Os irmãos Davenport, que neste momento atraem a atenção em tão alto grau, são dois jovens de vinte e quatro e vinte cinco anos, nascidos em Buffalo, no Estado de Nova Iorque e que se apresentam em público como médiuns. Contudo, sua faculdade é limitada a efeitos exclusivamente físicos, dos quais o mais notável consiste em se fazerem amarrar com cordas de maneira inextricável e a serem desatados instantaneamente por uma força invisível, a despeito de todas as precauções tomadas para verificar que são incapazes de fazê-lo por si próprios. A isto juntam outros fenômenos mais conhecidos, como o transporte de objetos pelo espaço, o toque espontâneo de instrumentos de música, a aparição de mãos luminosas, a apalpação por mãos invisíveis, etc. Os Srs. Didier, editores do Livro dos Espíritos, acabam de publicar uma tradução de sua biografia, contendo o relato minucioso dos efeitos que produzem e que, salvo as cordas, têm numerosos pontos de semelhança com os do Sr. Home. A emoção que a presença deles causou na Inglaterra e em Paris dá a essa obra um forte interesse de atualidade. Seu biógrafo inglês, o Dr. Nichols, pois não foram eles que escreveram o livro, mas forneceram os documentos, limitou-se ao relato dos fatos sem explicações; mas os editores franceses tiveram a feliz ideia de juntar à sua publicação, para esclarecimento das pessoas estranhas ao Espiritismo, nossos dois opúsculos: Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas e O Espiritismo na sua Expressão mais Simples, com numerosas notas explicativas no corpo do texto. Assim, nessa obra encontrar-se-ão os ensinamentos desejáveis sobre o caso desses senhores, em cujos detalhes não podemos entrar, pois temos que encarar a questão de outro ponto de vista. Diremos apenas que sua aptidão para produzir esses fenômenos se revelou de maneira espontânea, desde a sua infância. Durante vários anos eles percorreram as principais cidades da América setentrional, onde adquiriram certa reputação. Em setembro de 1864 vieram à Inglaterra, onde produziram viva sensação. Alternativamente foram ali aclamados, denegridos, ridicularizados e até injuriados pela imprensa e pelo público. Notadamente em Liverpool foram objeto da mais insigne malevolência, a ponto de verem comprometida sua segurança pessoal. As opiniões sobre eles se dividiram: Segundo uns, não passavam de hábeis charlatães; segundo outros, eram de boa-fé e podia-se admitir uma causa oculta para seus fenômenos; mas, em suma, ali conquistaram muito poucos prosélitos à ideia espírita propriamente dita. Naquele país essencialmente religioso, o bom-senso natural repelia o pensamento que seres espirituais viessem revelar sua presença por exibições teatrais e demonstrações de força. Sendo ali pouco conhecida a filosofia espírita, o público confundiu Espiritismo com essas representações, e construiu opinião mais contrária do que favorável à doutrina. É verdade que na França o Espiritismo começou pelas mesas girantes, mas em condições muito diferentes. Tendo-se revelado imediatamente a mediunidade em grande número de pessoas de todas as idades e de ambos os sexos, e nas famílias mais respeitáveis, os fenômenos se produziram em condições que excluíam qualquer pensamento de charlatanismo; cada um pôde certificar-se por si mesmo, na intimidade, e por observações repetidas, da realidade dos fatos aos quais foi ligado um poderoso interesse quando, saindo dos efeitos puramente materiais que nada diziam à razão, viram as consequências morais e filosóficas deles decorrentes. Se, em vez disto, esse gênero de mediunidade primitiva tivesse sido privilégio de alguns indivíduos isoladas e tivesse sido preciso ir para a frente dos tablados comprar a fé, há muito não se falaria mais dos Espíritos. A fé nasce da impressão moral. Ora, tudo o que é de natureza a produzir uma impressão má, a repele em vez de provocá-la. Haveria hoje muito menos incrédulos, em relação ao Espiritismo, se os fenômenos sempre tivessem sido apresentados de maneira séria. O incrédulo, naturalmente disposto à troça, não pode ser levado a tomar a sério o que é cercado de circunstâncias que não impõem respeito nem confiança. A crítica, que não se dá ao trabalho de aprofundar, forma sua opinião sobre uma primeira aparência desfavorável e confunde o bom e o mau numa mesma reprovação. Muito poucas convicções se formaram em reuniões de caráter público, ao passo que a imensa maioria saiu das reuniões íntimas, onde a notória honorabilidade dos membros podia inspirar toda confiança e desafiar toda suspeita de fraude. Na última primavera, depois de haver explorado a Inglaterra, os irmãos Davenport vieram a Paris. Algum tempo antes de sua chegada, uma pessoa veio ver-nos, da parte deles, para pedir que nós os apoiássemos, em nossa Revista. Mas sabe-se que não nos entusiasmamos facilmente, mesmo pelas coisas que conhecemos e, com mais forte razão, pelas que não conhecemos. Assim, não pudemos prometer um concurso antecipado, tendo por hábito só falar com conhecimento de causa. Na França, onde eles só eram conhecidos pelos relatos contraditórios dos jornais, a opinião, como na Inglaterra, estava dividida a seu respeito. Assim, não podíamos, prematuramente, formular uma censura, que poderia ter sido injusta, nem uma aprovação, da qual teriam podido prevalecer-se. Por isto nos abstivemos. Em chegando, foram morar no pequeno castelo de Gennevilliers, perto de Paris, onde ficaram vários meses, sem dar ao público notícia de sua presença. Ignoramos o motivo dessa abstenção. Nos últimos dias eles fizeram algumas sessões particulares, de que os jornais deram notícia de um modo mais ou menos pitoresco. Enfim, foi anunciada sua primeira sessão pública para 12 de setembro na sala Hertz. Conhece-se o desfecho deplorável dessa sessão que renovou, em escala menor, as cenas tumultuosas de Liverpool, na qual um dos espectadores, pulando para o estrado, quebrou o aparelho desses senhores e, mostrando uma tábua, exclamou: “Eis o truque!” Esse ato inqualificável num país civilizado, levou a confusão ao cúmulo. Não tendo terminado a sessão, devolveram o dinheiro ao público. Mas, como tinham sido doados muitos bilhetes, o caixa constatou um déficit de setecentos francos, ficando assim provado que setenta assistentes que entraram gratuitamente haviam saído com dez francos a mais no bolso, sem dúvida para se indenizarem dos gastos do passeio. A polêmica que se estabeleceu a respeito dos irmãos Davenport oferece vários pontos instrutivos, que vamos examinar. A primeira pergunta que os próprios espíritas se fizeram foi esta: Esses senhores são ou não são médiuns? Todos os fatos