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Revista Espírita 1869 » Janeiro » Estatística do Espiritismo Revue Spirite 1869 » Janvier » Statistique du Spiritisme

Uma enumeração exata dos espíritas seria coisa impossível, como já dissemos, por uma razão muito simples, é que o Espiritismo não é nem uma associação, nem uma congregação; seus aderentes não estão inscritos em nenhum registro oficial. É bem sabido que não se poderia avaliar a quantidade pelo número e pela importância das sociedades, frequentadas apenas por uma minoria ínfima. O Espiritismo é uma opinião que não exige qualquer profissão de fé, e pode estender-se ao todo ou a parte dos princípios da Doutrina. Basta simpatizar com a ideia para ser espírita. Ora, não sendo essa qualidade conferida por nenhum ato material, e não implicando senão obrigações morais, não existe qualquer base fixa para determinar o número dos adeptos com precisão. Não se pode estimá-lo senão aproximadamente, pelas relações e pela maior ou menor facilidade com que a ideia se propaga. Esse número aumenta dia a dia, numa proporção considerável; é um fato positivo, reconhecido pelos próprios adversários; a oposição diminui, prova evidente de que a ideia encontra mais numerosas simpatias.

Ademais, compreende-se que é apenas pelo conjunto, e não pela situação das localidades consideradas isoladamente, que se pode basear uma apreciação, pois há em cada localidade elementos mais ou menos favoráveis, em razão do estado particular dos espíritos e também das resistências mais ou menos influentes que aí se exercem; mas essa situação é variável, porque uma localidade que se tenha mostrado refratária durante vários anos, de repente se torna um foco. Quando os elementos de apreciação tiverem adquirido mais precisão, será possível fazer um mapa colorido, em relação à difusão das ideias espíritas, como foi feito para a instrução. Enquanto isso, pode-se afirmar, sem exagero, que, em suma, o número dos adeptos centuplicou em dez anos, malgrado as manobras empregadas para abafar a ideia e contrariamente às previsões de todos aqueles que se vangloriavam de tê-la enterrado. Isto é um fato consumado, do qual é preciso que os antagonistas tomem conhecimento.

Só falamos aqui dos que aceitam o Espiritismo com conhecimento de causa, depois de tê-lo estudado, e não daqueles que, bem mais numerosos ainda, nos quais estas ideias estão em estado de intuição, e para os quais falta apenas definirem suas crenças com mais precisão e dar-lhes um nome, para serem espíritas confessos. É um fato sobejamente comprovado que se verifica todos os dias, sobretudo de algum tempo para cá, que as ideias espíritas parecem inatas numa porção de indivíduos que jamais ouviram falar de Espiritismo. Não se pode dizer que tenham sofrido alguma influência nem que seguiram o impulso de um grupo. Que os adversários expliquem, se puderem, esses pensamentos que nascem fora e paralelamente ao Espiritismo! Não seria, certamente, um sistema preconcebido no cérebro de um homem que poderia ter produzido um tal resultado. Não há prova mais evidente de que essas ideias estão na Natureza, nem melhor garantia de sua vulgarização no futuro e de sua perpetuidade. Deste ponto de vista pode-se dizer que pelo menos três quartos da população de todos os países possuem o germe das crenças espíritas, pois são encontrados entre aqueles mesmos que lhe fazem oposição. Na maioria, a oposição vem da ideia falsa que fazem do Espiritismo; não o conhecendo, em geral, senão pelas ridículas descrições que dele fez a crítica malévola ou interessada em desacreditá-lo, eles recusam com razão a qualificação de espíritas. Certamente, se o Espiritismo se assemelhasse aos grotescos retratos que dele fizeram; se ele se compusesse das crenças e práticas absurdas que tiveram o prazer de atribuir-lhe, seríamos o primeiro a repudiar o título de espírita. Quando, pois, essas mesmas pessoas souberem que a Doutrina não é senão a coordenação e o desenvolvimento de suas próprias aspirações e de seus pensamentos íntimos, aceitá-la-ão. São incontestavelmente futuros espíritas, mas, por enquanto, não os incluímos em nossas estimativas.

Se é impossível uma estatística numérica, há outra, talvez mais instrutiva, e para a qual existem elementos que nos fornecem as nossas relações e a nossa correspondência; é a proporção relativa dos espíritas segundo as profissões, a posição social, as nacionalidades, as crenças religiosas, etc., levando em conta o fato que certas profissões, como os oficiais ministeriais, por exemplo, são em número limitado, ao passo que outras, como os industriais e os que vivem de rendimentos, são em número indefinido. Guardada a proporção, pode-se ver quais são as categorias nas quais o Espiritismo encontrou, até hoje, mais aderentes. Em algumas a proporção pôde ser estabelecida em porcentagem, com muita precisão, sem contudo pretender que tenha um rigor matemático; as outras categorias foram simplesmente classificadas em razão do número de adeptos que elas forneceram, começando pelas mais numerosas, de que a correspondência e a lista de assinantes da Revista podem fornecer os elementos. O quadro seguinte é resultado do levantamento de mais de dez mil observações.

