la possibilité d'agir sur la matière, de faire impression sur nos sens, et par suite de transmettre sa pensée, résulte, si nous pouvons nous exprimer ainsi, de sa constitution physiologique : donc il n'y a dans le fait rien de surnaturel, rien de merveilleux. Qu'un homme mort, et bien mort, revive corporellement, que ses membres dispersés se réunissent pour reformer son corps, voilà du merveilleux, du surnaturel, du fantastique ; ce serait là une véritable dérogation que Dieu ne peut accomplir que par un miracle, mais il n'y a rien de semblable dans la doctrine spirite. 8. Pourtant, dira-t-on, vous admettez qu'un Esprit peut enlever une table, et la maintenir dans l'espace sans point d'appui ; n'est-ce pas une dérogation à la loi de gravité ? - Oui, à la loi connue ; mais la nature a-t-elle dit son dernier mot ? Avant qu'on eût expérimenté la force ascensionnelle de certains gaz, qui eût dit qu'une lourde machine portant plusieurs hommes peut triompher de la force d'attraction ? Aux yeux du vulgaire cela ne devait-il pas paraître merveilleux, diabolique ? Celui qui eût proposé, il y a un siècle, de transmettre une dépêche à 500 lieues, et d'en recevoir la réponse en quelques minutes, eût passé pour un fou ; s'il l'eût fait, on aurait cru qu'il avait le diable à ses ordres, car alors le diable seul était capable d'aller si vite. Pourquoi donc un fluide inconnu n'aurait-il pas la propriété, dans des circonstances données, de contrebalancer l'effet de la pesanteur, comme l'hydrogène contrebalance le poids du ballon ? Ceci, remarquons-le en passant, est une comparaison, mais non une assimilation, et uniquement pour montrer, par analogie, que le fait n'est pas physiquement impossible. Or, c'est précisément quand les savants, dans l'observation de ces sortes de phénomènes, ont voulu procéder par voie d'assimilation, qu'ils se sont fourvoyés. Au reste, le fait est là ; toutes les dénégations ne pourront faire qu'il ne soit pas, car nier n'est pas prouver ; pour nous, il n'a rien de surnaturel ; c'est tout ce que nous en pouvons dire pour le moment. 9. Si le fait est constaté, dira-t-on, nous l'acceptons, nous acceptons même la cause que vous venez d'assigner, celle d'un fluide inconnu ; mais qui prouve l'intervention des Esprits ? là est le merveilleux, le surnaturel. Il faudrait ici toute une démonstration qui ne serait pas à sa place, et ferait d'ailleurs double emploi, car elle ressort de toutes les autres parties de l'enseignement. Toutefois, pour la résumer en quelques mots, nous dirons qu'elle est fondée, en théorie, sur ce principe : tout effet intelligent doit avoir une cause intelligente ; en pratique : sur cette observation que les phénomènes dits spirites, ayant donné des preuves d'intelligence, devaient avoir leur cause en dehors de la matière ; que cette intelligence n'étant pas celle des assistants, - ceci est un résultat d'expérience, - devait être en dehors d'eux ; puisqu'on ne voyait pas l'être agissant, c'était donc un être invisible. C'est alors que d'observation en observation on est arrivé à reconnaître que cet être invisible, auquel on a donné le nom d'Esprit, n'est autre que l'âme de ceux qui ont vécu corporellement, et que la mort a dépouillés de leur grossière enveloppe visible, ne leur laissant qu'une enveloppe éthérée, invisible dans son état normal. Voilà donc le merveilleux et le surnaturel réduits à leur plus simple expression. L'existence d'êtres invisibles une fois constatée, leur action sur la matière résulte de la nature de leur enveloppe fluidique ; cette action est intelligente, parce qu'en mourant ils n'ont perdu que leur corps, mais ont conservé l'intelligence qui est leur essence ; là est la clef de tous ces phénomènes réputés à tort surnaturels. L'existence des Esprits n'est donc point un système préconçu, une hypothèse imaginée pour expliquer les faits ; c'est un résultat d'observations, et la conséquence naturelle de l'existence de l'âme ; nier cette cause, c'est nier l'âme et ses attributs. Que ceux qui penseraient pouvoir donner de ces effets intelligents une solution plus rationnelle, pouvant surtout rendre raison de tous les faits, veuillent bien le faire, et alors on pourra discuter le mérite de chacune. 