relatados em sua biografia entram no círculo das possibilidades mediúnicas, porque efeitos análogos, notoriamente autênticos, foram obtidos muitas vezes sob a influência de médiuns sérios. Se os fatos, por si mesmos, são admissíveis, as condições em que eles se produzem, temos que convir, ensejam a suspeita. A que choca logo à primeira vista é a necessidade da obscuridade, que evidentemente facilita a fraude. Mas isto não seria uma objeção sólida. Os efeitos mediúnicos absolutamente nada têm de sobrenatural; todos, sem exceção, são devidos à combinação dos fluidos próprios do Espírito e do médium; esses fluidos, embora imponderáveis, não deixam de ser matéria sutil. Há, pois, aí uma causa e um efeito de certo modo materiais, o que nos levou sempre a dizer que, sendo os fenômenos espíritas baseados nas leis da Natureza, eles nada têm de miraculosos. Como muitos outros fenômenos, eles só nos pareceram miraculosos porque não se conheciam suas leis. Hoje, conhecidas essas leis, desaparecem o sobrenatural e o maravilhoso, dando lugar à realidade. Assim, não há um só espírita que se atribua o dom dos milagres. É isto o que os críticos saberiam, se se dessem ao trabalho de estudar aquilo de que falam. Para voltar à questão da obscuridade, sabe-se que em química há combinações que não se podem operar à luz; que ocorrem composições e decomposições sob a ação do fluido luminoso. Ora, sendo todos os fenômenos espíritas, como dissemos, o resultado de combinações fluídicas, e esses fluidos sendo da matéria, nada haveria de estranho que em certos casos o fluido luminoso fosse contrário a essa combinação. Uma objeção mais séria é a pontualidade com que se produzem os fenômenos, em dias e horas certas e à vontade. Esta submissão ao capricho de certos indivíduos é contrária a tudo quanto se sabe da natureza dos Espíritos, e a repetição facultativa de um fenômeno qualquer sempre foi considerada e em princípio deve ser considerada como legitimamente suspeita, mesmo em caso de desinteresse, e com mais forte razão quando se trata de exibições públicas feitas com objetivo de lucro, às quais repugna à razão pensar que Espíritos possam submeter-se. A mediunidade é uma aptidão natural inerente ao médium, como a faculdade de produzir sons é inerente a um instrumento; mas, da mesma forma que para que um instrumento toque uma ária é preciso um músico, para que um médium produza efeitos mediúnicos são necessários os Espíritos. Os Espíritos vêm quando querem e quando podem, donde resulta que o médium melhor dotado por vezes nada obtém. Então, ele é como um instrumento sem músico. É o que se vê todos os dias; é o que acontecia ao Sr. Home, que muitas vezes ficava meses inteiros sem nada produzir, a despeito de seu desejo, ainda que em presença de um soberano. Resulta, portanto, da própria essência da mediunidade, e se pode estabelecer como princípio ABSOLUTO, que um médium jamais está seguro de receber um efeito determinado qualquer, porque isso não depende dele. Afirmar o contrário seria provar completa ignorância dos mais elementares princípios da ciência espírita. Para prometer a produção de um fenômeno com hora marcada, é preciso ter à disposição meios materiais que não vêm dos Espíritos. É este o caso dos irmãos Davenport? Ignoramo-lo. O julgamento cabe aos que acompanharam as suas experiências. Falaram de desafios, de apostas propostas a quem fizesse as melhores mágicas. Os Espíritos não são fazedores de peripécias e jamais um médium sério entrará em luta com alguém e, ainda menos, com um prestidigitador. Este dispõe de meios próprios; o outro é o instrumento passivo de uma vontade estranha, livre, independente e da qual ninguém pode dispor sem seu consentimento. Se o prestidigitador diz que faz mais que os médiuns, deixai-o dizer. Ele tem razão, pois age na certa; diverte o público: é seu propósito; gaba-se: é seu papel; faz a sua propaganda: é uma necessidade da posição. O médium sério, sabendo que não tem nenhum mérito pessoal no que faz, é modesto; não pode envaidecer-se do que não é produto de seu talento, nem prometer o que de si não depende. Contudo, os médiuns fazem algo mais. Por seu intermédio os bons Espíritos inspiram a caridade e a benevolência para com todos; ensinam aos homens a se olharem como irmãos, sem distinção de castas nem de seitas; a perdoar aos que lhes dizem injúrias; a vencer as más inclinações; a suportar com paciência as misérias da vida; a olhar a morte sem medo, pela certeza da vida futura. Eles dão consolo aos aflitos, coragem aos fracos, esperança aos que não acreditavam, etc. Eis o que não ensinam nem as mágicas dos prestidigitadores, nem as dos Srs. Davenport. As condições inerentes à mediunidade não poderiam, assim, prestar-se à regularidade e à pontualidade, que são a condição indispensável das sessões a hora certa, onde, a qualquer preço, é preciso satisfazer o público. Se, entretanto, os Espíritos se prestassem a manifestações desse gênero, o que não seria radicalmente impossível, porquanto há Espíritos de todos os graus possíveis de adiantamento, eles não poderiam ser, em todo caso, senão Espíritos de baixa classe, porque seria soberanamente absurdo pensar que Espíritos, por pouco elevados que fossem, viessem divertir-se fazendo exibições. Mas, mesmo nesta hipótese, o médium não deixaria de estar à mercê de tais Espíritos, que pedem deixá-lo no momento em que sua presença fosse mais necessária e fazer falhar a representação ou a consulta. Ora, como antes de tudo é preciso contentar ao que paga, se os Espíritos não comparecerem, tratam de dispensá-los; com um pouco de habilidade é fácil fazer a mudança. É o que acontece muitas vezes a médiuns originariamente dotados de faculdades reais, mas insuficientes para o objetivo a que se propõem. De todos os fenômenos espíritas, os que melhor se prestam à imitação são os efeitos físicos. Ora, se bem que as manifestações reais tenham um caráter distintivo e só se produzam em condições especiais bem determinadas, a imitação pode aproximá-las da realidade, a ponto de iludir as pessoas, sobretudo as que não conhecem as leis dos fenômenos verdadeiros. Mas pelo fato de poderem ser imitados, seria ilógico concluir que não existem, assim como ilógico seria pretender que não haja diamantes verdadeiros porque há diamantes artificiais. Aqui não fazemos qualquer aplicação pessoal. Damos os princípios fundados na experiência e na razão, de onde tiramos esta consequência: que um exame escrupuloso, feito com perfeito conhecimento dos fenômenos espíritas, é o único que permite distinguir a trapaça da mediunidade real. E acrescentamos que a melhor de todas