Constatamos o fato, sem procurar nem discutir a causa dessa diferença, o que, não obstante, poderia ser assunto para um estudo interessante.

 

PROPORÇÃO RELATIVA DOS ESPÍRITAS

 

I. ─ Em relação às nacionalidades: - Não existe, por assim dizer, nenhum país civilizado da Europa e da América onde não haja espíritas. Eles são mais numerosos nos Estados Unidos da América do Norte. Seu número aí é calculado, por uns, em quatro milhões, o que já é muito, e por outros em dez milhões. Esta última cifra evidentemente é exagerada, porque compreenderia mais de um terço da população, o que não é provável. Na Europa a cifra pode ser avaliada em um milhão, e a França figura com seiscentos mil. Pode-se estimar o número dos espíritas do mundo inteiro em seis ou sete milhões. Mesmo que fosse a metade, a História não oferece nenhum exemplo de uma doutrina que em menos de quinze anos tivesse reunido tal número de adeptos disseminados por toda a superfície do globo. Se aí incluíssemos os espíritas inconscientes, isto é, os que só o são por intuição, e mais tarde se tornarão espíritas de fato, só na França poder-se-iam contar vários milhões.

Do ponto de vista da difusão das ideias espíritas e da facilidade com que são aceitas, os principais países da Europa podem ser classificados como se segue:

1º França. ─ 2º Itália. ─ 3º Espanha. ─ 4º Rússia. ─ 5º Alemanha. ─ 6º Bélgica. ─ 7º Inglaterra. ─ 8º Suécia e Dinamarca. ─ 9º Grécia. ─ 10º Suíça.

 

II. ─ Em relação ao sexo: 70% homens e 30% mulheres.

 

III. ─ Em relação à idade: de 30 a 70 anos, máximo; de 20 a 30, médio; de 70 a 80, mínimo.

 

IV. Em relação à instrução: O grau de instrução é muito fácil de avaliar pela correspondência. Instrução cuidada, 30%; simples letrados, 30%; instrução superior, 20%; ─ semiletrados, 10%; ─ iletrados, 6%; ─ sábios oficiais, 4%.

 

V. Em relação às ideias religiosas: católicos romanos, livres-pensadores, não ligados ao dogma, 50%; ─ católicos gregos, 15%; ─ judeus, 10%; ─ protestantes liberais, 10%; ─ católicos ligados aos dogmas, 10%; ─ protestantes ortodoxos, 3%; ─ muçulmanos, 2%.

 

VI. Em relação à fortuna: mediocridade, 60%; ─ fortunas médias, 20%; ─ indigência 15%; ─ grandes fortunas, 5%.

 

VII. ─ Em relação ao estado moral, abstração feita da fortuna: aflitos, 60%; ─ sem inquietude, 30%; ─ felizes do mundo, 10%; ─ sensualistas, 0.

 

VIII. Em relação à classe social: Sem poder estabelecer qualquer proporção nesta categoria, é notório que o Espiritismo conta entre os seus aderentes vários soberanos e príncipes regentes; membros de famílias soberanas e um grande número de personagens tituladas.

Em geral, é nas classes médias que o Espiritismo conta mais adeptos. Na Rússia é mais ou menos exclusivamente na nobreza e na alta aristocracia. Na França o Espiritismo se propagou na pequena burguesia e na classe operária.

 

IX. Estado militar, segundo o grau: l.º tenentes e subtenentes; 2.º ─ suboficiais; 3.º ─ capitães; 4.º ─ coronéis; 5.º ─ médicos e cirurgiões; 6.º ─ generais; 7.º ─ guardas municipais; 8.º ─ soldados da guarda; 9.º ─ soldados de linha.

 

OBSERVAÇÃO; Os tenentes e subtenentes espíritas estão quase todos na ativa; entre os capitães há cerca de metade na ativa e outra metade na reserva; os coronéis, médicos, cirurgiões e generais, em sua maioria estão na reserva.

 

X. ─ Marinha: 1º. ─ marinha militar; 2º. ─ marinha mercante.

 

XI. ─ Profissões liberais e funções diversas. Agrupamo-los em dez categorias, classificadas segunda a proporção dos aderentes que elas forneceram ao Espiritismo:

1.º ─ Médicos homeopatas. ─ Magnetistas[1]

2.º ─ Engenheiros. ─ Professores: diretores e diretoras de internatos. ─ Professores livres.

3.º ─ Cônsules. ─ Padres católicos.

