“A obra do Sr. Sauvage é uma pintura da vida real, onde nada se afasta do possível e da qual o Espiritismo tudo pode aceitar. É uma história simples, ingênua, de um interesse contínuo e tanto mais atraente quanto tudo aí é natural e verossímil. Nela não se encontram situações romanescas, mas cenas enternecedoras, pensamentos elevados, caracteres traçados conforme a Natureza. Nela vemos os mais nobres e puros sentimentos, em luta com o egoísmo e a mais sórdida maldade; a fé lutando contra a incredulidade. O estilo é claro, conciso, sem prolixidade e acessórios inúteis, sem ornamentos supérfluos e sem pretensões ao efeito. Propôs-se o autor, antes de tudo, a fazer um livro moral, e colheu os seus elementos na filosofia espírita e suas consequências, muito mais do que no fato das manifestações. Ele mostra a que elevação de pensamentos conduzem essas crenças. Sobre este ponto, resumimos nossa opinião dizendo que este livro pode ser lido com proveito pela juventude de ambos os sexos, que nele encontrará belos modelos, bons exemplos e úteis instruções, sem prejuízo do proveito e da concordância que dele se pode tirar em qualquer idade. Acrescentaremos que para ter escrito este livro no sentido em que ele escreveu, é preciso estar profundamente penetrado dos princípios da Doutrina.
O autor situa sua ação em 1831. Ele não pode, portanto, falar nominalmente do Espiritismo, nem das obras espíritas atuais. Então teve que remontar seu ponto de partida a Swedenborg. Mas aí tudo está em conformidade com os dados do Espiritismo moderno, que ele estudou com cuidado.” Allan Kardec*
* Revista Espírita, fevereiro de 1867 - Notícias bibliográficas - Mirette.