as garantias é o respeito e a consideração que se ligam à pessoa do médium, sua moralidade, sua notória honorabilidade, seu desinteresse absoluto, material e moral. Ninguém discordaria que em tais circunstâncias as qualidades do indivíduo não constituam um precedente que impressiona favoravelmente, porque afastam até a suspeita de fraude. Não julgamos os Srs. Davenport, e longe de nós pôr em dúvida a sua honorabilidade. Mas, à parte as qualidades morais, das quais não temos nenhum motivo de suspeita, é preciso confessar que eles se apresentam em condições pouco favoráveis para atestar seu título de médiuns, e que é no mínimo com grande leviandade que certos críticos se apressaram em qualificá-los de apóstolos e sumo sacerdotes da Doutrina. O objetivo de sua viagem à Europa está claramente definido nesta passagem de sua biografia: “Creio, sem cometer erro, que foi a 27 de agosto que os irmãos Davenport deixaram Nova Iorque, trazendo consigo, por causa de uma debilidade sobrevinda ao Sr. William Davenport, um ajudante na pessoa do Sr. William Fay, que não deve ser confundido com o Sr. H. Melleville Fay que, segundo não sei que gênero de autoridade, ao que se diz, foi descoberto no Canadá, tentando produzir manifestações semelhantes, ou pelo menos parecidas. Eles estavam acompanhados pelo Sr. Palmer, muito conhecido como empresário e agente de negócios no mundo dramático e lírico, e a quem, graças à sua experiência, foi confiada a parte material e econômica do empreendimento.” Está, pois, constatado que foi um empreendimento conduzido por um empresário e agente de negócios dramáticos. Os fatos relatados na biografia estão, ao que nos disseram, nas possibilidades mediúnicas; a idade e as circunstâncias em que começaram a se manifestar afastam o pensamento de charlatanice. Tudo tende, pois, a provar que esses jovens eram realmente médiuns de efeitos físicos, como se encontram muitos em seu país, onde a exploração dessa faculdade tornou-se hábito e nada tem de chocante para a opinião pública. Se eles ampliaram as suas faculdades naturais, como o fizeram outros médiuns exploradores, para aumentar o seu prestígio e suprir a falta de flexibilidade dessas mesmas faculdades, é o que não afirmamos, pois não temos qualquer prova. Mas, admitindo a integridade dessas faculdades, diremos que se iludiram quanto ao acolhimento do público europeu, pois foram apresentadas sob a forma de espetáculo de curiosidade e em condições tão contrárias aos princípios do Espiritismo filosófico, moral e religioso. Os espíritas sinceros e esclarecidos, que aqui são numerosos, sobretudo na França, não podiam aclamá-los em tais condições, nem considerá-los como apóstolos, mesmo supondo uma perfeita sinceridade da parte deles. Quanto aos incrédulos, cujo número é tão grande e que ainda dominam na imprensa, a ocasião de exercer sua veia trocista era muito bela para que a deixassem escapar. Aqueles senhores ofereceram, assim, o flanco à mais larga crítica e lhes deram o direito que cada um compra na bilheteria de um espetáculo qualquer. Ninguém duvida que, se se tivessem apresentado em condições mais sérias, teriam tido outra acolhida; teriam fechado a boca dos detratores. Um médium é forte quando pode dizer corajosamente: “Quanto vos custou vir aqui, e quem vos obrigou a vir? Deus me deu uma faculdade que me pode retirar quando lhe aprouver, como me pode retirar a visão ou a palavra. Só a utilizo para o bem, no interesse da verdade e não para satisfazer a curiosidade ou servir aos meus interesses. Dela só recolho o trabalho do devotamento; nem mesmo procuro a satisfação do amor-próprio, porque ela não depende de mim. Considero-a como uma coisa santa, porque me põe em relação com o mundo espiritual e me permite dar a fé aos incrédulos e consolo aos aflitos. Eu consideraria como um sacrilégio traficar com ela, porque não me julgo com o direito de vender a assistência dos Espíritos, que vêm gratuitamente. Tendo em vista que dela não tiro qualquer proveito, não tenho nenhum interesse em vos enganar.” O médium que assim pode falar é forte, repetimo-lo. É uma resposta sem réplica e que sempre impõe respeito. Nesta circunstância, a crítica foi mais que malévola; foi injusta e injuriosa e englobou na mesma reprovação todos os espíritas e todos os médiuns, aos quais não poupou os mais ultrajantes epítetos, sem pensar até que altura feria, e que atingia as mais respeitáveis famílias. Não repetiremos expressões que só desonram aos que as proferem. Todas as convicções sinceras são respeitáveis, e vós todos que incessantemente proclamais a liberdade de consciência como um direito natural, pelo menos respeitai-a nos outros. Discuti as opiniões, pois é um direito vosso, mas a injúria sempre foi o pior dos argumentos e jamais é o da boa causa. Nem toda a imprensa é solidária com esses desvios do decoro; entre os críticos, em relação aos irmãos Davenport, uns há cujo caráter não exclui nem as conveniências nem a moderação, e que são justos. A que vamos citar ressalta precisamente o lado fraco de que falamos. É tirada do Courrier de Paris du Monde Illustré, de 16 de setembro de 1865, com a assinatura de Neuter. “Uma primeira objeção parecia-me bastar para demonstrar que os bons rapazes que deram uma sessão pública na sala Hertz eram hábeis para os exercícios aos quais os mundos superiores ficavam completamente estranhos. Esta objeção eu a tiro da própria regularidade com que exploravam seu pretenso poder miraculoso. Como garantiam que eram Espíritos que vinha manifestar-se em público em seu proveito, e eis que os irmãos Davenport tratavam esses Espíritos, que afinal de contas não são seus empregados, com tanta liberdade quanto um diretor de teatro ditando regras às suas coristas! Sem perguntar aos seus comparsas sobre-humanos se o dia lhes convinha, se estavam fatigados, se o calor não os incomodava, eles marcavam para uma data fixa, para um hora determinada, e era preciso que os seres fluídicos não se indispusessem naquela data, entrassem em cena naquela hora, executassem sua brincadeiras musicais com a precisão de um músico a quem o seu café concerto concede um cachê de um franco! “Francamente, era fazer do mundo espírita uma ideia muito mesquinha, no-lo apresentar assim como povoado de gênios comandados, de duendes comissários que iam à cidade a um sinal do patrão. Ora! Jamais um descanso para esses figurantes supra-terrestres! Quando a fluxão do mais humilde cabotino lhe dá o direito de mudar o espetáculo, as almas do bando Davenport eram escravos a quem era interdito tirar um instante de folga. É bem duro morar em planetas fantásticos para