4.º ─ Pequenos empregados. ─ Músicos. ─ Artistas líricos. ─ Artistas dramáticos.

5.º ─ Meirinhos. ─ Comissários de polícia.

6.º ─ Médicos alopatas. ─ Homens de letras. ─ Estudantes.

7.º Magistrados. ─ Altos funcionários. ─ Professores oficiais e de liceus. ─ Pastores protestantes.

8.º ─ Jornalistas. ─ Pintores. ─ Arquitetos. ─ Cirurgiões.

9.º ─ Notários. ─ Advogados. ─ Procuradores. ─ Agentes de negócios.

10.º ─ Agentes de câmbio. ─ Banqueiros.

 

XII. ─ Profissões industriais, manuais e comerciais, igualmente grupadas em dez categorias.

1º ─ Alfaiates. ─ Costureiras.

2º ─ Mecânicos. ─ Empregados de estradas de ferro.

3º ─ Tecelões. ─ Pequenos negociantes. ─ Porteiros.

4º ─ Farmacêuticos. ─ Fotógrafos. ─ Relojoeiros. ─ Viajantes comerciais.

─ Plantadores. ─ Sapateiros.

6º ─ Padeiros. ─ Açougueiros. ─ Salsicheiros.

─ Marceneiros. ─ Tipógrafos.

8º ─ Grandes industriais e chefes de estabelecimentos.

─ Livreiros. ─ Impressores.

10º ─ Pintores de casas. ─ Pedreiros. ─ Serralheiros. ─ Merceeiros. ─ Domésticos.

Deste levantamento resultam as seguintes consequências:

1.º ─ Que há espíritas em todos os graus da escala social.

2.º ─ Que há mais homens que mulheres espíritas. É certo que nas famílias divididas por suas crenças, no tocante ao Espiritismo, há mais maridos contrariados pela opinião das esposas do que mulheres pela dos maridos. Não é menos evidente que, em todas as reuniões espíritas, os homens são maioria.

É portanto erradamente que a crítica pretendeu que a Doutrina recruta principalmente entre as mulheres, em virtude da sua inclinação para o maravilhoso. É precisamente o contrário, porquanto essa inclinação para o maravilhoso e para o misticismo em geral as torna mais refratárias que os homens; essa predisposição faz com que elas aceitem mais facilmente a fé cega, que dispensa qualquer exame, ao passo que o Espiritismo, não admitindo senão a fé raciocinada, exige reflexão e a dedução filosófica para ser bem compreendido, para o que a educação estreita dada às mulheres torna-as menos aptas que os homens. Aquelas que sacodem o jugo imposto à sua razão e ao seu desenvolvimento intelectual, muitas vezes caem num excesso contrário; elas tornam-se o que chamam de mulheres fortes e são de uma incredulidade mais tenaz.

3.º ─ Que a grande maioria dos espíritas se acha entre as pessoas esclarecidas e não entre as ignorantes. Por toda parte o Espiritismo se propagou de alto a baixo da escala social, e em parte alguma se desenvolveu primeiro nas camadas inferiores.

4.º ─ Que a aflição e a infelicidade predispõem às crenças espíritas, em consequência das consolações que elas proporcionam. É a razão pela qual, na maioria das categorias, a proporção dos espíritas está na razão da inferioridade hierárquica, porque é aí que há mais privações e sofrimento, ao passo que os titulares das posições superiores em geral pertencem à classe dos satisfeitos; daí há que excluir o estado militar, onde os simples soldados figuram em último lugar.

5.º ─ Que o Espiritismo encontra mais fácil acesso entre os incrédulos em matéria religiosa do que entre os que têm uma fé consolidada.

6.º ─ Enfim, que depois dos fanáticos, os mais refratários às ideias espíritas são os sensualistas e as pessoas cujos únicos pensamentos estão concentrados nas posses e nos prazeres materiais, seja qual for a classe a que pertençam, o que independe do grau de instrução.

Em resumo, o Espiritismo é acolhido como um benefício pelos que ele ajuda a suportar o fardo da vida, e é repelido ou desdenhado por aqueles a quem prejudicaria no gozo da vida. Partindo deste princípio, facilmente se explica a posição que ocupam, no quadro, certas categorias de indivíduos, malgrado as luzes que são uma condição de sua posição social. Pelo caráter, os gostos, os hábitos, o gênero de vida das pessoas, pode-se julgar antecipadamente sua aptidão para assimilar as ideias espíritas. Em alguns a resistência é uma questão de amor-próprio, que segue quase sempre o grau do saber. Quando esse saber os fez conquistar uma certa posição social que os põe em evidência, eles não querem concordar que podiam ter-se enganado e que outros podem ter visto melhor. Oferecer provas a certas pessoas é oferecer-lhes o que elas mais temem. Com medo de achá-las, eles tapam os olhos e os ouvidos, preferindo negar a priori e abrigar-se atrás de sua infalibilidade, de que estão muito convencidas, digam-lhes o que disserem.