10. Aux yeux de ceux qui regardent la matière comme la seule puissance de la nature, tout ce qui ne peut être expliqué par les lois de la matière est merveilleux ou surnaturel ; et pour eux, merveilleux est synonyme de superstition. A ce titre la religion, fondée sur l'existence d'un principe immatériel, serait un tissu de superstitions ; ils n'osent le dire tout haut, mais ils le disent tout bas, et ils croient sauver les apparences en concédant qu'il faut une religion pour le peuple et pour faire que les enfants soient sages ; or, de deux choses l'une, ou le principe religieux est vrai, ou il est faux ; s'il est vrai, il l'est pour tout le monde ; s'il est faux, il n'est pas meilleur pour les ignorants que pour les gens éclairés. 11. Ceux qui attaquent le spiritisme au nom du merveilleux s'appuient donc généralement sur le principe matérialiste, puisqu'en déniant tout effet extra matériel, ils dénient, par cela même, l'existence de l'âme ; sondez le fond de leur pensée, scrutez bien le sens de leurs paroles, et vous verrez presque toujours ce principe, s'il est catégoriquement formulé, poindre sous les dehors d'une prétendue philosophie rationnelle dont ils le couvrent. En rejetant sur le compte du merveilleux tout ce qui découle de l'existence de l'âme, ils sont donc conséquents avec eux-mêmes ; n'admettant pas la cause, ils ne peuvent admettre les effets ; de là, chez eux, une opinion préconçue qui les rend impropres à juger sainement du spiritisme, parce qu'ils partent du principe de la négation de tout ce qui n'est pas matériel. Quant à nous, de ce que nous admettons les effets qui sont la conséquence de l'existence de l'âme, s'ensuit-il que nous acceptions tous les faits qualifiés de merveilleux ; que nous soyons les champions de tous les rêveurs, les adeptes de toutes les utopies, de toutes les excentricités systématiques ? Il faudrait bien peu connaître le spiritisme pour le penser ; mais nos adversaires n'y regardent pas de si près ; la nécessité de connaître ce dont ils parlent est le moindre de leurs soucis. Selon eux, le merveilleux est absurde ; or le spiritisme s'appuie sur des faits merveilleux, donc le spiritisme est absurde : c'est pour eux un jugement sans appel. Ils croient opposer un argument sans réplique quand, après avoir fait d'érudites recherches sur les convulsionnaires de Saint Médard, les camisards des Cévennes, ou les religieuses de Loudun, ils sont arrivés à y découvrir des faits patents de supercherie que personne ne conteste ; mais ces histoires sont-elles l'évangile du spiritisme ? Ses partisans ont-ils nié que le charlatanisme ait exploité certains faits à son profit ; que l'imagination en ait créé ; que le fanatisme en ait exagéré beaucoup ? Il n'est pas plus solidaire des extravagances qu'on peut commettre en son nom, que la vraie science ne l'est des abus de l'ignorance, ni la vraie religion des excès du fanatisme. Beaucoup de critiques ne jugent le spiritisme que sur les contes de fées et les légendes populaires qui en sont les fictions ; autant vaudrait juger l'histoire sur les romans historiques ou les tragédies. 12. En logique élémentaire, pour discuter une chose il faut la connaître, car l'opinion d'un critique n'a de valeur qu'autant qu'il parle en parfaite connaissance de cause ; alors seulement son opinion, fût-elle erronée, peut être prise en considération ; mais de quel poids est-elle sur une matière qu'il ne connaît pas ? Le vrai critique doit faire preuve, non seulement d'érudition, mais d'un savoir profond à l'endroit de l'objet qu'il traite, d'un jugement sain, et d'une impartialité à toute épreuve, autrement le premier ménétrier venu pourrait s'arroger le droit de juger Rossini, et un rapin celui de censurer Raphaël. 