ficar reduzido a esse grau de escravidão. “E para que tarefa convocavam essas infelizes almas de além-túmulo! Para fazer passar suas mãos ─ mãos de almas!!! ─ através das fendas de um armário! Para rebaixá-las até a exibições de saltimbancos! Para obrigá-las a brincar com violões, esses instrumentos grotescos que nem mais querem os trovadores que arrulham nos pátios, de olho em moedas de cinco centavos!...” Com efeito, não é pôr o dedo na ferida? Se o Sr. Neuter tivesse sabido que o Espiritismo diz precisamente a mesma coisa, embora de maneira menos espirituosa, ele não teria dito: “Mas isto não é Espiritismo!” absolutamente como, ao ver um charlatão, diz: “Isto não é medicina.” Ora, assim como nem a Ciência nem a Religião são solidárias com os que delas abusam, também o Espiritismo não o é com aqueles que lhe tomam o nome. A má impressão do autor vem, pois, não da pessoa dos irmãos Davenport, mas das condições nas quais se colocam perante o público e da ideia ridícula que dão do mundo espiritual as experiências feitas em tais condições, que a própria incredulidade fica chocada por ver explorar e arrastar sobre o tablado. Esta foi a impressão da crítica em geral, que a traduziu em termos mais ou menos polidos. Ela será a mesma sempre que os médiuns não estiverem em condições de natureza a fazer respeitar a crença que professam. O revés dos irmãos Davenport é uma sorte para os adversários do Espiritismo, que entretanto se afobam para cantar vitória e ridicularizam como podem os seus adeptos, gritando-lhes que ele está mortalmente ferido, como se o Espiritismo estivesse encarnado nos irmãos Davenport. O Espiritismo não está encarnado em ninguém; está na Natureza, e não cabe a ninguém deter-lhe a marcha, porque os que tentam fazê-lo trabalham pelo seu avanço. O Espiritismo não consiste em se fazer amarrar por cordas, nem nesta ou naquela experiência física. Jamais tendo tomado esses senhores sob o seu patrocínio e jamais os tendo apresentado como colunas da Doutrina, que eles nem mesmo conhecem, não recebe nenhum desmentido de sua desventura. Seu fracasso não é um revés para o Espiritismo, mas para os exploradores do Espiritismo. De duas uma: ou são hábeis prestidigitadores, ou são verdadeiros médiuns. Se são charlatães, devemos ser gratos a todos os que ajudam a desmascará-los; a tal respeito, devemos agradecimentos especiais ao Sr. Robin, porque no caso presta um grande serviço ao Espiritismo, que só poderia ter sofrido caso houvessem acreditado em suas fraudes. Todas as vezes que a imprensa assinalou abusos, explorações ou manobras de natureza a comprometer a Doutrina, os Espíritos sinceros, longe de se lamentarem por isto, aplaudiram. Se são médiuns verdadeiros, as condições em que se apresentam, sendo de natureza a produzir uma impressão desfavorável, não podem servir utilmente à causa. Num caso como no outro, o Espiritismo não tem nenhum interesse em tomar partido a seu favor. Agora, qual será o resultado de todo este barulho? Ei-lo: A crônica, que nestes dias de calor tropical passava fome, com isto ganha um assunto que se apressa em segurar, para encher suas colunas carentes de casos políticos e de notícias teatrais ou de salões. O Sr. Robin aí encontra, para o seu teatro de prestidigitação, uma excelente publicidade que ele explorou com muita habilidade, que lhe desejamos seja muito fecunda, porque todos os dias ele aí fala dos espíritas e do Espiritismo. Com isto a crítica perde um pouco de consideração, pela excentricidade e pela incivilidade de sua polêmica. Falando materialmente, talvez os menos beneficiados sejam os Srs. Davenport, cuja especulação se acha singularmente comprometida. Quanto ao Espiritismo, evidentemente é ele que mais lucrará. Seus adeptos o compreendem tão bem que absolutamente não se emocionam com o que se passa e esperam o resultado com confiança. No interior, onde são, ainda mais que do em Paris, vítimas das troças dos adversários, eles se contentam em lhes responder: Esperai, e em pouco tempo vereis quem estará morto e enterrado. Com isto, a princípio o Espiritismo ganhará uma imensa popularidade e tornar-se-á conhecido, pelo menos de nome, por uma multidão que dele não tinha ouvido falar. Mas, entre esses, muitos não se contentam com o nome. Sua curiosidade é excitada pelo ardor dos ataques; querem saber o que há com essa doutrina, que dizem tão ridícula; irão à fonte, e quando virem que apenas lhe deram uma paródia, dirão, de si para si, que ela não é uma coisa tão má. Assim, pois, o Espiritismo ganhará por ser melhor compreendido, melhor julgado e melhor apreciado. Ainda ganhará pondo em evidência os adeptos sinceros e devotados com os quais se pode contar, e distingui-los dos adeptos de nome, que não tomam da doutrina senão as aparências ou a superfície. Seus adversários não deixarão de explorar a circunstância para suscitar divisões ou defecções reais ou simuladas, com cuja ajuda esperam arruinar o Espiritismo. Depois de haverem fracassado por todos os outros meios, aí está a sua suprema e última saída, mas que não lhes dará melhor êxito, porque não destacarão do tronco senão os galhos mortos, que não produziam nenhuma seiva, e o tronco, privado dos ramos parasitas, será revigorado. Estes resultados, e vários outros que nos abstemos de enumerar, são inevitáveis, e não nos surpreenderíamos de saber que foram os bons Espíritos que provocaram todo esse reboliço para atingirem esse objetivo mais prontamente. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Vide boletim bibliográfico
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Les frères Davenport, qui captivent en ce moment à un si haut degré l'attention, sont deux jeunes gens de vingt-quatre à vingt-cinq ans, nés à Buffalo, dans l'État de New York, et qui se présentent en public comme médiums. Leur faculté, toutefois, est bornée à des effets exclusivement physiques, dont le plus remarquable consiste à se faire lier avec des cordes d'une manière inextricable, et à se trouver déliés instantanément, par une force invisible, malgré toutes les précautions prises pour s'assurer qu'ils sont incapables de le faire eux-mêmes. A cela ils joignent d'autres phénomènes plus connus, comme le transport d'objets à travers l'espace, le jeu spontané d'instruments de musique, l'apparition de mains lumineuses, les attouchements par des mains invisibles, etc. MM. Didier, les éditeurs du Livre des Esprits, viennent de publier une traduction de leur biographie, contenant le récit détaillé des effets qu'ils produisent, et qui, sauf les cordes, ont d'assez nombreux points de similitude avec ceux de M. Home. L'émotion que