É mais difícil compreender a posição que ocupam, nesta classificação, certas profissões industriais. Pergunta-se, por exemplo, por que os alfaiates aí ocupam a primeira posição, enquanto livreiros e impressores, profissões bem mais intelectuais, estão quase na última. É um fato constatado há muito tempo e do qual ainda não percebemos a causa.

Se, no levantamento acima, em vez de não abranger senão os espíritas de fato, tivéssemos considerado os espíritas inconscientes, aqueles nos quais essas ideias estão no estado de intuição e que fazem Espiritismo sem o saber, várias categorias certamente teriam sido classificadas diversamente: por exemplo, os literatos, os poetas, os artistas, numa palavra, todos os homens de imaginação e de inspiração, os crentes de todos os cultos estariam, sem dúvida nenhuma, no primeiro lugar. Certos povos, nos quais as crenças espíritas de certo modo são inatas, também ocupariam outra posição. Eis por que essa classificação não poderia ser absoluta, e modificar-se-á com o tempo.

Os médicos homeopatas estão à frente das profissões liberais porque, com efeito, é aquela que, guardadas as proporções, conta nas suas fileiras o maior número de adeptos do Espiritismo: em cem médicos espíritas, há pelo menos oitenta homeopatas. Isto se deve ao fato que o próprio princípio de sua medicação os conduz ao espiritualismo. Os materialistas são muito raros entre eles, se é que existem, ao passo que são numerosos entre os alopatas. Melhor que estes últimos, eles compreenderam o Espiritismo, porque acharam nas propriedades fisiológicas do perispírito, unido ao princípio material e ao princípio espiritual, a razão de ser de seu sistema. Pelo mesmo motivo, os espíritas puderam, melhor que outros, compreender os efeitos desse modo de tratamento. Sem serem exclusivos a respeito da homeopatia, e sem rejeitar a alopatia, eles compreenderam a sua racionalidade e a sustentaram contra ataques injustos. Achando novos defensores entre os espíritas, os homeopatas não tiveram a inabilidade de lhes atirar pedras.

Se os magnetistas figuram na primeira linha, logo após os homeopatas, malgrado a oposição persistente e por vezes acerba de alguns, é que os oponentes não formam senão uma pequeníssima minoria ao lado da massa dos que são, pode-se dizer, espíritas por intuição. O Magnetismo e o Espiritismo são, com efeito, duas ciências gêmeas, que se completam e se explicam uma pela outra, e aquela das duas que não quer imobilizar-se não pode chegar ao seu complemento sem se apoiar na sua congênere; isoladas uma da outra, detêm-se num impasse; elas são reciprocamente como a Física e a Química, a Anatomia e a Fisiologia. A maioria dos magnetistas compreende de tal modo por intuição a relação íntima que deve existir entre as duas coisas, que geralmente se prevalecem de seus conhecimentos em magnetismo como meio de introdução junto aos espíritas.

Em todos os tempos os magnetistas estiveram divididos em dois campos: os espiritualistas e os fluidistas. Estes últimos, muito menos numerosos, fazendo mais ou menos abstração do princípio espiritual, quando não o negam absolutamente, atribuem tudo à ação do fluido material; eles estão, por conseguinte, em oposição de princípios com os espíritas. Ora, é de notar que, se nem todos os magnetistas são espíritas, todos os espíritas, sem exceção, admitem o magnetismo. Em todas as circunstâncias eles se fizeram seus defensores e baluartes. Eles devem ter-se admirado de encontrar adversários mais ou menos malévolos nesses mesmos cujas fileiras acabavam de reforçar; que, depois de terem sido, durante mais de meio século, vítimas de ataques, de troças e de perseguições de toda espécie, por sua vez atirem pedras, sarcasmos e por vezes injúrias aos colaboradores que lhes chegam e comecem a pesar na balança, por seu número.

Ademais, como dissemos, essa oposição está longe de ser geral, muito pelo contrário; pode-se afirmar, sem se afastar da verdade, que ela não chega a mais de 2% a 3% da totalidade dos magnetistas. Ela é muito menor ainda entre os da província e do estrangeiro do que de Paris.

 



[1] O Vocábulo magnetizador desperta a ideia de ação; o de magnetista uma ideia de adesão. O magnetizador é o que exerce por profissão ou outra coisa. Pode-se ser magnetista sem ser magnetizador. Dir-se-á: um magnetizador experimentado e um magnetista convicto.