13. Le spiritisme n'accepte donc point tous les faits réputés merveilleux ou surnaturels ; loin de là, il démontre l'impossibilité d'un grand nombre et le ridicule de certaines croyances qui constituent, à proprement parler, la superstition. Il est vrai que dans ce qu'il admet, il y a des choses qui, pour les incrédules, sont du merveilleux tout pur, autrement dit de la superstition, soit ; mais au moins ne discutez que ces points, car sur les autres il n'a rien à dire, et vous prêchez des convertis. En vous attaquant à ce qu'il réfute lui-même vous prouvez votre ignorance de la chose, et vos arguments tombent à faux. Mais où s'arrête la croyance du spiritisme, dira-t-on ? Lisez, observez, et vous le saurez. Toute science ne s'acquiert qu'avec le temps et l'étude ; or, le spiritisme qui touche aux questions les plus graves de la philosophie, à toutes les branches de l'ordre social, qui embrasse à la fois l'homme physique et l'homme moral, est lui-même toute une science, toute une philosophie qui ne peut pas plus être apprise en quelques heures que toute autre science ; il y aurait autant de puérilité à voir tout le spiritisme dans une table tournante, qu'à voir toute la physique dans certains jouets d'enfant. Pour quiconque ne veut pas s'arrêter à la surface, ce ne sont pas des heures, mais des mois et des années qu'il faut pour en sonder tous les arcanes. Qu'on juge, par là, du degré de savoir et de la valeur de l'opinion de ceux qui s'arrogent le droit de juger, parce qu'ils ont vu une ou deux expériences, le plus souvent en manière de distraction et de passe-temps. Ils diront sans doute qu'ils n'ont pas le loisir de donner tout le temps nécessaire à cette étude, soit ; rien ne les y contraint ; mais alors, quand on n'a pas le temps d'apprendre une chose, on ne se mêle pas d'en parler, et encore moins de la juger, si l'on ne veut être accusé de légèreté ; or, plus on occupe une position élevée dans la science, moins on est excusable de traiter légèrement un sujet que l'on ne connaît pas. 14. Nous nous résumons dans les propositions suivantes : 1° Tous les phénomènes spirites ont pour principe l'existence de l'âme, sa survivance au corps et ses manifestations ; 2° Ces phénomènes étant fondés sur une loi de la nature n'ont rien de merveilleux ni de surnaturel dans le sens vulgaire de ces mots ; 3° Beaucoup de faits ne sont réputés surnaturels que parce qu'on n'en connaît pas la cause ; le spiritisme en leur assignant une cause les fait rentrer dans le domaine des phénomènes naturels ; 4° Parmi les faits qualifiés de surnaturels, il en est beaucoup dont le spiritisme démontre l'impossibilité, et qu'il range parmi les croyances superstitieuses ; 5° Bien que le spiritisme reconnaisse dans beaucoup de croyances populaires un fond de vérité, il n'accepte nullement la solidarité de toutes les histoires fantastiques créées par l'imagination ; 6° Juger le spiritisme sur les faits qu'il n'admet pas, c'est faire preuve d'ignorance, et ôter toute valeur à son opinion ; 7° L'explication des faits admis par le spiritisme, leurs causes et leurs conséquences morales, constituent toute une science et toute une philosophie, qui requiert une étude sérieuse, persévérante et approfondie ; 8° Le spiritisme ne peut regarder comme critique sérieux que celui qui aurait tout vu, tout étudié, tout approfondi, avec la patience et la persévérance d'un observateur consciencieux ; qui en saurait autant sur ce sujet que l'adepte le plus éclairé ; qui aurait, par conséquent, puisé ses connaissances ailleurs que dans les romans de la science ; à qui on ne pourrait opposer aucun fait dont il n'eût connaissance, aucun argument qu'il n'eût médité ; qu'il réfuterait, non par des négations, mais par d'autres arguments plus péremptoires ; qui pourrait enfin assigner une cause plus logique aux faits avérés. Ce critique est encore à trouver. 