leur présence a causée en Angleterre et à Paris donne à cet ouvrage un puissant intérêt d'actualité. Leur biographe anglais, le docteur Nichols, car ce ne sont point eux qui ont écrit ce livre, mais qui en ont fourni les documents, s'étant borné au récit des faits, sans explications, les éditeurs français ont eu l'heureuse idée de joindre à leur publication, pour l'intelligence des personnes étrangères au Spiritisme, nos deux opuscules: le Résumé de la loi des phénomènes Spirites, et le Spiritisme à sa plus simple expression, ainsi que de nombreuses notes explicatives dans le courant du texte13. On trouvera donc, dans cet ouvrage, les renseignements que l'on pourra désirer sur le compte de ces messieurs, et dans le détail desquels nous ne pouvons entrer, ayant à envisager la question à un autre point de vue. Nous dirons seulement que leur aptitude à la production de ces phénomènes s'est révélée, dès leur enfance, d'une manière spontanée. Pendant plusieurs années, ils ont parcouru les principales villes de l'Amérique septentrionale, où ils se sont acquis une certaine réputation. Vers le mois de septembre 1864, ils vinrent en Angleterre, où ils produisirent une vive sensation. Tour à tour ils y furent acclamés, dénigrés, ridiculisés et même injuriés par la presse et le public; à Liverpool, notamment, ils furent l'objet de la plus insigne malveillance, au point de voir leur sûreté personnelle compromise. Les opinions furent partagées à leur égard; selon les uns, ce n'étaient que d'habiles charlatans; selon d'autres, ils étaient de bonne foi, et l'on pouvait admettre une cause occulte à leurs phénomènes; mais, en somme, ils y ont conquis fort peu de prosélytes à l'idée spirite proprement dite. Dans ce pays, essentiellement religieux, le bon sens naturel repoussait la pensée que des êtres spirituels vinssent révéler leur présence par des exhibitions théâtrales et des tours de force. La philosophie spirite y étant peu connue, le public a confondu le Spiritisme avec ces représentations, et en a conçu une opinion plus contraire que favorable à la doctrine. Il est vrai qu'en France, le Spiritisme a débuté par les tables tournantes, mais dans des conditions bien différentes; la médiumnité s'étant immédiatement révélée chez un grand nombre de personnes, de tous âges et de tous sexes, et dans les familles les plus respectables, les phénomènes se sont produits dans des conditions qui excluaient toute pensée de charlatanisme; chacun a pu s'assurer par soi-même, dans l'intimité, et par des observations multipliées, de la réalité des faits, auxquels un intérêt puissant s'est attaché lorsque, sortant des effets purement matériels, qui ne disaient rien à la raison, on a vu les conséquences morales et philosophiques qui en découlaient. Si, au lieu de cela, ce genre de médiumnité primitive eût été le privilège de quelques individus isolés, et qu'il eût fallu aller acheter la foi devant des tréteaux, il y a longtemps qu'il ne serait plus question des Esprits. La foi naît de l'impression morale. Or, tout ce qui est de nature à produire une mauvaise impression la repousse au lieu de la provoquer. Il y aurait aujourd'hui beaucoup moins d'incrédules, en fait de Spiritisme, si les phénomènes eussent toujours été présentés d'une manière sérieuse. L'incrédule, naturellement disposé à la raillerie, ne peut être porté à prendre au sérieux ce qui est entouré de circonstances qui ne commandent ni le respect ni la confiance. La critique, qui ne se donne pas la peine d'approfondir, forme son opinion sur une première apparence défavorable, et confond le bon et le mauvais dans une même réprobation. Bien peu de convictions se sont formées dans les réunions ayant un caractère public, tandis que l'immense majorité est sortie des réunions intimes, dont l'honorabilité notoire des membres pouvait inspirer toute confiance et défier tout soupçon de fraude. Au printemps dernier, et après avoir exploité l'Angleterre, les frères Davenport vinrent à Paris. Quelque temps avant leur arrivée, une personne vint nous voir, de leur part, pour nous demander de les appuyer dans notre Revue. Mais on sait que nous ne nous enthousiasmons pas facilement, même pour les choses que nous connaissons, à plus forte raison pour celles que nous ne connaissons pas. Nous ne pûmes donc promettre un concours anticipé, ayant pour habitude de ne parler qu'en connaissance de cause. En France, où ils n'étaient connus que par les récits contradictoires des journaux, l'opinion, comme en Angleterre, était partagée sur leur compte; nous ne pouvions donc formuler prématurément, ni un blâme, qui aurait pu être injuste, ni une approbation dont on aurait pu se prévaloir; c'est pourquoi nous nous sommes abstenu. A leur arrivée, ils sont allés habiter le petit château de Gennevilliers, près Paris, où ils sont restés plusieurs mois sans informer le public de leur présence; nous ignorons les motifs de cette abstention. Dans les derniers temps, ils y ont donné quelques séances particulières dont les journaux ont rendu compte d'une manière plus ou moins pittoresque. Leur première séance publique fut enfin annoncée pour le 12 septembre dans la salle Hertz. On connaît la déplorable issue de cette séance qui a renouvelé, sur une plus petite échelle, les scènes tumultueuses de Liverpool, et dans laquelle un des spectateurs, s'élançant sur l'estrade, brisa l'appareil de ces messieurs et montrant une planche, s'écria: « Voilà leur truc. » Cet acte inqualifiable dans un pays civilisé, mit le comble à la confusion. La séance n'ayant pas abouti, on rendit l'argent au public; mais comme il avait été donné un assez grand nombre de billets de faveur, et le compte de caisse constatant un déficit de sept cents francs, il fut ainsi prouvé que soixante-dix assistants entrés gratis en étaient sortis avec dix francs de plus dans leurs poches, sans doute pour s'indemniser des frais de déplacement. La polémique qui s'est établie au sujet des frères Davenport offre plusieurs points instructifs que nous allons examiner. La première question que les Spirites eux-mêmes se sont posée est celle-ci: ces messieurs sont-ils ou non médiums? Tous les faits relatés dans leur biographie rentrent dans le cercle des possibilités médianimiques, car des effets analogues, notoirement authentiques, ont été maintes fois obtenus sous l'influence de médiums sérieux. Si les faits, par eux-mêmes, sont admissibles, les conditions dans lesquelles ils se produisent prêtent, il faut en convenir, à la suspicion. Celle qui frappe le plus au premier abord, c'est la nécessité de l'obscurité qui facilite évidemment la fraude; mais ce ne