Un dénombrement exact des spirites serait chose impossible, comme nous l'avons déjà dit, par une raison très simple, c'est que le spiritisme n'est ni une association, ni une congrégation; ses adhérents ne sont inscrits sur aucun registre officiel. Il est bien reconnu qu'on n'en saurait évaluer le chiffre par le nombre et l'importance des sociétés, fréquentées seulement par une infime minorité. Le Spiritisme est une opinion qui n'exige aucune profession de foi, et peut s'étendre à tout ou partie des principes de la doctrine. Il suffit de sympathiser avec l'idée pour être spirite; or, cette qualité n'étant conférée par aucun acte matériel, et n'impliquant que des obligations morales, il n'existe aucune base fixe pour déterminer le nombre des adeptes avec précision. On ne peut l'estimer que d'une manière approximative par les relations et par le plus ou moins de facilité avec laquelle l'idée se propage. Ce nombre augmente chaque jour dans une proportion considérable: c'est un fait positif reconnu par les adversaires eux-mêmes; l'opposition diminue, preuve évidente que l'idée rencontre de plus nombreuses sympathies.

On comprend, d'ailleurs, que ce n'est que par l'ensemble, et non sur l'état des localités considérées isolément, qu'on peut baser une appréciation; il y a, dans chaque localité, des éléments plus ou moins favorables en raison de l'état particulier des esprits et aussi des résistances plus ou moins influentes qui s'y exercent; mais cet état est variable, car telle localité qui s'était montrée réfractaire pendant plusieurs années, devient tout à coup un foyer. Lorsque les éléments d'appréciation auront acquis plus de précision, il sera possible de faire une carte teintée, sous le rapport de la diffusion des idées spirites, comme on en a fait pour l'instruction. En attendant, on peut affirmer, sans exagération, qu'en somme le nombre des adeptes a centuplé depuis dix ans, malgré les manœuvres employées pour étouffer l'idée, et contrairement aux prévisions de tous ceux qui s'étaient flattés de l'avoir enterrée. Ceci est un fait acquis, et dont il faut bien que les antagonistes prennent leur parti.

Nous ne parlons ici que de ceux qui acceptent le Spiritisme en connaissance de cause, après l'avoir étudié, et non de ceux, bien plus nombreux encore, chez lesquels ces idées sont à l'état d'intuition, et auxquels il ne manque que de pouvoir définir leurs croyances avec plus de précision et d'y donner un nom pour être spirites avoués. C'est un fait bien avéré que l'on constate chaque jour, depuis quelque temps surtout, que les idées spirites semblent innées chez une foule d'individus qui n'ont jamais entendu parler du Spiritisme; on ne peut dire qu'ils aient subi une influence quelconque, ni suivi l'impulsion d'une coterie. Que les adversaires expliquent, s'ils le peuvent, ces pensées qui naissent en dehors et à côté du Spiritisme! Ce ne serait certainement pas un système préconçu dans le cerveau d'un homme qui aurait pu produire un tel résultat; il n'y a pas de preuve plus évidente que ces idées sont dans la nature, ni de meilleure garantie de leur vulgarisation dans l'avenir et de leur perpétuité. A ce point de vue on peut dire que les trois quarts au moins de la population de tous les pays possèdent le germe des croyances spirites, puisqu'on les trouve chez ceux-mêmes qui y font de l'opposition. L'opposition, chez la plupart, vient de l'idée fausse qu'ils se font du Spiritisme; ne le connaissant, en général, que par les ridicules tableaux qu'en a faits la critique malveillante ou intéressée à le décrier, ils récusent avec raison la qualité de spirite. Certes, si le Spiritisme ressemblait aux peintures grotesques qu'on en a faites, s'il se composait des croyances et des pratiques absurdes qu'on s'est plu à lui prêter, nous serions le premier à répudier le titre de spirite. Quand donc ces mêmes personnes sauront que la doctrine n'est autre que la coordination et le développement de leurs propres aspirations et de leurs pensées intimes, elles l'accepteront; ce sont incontestablement des spirites futurs, mais, en attendant, nous ne les comprenons pas dans nos évaluations.

Si une statistique numérique est impossible, il en est une autre, plus instructive peut-être, et pour laquelle il existe des éléments que nous fournissent nos relations et notre correspondance; c'est la proportion relative des Spirites suivant les professions, les positions sociales, les nationalités, les croyances religieuses, etc., en tenant compte de cette circonstance que certaines professions, comme les officiers ministériels, par exemple, sont en nombre limité, tandis que d'autres, comme les industriels et les rentiers, sont en nombre indéfini. Toute proportion gardée, on peut voir quelles sont les catégories où le Spiritisme a trouvé, jusqu'à ce jour, le plus d'adhérents. Dans quelques-unes, la proportion a pu être établie à tant pour cent avec assez de précision, sans toutefois prétendre qu'elle le soit avec une rigueur mathématique; les autres catégories ont simplement été classées en raison du nombre d'adeptes qu'elles ont fourni, en commençant par celles qui en comptent le plus, ce dont la correspondance et les listes d'abonnés à la Revue peuvent donner les éléments. Le tableau ci-après est le résultat du relevé de plus de dix mille observations.