15. Nous avons tout à l'heure prononcé le mot miracle ; une courte observation à ce sujet ne sera pas déplacée dans ce chapitre sur le merveilleux. Dans son acception primitive, et par son étymologie, le mot miracle signifie chose extraordinaire, chose admirable à voir ; mais ce mot, comme tant d'autres, s'est écarté du sens originaire, et aujourd'hui il se dit (selon l'Académie) d'un acte de la puissance divine contraire aux lois communes de la nature. Telle est, en effet, son acception usuelle, et ce n'est plus que par comparaison et par métaphore qu'on l'applique aux choses vulgaires qui nous surprennent et dont la cause est inconnue. Il n'entre nullement dans nos vues d'examiner si Dieu a pu juger utile, en certaines circonstances, de déroger aux lois établies par lui-même ; notre but est uniquement de démontrer que les phénomènes spirites, quelque extraordinaires qu'ils soient, ne dérogent nullement à ces lois, n'ont aucun caractère miraculeux, pas plus qu'ils ne sont merveilleux ou surnaturels. Le miracle ne s'explique pas ; les phénomènes spirites, au contraire, s'expliquent de la manière la plus rationnelle ; ce ne sont donc pas des miracles, mais de simples effets qui ont leur raison d'être dans les lois générales. Le miracle a encore un autre caractère, c'est d'être insolite et isolé. Or, du moment qu'un fait se reproduit, pour ainsi dire, à volonté, et par diverses personnes, ce ne peut être un miracle. La science fait tous les jours des miracles aux yeux des ignorants : voilà pourquoi jadis ceux qui en savaient plus que le vulgaire passaient pour sorciers ; et comme on croyait que toute science surhumaine venait du diable, on les brûlait. Aujourd'hui qu'on est beaucoup plus civilisé, on se contente de les envoyer aux Petites-Maisons. Qu'un homme réellement mort, comme nous l'avons dit en commençant, soit rappelé à la vie par une intervention divine, c'est là un véritable miracle, parce que c'est contraire aux lois de la nature. Mais si cet homme n'a que les apparences de la mort, s'il y a encore en lui un reste de vitalité latente, et que la science, ou une action magnétique, parvienne à le ranimer, pour les gens éclairés c'est un phénomène naturel ; mais aux yeux du vulgaire ignorant, le fait passera pour miraculeux, et l'auteur sera pourchassé à coups de pierres ou vénéré selon le caractère des individus. Qu'au milieu de certaines campagnes, un physicien lance un cerf-volant électrique et fasse tomber la foudre sur un arbre, ce nouveau Prométhée sera certainement regardé comme armé d'une puissance diabolique ; et, soit dit en passant, Prométhée nous semble singulièrement avoir devancé Franklin ; mais Josué arrêtant le mouvement du soleil, ou plutôt de la terre, voilà le véritable miracle, car nous ne connaissons aucun magnétiseur doué d'une assez grande puissance pour opérer un tel prodige. De tous les phénomènes spirites, un des plus extraordinaires est, sans contredit, celui de l'écriture directe, et l'un de ceux qui démontrent de la manière la plus patente l'action des intelligences occultes ; mais de ce que le phénomène est produit par des êtres occultes, il n'est pas plus miraculeux que tous les autres phénomènes qui sont dus à des agents invisibles, parce que ces êtres occultes, qui peuplent les espaces, sont une des puissances de la nature, puissance dont l'action est incessante sur le monde matériel, aussi bien que sur le monde moral. Le spiritisme, en nous éclairant sur cette puissance, nous donne la clef d'une foule de choses inexpliquées et inexplicables par tout autre moyen, et qui ont pu, dans des temps reculés, passer pour des prodiges ; il révèle, de même que le magnétisme, une loi, sinon inconnue, du moins mal comprise ; ou, pour mieux dire, on connaissait les effets, car ils se sont produits de tout temps, mais on ne connaissait pas la loi, et c'est l'ignorance de cette loi qui a engendré la superstition. Cette loi connue, le merveilleux disparaît, et les phénomènes rentrent dans l'ordre des choses naturelles. Voilà pourquoi les spirites ne font pas plus de miracles en faisant tourner une table ou écrire des trépassés, que le médecin en faisant revivre un moribond, ou le physicien en faisant tomber la foudre. Celui qui prétendrait, à l'aide de cette science, faire des miracles, serait ou un ignorant de la chose, ou un faiseur de dupes. 