saurait être-là une objection fondée. Les effets médianimiques n'ont absolument rien de surnaturel; tous, sans exception, sont dûs à la combinaison des fluides propres de l'Esprit et du médium; ces fluides, quoique impondérables, n'en sont pas moins de la matière subtile; il y a donc là une cause et un effet en quelque sorte matériels, ce qui nous a fait dire de tous temps que les phénomènes spirites étant basés sur des lois naturelles n'ont rien de miraculeux. Ils n'ont paru merveilleux, comme bien d'autres phénomènes, que tant qu'on n'a pas connu ces lois; ces lois aujourd'hui connues, le surnaturel et le merveilleux disparaissent pour faire place à la réalité. Aussi n'y a-t-il pas un seul Spirite qui s'attribue le don de miracles; c'est ce que les critiques sauraient s'ils se donnaient la peine d'étudier ce dont ils parlent. Pour en revenir à la question de l'obscurité, on sait qu'en chimie il est des combinaisons qui ne peuvent s'opérer à la lumière; que des compositions et des décompositions ont lieu sous l'action du fluide lumineux; or, tous les phénomènes Spirites étant, comme nous l'avons dit, le résultat de combinaisons fluidiques, et ces fluides étant de la matière, il n'y aurait rien d'étonnant à ce que, dans certains cas, le fluide lumineux fût contraire à cette combinaison. Une objection plus sérieuse, c'est la ponctualité avec laquelle les phénomènes se produisent à jours et heures fixes et à volonté. Cette soumission au caprice de certains individus est contraire à tout ce que l'on sait de la nature des Esprits, et la répétition facultative d'un phénomène quelconque a toujours été considérée, et doit être, en principe, considérée comme légitimement suspecte, même en cas de désintéressement, à plus forte raison quand il s'agit d'exhibitions publiques faites dans un but de spéculation, et auxquelles il répugne à raison de penser que des Esprits puissent se soumettre. La médiumnité est une aptitude naturelle inhérente au médium, comme la faculté de produire des sons est inhérente à un instrument; mais de même que pour qu'un instrument joue un air il faut un musicien, pour qu'un médium produise des effets médianimiques, il faut des Esprits. Les Esprits venant quand ils veulent et quand ils le peuvent, il en résulte que le médium le mieux doué peut parfois ne rien obtenir; il est alors comme un instrument sans musicien. C'est ce qui se voit tous les jours; c'est ce qui arrivait à M. Home qui était souvent des mois entiers sans rien produire, malgré son désir, et fût-il même en présence d'un souverain. Il résulte donc de l'essence même de la médiumnité, et l'on peut poser en principe ABSOLU, qu'un médium n'est jamais certain d'obtenir un effet déterminé quelconque, par la raison que cela ne dépend pas de lui; affirmer le contraire serait prouver l'ignorance complète des principes les plus élémentaires de la science spirite. Pour promettre la production d'un phénomène à point nommé, il faut avoir à sa disposition des moyens matériels qui ne viennent pas des Esprits. Est-ce le cas des frères Davenport? Nous l'ignorons; c'est à ceux qui ont suivi leurs expériences d'en juger. On a parlé de défis, d'enjeux proposés à qui ferait les tours les plus forts; les Esprits ne sont pas des faiseurs de tours, et jamais un médium sérieux n'entrera en lutte avec personne, et encore moins avec un prestidigitateur; celui-ci dispose de moyens qui lui appartiennent en propre, l'autre est l'instrument passif d'une volonté étrangère, libre, indépendante, et dont nul ne peut disposer sans son consentement. Si le prestidigitateur dit qu'il fait plus que les médiums, laissez-le dire; il a raison, puisqu'il agit à coup sûr; il amuse son public: c'est son état; il se vante: c'est son rôle; il fait de la réclame: c'est une nécessité de la position; le médium sérieux, sachant qu'il n'y a aucun mérite personnel dans ce qu'il fait, est modeste; il ne peut tirer vanité de ce qui n'est pas le produit de son talent, ni promettre ce qui ne dépend pas de lui. Les médiums cependant font quelque chose de plus; par leur intermédiaire les bons Esprits inspirent la charité et la bienveillance pour tous; ils apprennent aux hommes à se regarder comme des frères, sans distinction de castes ni de sectes, à pardonner à ceux qui leur disent des injures, à vaincre leurs mauvais penchants, à supporter avec patience les misères de la vie, à regarder la mort sans crainte par la certitude de la vie future; ils donnent des consolations aux affligés, du courage aux faibles, de l'espérance à ceux qui ne croyaient pas, etc. Voilà ce que n'apprennent ni les tours des prestidigitateurs, ni ceux de MM. Davenport. Les conditions inhérentes à la médiumnité ne sauraient donc se prêter à la régularité et à la ponctualité, qui sont la condition indispensable des séances à heure fixe, où il faut à tout prix satisfaire le public. Si cependant des Esprits se prêtaient à des manifestations de ce genre, ce qui ne serait pas radicalement impossible, puisqu'il y en a de tous les degrés possibles d'avancement, ce ne pourrait être, dans tous les cas, que des Esprits de bas étage, car il serait souverainement absurde de penser que des Esprits tant soit peu élevés vinssent s'amuser à faire la parade. Mais, dans cette hypothèse même, le médium n'en serait pas moins à la merci de ces Esprits, qui peuvent le quitter au moment où leur présence serait le plus nécessaire, et faire manquer la représentation ou la consultation. Or, comme avant tout il faut contenter celui qui paye, si les Esprits font défaut, on tâche de s'en passer; avec un peu d'adresse, il est aisé de donner le change; c'est ce qui est arrivé maintes fois à des médiums doués à l'origine de facultés réelles, mais insuffisantes pour le but qu'ils se proposaient. De tous les phénomènes Spirites, ceux qui se prêtent le mieux à l'imitation sont les effets physiques; or, bien que les manifestations réelles aient un caractère distinctif et ne se produisent que dans des conditions spéciales bien déterminées, l'imitation peut approcher de la réalité au point de faire illusion aux personnes surtout qui ne connaissent pas les lois des phénomènes véritables. Mais de ce qu'on peut les imiter, il serait aussi illogique de conclure qu'ils n'existent pas qu'il le serait de prétendre qu'il n'y a pas de vrais diamants, parce qu'il y a du strass. Nous ne faisons ici aucune application personnelle; nous posons des principes fondés sur l'expérience et la raison, et d'où nous tirons cette conséquence: qu'un examen scrupuleux, fait avec une parfaite connaissance des phénomènes Spirites, peut seul faire distinguer la