Nous constatons le fait, sans chercher ni discuter la cause de cette différence, ce qui pourrait, néanmoins, faire le sujet d'une étude intéressante.

 

Proportion relative des spirites.

I. Sous le rapport des nationalités. - Il n'existe, pour ainsi dire, aucun pays civilisé d'Europe et d'Amérique où il n'y ait des spirites. Celui où ils sont le plus nombreux, ce sont les États-Unis de l'Amérique du Nord. Leur nombre y est évalué, par les uns, à quatre millions, ce qui est déjà beaucoup, et par d'autres à dix millions. Ce dernier chiffre est évidemment exagéré, car il comprendrait plus du tiers de la population, ce qui n'est pas probable. En Europe, le chiffre peut être évalué à un million, dans lequel la France figure pour environ six cent mille. On peut estimer le nombre des spirites du monde entier de six à sept millions. Quand il ne serait que de moitié, l'histoire n'offre aucun exemple d'une doctrine qui, en moins de quinze ans, ait réuni un pareil nombre d'adeptes disséminés sur toute la surface du globe. Si l'on y comprenait les spirites inconscients, c'est-à-dire ceux qui ne le sont que par intuition, et deviendront plus tard spirites de fait, en France seulement, on pourrait en compter plusieurs millions.

Au point de vue de la diffusion des idées spirites, et de la facilité avec laquelle elles sont acceptées, les principaux États de l'Europe peuvent être classés ainsi qu'il suit:

1° France. – 2° Italie. – 3° Espagne. – 4° Russie. – 5° Allemagne. – 6° Belgique. – 7° Angleterre. – 8° Suède et Danemark. – 9° Grèce. – 10° Suisse.

II. Sous le rapport du sexe; sur 100: hommes, 70; – femmes, 30.

III. Sous le rapport de l'âge; de 30 à 70 ans, maximum; – de 20 à 30, nombre moyen; – de 70 à 80, minimum.

IV. Sous le rapport de l'instruction. Le degré d'instruction est très facile à apprécier par la correspondance; sur 100: instruction soignée, 30; – simples lettrés, 30; – instruction supérieure, 20; – demi-lettrés, 10; – illettrés, 6; – savants officiels, 4.

V. Sous le rapport des idées religieuses; sur 100: catholiques romains, libres penseurs, non attachés au dogme, 50; – catholiques grecs, 15; – juifs, 10; protestants libéraux, 10; catholiques attachés aux dogmes, 10; – protestants orthodoxes, 3; – musulmans, 2.

VI. Sous le rapport de la fortune; sur 100: médiocrité, 60; – fortunes moyennes, 20; – indigence, 15; – grandes fortunes, 5.

VII. Sous le rapport de l'état moral, abstraction faite de la fortune; sur 100: affligés, 60; – sans inquiétude, 30; – heureux du monde, 10; – sensualistes, 0.

VIII. Sous le rapport du rang social. Sans pouvoir établir aucune proportion dans cette catégorie, il est de notoriété que le Spiritisme compte parmi ses adhérents: plusieurs souverain et princes régnants; des membres de familles souveraines, et un grand nombre de personnages titrés.

En général, c'est dans les classes moyennes que le Spiritisme compte le plus d'adeptes; en Russie, c'est à peu près exclusivement dans la noblesse et la haute aristocratie; c'est en France qu'il s'est propagé le plus dans la petite bourgeoisie et la classe ouvrière.

IX. État militaire; selon le grade: 1° lieutenants et sous-lieutenants; – 2° sous-officiers; – 3° capitaines; – 4° colonels; – 5° médecins et chirurgiens; – 6° généraux; – 7° gardes municipaux; – 8° soldats de la garde; – 9° soldats de la ligne.

Remarque. Les lieutenants et sous-lieutenants spirites sont presque tous en activité de service; parmi les capitaines, il y en a environ la moitié en activité, et l'autre moitié en retraite; les colonels, médecins, chirurgiens et généraux en retraite sont en majorité.

X. Marine: 1° marine militaire; – 2° marine marchande.

XI. Profession libérales et fonctions diverses. Nous les avons groupées en dix catégories, classées selon la proportion des adhérents qu'elles ont fournis au Spiritisme.

1° Médecins homéopathes. – Magnétistes  1.

2° Ingénieurs. – Instituteurs; maîtres et maîtresses de pension. – Professeurs libres.

3° Consuls. – Prêtres catholiques.