16. Les phénomènes spirites, de même que les phénomènes magnétiques, avant qu'on en connût la cause, ont dû passer pour des prodiges ; or, comme les sceptiques, les esprits forts, c'est-à-dire ceux qui ont le privilège exclusif de la raison et du bon sens, ne croient pas qu'une chose soit possible du moment qu'ils ne la comprennent pas, voilà pourquoi tous les faits réputés prodigieux sont l'objet de leurs railleries ; et comme la religion contient un grand nombre de faits de ce genre, ils ne croient pas à la religion, et de là à l'incrédulité absolue il n'y a qu'un pas. Le spiritisme, en expliquant la plupart de ces faits, leur donne une raison d'être. Il vient donc en aide à la religion en démontrant la possibilité de certains faits qui, pour n'avoir plus le caractère miraculeux, n'en sont pas moins extraordinaires, et Dieu n'en est ni moins grand, ni moins puissant, pour n'avoir pas dérogé à ses lois. De quels quolibets les enlèvements de saint Cupertin n'ont-ils pas été l'objet ! Or, la suspension éthéréenne des corps graves est un fait expliqué par la loi spirite ; nous en avons été personnellement témoin oculaire, et M. Home, ainsi que d'autres personnes de notre connaissance, ont renouvelé à plusieurs reprises le phénomène produit par saint Cupertin. Donc ce phénomène rentre dans l'ordre des choses naturelles. 17. Au nombre des faits de ce genre il faut placer en première ligne les apparitions, parce que ce sont les plus fréquents. Celle de la Salette, qui divise même le clergé, n'a pour nous rien d'insolite. Assurément nous ne pouvons affirmer que le fait a eu lieu, parce que nous n'en avons pas la preuve matérielle ; mais, pour nous, il est possible, attendu que des milliers de faits analogues récents nous sont connus ; nous y croyons, non seulement parce que leur réalité est avérée pour nous, mais surtout parce que nous nous rendons parfaitement compte de la manière dont ils se produisent. Qu'on veuille bien se reporter à la théorie que nous donnons plus loin des apparitions, et l'on verra que ce phénomène devient aussi simple et aussi plausible qu'une foule de phénomènes physiques qui ne sont prodigieux que faute d'en avoir la clef. Quant au personnage qui s'est présenté à la Salette, c'est une autre question ; son identité ne nous est nullement démontrée ; nous constatons simplement qu'une apparition peut avoir eu lieu, le reste n'est pas de notre compétence ; chacun peut à cet égard garder ses convictions, le spiritisme n'a pas à s'en occuper ; nous disons seulement que les faits produits par le spiritisme nous révèlent des lois nouvelles, et nous donnent la clef d'une foule de choses qui paraissaient surnaturelles ; si quelques-uns de ceux qui passaient pour miraculeux y trouvent une explication logique, c'est un motif pour ne pas se hâter de nier ce que l'on ne comprend pas. Les phénomènes spirites sont contestés par certaines personnes, précisément parce qu'ils paraissent sortir de la loi commune et qu'on ne s'en rend pas compte. Donnez-leur une base rationnelle, et le doute cesse. L'explication, dans ce siècle où l'on ne se paye pas de mots, est donc un puissant motif de conviction ; aussi voyons-nous tous les jours des personnes qui n'ont été témoins d'aucun fait, qui n'ont vu ni une table tourner, ni un médium écrire, et qui sont aussi convaincues que nous, uniquement parce qu'elles ont lu et compris. Si l'on ne devait croire qu'à ce que l'on a vu de ses yeux, nos convictions se réduiraient à bien peu de chose.
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