supercherie de la médiumnité réelle. Et nous ajoutons que la meilleure de toutes les garanties c'est le respect et la considération qui s'attachent à la personne du médium, sa moralité, son honorabilité notoire, son désintéressement absolu, matériel et moral. Nul ne disconviendra qu'en pareille circonstance les qualités de l'individu ne constituent un précédent qui impressionne favorablement, parce qu'elles écartent jusqu'au soupçon de la fraude. Nous ne jugeons pas MM. Davenport, et loin de nous de mettre en doute leur honorabilité; mais à part les qualités morales, que nous n'avons aucun motif de suspecter, il faut avouer qu'ils se présentent dans des conditions peu favorables pour accréditer leur titre de médiums, et que c'est au moins avec une grande légèreté que certains critiques se sont hâtés de les qualifier d'apôtres et de grands prêtres de la doctrine. Le but de leur voyage en Europe est clairement défini par ce passage de leur biographie: « Je crois, sans commettre d'erreur, que ce fut le 27 août que les frères Davenport quittèrent New York, emmenant avec eux, par suite d'une débilité survenue à M. William Davenport, un aide en la personne de M. William Fay, qu'il ne faut pas confondre avec M. H. Melleville Fay, qui, suivant je ne sais quel genre d'autorité, fut, dit-on, découvert au Canada, tentant de produire des manifestations semblables, ou du moins qui le paraissaient. Ils étaient accompagnés de M. Palmer, très connu comme impresario et agent d'affaires dans le monde dramatique et lyrique, et à qui, grâce à son expérience, fut confiée la partie matérielle et économique de l'entreprise. » Il est donc avéré que ce fut une entreprise conduite par un impresario et agent d'affaires dramatiques. Les faits relatés dans la biographie sont, avons-nous dit, dans les possibilités médianimiques; l'âge et les circonstances dans lesquels ils ont commencé à se manifester éloignent la pensée de la supercherie. Tout tend donc à prouver que ces jeunes gens étaient bien réellement des médiums à effets physiques, comme on en trouve beaucoup dans leur pays, où l'exploitation de cette faculté est passée en habitude et n'a rien de choquant pour l'opinion. Ont-ils amplifié leurs facultés naturelles, comme l'ont fait d'autres médiums exploiteurs, pour augmenter leur prestige et suppléer au défaut de flexibilité de ces mêmes facultés, c'est ce que nous n'affirmons pas, parce que nous n'en avons aucune preuve; mais, en admettant l'intégrité de ces facultés, nous dirons qu'ils se sont fait illusion sur l'accueil qu'y ferait le public européen, présentées sous forme de spectacle de curiosité, et dans des conditions aussi contraires aux principes du Spiritisme philosophique, moral et religieux. Les Spirites sincères et éclairés qui y sont nombreux, en France surtout, ne pouvaient les acclamer dans de telles conditions, ni les considérer comme des apôtres, en supposant même une parfaite sincérité de leur part. Quant aux incrédules, dont le nombre est grand aussi, et qui tiennent encore le haut du pavé dans la presse, l'occasion d'exercer leur verve railleuse était trop belle pour la laisser échapper. Ces messieurs ont donc offert le flanc le plus large à la critique, et lui ont donné le droit que chacun achète à la porte d'un spectacle quelconque. Nul doute que s'ils se fussent présentés dans des conditions plus sérieuses, ils eussent reçu un autre accueil; ils auraient fermé la bouche aux détracteurs. Un médium est fort quand il peut dire hardiment: « combien vous en a-t-il coûté pour venir ici, et qui vous a forcé de venir? Dieu m'a donné une faculté qu'il peut me retirer quand il lui plaira, comme il peut me retirer la vue ou la parole. Je n'en use que pour le bien, dans l'intérêt de la vérité, et non pour satisfaire la curiosité ou servir mes intérêts; je n'en recueille que la peine du dévouement; je n'y cherche pas même la satisfaction de l'amour-propre, puisqu'elle ne dépend pas de moi. Je la considère comme une chose sainte, parce qu'elle me met en rapport avec le monde spirituel, et qu'elle me permet de donner la foi aux incrédules et des consolations aux affligés. Je regarderais comme un sacrilège d'en trafiquer, parce que je ne me crois pas le droit de vendre l'assistance des Esprits qui viennent gratuitement. Puisque je n'en tire aucun profit, je n'ai donc aucun intérêt à vous abuser. » Le médium qui peut parler ainsi est fort, nous le répétons; c'est une réponse sans réplique et qui commande toujours le respect. La critique, en cette circonstance, a été plus que malveillante; elle a été injuste et injurieuse, et elle a englobé dans la même réprobation tous les Spirites et tous les médiums auxquels elle n'a pas épargné les épithètes les plus outrageantes, sans songer jusqu'à qu'elle hauteur elle frappait et qu'elle atteignait les familles les plus honorables. Nous ne relèverons pas des expressions qui ne déshonorent que ceux qui les prononcent. Toutes les convictions sincères sont respectables; et vous tous qui proclamez incessamment la liberté de conscience, comme un droit naturel, respectez-la, au moins, dans autrui. Discutez les opinions: c'est votre droit; mais l'injure a toujours été le plus mauvais de tous les arguments, et n'est jamais celui d'une bonne cause. Toute la presse n'est point solidaire de ces écarts de bienséance; parmi les critiques, à l'endroit des frères Davenport, il en est où l'esprit n'exclut ni les convenances ni la modération, et qui portent juste. Celle que nous allons citer fait précisément ressortir le côté faible dont nous avons parlé. Elle est tirée du Courrier de Paris du Monde illustré, numéro du 16 septembre 1865, et signée Neuter. « Une première objection me semblait suffire à démontrer que les bons jeunes gens qui donnèrent une séance publique à la salle Hertz, étaient d'adroits garçons aux exercices desquels les mondes supérieurs restaient complètement étrangers. Cette objection, je la tire de la régularité même avec laquelle ils exploitaient leur prétendu pouvoir miraculeux. Comment! ce sont, assurait-on, des Esprits qui venaient se produire en public à leur bénéfice, et voilà que les frères Davenport traitaient ces Esprits, qui ne sont pas leurs employés après tout, avec autant de sans gêne qu'un directeur de théâtre dictant des lois à ses choristes! Sans demander à leurs compères surhumains si le jour leur convenait, s'ils n'étaient pas fatigués, si la chaleur ne les incommodait pas, ils affichaient pour une date fixe, pour une heure déterminée, et il fallait que les êtres fluidiques se dérangeassent à cette date, entrassent en scène à cette heure, exécutassent