4° Petits employés. – Musiciens. – Artistes lyriques. – Artistes dramatiques.

5° Huissiers. – Commissaires de police.

6° Médecins allopathes. – Hommes de lettres. – Étudiants.

7° Magistrats. – Hauts fonctionnaires. – Professeurs officiels et des lycées. – Pasteurs protestants.

8° Journalistes. – Artistes peintres. – Architectes. – Chirurgiens.

9° Notaires. – Avocats. – Avoués. – Agents d'affaires.

10° Agents de change. – Banquiers.

XII. Professions industrielles, manuelles et commerciales, également groupées en dix catégories.

1° Tailleurs d'habits. – Couturières. 2° Mécaniciens. – Employés des chemins de fer. 3° Ouvriers tisseurs. – Petits marchands – Concierges.

4° Pharmaciens. – Photographes. – Horlogers. – Voyageurs de commerce.

5° Cultivateurs. – Cordonniers.

6° Boulangers. – Bouchers. - Charcutiers.

7° Menuisiers. – Ouvriers typographes.

8° Grands industriels et chefs d'établissement. 9° Libraires. – Imprimeurs.

10° Peintres en bâtiments. – Maçons. – Serruriers. – Épiciers. – Domestiques.

De ce relevé, résultent les conséquences suivantes:

1° Qu'il y a des spirites à tous les degrés de l'échelle sociale;

2° Qu'il y a plus d'hommes que de femmes spirites. Il est certain que, dans les familles divisées par leur croyance touchant le Spiritisme, il y a plus de maris contrecarrés par l'opposition de leurs femmes que de femmes par celle de leurs maris. Il n'est pas moins constant que, dans toutes les réunions spirites, les hommes sont en majorité.

C'est donc à tort que la critique a prétendu que la doctrine s'est principalement recrutée parmi les femmes à cause de leur penchant au merveilleux. C'est précisément, au contraire, ce penchant au merveilleux et au mysticisme qui les rend, en général, plus réfractaires que les hommes; cette prédisposition leur fait accepter plus facilement la foi aveugle qui dispense de tout examen, tandis que le Spiritisme, n'admettant que la foi raisonnée, exige la réflexion et la déduction philosophique pour être bien compris, ce à quoi l'éducation étroite donnée aux femmes, les rend moins aptes que les hommes. Celles qui secouent le joug imposé à leur raison et à leur développement intellectuel, tombent souvent dans un excès contraire; elles deviennent ce qu'elles appellent des femmes fortes, et sont d'une incrédulité plus tenace;

3° Que la grande majorité des spirites se trouve parmi les gens éclairés et non parmi les ignorants. Partout le Spiritisme s'est propagé du haut en bas de l'échelle sociale, et nulle part il ne s'est développé en premier lieu dans les rangs inférieurs;

4° Que l'affliction et le malheur prédisposent aux croyances spirites, par suite des consolations qu'elles procurent. C'est la raison pour laquelle, dans la plupart des catégories, la proportion des spirites est en raison de l'infériorité hiérarchique, parce que c'est là qu'il y a le plus de besoins et de souffrances, tandis que les titulaires des positions supérieures appartiennent, en général, à la classe des satisfaits; il faut en excepter l'état militaire où les simples soldats figurent en dernier;

5° Que le Spiritisme trouve un plus facile accès parmi les incrédules en matières religieuses que parmi ceux qui ont une foi arrêtée;

6° Enfin, qu'après les fanatiques, les plus réfractaires aux idées spirites sont les sensualistes et les gens dont toutes les pensées sont concentrées sur les possessions et les jouissances matérielles, à quelque classe qu'ils appartiennent, ce qui est indépendant du degré d'instruction.

En résumé, le Spiritisme est accueilli comme un bienfait par ceux qu'il aide à supporter le fardeau de la vie, et il est repoussé ou dédaigné par ceux qu'il gênerait dans la jouissance de la vie. En partant de ce principe, on s'explique aisément le rang qu'occupent, dans ce tableau, certaines catégories d'individus, malgré les lumières qui sont une condition de leur position sociale. Par le caractère, les goûts, les habitudes, le genre de vie des personnes, on peut juger d'avance de leur aptitude à s'assimiler les idées Spirites. Chez quelques-uns, la résistance est une question d'amour-propre, qui suit presque toujours le degré du savoir; quand ce savoir leur a fait conquérir une certaine position sociale qui les met en évidence, ils ne veulent pas convenir qu'ils ont pu se tromper et que d'autres peuvent avoir vu plus juste. Offrir des preuves à certaines gens, c'est leur offrir ce qu'ils redoutent le plus; et de peur d'en rencontrer, ils se bouchent les yeux et les oreilles, préférant nier à priori et s'abriter derrière leur infaillibilité, dont ils sont bien convaincus, quoi qu'ils en disent.

On s'explique moins facilement la cause du rang qu'occupent, dans cette classification, certaines professions industrielles. On se demande, par exemple, pourquoi les tailleurs y occupent le premier rang, tandis que la librairie et l'imprimerie, professions bien plus intellectuelles, sont presque au dernier. C'est un fait constaté depuis longtemps et dont nous ne nous sommes pas encore rendu compte.

Si, dans le relevé ci-dessus, au lieu de ne comprendre que les spirites de fait, on eût considéré les spirites inconscients, ceux en qui ces idées sont à l'état d'intuition et qui font du Spiritisme sans le savoir, plusieurs catégories auraient certainement été classées différemment; les littérateurs, par exemple, les poètes, les artistes, en un mot, tous les hommes d'imagination et d'inspiration, les croyants de tous les cultes seraient, sans nul doute, au premier rang. Certains peuples, chez lesquels les croyances spirites sont en quelque sorte innées, occuperaient aussi une autre place. C'est pourquoi cette classification ne saurait être absolue, et se modifiera avec le temps.

Les médecins homéopathes sont en tête des professions libérales, parce qu'en effet, c'est celle qui, proportion gardée, compte dans ses rangs le plus grand nombre d'adhérents au Spiritisme; sur cent médecins spirites, il y a au moins quatre-vingts homéopathes. Cela tient à ce que le principe même de leur médication les conduit au spiritualisme; aussi les matérialistes sont-ils très rares parmi eux, si même il y en a, tandis qu'ils sont nombreux chez les allopathes. Mieux que ces derniers ils ont compris le Spiritisme, parce qu'ils ont trouvé dans les propriétés physiologiques du périsprit, uni au principe matériel et au principe spirituel, la raison d'être de leur système. Par le même motif, les spirites ont pu, mieux que d'autres, se rendre compte des effets de ce mode de traitement. Sans être exclusifs à l'endroit de l'homéopathie, et sans rejeter l'allopathie, ils en ont compris la rationalité, et l'ont soutenue contre des attaques injustes. Les homéopathes, trouvant de nouveaux défenseurs dans les spirites, n'ont pas eu la maladresse de leur jeter la pierre.

Si les magnétistes figurent au premier rang, toutefois après les homéopathes, malgré l'opposition persistante et souvent acerbe de quelques-uns, c'est que les opposants ne forme qu'une très petite minorité auprès de la masse de ceux qui sont, on peut le dire, spirites d'intuition. Le magnétisme et le Spiritisme sont, en effet, deux sciences jumelles, qui se complètent et s'expliquent l'une par l'autre, et dont celle des deux qui ne veut pas s'immobiliser, ne peut arriver à son complément sans s'appuyer sur sa congénère; isolées l'une de l'autre, elles s'arrêtent dans une impasse; elles sont réciproquement comme la physique et la chimie, l'anatomie et la physiologie. La plupart des magnétistes comprennent tellement par intuition le rapport intime qui doit exister entre les deux choses, qu'ils se prévalent généralement de leurs connaissances en magnétisme, comme moyen d'introduction auprès des spirites.

De tout temps, les magnétistes ont été divisés en deux camps: les spiritualistes et les fluidistes; ces derniers, de beaucoup les moins nombreux, faisant tout au moins abstraction du principe spirituel, lorsqu'ils ne le nient pas absolument, rapportent tout à l'action du fluide matériel; ils sont, par conséquent, en opposition de principe avec les spirites. Or, il est à remarquer que, si tous les magnétistes ne sont pas spirites, tous les spirites, sans exception, admettent le magnétisme. En toutes circonstances, ils s'en sont faits les défenseurs et les soutiens. Ils ont donc dû s'étonner de trouver des adversaires plus ou moins malveillants dans ceux-mêmes dont ils venaient renforcer les rangs; qui, après avoir été, pendant plus d'un demi-siècle en butte aux attaques, aux railleries et aux persécutions de toutes sortes, jettent, à leur tour, la pierre, les sarcasmes et souvent l'injure aux auxiliaires qui leur arrivent, et commencent à peser dans la balance par leur nombre.

Du reste, comme nous l'avons dit, cette opposition est loin d'être générale, bien au contraire; on peut affirmer, sans s'écarter de la vérité, qu'elle n'est pas dans la proportion de plus de 2 à 3 p. cent sur la totalité des magnétistes; elle est beaucoup moindre encore parmi ceux de la province et de l'étranger que de Paris.

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1-Le mot magnétiseur réveille une idée d'action: celui de magnétiste une idée d'adhésion. Le magnétiseur est celui qui exerce par profession ou autrement; on peut être magnétiste sans être magnétiseur, on dira: un magnétiseur expérimenté, et un magnétiste convaincu


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