leurs cocasseries musicales avec la précision d'un musicien à qui son café-concert octroie un cachet de cent sous! « Franchement, c'était se faire du monde Spirite une bien mesquine idée que de nous le représenter ainsi comme peuplé de génies sur commande, de farfadets-commis qui allaient en ville sur un signe du patron. Eh quoi! jamais de relâche pour ces figurants supra-terrestres! Quand la fluxion du plus humble cabotin lui donne le droit de faire changer le spectacle, les âmes de la troupe Davenport étaient des esclaves à qui il était interdit de prendre un pauvre petit congé. C'est bien la peine d'habiter des planètes fantastiques pour en être réduit à ce degré d'asservissement. « Et pour quelle besogne les convoquait-on, ces malheureuses âmes d'outre-tombe! Pour leur faire passer leurs mains – des mains d'âmes!!! – à travers la lucarne d'une armoire! Pour les ravaler jusqu'à des parades de saltimbanque! pour les contraindre à jongler avec des guitares, ces instruments grotesques dont ne veulent plus même les troubadours qui roucoulent dans les cours en faisant l'œil aux pièces de cinq centimes!… » N'est-ce pas, en effet, mettre le doigt sur la plaie? Si M. Neuter avait su que le Spiritisme dit précisément la même chose, quoique d'une manière moins spirituelle, n'aurait-il pas dit: « Mais ce n'est pas là du Spiritisme! » absolument comme en voyant un empirique, il se dit: « Ce n'est pas là la médecine. » Or, de même que ni la science ni la religion ne sont solidaires de ceux qui en abusent, le Spiritisme n'est point solidaire de ceux qui en prennent le nom. La mauvaise impression de l'auteur vient donc, non de la personne des frères Davenport, mais des conditions dans lesquelles ils se placent vis-à-vis du public, et de l'idée ridicule que des expériences faites dans de telles conditions donnent du monde spirituel, que l'incrédulité elle-même est choquée de voir exploiter et traîner sur les planches. Cette impression a été celle de la critique en général, qui l'a traduite en termes plus ou moins polis; elle sera la même toutes les fois que des médiums ne seront pas dans des conditions de nature à faire respecter la croyance qu'ils professent. L'échec des frères Davenport est une bonne fortune pour les adversaires du Spiritisme, qui se hâtent pourtant un peu trop de chanter victoire, et bafouent à qui mieux mieux ses adeptes en leur criant qu'il est frappé à mort, comme si le Spiritisme était incarné dans les frères Davenport. Le Spiritisme n'est incarné dans personne; il est dans la nature, et il ne dépend de personne d'en enrayer la marche, car ceux qui tentent de le faire travaillent à son avancement. Le Spiritisme ne consiste pas à se faire attacher par des cordes, pas plus que dans telle ou telle expérience physique; n'ayant jamais pris ces messieurs sous son patronage, et ne les ayant jamais présentés comme les colonnes de la doctrine, qu'ils ne connaissent même pas, il ne reçoit aucun démenti de leur mésaventure. Leur échec n'en est donc pas un pour le Spiritisme, mais pour les exploiteurs du Spiritisme. De deux choses l'une, ou ce sont d'habiles jongleurs, ou ce sont des médiums véritables. Si ce sont des charlatans, nous devons savoir gré à tous ceux qui aident à les démasquer; sous ce rapport, nous devons des remerciements particuliers à M. Robin, car il rend en cela un service signalé au Spiritisme qui n'eût pu que souffrir dans le cas où leurs fraudes se fussent accréditées. Toutes les fois que la presse a signalé des abus, des exploitations ou des manœuvres de nature à compromettre la doctrine, les Spirites sincères, loin de s'en plaindre, y ont applaudi. Si ce sont des médiums véritables, les conditions dans lesquelles ils se présentent étant de nature à produire une impression défavorable, ils ne peuvent servir utilement la cause. Dans l'un et l'autre cas, le Spiritisme n'a aucun intérêt à prendre fait et cause pour eux. Maintenant quel sera le résultat définitif de tout ce tapage? Le voici: La chronique qui, par ce temps de chaleur tropicale, chômait d'aliments, y gagne un sujet qu'elle s'est empressée de saisir pour remplir ses colonnes veuves d'événements politiques, de nouvelles théâtrales ou de salons. M. Robin y trouve, pour son théâtre de prestidigitation, une excellente réclame qu'il a fort habilement exploitée, et que nous lui souhaitons très fructueuse, car tous les jours il y parle des Spirites et du Spiritisme. La critique y perd quelque peu de considération par l'excentricité et l'incivilité de sa polémique. Les plus mal partagés, matériellement parlant, seront peut-être MM. Davenport, dont la spéculation se trouve singulièrement compromise. Quant au Spiritisme, c'est lui qui y gagnera évidemment le plus. Ses adeptes le comprennent si bien qu'ils ne s'émeuvent nullement de ce qui se passe et en attendent le résultat avec confiance. En province, où ils sont, plus encore qu'à Paris, en butte aux railleries de leurs adversaires, ils se contentent de leur répondre: Attendez, et avant peu vous verrez qui sera mort et enterré. Le Spiritisme y gagnera d'abord une immense popularité, et d'être connu, au moins de nom, d'une foule de gens qui n'en avaient pas entendu parler. Mais dans le nombre, beaucoup ne se contentent pas du nom; leur curiosité est excitée par ce feu roulant d'attaques; ils veulent savoir ce qu'il en est de cette doctrine soi-disant si ridicule; ils iront à la source, et quand ils verront qu'on ne leur en a donné que la parodie, ils se diront que ce n'est pas là une si mauvaise chose. Le Spiritisme y gagnera donc d'être mieux compris, mieux jugé et mieux apprécié. Il y gagnera encore de mettre en évidence les adeptes sincères, dévoués et sur lesquels on peut compter, et de les distinguer des adeptes de nom, qui ne prennent de la doctrine que les apparences ou la surface. Ses adversaires ne manqueront pas d'exploiter la circonstance pour susciter des divisions ou des défaillances réelles ou simulées, à l'aide desquelles ils espèrent ruiner le Spiritisme. Après avoir échoué par tous les autres moyens, c'est là leur suprême et dernière ressource, mais qui ne leur réussira pas mieux, car ils ne détacheront du tronc que les branches mortes qui ne donnaient aucune sève, et le tronc privé des rameaux parasites n'en sera que plus vigoureux. Ces résultats, et plusieurs autres, que nous nous abstenons d'énumérer, sont inévitables, et nous ne serions pas surpris que les bons Esprits n'aient provoqué tout ce remue-ménage que pour y arriver plus promptement. ______________ 13 Voir au Bulletin bibliographique.
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